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História Xeque-Mate - Fim do reinado


Escrita por: ShewantsCamz

Notas do Autor


Pensaram que tinha acabado? Agora que as coisas vão ficar quentes...

Iniciem Dusk Till Dawn - Zayn Feat Sia quando for solicitado.

Capítulo 39 - Fim do reinado


- Entre nessa porra! – Exclamou um dos policiais.

Christopher fechou os olhos, tentando se controlar diante de tamanha ignorância do agente que o conduzia, mas logo foi empurrado firmemente para o interior do furgão da polícia. Os homens, devidamente armados, algemaram seus pulsos e o colocaram em um dos bancos traseiros. Depois de sentenciado pela justiça, Collins estava sendo transferido para a prisão de Downstate, onde cumpriria quarenta e dois anos de pena por seus crimes.

- Poderíamos estar em casa, mas temos que levar esse fodido para a prisão.

- Não reclame tanto, Bryan! Deixamos ele lá e voltamos para a cidade.

- Soube que é um empresário importante, veja só onde vai terminar a vida. – Zombou o loiro mais alto, enquanto ocupava seu lugar no banco do passageiro.

- Eu li sobre o caso dele. Ouvi dizer por aí que a mulher dele o colocou atrás das grades, acredita? Vi a foto dela no jornal e por Deus! – Comentou o moreno mais baixo, acomodando-se no banco do motorista.

- Ela é uma gostosa! Bem que eu adoraria tê-la para mim. Você deixa, não é, amigo? Agora que vai morrer em uma cela, eu posso fazer seu papel. – O loiro riu debochado.

Collins permaneceu intacto sobre o banco. Parecia perdido ou concentrado demais em seus próprios pensamentos. Era um tanto assustador seu estado psíquico, visto que tudo se restringia a seus novos planos, que logo se realizariam. Ele tamborilou com a ponta dos dedos sobre sua coxa, enquanto cantarolava baixinho. Sua cabeça perturbada relembrava cada instante ao lado de sua esposa, dando ênfase a cada mínimo detalhe presente nela. Camila havia se tornado o único alvo dos desejos daquele homem, e ele não descansaria até tê-la outra vez.

- Vamos para sua nova casa, rei. – Zombou o policial, seguido por uma risada.

O caminho seria longo, mas Collins não parecia se importar. O horário dava aos policiais um trânsito ameno, visto que iam pela madrugada adentro. Collins começou a bater com os pés no canto do furgão, causando um barulho contínuo e irritante.

- Quer parar com essa merda? – Exclamou o loiro.

O homem continuou, enquanto observava o painel do carro entre a divisória da cabine e a área da traseira do furgão. Passava da primeira hora da madrugada, e o GPS indicava que o carro já havia saído do centro da cidade. Ele continuou a bater com o pé, aumentando a frequência das batidas em um ato de baderna. O lugar pelo qual seguiam era deserto e um tanto escuro.

- O que esse fodido pensa que está fazendo? – O outro exclamou, irritado.

- Ele quer morrer antes de chegar na prisão!

Christopher batia com mais força, tornando o barulho insuportável. Ele via parcialmente o brilho de faróis pela janela escura do automóvel, indicando que o jogo ainda estava acontecendo.

- Merda! Pare agora! – O homem apontou a arma para o detento, que continuava com toda desordem. – Eu vou matar esse filho da puta!

As batidas ficaram mais fortes, agora em vários lugares. Collins sorria de uma maneira perturbadora, e quando o policial tomou impulso para abaixar a divisória entre as cabines, o carro foi violentamente batido na lateral, fazendo com que o policial presente no volante freasse bruscamente.

- Quer porra é essa?! – Murmurou o agente assustado, parando o veículo no meio da estrada deserta.

- Acelere, caralho!  – O policial ao lado gritou.

- Saíam do carro agora! – Um dos homens abriu a porta do veículo, puxando o policial com força.

O motorista arregalou os olhos e puxou a pistola para atirar no desconhecido, quando foi atingido por dois tiros no peito.

