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História Xeque-Mate - A rainha


Escrita por: ShewantsCamz

Capítulo 42 - A rainha


Algumas semanas depois...

 

- Tem certeza que quer vender esse lugar?

Lauren perguntou enquanto amarrava seus cabelos em um rabo improvisado. Estávamos no interior do apartamento em que Dinah e eu havíamos vivido durante os anos de faculdade em Zurique. O mesmo havia sido comprado por Charlie, em um presente grandioso por nossa vaga em uma das melhores instituições do país.

- Sim, inclusive já está vendido.

- Vendeu esse lugar por um preço baixíssimo, mas não vou reclamar, sei que fez por se tratar de Veronica.

- Sim, tenho que me redimir depois do susto que demos nela ao ver que eu estava viva. – Murmurei ao colocar alguns dos últimos itens em uma caixa. – E por ter roubado a melhor amiga dela também.

- Ela ficou realmente assustada, mas saber de toda sua história fez ela admirar você. Claro que ela ficou um tanto revoltada por eu não ter voltado para Nova Iorque, mas agora que sabe que vamos casar, quis se mudar para mesma cidade.

- Ela ama muito você, e isso é lindo. São como irmãs, tipo Dinah e eu. – Dei de ombros, enquanto vasculhava a sala inteira com os olhos.

- Sim, é exatamente desse jeito. Sabia que Vero desde o início achou que eu iria me apaixonar por você? É engraçado lembrar de todas as vezes que cogitamos sobre.

- Ela estava certa. Sempre achei Veronica muito sensata, por isso contei sobre minha vida a ela.

Lauren se aproximou devagar, e envolveu minha cintura com os braços. Eu sorri para ela, e lhe beijei a boca rapidamente.

- Não ficou com receio dela contar para todos?

- Não, eu fiquei com receio ao contar para você que era toda certinha, mas Iglesias parece ser mais compreensível, e menos cabeça dura.

A mulher franziu o cenho, fingindo indignação.

- Daqui a pouco vai dizer que escolheu a mulher errada no primeiro ménage.

- Pensando bem...acho que você pode ter raz...

- Não termine isso! – Lauren exclamou ao tapar minha boca com a mão.

Foi inevitável a risada que soltei a seu ato totalmente impulsivo.

- Engraçadinha. – Resmungou ao me soltar.

- Não seja chata, é claro que escolhi a mulher certa. – Disse ao puxa-la para mim. - Você me ganhou no sexo, Keana não era tão boa assim.

- Ganhei você antes disso, minha querida.

- Hm, foi é?

- Obviamente, sentou do meu lado naquele bar com segundas intenções que eu sei.

- Te ensinei coisas demais, inferno. – Resmunguei, agora fazendo a delegada rir.

Lauren me puxou para si novamente, fazendo com que nossos corpos cambaleassem para trás. Eu senti minhas costas baterem contra a parede de concreto suavemente, quando seu corpo colou no meu.

- Ensinou, e agora posso usar tudo contra você.

Fechei os olhos quando os lábios macios da mulher vieram de encontro ao meu pescoço, enquanto suas mãos deslizavam de minha cintura até minha bunda. Eu suspirei um tanto surpresa, e inicialmente excitada.

- Dinah e Normani estão logo ali, não me faça cometer uma loucura.

- Estamos mesmo, e não estamos tão longe assim! – Dinah exclamou ao entrar ao lado de Normani.

Lauren rolou os olhos assim que me soltou. As duas estavam nos ajudando em toda aquela mudança, visto que tanto eu quanto Dinah queríamos guardar o que ainda era importante.

- Vocês não perdem essa mania de se agarrassem em todos os cantos.

- Não é como se vocês não fizessem o mesmo. – Lauren rebateu.

Dinah pensou em retrucar, mas sabia que não tinha resposta para o contra-ataque de Lauren.

- Katherine, você ensinou coisas demais para essa mulher. – Dinah finalizou, nos fazendo rir.

- Chega de papo meninas, vamos colocar essas ultimas caixas na caminhonete. Vero vai chegar amanhã, e temos que deixar isso aqui impecável.

Lauren bateu continência em pura brincadeira, antes de pegar uma das caixas espalhadas pelo chão. Dinah logo fez o mesmo, seguindo os passos de Normani que tão logo se adiantou.

- Acho melhor você ir para o segundo andar, ainda falta seu quarto. – Lauren murmurou ao parar ao meu lado.

