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História Xeque-Mate - Premonição?


Escrita por: ShewantsCamz

Notas do Autor


Olá, lindas e lindos!

Como eu prometi, voltei com um capitulo novinho! Primeiramente, queria dizer que, vocês não podem ficar com medo de ler os capítulos, seja lá o que tiver neles. E nem esperar alguém ler pra ver se é seguro. Perde a graça desse jeito. Então vamos ler, vamos tombar, todo mundo junto. Obrigada pela paciência, e vamos ao que interessa. Estamos em momentos muito legais. Eu adorei escrever esse capitulo porque fiquei MUITO nervosa. Espero que gostem também! - Evelin.

Gaby, nunca fiz nota pra ti, então, aqui vai uma.. surta mto, e se não ler agora, não falo contigo até eu assistir o proximo capitulo de greys. bjs asodnlsaodlçsa - Sindy

Sem mais papos, vamos ao que interessa!

Capítulo 29 - Premonição?


Olhei pela janela da sala, enquanto meu marido caminhava lentamente até o carro estacionado em frente a nossa casa. Carlos se aproximou rapidamente, abrindo a porta para o homem que mantinha a atenção presa ao telefone celular. Um sorriso nasceu em meus lábios em pura euforia por saber quem estava do outro lado da linha. Bem como esperado, previsível. Assim que o carro deixou os aposentos da mansão Collins, fui à procura de meus pertences, tais como chaves, celular e bolsa. Tinha um compromisso importante, na verdade, um propósito, e precisava cumpri-lo.

- Para onde vamos, senhora? – Dylan indagou assim que coloquei meus pés para fora de casa.

- Eu vou a um compromisso. Mas quero que você tire o resto do dia de folga.

- Mas, senhora Collins... – insistiu ao seguir meus passos.

Eu respirei fundo, enquanto caminhava sobre meus saltos em direção ao meu carro estacionado na garagem. Apertei no pequeno controle, destravando o veiculo, para então me acomodar no interior da Ferrari.

- Eu não posso deixá-la sair sozinha, fui pago para...

Abri minha bolsa escura, retirando algumas cédulas do interior recheado, para então voltar minha atenção ao homem que estava ao lado de fora.

- Sr. Carter, faça o que estou mandando, ok? Aqui está um agrado pra você aproveitar seu dia. – falei persuasiva e direta, enquanto colocava alguns bons dólares no bolso de sua camisa.

O homem olhou para o bolso preenchido com dinheiro, e depois voltou seus olhos para mim.

- Saiba que se me seguir, eu mando demitir você. E não duvide que eu possa fazer isso. – soltei com um sorriso cínico, antes de voltar a minha posição no carro, e subir o vidro da porta.

Liguei o automóvel, ouvindo o ronco grosso da Ferrari assim que pisei sobre o acelerador. Encarei o olhar abobalhado de Dylan, e acenei rapidamente antes de arrancar com o carro dali, deixando o segurança para trás. Mantive meus olhos no retrovisor, apenas para ter certeza que Dylan não iria me seguir, e obediente, realmente não o fez. Ganhei as avenidas nova iorquinas com os pneus de minha Ferrari até o prédio de Lauren. Estacionei na vaga de costume, bem ao lado do carro da mulher, e segui para o elevador. Toquei a campainha apenas duas vezes, e tão logo ouvi o barulho interior. Ergui a cabeça, e respirei fundo, pedindo coragem para encarar aqueles olhos verdes.

- O que você está fazendo aqui? – foram suas primeiras palavras ao notar minha presença.

- Você já foi mais receptiva, Lauren. Não é assim que se trata uma visita como eu. – falei ao passar por ela, entrando em seu apartamento.

Olhei por todo cômodo de forma cautelosa e precisa, apenas para ter certeza de uma coisa. Ela estava sozinha. Girei sobre meus calcanhares, e encarei a mulher que agora me fitava com uma expressão séria. Lauren fechou a porta, e cruzou os braços abaixo do seio, enquanto se aproximava.

- O que quer aqui?

- Quero conversar com você.

- Nós não temos nada pra conversar, Camila. – seu tom de voz era seco, quase cortante.

- Nós temos sim, muita coisa pra conversar.