- Não! Me solte! – Gritou o loiro desesperado, quando o grupo de homens o rodeou.

- Tirem o corpo do carro!

Collins se levantou do chão do furgão, sentindo uma dor aguda no canto de sua cabeça. Com a forte batida do carro, seu corpo foi arremessado no chão com força, presenteando-lhe com um corte pequeno na sobrancelha.

- Quem são vocês? – Gritou o policial estirado no chão.

O homem sorriu de canto e pisou com o coturno com força no peito de Bryan, que gemeu de dor.

- Não interessa, meu caro. É melhor ficar quieto se não quiser morrer logo. – Murmurou enquanto apontava o cano do fuzil em direção ao rosto do policial. – Abra o furgão! – Ordenou para o capanga que estava ao seu lado.

O homem de estatura mediana, fez um breve aceno com a cabeça e seguiu ao lado de outros dois rapazes para a porta traseira do veículo. Com algumas ferramentas, a porta do furgão foi arrombada de uma só vez.

- Estão atrasados. – Murmurou Collins ao passar pelas portas do furgão, pisando sobre a estrada de areia.  – Tirem isso.

- Não façam isso, filhos da puta! – Gritou o policial, antes de ser chutado outra vez. – Vocês merecem morrer!

Com uma das ferramentas, o capanga partiu a corrente entre a algemas, dando liberdade aos braços de Collins. Ele encarou seus próprios pulsos, sentindo uma dor sutil nas áreas vermelhas em sua pele. O homem com uma postura impecável caminhou lentamente até o policial estirado no chão empoeirado.

- O que vamos fazer com ele?

Christopher olhou em volta por certo momento, antes de solicitar a pistola presa à cintura do mais alto a sua frente. O capanga com o cenho franzido estendeu a arma na direção do empresário, que logo a capturou. Ele tinha um sorriso malicioso no canto dos lábios, combinando perfeitamente com seu olhar perturbado.

- Apenas um recado. – Disse ele diabolicamente. – Acabou para você.

O barulho dos disparos soou firme, bem como o impacto brutal sobre o corpo do policial. As perfurações logo expeliram o sangue vivo, espalhando-se no chão.

- Levem o furgão pelo caminho indicado no GPS, o carro é rastreado, e eu não quero que ele seja encontrado antes do amanhecer, entendeu?

- Sim, senhor. – O homem respondeu. – Tem certeza que não possui câmeras de segurança?

- Absoluta. Meu advogado pagou um dos agentes internos para me colocar em um dos carros mais antigos, e, por sorte, o sistema de câmeras desse está desativado. – Collins murmurou tranquilamente. – Onde está o carro? Trouxe as roupas?

- Sim! Está tudo ali.

- Perfeito. Procure o John, ele está com seu pagamento. Espero que aproveite a quantia.

- Se precisar dos meus serviços outra vez é só chamar. – Exclamou o capanga quando Collins seguiu o caminho até o carro parado ao fundo.

- Não precisarei, eu posso terminar isso com as minhas próprias mãos. – Disse ele com um sorriso.

 

[...]

 

O caminho pareceu curto, quase mínimo diante da ansiedade por aquele momento. Christopher seguiu com velocidade pelas ruas nova-iorquinas até enfim chegar a seu destino final: a tão exuberante mansão Collins. O carro simples parou em frente ao portão principal e logo foi aberto por um dos seguranças de confiança de Christopher. O homem não fazia a menor ideia das intenções de seu chefe, mas se colocou à disposição em troca de uma bela quantia em dinheiro. As poucas economias trancafiadas nos cofres no exterior financiaram o plano final do rei.

- Ela está aí dentro?

- Sim, senhor. Está sozinha.

O segurança encarou o olhar diabólico do homem e temeu por sua decisão, mas agora não poderia simplesmente voltar atrás, apenas permitiu sua entrada e em seguida abandonou o posto, com receio pelo que estava por vir. Collins deixou o carro, equipado com todos os objetos deixados pelos capangas, e adentrou sua casa. O homem se sentia poderoso, forte, como nunca havia se sentido antes. Era como retornar à batalha em grande vantagem contra o inimigo. Daquela vez, ele tinha a melhor estratégia.

