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História Yellow - Dramione (HIATUS) - Conversa de Botas Batidas


Escrita por: LeslieBlack

Notas do Autor


Olá, bbs. Cá estou após duas eternidades e meia. Sinto muito mesmo pela demora, mas fiz o possível pra voltar o quanto antes. E pra me redimir vou deixar o link da minha nova long Dramione, a primeira em universo alternativo. Dêem uma olhada, sim? Link nas notas finais. Mil beijos!

Capítulo 23 - Conversa de Botas Batidas


Minerva McGonagall tentava superar o espanto e agir de modo prático. Saber que cinco dos alunos sob sua responsabilidade haviam sido envenenados não era a melhor das notícias que poderia receber no início de tarde. Embora em princípio desnorteada, a diretora sabia como se portar em momentos de crise, portanto agiu friamente ao analisar o caso. Isso, é claro, até chegar a enfermaria do castelo e conferir a situação com os próprios olhos. Lá alguns colegas dos feridos ajudavam Madame Pomfrey a lidar com o caos.   

Abismada com a aparência dos alunos que conhecia desde crianças, McGonagall lançou um olhar maternal a eles. Estavam mais que afoitos, o desespero era nítido nos semblantes cansados. Harry Potter parecia particularmente preocupado, e Pansy Parkinson apreensiva. Já Hermione Granger, sem chão. A trilha de lágrimas que marcava o rosto da garota mais inteligente da geração não era a única coisa que denunciava o quão devastada ela estava. Havia algo em seu olhar capaz de deixar quem a encarasse igualmente aflito. Culpa, arrependimento, pavor… Eram tantos sentimentos que a grifinória não foi capaz de contê-los.

Sua preocupação atingiu picos alarmantes quando a aluna brilhante afirmou não se importar em ser expulsa da escola. A diretora não conseguiu disfarçar a surpresa, pois aquela simplesmente não era uma coisa que Hermione Granger faria. Não se importando com os comportamentos associados ao seu nome, a estudante manteve-se firme e sustentou o olhar de Minerva com a nobreza pelos quais os grifinórios sempre foram conhecidos. Agora preocupada não só com os alunos que foram vítimas da tentativa de assassinato, McGonagall levou em consideração o estado dos demais.

Fazendo uma nota mental de conferir pessoalmente se aquelas pobres crianças estariam bem quando tivesse tempo para tal, a mulher pediu para que os estudantes que conhecia há anos fossem para a sala do professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Vince avisou que eles já estavam na enfermaria cuidando dos colegas e que deixava sua sala a disposição da diretora, que achou melhor os poupar tanto quanto possível. Então  não sem resistência, os setimanistas finalmente deixaram a Ala Hospitalar.

A vida não costuma ser justa.

Infelizmente todos concordariam que essa era uma máxima verdadeira, especialmente naquele momento. De modo geral, não havia justiça. Hermione Granger não costumava reclamar da própria sorte, mas era difícil não ser ao menos um pouco rabugenta visto tudo o que estava passando.

O Memorial de Guerra que havia acontecido no dia anterior seria um excelente ponto de partida. O intuito obviamente era o de celebrar a vida daqueles que lutaram em nome da paz e contra o preconceito, mas era loucura pensar que aquele foi um caminho fácil. A vitória foi conquistada a duras penas. Afinal, não há ganhadores quando o assunto é uma guerra… Apenas sobreviventes.

A garota do Trio de Ouro sobreviveu a guerra e lidava como podia com a dor, assim como todos. Após a cerimônia ela precisou se afastar de todos para pôr os sentimentos em ordem e enfim sentir o que não podia mais ser reprimido. Não quando tantas pessoas relatavam suas versões dos fatos, narrando todo aquele horror de perspectivas diferentes. Enfim o memorial chegou ao fim, e ela pôde se isolar. Sentia-se tão sozinha que precisava de fato ficar para ter maior consciência do que estava acontecendo. E então Malfoy apareceu…

Draco Malfoy era uma figura constante em sua vida, embora não de uma forma positiva. Ainda sem saber a identidade do garoto de onze anos na estação King’s Cross em seu primeiro ano, Hermione encantou-se pelo loirinho que lhe olhava para tudo aquilo como se não houvesse lugar melhor para estar do que ali, em meio a pessoas apressadas, malões e trens. Dali em diante sua relação com ele só piorou, e ela já não nutria qualquer esperança de ficar com ele por serem tão opostos quanto era possível.