Lauren assentiu, e encostou-se à pilastra de concreto atrás de si, enquanto esperava pelo que eu tinha a dizer. Ela estava incrivelmente atraente, fazendo-me praguejar por ser tão fraca aos meus desejos. A delegada usava um short de algodão cinza, que deixava boa parte de suas coxas grossas bem evidentes. Na parte de cima, apenas uma camiseta preta, simples, de alças finas, e para piorar minha situação, sobre o tecido negro, eu poderia notar a leve elevação de seus mamilos. Ela estava sem sutiã. Merda!

- E eu posso saber do que se trata? Porque vendo nossa situação atual, não temos mais nenhum tipo de vinculo, seja sexual ou trabalhista.

- É justamente disso que eu vim falar. – falei ao tomar fôlego, e largar minha bolsa sobre o sofá.

Lauren franziu a testa, unindo suas sobrancelhas no centro da mesma.

- Por que mandou colocar aquele tal de Dylan no seu lugar? Por que diabos abriu mão do cargo?

Sua expressão confusa tão logo se transformou. Lauren deixou que um sorriso sacana enfeitasse seus lábios rosados.

- E ainda tem a cara de pau de me perguntar o por quê? Sério?

- Claro! – dei de ombros.

- Você é uma cínica mesmo. Não se lembra da ultima vez que estive na sua casa?

Eu lembrava, aos mínimos detalhes, mas não ousaria dizer. Meu silêncio preencheu o ambiente, dando espaço para que ela continuasse a falar.

- Vejo que você se lembra... – Lauren murmurou ao iniciar passos lentos ao meu redor. – tudo aconteceu como planejou, não é? Queria se vingar de mim.

Mantive minha postura firme, com a cabeça erguida. Naquele instante, a delegada sabia que estava em vantagem, minha ausência de provocações e argumentos expandiu seu campo de ataque.

- Você mereceu.

- Mereci? Mereci ouvir você se entregando aquele inútil do seu marido? – perguntou ela ao parar a minha frente.

- Não fale como se fosse inocente, Lauren. Não combina com você.

- E muito menos com você, Sra. Collins.

Ela carregava um maldito sorriso sarcástico nos lábios, que mais era comum para mim. Sentia-me acuada, e aquilo me deixava em pânico. A essência do jogo sempre foi minha, eu ditava as jogadas, eu atacava.

- Nunca disse que era inocente. Mas não se esqueça do porque fiz aquilo.

- Fez por ciúmes. – rebateu.

Soltei uma risada irônica que preencheu todo aquele cômodo. Lauren abusava de minha boa vontade, e paciência.

- Fiz pra você ver como te afeta.

- Não me afeta!

- Não? – arqueei uma sobrancelha, lançando uma expressão de duvida.

- Não!

- Não seja covarde! Admita que te afeta!

Ela engoliu em seco, seus olhos verdes, que agora exibiam uma tonalidade mais escura, se fixaram sobre mim.

- O que você quer com isso? Hum? Foi você que começou esse maldito jogo! Queria um bom sexo, não é? Eu te dei um bom sexo, coisa que eu tenho certeza que seu marido não te proporciona. – exclamou exaltada. – Não entendo sua fixação comigo, já que seu único objetivo era ter prazer. 

- Fixação?

- É o que tem por mim, não é? Me persegue, me instiga.

Desviei de seu olhar, enquanto ria de nervosismo da mulher a minha frente.

- Não percebe? Eu apenas fui o que você deseja, Lauren. Eu te seduzi, e você se prendeu a mim. Esse teu desejo desmedido que se tornou uma fixação. – eu dei um passo à frente, me aproximando mais dela. – essa tua vontade que te aproxima de mim. E não só isso...

Eu podia ver o peito de Lauren subir e descer de forma intensa, seguindo o ritmo de sua respiração pesada, ofegante. Por alguns instantes, meus olhos se perderam sobre sua pele clara, macia e tão familiar para mim. Não precisava de muito para se estabelecer uma aura mais densa entre ela e eu. Apenas segundos. Segundos valiosos que nos prendiam naquele emaranhado de sensações.

- Vai embora daqui, Camila.