- Não quero.

- Tem algo que deixei para você lá.

Eu suspirei um tanto pensativa, mas logo assenti.

- Vou deixar você a vontade. – Sussurrou ela, antes de depositar um beijo rápido em minha boca.

Eu assenti, vendo Lauren sair pela porta com algumas caixas em mãos. Ela fez um sinal de que poderia leva-las, eu não devia me preocupar. Então eu apenas deixei. Quando a porta se fechou por completo, me vi sozinha naquele lugar. Era um tanto nostálgico, admito. Todos aqueles moveis, e papeis de parede me lembravam o exato dia em que cheguei aqui. Dinah e eu havíamos feito uma prova com o intuito de conseguir bolsas integrais em uma das melhores faculdades da Suíça, mesmo sabendo que Charlie poderia pagar por elas, mas estávamos tão acostumadas a nos virar sozinhas que conseguir aquilo seria uma prova perfeita que não éramos tão dependentes assim. No início, Charlie foi contra, mas tão logo entendeu e nos apoiou como sempre fazia. E foi naquela pequena casa que vivemos por todos os anos da faculdade, até saber da morte de nosso pai.

Um suspiro deixou meus lábios, quando voltei meu corpo para o centro da sala, recordando a posição exata da TV. Lembro-me perfeitamente das imagens transmitidas pelo noticiário no dia que Charlie se foi. Lembro de ouvir o estilhaçar do porcelanato no chão, e dos olhos assustados de Dinah. Fora um dos momentos mais dolorosos de toda minha vida. Me afastei daquele cômodo, e segui em passos preguiçosa pela escada, recordando-me de todos as fotografias de família que havíamos colocado ali. Eram lindas. Passei pelo quarto de Dinah, pelo de Charlie que tão pouco foi utilizado, visto que suas visitas se tornavam cada vez mais raras. E enfim havia chegado ao meu. Parei diante da porta de madeira, e girei a maçaneta devagar. Adentrei aquele cômodo lentamente, ouvindo o ruído sutil do assoalho antigo sobre os meus pés. O quarto ainda tinha os mesmos pequenos detalhes da última vez, Dinah em suas visitas não havia mudado nada, diferente da mudança drástica que fiz nos últimos meses naquele lugar.

Quando Charlie me entregou, suas paredes tinham um tom claro de verde, que se contrastava perfeitamente com o branco das outras. Lembro-me de como ele havia ficado feliz ao pintar tudo com suas próprias mãos. Anos depois, todo seu trabalho foi tampado pelo meu. As paredes perfeitamente pintadas, agora possuíam rabiscos, linhas, colagens, papeis de bilhetes, fotos e recortes de jornal. Um enorme organograma feito minuciosamente por mim durante longos meses de planejamento e preparo.

- Me perdoe por estragar a pintura. – Sussurrei com um sorriso, como se ele pudesse me ouvir.

Me aproximei de minha antiga cama, e consequentemente de uma das estantes do quarto. Sobre a mesma, havia alguns pequenos objetos decorativos, pelúcias e um porta retrato. Capturei o objeto empoeirado, e com o dorso da mão limpei o vidro sujo. Um suspiro deixou minha boca, quando meus olhos foram de encontro a foto ali exibida. Confesso que senti aquele aperto no peito ao ver sua imagem tão alegre. O homem tinha o sorriso aberto, assim como o meu naquela foto. Seu corpo estava inclinado para frente, enquanto Dinah e eu escalávamos suas costas. Um sorriso se formou em minha boca, quando com a ponta dos dedos toquei nossos rostos alegres.

- Eu queria tanto que estivesse aqui, pai. – Sussurrei triste. – Queria tanto que pudesse conhecer Lauren, nós vamos casar daqui a um mês.

Caminhei com o retrato em mãos até a única janela presente no quarto.  

- Será que gostaria de mim loira? Tive que mudar um pouco, e bom, mudei meu nome também. Lembra quando me disse, que se tivesse uma filha colocaria seu nome de Katherine? Pois agora, você tem. – Afirmei ao fitar seu rosto por alguns instantes. - Espero que um dia me perdoe por tudo que fiz...

Apenas o perdão de Charlie me importava. Eu sabia que nada mudaria o meu passado sombrio, nem mesmo minhas boas atitudes agora. Deus teria que ser muito misericordioso com uma alma como a minha.