Até Harry descobrir seus sentimentos e implantar novamente a dúvida em sua vida. Já que o sentimento pelo garoto não passava, Hermione estava decidida a gostar dele a distância e jamais revelar seu segredo a alguém. Talvez até hoje ainda fosse uma criatura do desejo mudo se não fosse por Harry, incentivando-a a enfrentar de outra forma aquela situação.

Após isso se permitiu ficar mais vezes perto de Draco, mesmo que a contragosto. Dizia para si que fazia aquilo por um outro motivo, seja por ordem de um professor em especial ou para provar a si mesma que era perfeitamente capaz de ficar perto do rapaz sem fazer nada. E então Draco começou a se aproximar também, aos poucos ambos destruindo a barreira que os separava e diminuindo a distância incômoda que ergueram quando ainda eram crianças.

Sua relação com Draco evoluiu ao ponto de passarem uma noite inteira juntos, conversando e rindo. Permaneceram juntos até que a noite acabasse e o sol nascesse. O sol daquele dia maldito. Foi a primeira vez que ficaram tanto tempo em paz, e dessa vez não havia uma terceira pessoa implorando que eles não brigassem. Talvez por causa do memorial, mas concordaram silenciosamente em uma trégua. E então seu mundo virou de cabeça para baixo.

Alguém envenenou cinco de seus colegas, e Hermione tinha sentimentos muito especiais por quatro deles. Cada um a seu modo e com uma intensidade, mas sentia-se terrível por todos. Depois de tudo o que passou na guerra, assistir Max morrendo em sua frente enquanto não conseguia o ajudar como gostaria foi devastador. Malfoy estar passando mal em algum ponto do castelo e ela não conseguir chegar até lá acabou com Hermione de tal forma que a brilhante sabe-tudo não conseguia mais ser tão otimista como outrora. Quem quer que fosse o responsável por aquilo, iria pagar caro pelo sofrimento causado. Para ela não importava se aquilo era vingança ou justiça, mas precisava capturar o culpado para que as pessoas estivessem novamente em segurança. Para que aquele pavor terrível que a assolava enfim fosse embora.

Andando pelos corredores que conhecia tão bem, ela não ouvia a conversa de seus colegas que seguiam em sua frente. Alheia ao que falavam, teve seus pensamentos interrompidos apenas quando um livro jogado em um canto lhe chamou a atenção. Não qualquer livro, mas o que emprestou a Draco de madrugada. Mesmo de longe Hermione reconheceria aquele exemplar que estava aberto em uma página específica.

Embora fosse bastante eclética quando se tratava de livros, a morena sempre teve uma inclinação a sentimentos em desenvolvimento. Daí seu gosto por romances mais complexos e os mais diversos poemas. Conheceu Bukowski aos treze anos, e embora intrigada com o jeito rude que o homem escrevia, viu ali uma sinceridade gutural. Ele escrevia como quem precisava daquilo para viver, era nítido por seu desespero e honestidade bruta. Ele parecia descobrir os próprios sentimentos e colocar para fora para que eles não o matassem. Ela conhecia a sensação e admirava tal coragem.

O poema Bluebird não pertencia oficialmente a Amor é Um Cão dos Diabos, apesar de ser do mesmo autor, mas para ela se tornou parte da obra após Hermione escrever naquele pergaminho e o colocar entre suas páginas. E agora o livro estava ali, jogado no chão. Assim como Draco, voltou para ela de uma forma que a garota não esperava.

Indo até o exemplar e o segurando contra si, Hermione finalmente soube onde Draco estava quando começou a passar mal, o lugar em que não conseguiu chegar a tempo. Com a atenção no caminho, não reparou que vez ou outra um de seus colegas olhava preocupado em sua direção, tampouco que Harry havia pedido para darem um momento a ela. Após alguns instantes, a garota do Trio de Ouro viu a vassoura que usou para auxiliar Max partida ao meio e jogada no chão. Já sabendo o que procurar, encontrou os óculos do garoto e os pegou com mais cuidado do que seria necessário. Durante todo aquele tempo seu estômago havia dado um nó, mas só então Hermione pôde reparar em tal detalhe.

Vários sentimentos a consumiam, e classificá-los não era importante quando a vida de pessoas que lhe eram tão caras corria risco. As demais coisas, como o próprio bem estar, ficaram em segundo plano desde que tudo começou a dar errado.

Em um instante a grifinória meditava a respeito dos acontecimentos que levou ela e os colegas até ali, tentando decifrar algum padrão. No outro, notou que eles pararam de andar e a observavam em silêncio.

— O quê? — Ela perguntou debilmente.

Gina franziu o cenho e crispou os lábios, apreensiva. Pansy Parkinson rolou os olhos e riu.