- Lar, doce lar. – Murmurou após respirar fundo.

O silêncio o obrigava a ser incrivelmente cuidadoso, não queria despertar a fera antes do espetáculo final. Christopher caminhou lentamente até o meio da sala de estar, observando atentamente a bagunça ali instalada. Capturou delicadamente uma das taças de vinho, imaginando quem ali teria tomado. As opções não foram de seu agrado, visto o ciúme excessivo que o dominava. Ele apertou o material com certa força, mas logo afastou aqueles pensamentos que o perturbavam. Abandonou a taça vazia e se serviu de uma boa dose de whisky, que bebericou lentamente. O líquido escorreu ardente por sua garganta, dando impulso para suas vontades tão vibrantes.

O homem perdeu alguns minutos observando cada mínimo detalhe daquele lugar, como se recordasse cada instante de todos os anos que foi perfeitamente controlado por aquela mulher. Camila, ou o próprio diabo, como ele gostava de pensar, o manipulou de forma minuciosa, dissimulada, e, sobretudo, astuciosa. E mesmo tendo total conhecimento daquilo, ainda se via perdidamente preso a ela, como se a bela mulher fosse a única coisa que lhe restava na vida. Christopher não estava apaixonado por Camila, ele estava obcecado por ela, e nem mesmo todo o mal que ela causou a ele foi capaz de despertar o seu desprezo, pelo contrário, despertou o sentimento doentio que lhe preenchia o interior.

- Você não devia ter feito isso comigo, querida. – Sussurrou enquanto deslizava a ponta dos dedos sobre o porta-retrato repousado sobre a mesinha no canto da sala. – Eu a amei tanto, e você me traiu.

Ele meneou a cabeça em um sinal negativo, sentindo-se profundamente magoado por tal traição. Suspirou, cansado, mas logo voltou à entrada da casa, onde apanhou quatro galões de gasolina, levando-os para o interior da mansão. Collins sabia que não lhe restava sequer esperanças de um futuro em liberdade e não se importava mais com isso. Sua única vontade desde o momento em que se viu dentro de uma cela foi encontrar-se com sua bela esposa e sentenciar sua vida ao lado dele para sempre, e era exatamente isso que faria.

- Iremos nos encontrar no inferno, Camila. – Ele riu diabolicamente. - Bem como deve ser.

O líquido inflamável foi arremessado pelo piso de madeira de lei, espalhando-se por todos os cantos por onde ele caminhava. O sentimento de satisfação o consumia, como se finalmente pudesse realizar seu sonho, teria Camila e todo seu patrimônio unicamente para ele. Ninguém mais os teria, nem mesmo Lauren.

- Estou chegando, querida. – Disse ele após acabar o segundo galão sobre os móveis e cortinas espalhados pela casa.

Christopher capturou os dois galões restantes e seguiu em direção aos outros cômodos. Em sua cabeça tudo que se passava naquele instante era por quanto tempo Camila o traía. Em quantos lugares ela teria se deitado com a policial enquanto ele dormia? Estava enfurecido, sentia-se enganado, mas não deixaria barato. Lauren nunca mais tocaria em um fio de cabelo de sua mulher.

- Vagabundas.

Após esvaziar os galões de gasolina, Christopher voltou à sala principal, sentindo o cheiro de combustível espalhado por todo ambiente. Sorriu, satisfeito, capturando seu copo de whisky, repousado ao lado de dois pequenos objetos.  O homem seguiu em direção à escadaria, parando no primeiro degrau, voltando seus olhos para o restante da casa, certificando-se de que tudo estava a seu gosto. Collins sentia-se nervoso, no fundo o medo ainda o dominava, mas encontrava-se profundamente mergulhado em ódio, todas as consequências de seus atos insanos se resumiriam a ter Camila somente para ele. Ele enfiou a mão em um dos bolsos, retirando um pequeno isqueiro prateado, que ele acendeu brevemente. A chama vibrante balançou graciosamente com o vento, enquanto Collins a encarava, hipnotizado. Para ele, aquela seria sua grande vitória, e ninguém poderia mudar isso.