Inclinei minha cabeça para frente, diminuindo quase que totalmente a distancia entre nós. Lauren fechou os olhos, e suspirou, quase que em uma suplica silenciosa para manter o controle sobre seu corpo que ansiava por mim a cada célula. Eu não estava diferente, eu poderia estar bem pior. Cada centímetro de minha pele se encontrava aquecido por aquele desejo devastador que nos consumia.

- Você não quer que eu vá. – falei ao tocar suavemente sobre o busto de Lauren com a ponta de meus dedos.

Seria possível me sentir totalmente excitada com aquele mínimo contato? Meu sexo alarmava para todo meu corpo, o estado deplorável no qual me encontrava. Talvez fosse a saudade de seus toques, de nosso contato, naquele instante meu tesão por Lauren era muito mais intenso do que asúltimas vezes. Tateei com a ponta dos dedos sobre a parte superior de seus seios, sentindo sua pele quente, abaixei a palma da mão por completo sobre sua pele, agora sentindo até seu coração acelerado. Lauren abriu os olhos, e me encarou intensamente, como se pudesse me despir inteira.

- Você não vai fazer isso comigo.

Eu franzi o cenho com uma expressão confusa, agora vendo um sorriso quase diabólico nos lábios da delegada.

- Você adora me envolver nos seus joguinhos de sedução, não é? Me doma facilmente com seus encantos diabólicos. – Lauren afastou minha mão de seu corpo, e recuou alguns passos. – Mas isso não vai acontecer mais.

Antes que eu pudesse protestar, ela se aproximou novamente, agora assumindo uma posição atrás de mim. Os pelos de meu corpo se eriçaram no exato instante que senti o hálito quente da mulher vir de encontro a minha nuca, já que meus cabelos estavam amarrados em coque. Fechei os olhos ao sentir suas mãos tomarem posse de minha cintura, em um aperto que fez meu corpo voltar aquele calor absurdo.

- O que quer dizer com isso? – perguntei ainda inquieta.

- Que você me subestima demais, Karla. Se acha a rainha desse jogo.

- Eu sou.

- Não discordo, você realmente é a rainha desse tabuleiro. – ela terminou aquela frase, e prendeu meu corpo com o seu, fazendo-me suspirar em surpresa.

- Sou, sou a rainha.

Minhas palavras saíram sussurradas, enquanto seus lábios macios e sua língua quente deslizavam por minha nuca tão lentamente. Meu corpo queimava de tamanho tesão que ela me proporcionava.

- Sim, mas tem suas fraquezas.

- Não tenho. – protestei, recebendo outro aperto em minha cintura.

- Tem! Eu sou sua fraqueza, Camila Collins.

As palavras de Lauren vieram carregadas de tamanha intensidade, fazendo meu corpo inteiro vibrar. Merda! Ela não estava errada, e sabia muito bem disso. A delegada havia encontrado os furos de meu jogo tão planejado, e como uma boa adversária usaria a seu favor.

- Quem te garante isso? – perguntei ao virar meu corpo, e encarar seus olhos misteriosos.

Lauren sorriu de canto, e repetiu meus movimentos de minutos atrás. No entanto, ao invés de tocar minha pele com as mãos, foram seus lábios que pousaram sobre a parte superior de meus seios. Um beijo suave, porém demorado.

- Seu corpo... – ela beijou outra vez, agora mais acima. – suas atitudes.

Suas mãos se apossaram novamente de meu corpo, enquanto sua boca percorria uma trilha sobre minha clavícula, em direção a meu pescoço.

- Acha que eu não sei que morreu de ciúmes esse tempo todo? Que não sentiu raiva quando me viu com Keana? Acha mesmo que eu não sei que fez tudo aquilo com seu marido para se vingar de mim pelo seu ciúme?

Ela usava de minhas táticas para me vencer. Todos aqueles truques de sedução sempre foram usados e abusados por mim, e como boa aprendiz, agora era Lauren quem me envolvia em suas teias.

- Está enganada. – protestei nervosa, sentindo meu peito ofegar.

- Sabemos que não estou. Por que não admite? – seus lábios agora estavam em meu pescoço, e a ponta de sua língua desenhava sobre meu ponto de pulso. – Admite, Camila. Admite que é louca por mim, que perdeu os eixos de seus planos.