— Puxa vida, Granger, o que droga está havendo com você? McGonagall pediu que a esperássemos nessa sala. — Apontou para a porta aberta, esperando. Hermione estranhou a paciência, mas ainda encontrava-se incapaz de pronunciar o que fosse. — Vamos, não temos o dia todo. Espero que ela volte logo, isso é estranho.

A última coisa que a sonserina disse parecia ser apenas um pensamento em voz alta. Ainda assim Hermione entrou na sala, sendo seguida por Pansy. A grifinória evitou encarar Harry, pois não confiava inteiramente em si. Não duvidava que se encarasse o semblante preocupado do amigo por tempo demais acabasse indo até ele e desabafando todas as suas mágoas. Elas eram muitas e secretas, portanto o melhor seria evitar o irmão de consideração para não extravasar daquele jeito. Ao menos por enquanto.

Além de Harry, Pansy e Hermione, Ron e Gina também estavam ali. A inquietação dos irmãos Weasley era nítida. Já a aflição que tomava Hermione lhe incomodava por ter que esperar em uma sala enquanto seus colegas estavam feridos e precisando de cuidados. Confiava no professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, isso era fato. Foi só o que conseguiu lhe trazer um pouco de alívio. A tensão voltou com força total quando a voz baixa de Gina chegou até ela, após todos terem se acomodado.

— E então, o que exatamente aconteceu com eles?

Era claro a todos a quem a ruiva se referia. Hermione não foi capaz de responder. Dizer em voz alta tornava as coisas reais.

— Madame Pomfrey fazia os últimos testes, mas o resultado é quase certo. Foram envenenados. — Harry deu a notícia o mais suavemente que pôde. Ainda assim, a reação não foi das melhores.

— O quê? — Uma Gina completamente ultrajada perguntou.

Sua indignação era tal que por puro impulso ela cogitou ir até a curandeira-chefe e perguntar que história maluca era aquela. A garota ainda esperava que o namorado ou a amiga explicassem os fatos. Ou melhor, os desmentissem. Em compensação, seu irmão encarava o chão parecendo alheio àquilo tudo. Após alguns segundos ele piscou, franziu o cenho e olhou em direção aos demais. Ronald Weasley nunca foi muito conhecido por sua expressividade cativante. A dita amplitude emocional de uma colher de chá foi demonstrada mais uma vez.

— E vocês, o que faziam lá? Neville e Luna estão mal, mas seja como for não temos o que fazer para ajudá-los. Vocês não tinham.

Ele não deveria ter dito aquilo, sobretudo não na frente de Hermione.

— Pode ser cego ou burro para não ter notado, Ronald, mas tem cinco colegas nossos correndo risco. Eles ainda não estão salvos, só levá-los até lá não é suficiente. Não fizemos mais do que a droga da nossa obrigação, não foi nenhum favor. Se o professor Adams não tivesse aparecido, Max provavelmente teria morrido nos meus braços. Eu não consegui ajudar o Harry e ele teve que socorrer o Malfoy sozinho. Por Merlin, eu quero chorar de alívio por ele ter conseguido! — Hermione estava no mínimo furiosa com o ex-namorado, e o olhava com tanta mágoa que Ronald começou a se perguntar o que tinha dito de tão errado. — E Zabini pode não ser o melhor amigo que tive na vida, mas não é por isso que desejo a morte do garoto. Vou fazer o que for preciso para ajudá-los, e eu juro, se acontecer mais alguma coisa a eles eu nunca mais falo com você!

Nenhum dos presentes havia visto Hermione daquele jeito durante todo o tempo em que a conheciam. O olhar era duro como pedra e trazia uma ameaça claríssima. O maxilar travado apenas legitimava a veracidade do rubor que lhe tomava a face. O pescoço vermelho com veias finas e visíveis confirmava a vontade de atacar que a dita Princesa da Grifinória sentia. O corpo clamava por isso. Sua fúria era descomunal, porque enquanto ela experimentava o pavor de perder Malfoy e os outros, Ron fez pouco caso daquelas vidas. Raiva, medo, desespero, mágoa... Não era uma boa combinação.

Os punhos cerrados e o corpo tremendo praticamente imploravam para ter algum alívio, e isso viria no momento em que um potente soco fosse desferido no rosto de Ron. Mas não podia, não era o certo a fazer. Mesmo no limite como estava agora, Hermione ainda era a sabe-tudo de Hogwarts. Aquilo traria consequências indesejáveis, e uma detenção não era bem-vinda quando tudo o que ela precisava era ficar perto de Draco. Para o inferno se estava prejudicando sua amizade com Ronald, ao menos enquanto ele estivesse agindo como o idiota que era.