- Eu sou o rei, Camila. – Foram suas breves palavras antes de arremessar o objeto sobre o chão umedecido.

O material inflamável logo deu vida ao fogo intenso. As chamas se espalharam com uma rapidez absurda, transformando a mansão Collins em uma imagem perfeita do inferno. Christopher sorriu, entusiasmado, enquanto o fogo se alastrava por cada mínimo pedaço daquela casa. Ele sentia seu coração bater descontrolado dentro do peito, enquanto sua cabeça se perdia em frenéticos pensamentos. O empresário virou-se em direção a escadaria, e subiu lentamente até o corredor extenso que o levaria até a suíte principal. A porta se encontrava parcialmente encostada, facilitando ainda mais seu trabalho. Ao adentrar o cômodo grande, logo percebeu o corpo de sua esposa repousado serenamente sobre a cama. Camila ainda dormia um sono profundo, à espera de Lauren no café da manhã.

Ele se aproximou, observando o corpo seminu, coberto pela lingerie delicada, acompanhada do robe preto que combinava perfeitamente para ela. Um sorriso se fez presente em sua boca, enquanto recordava todas as noites que possuiu seu corpo a seu bel-prazer. O barulho no primeiro andar começou a aparecer, os objetos começaram a se destruir gradativamente, enquanto naquela suíte tudo ainda parecia normal. Christopher repousou uma rosa solitária sobre o criado-mudo e se afastou, sentando-se em uma poltrona do outro lado do quarto.

Passado alguns minutos, os barulhos se intensificaram. O primeiro andar da mansão Collins agora estava completamente tomado pelo fogo destruidor. Camila se remexeu sobre o colchão, estranhamente inquieta. Sentindo seu coração apertado, acelerado. Aquela maldita sensação ruim havia voltado, trazendo consigo os sinais vivos da insônia. Ela abriu os olhos vagarosamente, enquanto se espreguiçava sobre os lençóis que ainda tinham o perfume de Lauren. Um sorriso instantâneo, quando enfim avistou a flor solitária repousada sobre o criado-mudo.

- Gostou, meu bem?

A voz rouca ecoou pelo ambiente, fazendo Camila saltar da cama em um solavanco. O quarto escuro impedia que ela tomasse conhecimento do rosto, mas não precisava de mais características para ter certeza de quem se tratava.

- O que...- As palavras pareciam ficar presas em sua garganta. - O que diabos está fazendo aqui?!

- Não está feliz em ver seu marido? – Indagou ele, saindo em meio à escuridão.

- Isso só pode ser um pesadelo... – Ela fechou os olhos diversas vezes em uma tentativa ineficaz de acordar.

- Não me magoe desse jeito, querida. Eu vim até aqui especialmente para te encontrar. E é assim que sou tratado? – Murmurou, visivelmente ofendido, enquanto caminhava na direção dela.

Ela recuou alguns passos, enquanto sentia seu corpo inteiro tremer. Camila simplesmente não conseguia reagir, estava paralisada pelo medo que a governava.

- Não sabe o quanto esperei por esse momento. Achou mesmo que eu deixaria você sair impune? Não, meu amor. Eu voltei para mostrar que pessoas como nós devem ficar juntas.

- Você está louco! Não faça nada que vá se arrepender, Collins. – Ameaçou.

- Não tenho absolutamente nada a perder, Camila.

Camila sentia seu peito subir e descer em uma respiração pesada, espessa, enquanto seus olhos buscavam por algo para se defender. De forma repentina, um estrondo brutal surgiu do primeiro andar, fazendo a mulher se abaixar assustada. Uma explosão, seguida pelo estilhaçar das vidraças, era tudo que se podia ouvir.

- O que diabos você fez? – Gritou.

Quando a mulher tomou impulso para correr para longe, o homem a segurou firmemente pelo braço, puxando seu corpo com força para o chão. Camila espalmou as mãos sobre o chão, tentando se levantar.