Lauren deu alguns passos a frente, empurrando meu corpo até seu sofá. Não demorou nada, e me vi caindo sobre o estofado macio, recebendo o corpo da mulher sobre o meu.  Encontrava-me totalmente rendida, entregue, e por mais que eu quisesse virar as peças daquele jogo, encontrava-me perdida.

- Não, não vou... – sussurrei.

- Vai sim, você vai porque estou mandando.

Lauren encaixou seu corpo com o meu, deixando que uma de suas coxas ficassem entre minhas pernas, e consequentemente próximo a meu sexo. De forma tentadora, e habilidosa, ela chupou meu pescoço ao mesmo tempo em que sua perna pressionava contra minha boceta.

- Ah, merda! – exclamei subitamente.

Meus olhos se fecharam rapidamente, espremendo-se em puro instinto. Envolvi o corpo da mulher com as mãos, apertando-a contra mim. Lauren por sua vez só desgrudava a boca de minha pele para provocar-me.

- Fala que é louca por mim. Fala porque fez tudo aquilo. Fala! – ela pressionou seu joelho sobre minha boceta, fazendo-me crava as unhas em suas costas.

- Para com isso...

Ela nunca havia sido tão provocante e objetiva como naquela manhã. Sentia-me cercada, sem escapatória. Lauren estava sedenta por uma resposta, e eu sabia muito bem qual era a resposta. Proferir aquelas palavras seria me entregar de corpo e alma para aquela mulher. Eu estava pronta?

- Diga, Camila... – ela roçou seus lábios pela linha de meu maxilar, até próximo de minha boca.

Meu coração bombardeava meu peito, como se a qualquer instante pudesse sair por minha boca. Meu corpo e minha mente se desligaram do ultimo fio de equilíbrio que me restava. Lauren pressionou seus lábios nos meus, e os moveu delicadamente, fazendo-me suspirar quase em alivio por matar a saudade que eu carreguei de seu beijo. Era ridícula a forma abestalhada e excitada como aquela mulher conseguia me deixar com um único beijo. Sua língua adentrou minha boca com maestria, deslizando suavemente sobre a minha, deixando-me sentir o toque suave e excitante que nos provocávamos. Ela a sugou de forma tão gostosa, que me sentia fora de órbita. Minhas mãos deslizavam por suas costas, enquanto minhas unhas deixavam rastros mais intensos.

- Por que ficou tão irritada ao me ver com outra? Por que quis se vingar? – ela sussurrou contra meus lábios, e em seguida olhou em meus olhos. – por que não consegue ficar longe de mim?

- Me deixa em paz!

Ela riu, e se sentou em meu quadril rapidamente.

- Não ria.

- Tenho vontade de rir do seu desespero.

- Não estou desesperada. – disse rapidamente, evidenciando que estava desesperada.

Lauren riu novamente.

- Idiota. – resmunguei ao empurrar seu corpo de cima de mim.

- Para com isso!

Continuei a empurrá-la, empregando todas minhas forças para sair de suas garras. Foram tentativas falhas, quando ela pressionava suas coxas ao redor de meu corpo, e desviava minhas mãos com as suas.

- Eu te odeio! – exclamei.

- Não, não! Não é isso que eu quero ouvir, e sabemos que seu sentimento por mim é totalmente o contrario.

Uma risada nervosa deixou minha boca, enquanto meu coração sambava desesperado em meu peito.

- Você está louca.

- E você está com medo.

- Medo de que?

- De admitir seus sentimentos por mim.

- Eu já admiti, disse que te odeio.

Lauren mordeu o lábio inferior, e em seguida me lançou um daqueles sorrisos que me deixava completamente perdida.

- Me odeia?

- Muito! Agora me deixe sair!

- Se me odeia como diz... Por que está aqui? Por que me persegue? Por que se vingou de mim? – a mulher segurou firme em minhas mãos, e as ergueu até o topo de minha cabeça, pressionando contra o estofado do sofá. - Por que está tão nervosa?

Eu estava completamente imóvel. Eu não tinha mais saída. Percorri um caminho inteiro, temendo o fim da linha, e cá estava eu, em um beco sem saída. Agora eu já não poderia voltar e refazer meus planos. Eu estava aqui, diante daquela mulher que de forma inesperada e inexplicável virou meu mundo do avesso. Lauren tinha razão, ela era meu ponto fraco, meu calcanhar de Aquiles, e eu já não poderia mais negar. Eu avançaria aquela casa em um jogo que eu não tinha experiência.