- Me perdoe, porque eu me perdoei. – Disse firmemente ao caminhar para o centro do quarto, parando em frente a escrivaninha.

Naquela parede estava meu plano de vida. Todos meus passos foram minuciosamente descritos durante inúmeras noites em claro. Foi naquele pequeno quarto que, um dos maiores roubos dos Estados Unidos havia sido planejado. No meio de toda aquela dor e sofrimento, um reinado foi erguido. Onde apenas uma mulher poderia comandar, e sobre suas ordens o mundo poderia girar.

Foi aqui que surgiu a melhor fase de mim.

Dei um passo à frente, encarando a imagem de Christopher no centro do organograma, sendo apontado por todas as setas presentes naquela parede. Ergui uma das mãos, arrancando a fotografia de uma só vez, antes de amassa-la por completo.

- Que Deus o tenha, ou o diabo, nunca se sabe em qual lado você está, querido. – Foram minhas palavras ao joga-la no lixo.

Quando recuei alguns passos, pude notar uma caixa sobre a mesa. Era de tamanho mediano, de aparência sofisticada e luxuosa. Totalmente revestida de veludo, como uma caixa de joalheria. Sobre a mesma, havia um pequeno cartão de envelope vermelho.

“Para sra. Collins.”

Engoli em seco quando avistei o sobrenome perfeitamente rabiscado no envelope. Com uma curiosidade sem igual, retirei o pequeno pedaço de papel branco dobrado ao meio.

“Só abra se for Camila Collins.”

Era a letra de Lauren. O que ela estava querendo? Me perguntei com um sorriso de canto. Neguei com a cabeça, e abri o cartão branco.

“Se abriu é porque ainda se sente como ela. E se ela ainda está viva em você, acredito que lhe falta algo, rainha.

Abra a caixa.

L.J”

Confesso que meu coração bateu com um pouco mais de intensidade. Lauren estava fazendo uma espécie de jogo comigo?

- Os jogos são feitos por mim, Jauregui. – Murmurei baixinho.

Levei ambas as mãos até a caixa misteriosa, puxando-a para mais perto. Era pesada, bem compacta. Franzi o cenho e destravei os dois suportes dourados na área frontal, para então abrir completamente.

“Para lembrar sempre da mulher mais forte que habita dentro de você.”

Dentro da caixa negra havia dois objetos. No centro uma pequena peça de xadrez dourada, uma rainha lapidada em ouro. Um pouco acima dela estava a pistola calibre 45, banhada em ouro, bem como a que deixei na noite naquele incêndio. Um sorriso nasceu em minha boca ao encarar aquele objeto reluzente no interior daquela maleta.

- Que saudade... – Arfei entusiasmada.

Segurei a arma com vontade, sentindo a mesma sensação da primeira vez.

- Sou tão melhor com você, querida. – Engatilhei a pistola, ouvindo o estalar sutil e excitante.

Ergui a cabeça e levantei a pistola para analisar seus detalhes tão bem feitos. Era incrível a sensação de tê-la em mãos, como se aquele objeto valioso fizesse de mim a mulher mais poderosa e imbatível de todas. Uma perfeita rainha, como Camila Collins sempre foi, e sempre será.

- Camila Collins? – Ouvi aquela voz, que me fez sorrir.

- Sim?

Virei meu corpo em direção a porta, vendo minha mulher com um sorriso malicioso no canto dos lábios. Lauren se afastou da soleira da porta, e caminhou em minha direção, enquanto me encarava com um olhar desafiador.

- É bom ver você, rainha.

Naquele momento eu percebi que por mais que os anos se passassem, Camila Collins nunca ficaria para trás. Ela estava impregnada em mim, como uma parte viva e vibrante de meu ser. Ela era meu ponto mais alto. Era minha coragem, minha força e, sobretudo, minha resistência. Camila Collins era o poder que habitava em mim, e dele eu não abriria mão.  

- É bom estar de volta, agente Jauregui.

Fim


Notas Finais


Então, meus amores! Chegamos ao fim de Xeque-Mate.

Foi maravilhosa essa experiencia ao lado da minha rainha Camila Collins. E espero que assim como eu, vocês nunca se esqueçam dela.

Agora, espero que acompanhem minhas outras duas fanfics, que vão voltar a atualizar, que são: Fallen Angel e Royals que é uma pareceria com a Gabriella Medina.

Quero ver todos vocês lá!

Comentem bastante, vamos subir aquela tag lá #XequeMateCapFinal.


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