- Vai me pagar por tudo que me fez, vagabunda! Não tem para onde fugir, a não ser que queira morrer no meio do fogo.

Ela se arrastou pelo piso amadeirado, enquanto seus batimentos se descontrolavam dentro peito. Collins se aproximou rapidamente, puxando-a pelo braço outra vez. Camila se debateu em uma tentativa de se desvencilhar, mas os braços fortes do homem a seguravam com força, impedindo-a de sequer se mover.

- Me solta! Oh, meu Deus! Socorro! – Esbravejou desesperada.

- Não adianta gritar, rainha! Somos só nós dois!

O corpo da latina foi arremessado com força contra a cama, e quando ela pensou em se levantar, Collins se aproximou, prendendo seu corpo junto ao dela.

- Está tão bonita hoje. Foi para sua amante que se arrumou assim, não foi? Fodeu com aquela vagabunda na minha cama?! Na minha casa! – Ele gritou, fazendo ela se encolher entre seus braços.

A fumaça escura começou a invadir o quarto, o fogo agora se alastrava pelo segundo andar.

- Me solta, porra! – Ela gritava, esperneando-se em seus braços.

- Eu devia matar aquela mulher, eu devia fazer você sofrer novamente com a dor da perda! Mas eu não ia sujar minhas mãos quando eu posso ter você só para mim, hum? Você é minha, Camila. – As mãos grandes e firmes de Collins deslizaram maliciosamente sobre a pele bronzeada da mulher.

Camila fechou os olhos sentindo seu perfeito arfar. Estava ficando sem forças para relutar. O grito desesperado estava morrendo em sua garganta a cada segundo que se passava.

- Não, não... – Ela murmurou em estado agonizante.

Collins segurou firme em seus punhos enquanto sua outra mão subia lentamente pelas coxas expostas da morena. Aquilo não poderia terminar assim, a luta de uma vida não poderia ter sido em vão. Ela fechou os olhos, enquanto um turbilhão de imagens passava no interior de sua cabeça. Camila sentia vontade de chorar em desespero, medo, e, sobretudo, revolta. O empresário soltou seus punhos para agarrar o pescoço da mulher com uma só mão.

- Infeliz! Me largue agora! – Ela gritou, enfurecida.

Ele riu debochado, apertando os dedos ao redor daquela região. Camila engasgou-se, enquanto sentia o ar sumir de seus pulmões a cada segundo nas mãos daquele homem.

- Você não pode me vencer, Camila. Morrerá pelas mesmas mãos que tiraram a vida de seu protetor.

Karla fechou os olhos, sentindo a revolta dominar seu interior. Ela sabia que não tinha escapatória, estava fadada a encerrar seu reinado aquela noite; mas não iria sozinha, estava determinada a arrastar Christopher para o inferno junto de si. A morena puxou o ar com dificuldade para seus pulmões enquanto sua visão ganhava um embaçado desesperador. Ela inclinou o rosto para o lado enquanto arrastava os braços pelo colchão com  o restante das forças que ainda habitavam em seu corpo. Foi quando o objeto dourado reluzente foi descoberto. Em um sopro de esperança, ela esticou o braço, enquanto os olhos penetrantes de Christopher a encaravam vitoriosos e doentios.

- O jogo está acabando.

Com a ponta dos dedos, ela tocou o objeto frio, puxando brevemente o lençol para que a arma viesse a seu encontro. Ao tomar posse da pistola, segurou firme para bater com firmeza sobre a cabeça do criminoso, que urrou em dor, afastando-se de uma só vez. Camila levantou seu corpo rapidamente, e, quando apontou a pistola em direção a seu inimigo, foi puxada para o chão, fazendo com que arma caísse.

- Não!

- Está passando dos limites! – Gritou ao puxá-la com força.