- Porque...

Aquele par de olhos verdes se encontravam fixados nos meus, ansiando por sua tão esperada resposta. Minha respiração encontrava-se totalmente irregular, tão igualmente como as batidas de meu coração. Meu corpo inteiro parecia tremer a espera dos próximos segundos. Não tinha mais jeito, eu me entregaria.

- Fale... – pediu em um fio de voz.

- Porque eu sou apaixonada por você. – eu respirei fundo. - Eu te amo, Lauren.

Nós nos encaramos por instantes que pareceram uma eternidade. Lauren respirava fundo, mas não dizia sequer uma palavra. Era como se ela esperasse por aquilo, mas ainda sim tivesse ficado surpresa pela forma como foi dita. Seus olhos carregavam um brilho doce, sutil, que fazia meu coração nervoso entrar em calmaria. Vi ela engolir em seco, e em seguida inclinar a cabeça em minha direção, aproximando seus lábios dos meus. Eu fechei meus olhos, e deixei que seus lábios beijassem os meus delicadamente. Eu poderia sentir o cuidado em seus toques, a leveza, e até quem sabe seus sentimentos? Lauren pediu espaço com a boca, e adentrou com sua língua junto a minha, degustando da sincronia lenta e perfeita de nosso beijo. Foram poucas as vezes que nos beijamos assim, com tanto sentimento, como se fosse o ultimo. Ela sugou minha língua devagar, antes de investir novamente. Foi em questão de segundos, e a sutileza de seus toques se transformaram.

Seu beijo ganhou certa agressividade, como de costume em nossos primeiros encontros. Suas mãos possessivas apertaram meus punhos que ainda se encontravam presos acima de minha cabeça. A mudança repentina de seu humor havia me deixado confusa, quase que perdida. Lauren prendeu meu lábio inferior entre seus dentes brancos, e puxou rapidamente, para em seguida soltá-los. Assim meus olhos foram de encontro aos seus novamente, algo havia mudado. O brilho singelo, e doce havia dado espaço ao escuro do mistério, e vitorioso. De repente, um sorriso sarcástico enfeitou sua boca, trazendo uma Lauren diabolicamente poderosa.

- Acho que agora é o momento exato para dizer que, sinto muito em acabar com seu conto de fadas, mas eu não me apaixono por criminosos, Sra. Collins.

Suas palavras me acertaram com força, fazendo meu corpo inteiro entrar em um estado imóvel.  A surpresa foi tamanha que nem sequer me dei conta que Lauren havia algemado meus pulsos, só percebi no instante em que ouvi o barulho sutil das peças se fechando, e o metal frio vir de encontro completo a minha pele.

- Lauren, isso não tem graça. – murmurei temerosa.

A delegada carregava aquele sorriso cafajeste nos lábios, enquanto se levantava do sofá. Eu ergui meu corpo, e encarei as algemas ao redor de meus pulsos.

- Achou que poderia sair impune? Você pensou que era esperta, mas eu sou muito mais do que você.

- Você não pode fazer isso! Tire! – exclamei nervosa ao me levantar.

- Acabou seu jogo, rainha. Você caiu.

Suas palavras cortaram o ar com um tom vitorioso, quase que imponente. Encarei aqueles olhos verdes, que agora tinham suas pupilas escuras dilatadas, emanando um brilho maligno. Voltei minha atenção ao objeto metálico em meus pulsos.

- Não...não... – sussurrei para mim mesma.

- Você está presa, Camila.

- Não...

- Acabou.

- NÃO!

 

Gritei com todo ar que preenchia meus pulmões assim que abri os olhos. Ergui meu corpo parcialmente, sentando sobre a cama, enquanto procurava organizar meus pensamentos embaralhados. O quarto estava parcialmente escuro, a não ser pela baixa luminosidade vinda do abajur sobre o criado mudo. Encontrava-me totalmente desestruturada, nervosa e ofegante.

- Um pesadelo... – passei a palma de minha mão sobre a testa, sentindo minha pele úmida pelo suor frio.  – Só um maldito pesadelo, Camila.

