-Estão todos dispensados.-disse a professora.
Todos saíram da sala, enquanto eu ainda estava guardando minhas coisas. Quando eu já estava para sair da sala de aula, Haruka me parou:
-Ah não. Você não vai embora agora!-disse ela.
-Por quê não?-perguntei.
Haruka me entrega uma pilha de papéis.
-Quero que você organize esses papéis e entregue-os hoje na diretoria.
-Mas esse é o trabalho da líder da turma! O seu trabalho!
-Sim, mas agora eu tenho um compromisso urgente que não pode ser adiado. Então nesse caso, faça você.
-Mas porque eu?
-Por quê todo mundo já foi embora e só sobrou você!
-Mas eu não posso, eu tenho consulta com o psicólogo daqui a pouco!
-Então se eu fosse você, eu calava a boca e fazia logo o trabalho!Eu não quero saber de desculpas! Eu sou a líder da sala, e posso muito bem mandar em você! Faça isso rápido e direito, entendeu!?
-...Tudo bem.
Por quê eu tenho que passar por isso todos os dias? Eu não aguentava mais...
Haruka sai da sala e me deixa sozinha.
Terminei os relatórios e corri as pressas para casa. Mas no meio do caminho uma coisa me chamou a atenção. Era Haruka, Akari e a Sakura tomando sorvete juntas!
Fui lá para saber porque a haruka estava lá.
-Haruka? Você não disse que tinha um compromisso urgente?-perguntei.
-Pois é, as meninas disseram que o meu sorvete estava derretendo, então eu corri urgentemente pra cá.-respondeu Haruka, com um sorriso.
-Por que você me fez fazer todos aqueles relatórios?
-Fala daqueles papéis? São todos do ano passado. São inúteis.
-Então porquê...?
-Eu só queria que você perdesse seu tempo.
Fiz cara de triste. Quase chorei.
-O que foi?-disse Haruka.-Por quê a carinha de triste?
-Você é muito cruel...
-Cala a boca garota idiota! Você é inútil, não presta pra nada! Não percebe que ninguém gosta de você!? Ninguém quer ser sua amiga, todos dizem que você é muito estranha! Vê se acorda, e se toca de que você não pertence a essa sociedade! Você não faz nada, só fica sentada o dia todo com cara de triste, se fazendo de coitadinha pra todo mundo! Insuportavel!
Naquele momento eu não aguentei, e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
-Olha só.-disse Sakura.-A coitadinha começou a chorar de novo.
As três ficaram rindo de mim enquanto eu chorava.
Eu não queria ficar lá, senão eu provavelmente cairia de joelhos e choraria mais alto. Toda a humilhação, toda a tristeza fizeram com que eu saísse em disparada em direção a minha casa.
Eu corria contra o vento, que fazia com que as minhas lágrimas fossem arrancadas do meu rosto.
Cheguei em casa aos prantos, e minha mãe me questionou:
-Mayu? Filha? Por quê está chorando?-perguntou ela.
-Não foi nada.-respondi enxugando minhas lágrimas.
-Houve alguma coisa. Se não, você não estaria chorando. Me conte.
-Não foi nada!
-Viu só Mayu, é por isso que eu vou te levar no psicólogo, você sempre chega em casa triste e nunca me diz o que houve! Vamos logo, que já estamos atrasadas!
Entrei no carro, e partimos para a clínica. Mas no caminho passamos por uma praça onde Haruka estava. Quando ela me avistou no carro, ela, Akari e Sakura começaram a rir e apontar para mim. Isso só me deixou mais triste.
Chegando na consulta, o psicólogo nos recebeu.
-Bem vindas a minha clínica.-disse o doutor.-Então, qual é o problema com esta linda jovenzinha?
-Eu não sei, todos os dias ela chega triste em casa e nunca me conta o motivo. Inclusive hoje, ela chegou em casa chorando.-disse minha mãe.
-Você quer me contar o que houve Mayu?
-Não.-respondi.
-Ora, se você não me contar, então eu não vou poder te ajudar. Por quê você não fala?
-Eu não quero falar sobre isso.
-E porquê não?
-Por que eu não quero! Por favor, respeite a minha decisão!
-Mayu!!!-gritou minha mãe.
-Não não dona Hinata. Não se enfureça com a sua filha. É normal uma pessoa não querer comentar sobre algum assunto quando está sofrendo. Muito bem Mayu, já que você não quer me contar nada, então vamos tentar traçar o seu perfil.
O psicólogo pega uma folha de dentro da gaveta e passa para mim.
-Esta é uma prova que vai traçar o seu perfil. Por favor responda com sinceridade. A primeira folha, são questões com opções, ou seja, você vai marcar a que você julgar certa. A segunda folha são imagens. Você vai dizer o que você vê e escreva. A teceira, são questões abertas. Escreva a sua resposta com franqueza. Pode começar.
Levei uns vinte minutos para responder toda a prova. O doutor corrigiu duas vezes, e disse.
-Mayu, por favor deixe a sala um minutinho. Eu quero conversar a sós com a sua mãe.
-Tudo bem.
Deixei a sala curiosa em saber o que havia comigo.
-Vendo as respostas do questionario, eu posso deduzir que a sua filha é uma psicopata.-disse ele.
-O quê? Não tem como... A Mayu nunca machucou ninguém!-disse minha mãe.
-Parece que ela nunca demonstrou nenhum sinal de ser uma psicopata, mas parece que ela guarda uma grande mágoa ou um recentimento dentro dela. Eu pude perceber quando ela chegou e não queria me contar nada. Senhora Hinata, a sua filha está sofrendo em silêncio.
-Pode ser... A minha filha nunca teve uma amiga, ela sempre é solitária e ingênua. Não tem como ela ser uma psicopata!
-Acalme-se senhora, psicopatas são imprevisíveis, nunca se sabe quando o temperamento deles pode se explodir.
-O que eu faço?...
-Primeiro, eu peço que avise a escola sobre o problema e também sobre uma possível mudança de comportamento repentina dela. Depois, eu peço que dê todo o amor possivel a ela.
-Tudo bem doutor, obrigada.
Depois que a consulta acabou, minha mãe saiu da sala angustiada, e eu fui perguntar:
-Mãe, o que foi?
-Não é nada, minha filha, não se preocupe.
-Tem alguma coisa errada comigo?
-Não, não é nada.
Fiquei me perguntando porque a mamãe estava daquele jeito, eu nunca tinha visto ela assim. No carro, de volta para casa, minha mãe me fez uma pergunta estranha:
-Mayu?
-Sim mamãe?
-Você nunca faria nada para prejudicar alguém, não é?
-Porquê a pergunta?
Minha mãe ficou um longo tempo em silêncio antes de dizer:
-Nada não, esquece filha...
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