Um grito de dor escapou por sua garganta quando ele a acertou com um tapa forte no rosto. O sangue escorreu por seus lábios, mas ela não desistiu. Seus braços ainda o empurravam, estapeavam, com o restante das forças que ainda possuía. Collins a bateu outra vez, antes de tirar o revólver de sua cintura e apontar para o rosto de Camila. Ela ofegou, enquanto ainda tentava se soltar. Mesmo de longe, a latina conseguia ver as labaredas de fogo invadindo o corredor. Não havia saída, aquele era o fim.

- Você poderia ter ficado do meu lado, mas escolheu o pior caminho.

Christopher tremia, totalmente descontrolado. As gotas de suor escorriam por sua testa, enquanto seu olhar doentio se mantinha fixado sobre o rosto machucado de Camila. O fogo havia começado a invadir o quarto, espalhando-se rapidamente pelas cortinas e moveis.

- Eu nunca ficaria ao lado de um verme com você! – Esbravejou furiosa ao cuspir no rosto dele

- Vadia! – Esbravejou furioso, enquanto direcionava o revolver para o rosto de sua mulher.

- Você perdeu tudo para mim, Christopher! O xeque-mate sempre será meu.

Camila Collins observou o exato momento em que ele repousou o dedo sobre o dispositivo do revólver, engatilhando em sua direção. Ela permaneceu imóvel, encarando-o com autoridade, mesmo quando seus pensamentos explodiam frenéticos no interior de sua cabeça. De certa forma, ela se sentia preparada para aquele momento, como esperasse pelo fim de seu reinado. Esteve ciente das possíveis consequências daquele jogo perigoso quando o iniciou, e não se via arrependida. Ela não se importava com a morte, mas com o que ela provocaria. Naquele momento, um único rosto tomou sua mente, fazendo com que seu peito arfasse pesado, dolorido. Os momentos ao lado de Lauren vieram como uma sequência de imagens torturantes em um espaço mínimo de tempo, fazendo-a perceber que mesmo com a morte, ela estava salva. Lauren havia a salvado, e consagrado sua vitória.

- Acabou.

Uma explosão, seguido pelo desabamento de uma parte da casa deu início ao fim.

 

[...]

 

Lauren arrastou o mouse delicadamente para baixo, enquanto seus olhos se mantinham atentos a todos os modelos do objeto exibido na tela do computador. A mulher estava incrivelmente focada em encontrar aquele que se encaixaria com perfeição ao gosto de Camila. Depois de horas ao lado da latina, ainda conseguia sentir falta de sua presença, como se nunca mais fosse vê-la. Ela se sentiu estranha, mas nada fez, suspirou, ignorando tal pensamento. Não iria incomodar o sono da mulher, para simplesmente ouvir sua voz, iria?

“Eu preciso falar, me deixem passar!”

A policial franziu o cenho, vendo uma movimentação alvoroçada ao lado de fora, quando Iglesias adentrou a sala como um furacão. Estava assustada, e sem qualquer coloração em seu rosto.

- Lauren!

- Por Deus! Você quer me matar? – Indagou a policial com a mão sobre o peito.

- Você precisa ir... – exclamou nervosa, enquanto buscava palavras para proferir. – Um incêndio! Um incêndio enorme!

Iglesias tremia enquanto desatava a falar sem parar. Lauren ergueu seu corpo da cadeira rapidamente, aproximando-se de sua melhor amiga sem entender. A oficial se encontrava transtornada, trazendo a Lauren um semblante confuso.

- Vero, se calme! Se está acontecendo um incêndio, precisamos acionar o corpo de bombeiros! – A morena de olhos claros murmurou tentando acalma-la.

- Você não entende!

- Eu entendo! Mas não podemos cuidar desse departamento! – A agente retrucou, passando pela porta. – Eu vou acionar os bombeiros, me passe o endereço.

Lauren caminhou apressadamente pelo corredor da delegacia, quando a voz de Veronica ecoou pelo ambiente silencioso até seus ouvidos.

- Um incêndio na mansão Collins! – Ela vomitou as palavras de uma só vez.