Meu coração batia descontrolado no peito, enquanto eu buscava ar para me acalmar. Levei as mãos até a cabeça, vendo as imagens de Lauren que, se repetiam insistentemente, evidenciando seu olhar impiedoso, e suas palavras tão duras.

“Acabou o jogo.”

“Você está presa, Camila.”

Meneei com a cabeça em um sinal negativo, fechando os olhos em uma tentativa falha de sumir com tais ideias. Isso não aconteceria, não poderia acontecer. Afastei o lençol de meu corpo, e me arrastei para fora da cama.

- Vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo. – repeti aquelas palavras como um verdadeiro mantra, enquanto andava de um lado para o outro. – Você não vai cair, você não pode cair.

Segui em passos apressados até o banheiro da suíte, onde tão logo encarei meu reflexo no espelho extenso que se encontrava na parede.

- A rainha não pode cair.

 

Christopher Collins point of view.

 

Encarei as ultimas quatro cartas recebidas por Keana, já havia mais de dez. Em cada uma delas, existiam evidencias de minhas más atitudes para com muitas pessoas. Todos os feitos ilícitos que um dia me propus a fazer para ascender como empresário, apareciam ali, entre aquelas linhas impressas. Confesso que um pedaço de mim temia o autor das cartas. Seja lá quem fosse, conhecia meus planos, e meus atos como ninguém mais; como se tivesse total conhecimento sobre minha vida, e sobre meus passos, até mesmo meus pensamentos.

“As pistas estão se esgotando. O jogo está chegando ao fim. Procure, investigue. Lembre-se de três coisas:

Charlie Cooper.

Industrias Turner.

Calton Enterprise. ”

“O tempo está acabando, o rei vai cair.”

A ultima frase ecoou em meus pensamentos insistentemente, fazendo minha cabeça latejar. Amassei uma das cartas com força, espremendo o papel na palma de minha mão, como se o infeliz que as redigiu pudesse sentir a força empregada ali. Fechei os olhos por alguns instantes, enquanto meus pensamentos vagavam em todas as possibilidades, todos os suspeitos. E naquele momento, absolutamente ninguém ficava de fora.

- Deixe isso um pouco de lado. Vai ficar irritado outra vez.

Ouvi Keana murmurar, antes de me envolver por trás cuidadosamente. A mulher estava de joelhos na cama, enquanto suas mãos desceram de meus ombros até o peitoral, envolvendo meu pescoço com seus braços logo em seguida. Desde o primeiro jantar, onde a nova responsável pelo caso teve a brilhante ideia de me entregar as cartas; passamos a nos encontrar em horários livres. Keana era uma mulher linda, atraente, e perfeitamente controlável. Sua cumplicidade naquele momento era primordial para me manter seguro contra toda e qualquer denuncia de um inimigo. O caso Collins estava sobre seu comando, então era ela quem ditava o que seria mostrado ou não no inquérito encaminhado para o tribunal de justiça, já que a oficial tinha apoio do comissário dentro do departamento de policia.

- Não consigo esquecer isso. Sinto que cada dia que passa, estou me aproximando de algo muito grande.

- Isso não quer dizer que seja ruim para você. Quem sabe, não seja o dia em que vamos finalmente pegar aquele que quer te derrubar? – disse ela depositando um beijo lento em meu pescoço.

- Apenas três pessoas tem conhecimento disso.

- Quem são?

- Heitor, Brandon e John.

Keana se afastou por alguns instantes, e me encarou com uma expressão confusa.

- Desconfia de Brandon? Pensei que ele estava do seu lado.

- Ninguém é totalmente confiável. Não estou dizendo que ele mandou essas malditas cartas. Mas não posso descartá-lo.

A mulher permaneceu em silencio, talvez estivesse analisando as possibilidades.

- Não creio que ele tenha motivo para derrubar você. E muito menos John. Agora Heitor...

- Eu sei. Heitor sumiu, eu nem sequer sei se está vivo. Ele sim, esteve comigo no inicio de tudo, sabe de cada misero detalhe.

- Não tem mais ninguém que saiba? – perguntou ao se sentar ao meu lado.

Eu meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto um suspiro deixava meus lábios. Era evidente que outras pessoas foram envolvidas em meus planos, mas ninguém além de Heitor e Brandon sabiam sobre as Industrias Turner, a não ser Charlie, que agora não poderia provar nada, já que estava morto.