— Mione.

A voz de Harry era reconfortante, mas trazia consigo um tom de alerta. Foi ela que a trouxe a bruxa de volta para a realidade, a mesma realidade em que não podia perder o controle. Por Draco e pelos outros, ela tentaria não ser impulsiva.

— Desculpe, eu... — Assustado, o ruivo deu um passo para trás. — Eu não quis dizer que por mim eles podiam morrer, Mione. Quero dizer, não é exatamente como se eu me importasse com Zabini ou Malfoy. Também não sou tão próximo ao Owens. Ele não está muito tempo conosco, mas...

— Max. — Ela o interrompeu, os olhos castanhos faiscando perigosamente. — Ele prefere ser chamado de Max.

— Eles são meus amigos, seu idiota! — Pansy também se sentiu incomodada com a falta de jeito do ruivo.

— Tudo bem. Não é como se eu fosse muito próximo do Max ou dos sonserinos, portanto como ia dizendo…

— Merlin, eu vou matá-lo. Juro que vou. — Hermione se virou para o melhor amigo, os olhos suplicantes. — Harry, me segure. Estou tentando ter em mente que não serei muito útil a eles estando em Azkaban, mas está difícil.

— Ron! — O moreno exclamou, indignado. Por via das dúvidas segurou o braço de Hermione. — Por favor, só fique quieto. Insensível é um elogio para você!

— O que eu fiz? — Ele tentou se defender.

— Está sendo um babaca completo, e olhe que está ouvindo isso de mim! — Pansy reclamou.

— Esse é meu único aviso, Ron. — A ruiva se dirigiu ao irmão. — Mais um absurdo desses e destruo todas as suas coisas do Chudley Cannons.

— Não é para tanto, linda. Ao menos eu espero que não. — O menino que sobreviveu disse, pensativo. — Ameaças feitas e espero que entendidas, não é? Eles precisam da nossa ajuda. Temos que descobrir quem fez isso e os proteger de um novo ataque. Ninguém envenena outra pessoa só para dar um susto. Seja quem for o responsável, acredito que seja perfeitamente capaz de ir até o fim.

Isso finalmente acalmou os ânimos. Hermione relaxou, libertando-se da mão do melhor amigo que ainda a segurava. Respirou fundo, fazendo o que de melhor sabia fazer. Ser brilhante.

— Quero pôr as mãos no culpado, é claro, mas ele não vai cair dos céus. Primeiro temos que entendê-lo, pode ser qualquer um. O que me intriga agora é o seguinte: Por que eles? De todas as pessoas, por que foram logo eles os escolhidos? Alguém consegue ver algum padrão nos cinco? Saber o motivo é um passo a mais pra descobrir o culpado.

Após alguns instantes de reflexão, uma voz foi ouvida.

— Ok, o que eles têm em comum? — Ron Weasley perguntou a ninguém em especial, sendo respondido pela irmã.

— Bom, obviamente são alunos de Hogwarts. Nem todos são amigos e sequer são todos do mesmo ano. Se fossem somente grifinórios, ou quem sabe só sonserinos, ainda daria para entender. Somos rivais históricos, e alguém poderia ser maluco o suficiente para fazer algo a respeito. Acontece que se alguém odiasse um, seria fã do outro.

— Mas está tudo confuso. — Harry continuou. — Eu não consigo ver razão para alguém atacar Max e Luna. Eles são tão gentis com todo mundo, não devem sequer ter inimizades... Claro que os outros não merecem, mas no caso deles parece ser ainda maior a covardia.

— Pessoas de todas as casas, anos diferentes… Alguma coisa não se encaixa. — Pansy tentava cooperar com os outros, e acabou pensando alto. O silêncio foi quebrado por Ron, que hesitante, expressou o que os outros sentiam.

— Então é isso, certo? Não fazemos ideia do que houve para deixá-los assim. Eles podem ter sido escolhidos por acaso. É uma chance, não?

A ex-namorada o encarou, tentando pôr os pensamentos em ordem.

— Posso estar errada, mas não acredito que isso foi aleatório. Tanto o ataque como as vítimas. Elas são a chave para desvendar esse mistério, e eu me recuso a acreditar que alguém se arriscaria tanto envenenando qualquer um.

— Então o que sugere para descobrir?

— Algo simples, mas não fácil. Ser imparcial a eles.

— Como assim?