[Inicie – Dusk Till Dawn – Zayn feat. Sia]

Naquela fração de segundos, Lauren sentiu seu corpo inteiro esfriar, como se seu sangue tivesse estagnado no interior de seu corpo. Ela engoliu em seco, completamente imóvel, sem reação. A notícia caiu como uma bomba sobre sua cabeça. Os olhos de Veronica se fizeram melancólicos e trêmulos, quando um estalo fez a policial despertar.

- Camila...

A imagem de Camila no meio das chamas, despertou a policial em um solavanco em direção a saída da delegacia. Lauren desceu as escadarias em passos apressados, aproximando-se de um dos soldados que foi bruscamente empurrado para longe, para que ela ocupasse o interior da viatura lá estacionada.

- Lauren! Você não pode dirigir assim! – O homem exclamou ao passar pela porta da delegacia.

 A mulher virou a chave na ignição do veículo, e acelerou o máximo que pode, fazendo os pneus cantarem estridentes sobre o asfalto. Ela não se importava o que aquilo poderia lhe acarretar, seu único pensamento agora, era em como precisava salvar a mulher que amava.

- Não, não, não... – Murmurou desacreditada. – Camila, me diz que você está bem!

O carro corria em velocidade máxima, ultrapassando todos a sua frente sem qualquer cuidado. A americana mantinha os olhos marejados e firmes a frente, enquanto seus pensamentos lhe torturavam com todas as opções que poderia encontrar. Ela sentia seu peito arder, acompanhado daquela maldita vontade de chorar.

- Eu não devia ter deixado você sozinha! Isso é culpa minha... – Exclamou em meio as lagrimas que escapavam de seus olhos. – Minha culpa. – Ela bateu com força contra o volante diversas vezes.

A oficial sentia o ar lhe faltar, enquanto os soluços de seu choro angustiado escapavam por sua garganta violentamente. Seu pé encontrava-se inclinado sobre o acelerador, obrigando o automóvel trabalhar a todo vapor, mesmo quando o mesmo não tinha tanta capacidade assim.

- Merda! Merda! – Gritou.

“O furgão encaminhado para a penitenciaria foi encontrado ao leste da cidade. O detento Christopher Collins está foragido! Dois policiais foram mortos a tiros” – Exclamou um dos policiais pelo rádio preso ao painel, comprovando que seus pensamentos estavam certos. Ele estava destinado a se vingar.

“Viaturas sigam em direção a mansão Collins, temos um incêndio completo.”

- Me diz que você está viva... – Ela chorou, virando a esquina com o carro rapidamente. – Por favor...

Os carros ao redor buzinavam alvoroçados pela maneira desenfreada como Lauren conduzia a viatura em meio as avenidas nova iorquinas. O veículo atravessou o centro da cidade, excedendo todo limite de velocidade permitido em lei, ultrapassando semáforos fechados, e placas de transito sem sequer se importar com o que aquilo poderia causar. Lauren diminuiu a velocidade, e fechou os olhos por breves segundos, afastando as lagrimas teimosas que lhe impediam de enxergar, quando barulho estridente dos pneus roubou sua atenção, obrigando-a a pisar no freio bruscamente. E de maneira repentina, ambos os carros se chocaram parcialmente, fazendo com que a viatura rodopiasse sem controle pelo meio da avenida, até se chocar contra um dos postes.

A agente olhou ao redor completamente perdida, vendo todos os outros carros a seu redor. Seus olhos foram de encontro ao GPS, que indicava a distância exata até a casa em chamas. Ela suspirou, sentindo o corte aberto no supercilio, mas não se importou, visto que tão logo abandonou o veículo sobre os protestos enraivados dos envolvidos no acidente, para correr enlouquecidamente pelas ruas, em busca de encontrar Camila viva. Ela sentia as lagrimas banharem seu rosto, enquanto recordava dos momentos que antecederam aquela tragédia. Recordou precisamente do sorriso largo de Camila, seguido pelas declarações tão verdadeiras.

O que sente, Camila?

Seus olhos que até então encaravam o nada, voltaram aos meus, balançando-me o interior.

- Eu sinto que sou perdidamente apaixonada por você, agente Jauregui.”