- Não, apenas Heitor e Brandon.

- Nem Camila?

A pergunta da oficial me pegou de surpresa, fazendo-me encará-la com um semblante confuso. Soltei um riso baixo, e neguei com a cabeça novamente.

- Claro que não. – exclamei ao me levantar da cama.

- Por que não?

- Camila veio depois disso tudo. E ela nunca sequer ligou para os negócios da empresa, mal sabe o que se passou com Heitor. Apenas que eu fiquei com suas ações na Collins Enterprise.

- Se você diz...

A mulher se levantou e caminhou até a estante no canto do quarto, servindo-se de uma boa quantidade whisky. Fiquei a observá-la por longos instantes, pensando no porque de tamanha desconfiança para com minha esposa.                                                                            

- Desconfia de Camila?

Keana virou seu corpo devagar, enquanto bebericava um pouco do liquido alcoólico no interior do copo em suas mãos. Ela arqueou as sobrancelhas, e deu de ombros enquanto caminhava para perto de mim.

- Só não acho que você deva tirá-la da lista. Camila não me parece tão inocente assim.

- Por quê? Sabe de alguma coisa?

Keana riu baixinho, e tomou impulso para se afastar, quando tomei seu braço com força, puxando-a para perto novamente.

- Eu fiz uma pergunta. – murmurei seriamente.

Ela fitou meus olhos, agora sem aquele sorriso debochado estampado em sua boca, e em seguida baixou o olhar para minha mão, que apertava seu braço.

- Eu não sei de nada. Não tenho pistas ligadas a ela, só não acho que ela mereça tamanha confiança. Pode ser uma perfeita mentirosa.

- Por que tenho a sensação que sabe de alguma coisa?– indaguei.

- Está enganado. – disse ela ao puxar o braço com força, rompendo nosso contato. – só fique esperto com a esposa que tem.

Vi Keana se afastar, caminhando para o lado oposto do quarto, em direção ao banheiro. A forma como a oficial se referiu a Camila foi mais do que duvidosa, não pelo roubo, pareceu sincera ao dizer que não encontrou pistas ligadas a minha esposa, mas eu sentia que havia algo mais. Camila seria uma das suspeitas? Eu não podia sequer pensar no envolvimento de minha esposa em algo contra mim. Ela não seria capaz, seria?

 

Camila Collins point of view.

 

- Você já arrumou tudo? – perguntei ansiosa, enquanto andava de um lado para o outro.

- Sim, Camila. Os equipamentos estão todos arrumados. Eu segui a sua lista, e conferi tudo. – Dinah murmurou pela terceira vez.

Encontrava-me nervosa, pela primeira vez eu estava fodidamente nervosa. Era um plano arriscado, e totalmente ousado. Um erro, apenas um pequeno erro, e o plano de uma vida seria jogado por água abaixo.

- Desculpe. – sussurrei.

 Respirei fundo, enquanto cruzava a extensão de minha sala. Collins não deu sinal durante um dia todo, provavelmente estava na empresa, ou na cama de KeanaIssartel. Depois do jantar que os tornaram cúmplices, o envolvimento de ambos ganhou uma nova proporção. Amantes, como previsto. Chegava a ser cômica a maneira como eram previsíveis, no entanto, o que mantinham era o que menos importava. Poderiam morrer transando no fogo do inferno, eu não ligaria.

- Você está bem nervosa. – Dinah murmurou ao me encarar.

- Eu estou. Mas estou feliz também. – disse ao me encostar à estante ao lado de minha mesa.

- Feliz?

- Sim, muito. Tem noção do quanto esperei por esse momento? Foram anos de esforço, de raiva e rancor. Eu vou me libertar disso em breve.

- Tem razão, confesso que estou animada e com medo.

Lancei um sorriso para a loira, que me fitava.

- Não tenha medo.

- Não tem como não ter medo, Camila! Eu sei que não vou participar efetivamente, pois vou ficar atrás de um computador, mas você vai. Se alguém pegar você naquela empresa...

- Dinah, deixe disso! – exclamei ao me aproximar dela. - Eu sei o que vou fazer. Se tudo ocorrer como planejamos, nada vai dar errado. Eu só preciso que vocês fiquem atentas, e façam tudo como programamos.

- Vamos ficar, mas mesmo assim...- sussurrou apreensiva. - Será que não podemos fazer de outro jeito?

Caminhei até minha poltrona, onde me sentei, ficando agora de frente para minha melhor amiga.

- Não, não podemos. Eu quero que seja assim. Eu vou terminar esse jogo como sempre sonhei. – falei de forma determinada, vendo Dinah bufar.

- Você é louca. Parece que ama o perigo.

- Eu sou o perigo.

Desviei o olhar da expressão de Dinah, e os voltei para o porta retrato que repousava sobre minha mesa. Nele, estávamos Christopher e eu, abraçados como um casal perfeito. Exibindo sorrisos que indicavam uma vida plena e feliz, como daqueles malditos comerciais de TV. Estiquei o braço, e capturei a fotografia para mais perto.

- Amanhã eu vou tirar tudo que ele tem. Não vai restar absolutamente nada.

- E isso tudo vai acabar. – Dinah murmurou, atraindo minha atenção. - O roubo estará completo.

- Finalmente, você vai cair Christopher. O jogo vai acabar.

 

Lauren Jauregui’s point of view.

 

Adentrei em meu apartamento, enquanto ouvia Vero resmungar sobre o sabor de nosso jantar. Saímos juntas da delegacia, e paramos em um restaurante, já que ambas se encontravam totalmente exaustas para preparar o jantar. De inicio pareceu boa ideia, até a comida chegar.

- Nunca mais vamos naquele lugar.

- Certo, vamos tirar ele da nossa lista. – falei, enquanto me controlava para não rir de sua expressão raivosa.

- Por que está rindo? Tivemos um jantar horrível.

- Estou animada.

- Voltou com a casada?

- O que? Não, esqueça Camila. – disse com um tom de voz indiferente.

- Então é com a Keana? Ouvi dizer que ela está indo muito bem com o caso Collins. Ou com o Collins, não sei! As más línguas estão rolando solta na delegacia. – falou ela enquanto se livrava de seu casaco, e seus sapatos. – Só acho que precisa parar de dividir mulher com aquele homem.

- Cala a boca.

- Apenas a verdade. – deu de ombros, rindo.

- Vai tomar banho, vai.

- Vou mesmo. Preciso de uma ducha quente, estou cheirando a carne daquele restaurante. – ela cheirou sua roupa, e deu de ombros antes de caminhar em direção ao seu quarto.

Assim que Vero sumiu pelos corredores, deixando-me completamente sozinha, segui rumo ao meu escritório particular. Retirei as chaves de meu bolso, e abri a porta, adentrando na sala escura. Depois de fechá-la, liguei a luminária, que iluminou minha mesa, e o organograma exposto na parede. Minha investigação pessoal estava mais do que pronta, eu tinha tudo que precisava para minha ascensão.

- Lauren, Lauren...você está indo bem. – disse para mim mesma, depois de sentar em minha poltrona, diante a mesa.

Inclinei meu corpo para frente, e liguei meu notebook, que tão logo expôs as mensagens no visor iluminado.

“Novos documentos.”

Franzi o cenho, e então coloquei meus fones de ouvido, para em seguida clicar com o mouse sobre a janela aberta na tela do computador. O programa de escutas se expandiu na tela, indicando um novo arquivo, no qual selecionei para ouvir. Depois de alguns instantes, duas vozes inundaram meus ouvidos. Uma delas era Dinah, e a outra Camila.

“Você já arrumou tudo?”

“Sim, Camila. Os equipamentos estão todos arrumados. Eu segui a sua lista, e conferi tudo.” – Dinah falou.

“Amanhã eu vou tirar tudo que ele tem. Não vai restar absolutamente nada.”

“E isso tudo vai acabar. O roubo estará completo.”

“Finalmente, você vai cair Christopher. O jogo vai acabar.” – Camila disse com determinação.

Eu fechei os olhos, e respirei fundo, antes de tirar os fones do ouvido, e despejá-los sobre a mesa. Aquela seria uma das coisas mais difíceis que eu iria fazer durante anos de carreira, mas não me restava escolha. Encarei o organograma, vendo a foto de Camila, tão bela.

- Você tem razão, Camila. O jogo vai acabar amanhã. 



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