Lauren estava sendo invadia violentamente pelas lembranças de Camila, enquanto buscava forças para continuar a correr. Seu peito ardia com a falta de ar, mas nada lhe faria parar. Ela só precisava encontrá-la.

“- Não me parece tranquila, o que está acontecendo?

- Eu estou bem, amor. – Camila respondeu.

- Amor?

- Ai, não...

- A toda poderosa rainha me chamou de amor? É isso mesmo?

- Foi um deslize!

- Aham, sei que está contando os minutos para assumir nossa relação publicamente. Quer sair de casalzinho pelas ruas com suas amigas? Depois que fez amor gostosinho comigo, ficou toda romântica.”

- Você não pode me deixar agora... – Ela sussurrou ofegante em meios as lagrimas, quando enfim parou diante a casa monumental completamente tomada pelo fogo.

“- Então obrigada, por tudo. Eu quero que saiba que você foi a melhor coisa que me aconteceu desde o momento em que perdi o Charlie. Você é a razão para eu querer sair dessa história, e ter uma vida feliz.

- Por que está falando tudo isso agora? Não fale assim, parece que está se despedindo...

- É uma despedida.”

Lauren sentiu o chão sumir por de baixo de seus pés, ao presenciar a destruição daquele lugar. Uma parte da casa estava desabando, enquanto os carros de bombeiros e soldados tentavam conter o fogo que inundava o ar com a fumaça escura. Ela sentiu seu pulmão esvaziar, e o sangue inteiro do seu corpo parar.

- Camila...não pode ser...

Ela correu entre o aglomerado de pessoas, passando entre a faixa de proteção para invadir o território fechado para a equipe de bombeiros. Seus olhos se mantinham fixados nas labaredas de fogo que ainda se encontravam vivas no interior da casa.  E sem qualquer noção do perigo, Lauren avançou de forma objetiva até a entrada, quando um dos homens a segurou firme pelo braço.

- Você não pode entrar aí! – Exclamou.

- Eu preciso entrar! Camila está aí dentro! Por favor! – Exclamou nervosa.

- Me desculpe, senhora. Mas você não pode. A casa está tomada pelo fogo! – Ele a puxou com força, enquanto a mulher tentava se desvencilhar.

- Você não está entendendo! – Ela gritou. – Minha mulher está aí dentro, eu não posso deixa-la morrer! Por favor, me deixe entrar! – Ela suplicou sem controle, enquanto as lagrimas desciam descontroladamente por sua face.

- Eu sinto muito. – Ele respondeu de forma contida. – Eu não posso arriscar sua vida.

- Foda-se a minha vida, me deixe entrar! – Lauren gritou, enquanto era segurada por um dos bombeiros – Me deixe passar, inferno! Vocês estão deixando ela morrer, não conseguem ver? Ela está morrendo!

- Senhora, por favor!

Outros dois homens se aproximaram para ajudar a segura-la, visto que a mulher usava de todas suas forças para se soltar.

- Você não pode! Tudo lá dentro foi destruído! Não há mais o que fazer.

- Ela não pode ter morrido! - Exclamou perdida.

- Me desculpe, senhora.

- Ela não pode morrer! – Esbravejou ao se ajoelhar no chão exaustivamente. – Por favor, me deixem salva-la! Eu prometi que iria protege-la...

Lauren inclinou seu corpo para frente, levando as mãos até a cabeça, em um ato desesperado. Os soluços se misturavam aos pedidos de ajuda, mas ninguém parecia lhe ouvir. Todos pareciam completamente absortos da situação. Ela sentia um pedaço seu sendo arrancado a sangue frio, como se pudesse ver o corpo de Camila sendo consumido pelo fogo. A policial fechou os olhos, ouvindo os gritos desesperados de Dinah ao fundo.

- Me desculpe, Camila... – Murmurou, quando Veronica correu para envolve-la em um abraço reconfortante.

- Eu estou aqui para você.

- Eu preciso salva-la. – Lauren exclamou, desabando em choro nos braços de Veronica.

- Você salvou, Lauren.

 



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