— Deixar as opiniões pessoais de lado e tentar enxergar as vítimas sem julgamentos pode ser a resposta. Estou deixando passar algo, eu sinto.

Enquanto as frases eram absorvidas pelos demais, Harry foi até a lousa e lá escreveu o nome dos colegas. Draco Malfoy, Maximilian Owens, Neville Longbottom, Luna Lovegood e Blásio Zabini… Eles poderiam ser a chave para capturar quem os deixou daquele jeito. Para tanto, o Eleito e os outros precisariam se entender para chegarem a uma conclusão.

Todos se viraram para os nomes ali escritos, os observando concentrados. Sempre havia alguma exceção, alguém que não se encaixava nos critérios. Fora Luna, todos voltaram para refazer o sétimo ano em Hogwarts.

Os alunos que agora estavam deitados em macas não eram todos amigos entre si. O agressor atacou em sua maioria garotos, mas isso podia não significar nada. A bruxa tinha o dever de achar o culpado, devia isso a Max. Talvez isso ajudasse a aplacar sua culpa.

— Vamos, Hermione, concentre-se. — Ela disse baixinho. — Das pessoas aqui você é a mais próxima do Max. Por que ele?

Ela foi pelo caminho do preconceito do sangue, já que não seria a primeira vez em que alguém cometera atrocidades em nome do fanatismo. Seria alguém fazendo o caminho inverso, atacando os ditos puro-sangues como uma vingança tardia? Talvez na cabeça de alguém atormentado pelas mazelas da guerra aquilo fizesse justiça aos tantos trouxas, nascidos-trouxas, mestiços, “traidores do sangue” e abortos que pereceram nas mãos dos que defendiam a ideia arcaica de uma suposta pureza de sangue.

Mas como sempre, uma exceção se destacava. Max havia contado a ela que a mãe era uma trouxa que falecera há alguns anos, portanto isso o tornava um mestiço. Também não era provável que o garoto da casa amarela conhecesse o agressor e tivesse tentado o impedir, já que Max estava com ela. Sem contar que com a dificuldade de locomoção do lufano, contê-lo seria demasiado fácil se o garoto não estivesse com sua varinha. Isso poderia ser resolvido de maneira simples, bastava desarmá-lo. Só então uma ideia louca foi considerada.

E se não foi um bruxo? Até porque a escola foi aberta no dia anterior, inclusive para trouxas como seus pais. As únicas pessoas naquelas condições que foram até Hogwarts na ocasião haviam sido parentes de vítimas e sobreviventes da Segunda Guerra Bruxa, então não faria sentido atacar os estudantes. E McGonagall jamais negligenciaria a segurança dos parentes dos alunos, os esqueceria no castelo ou algo do tipo. Mas Hermione precisava admitir que era no mínimo suspeito o fato de cinco alunos serem misteriosamente envenenados poucas horas após o castelo ser aberto para pessoas de fora. Tinha que haver uma conexão boa suficiente em algum lugar, algo que explicasse tudo aquilo… Não?

Sua frustração só fazia aumentar, já que a garota muitas vezes descartava as teorias antes de as formular. Outras, como aquela, caíam por terra simplesmente por não fazerem sentido. Ela então começou a dar maior atenção ao Memorial de Guerra, por mais que não estivesse em sua melhor disposição no dia. Afinal aquilo poderia revelar alguma coisa. Olhando para o nome dos alunos novamente, notou uma singularidade. Todas as casas de Hogwarts estavam ali. O porém era o seguinte: haviam dois sonserinos. Por que dois?

Seus pensamentos foram interrompidos com a chegada de McGonagall, que aos poucos acabou com a quietude do lugar. Os grifinórios se assustaram com o som dos passos. Embora fossem pegos em flagrante constantemente, não estavam acostumados a isso. Aproveitando a distração geral, Gina se aproximou furtivamente de Hermione e disfarçou como pôde ao contar algo, certificando-se que ninguém mais a ouviria. A Weasley não queria levantar suspeitas desnecessárias.

— Considere Blásio e Luna como um só. — Disse simplesmente, voltando ao lugar em que estava.

Enquanto os passos da diretora se tornavam mais audíveis, denunciando sua aproximação, Hermione fez o que lhe era pedido ainda sem encarar a bruxa. Sem considerar Luna, eram todos do sétimo ano e do sexo masculino. Esse não parecia ser um motivo válido. Tirando Blásio Zabini, a diferença não era muito grande. Exceto... Um sorriso esticou os lábios de Hermione, que mal se lembrava como era a sensação. O gesto durou segundos, logo ela parecia inconsolável de novo. Porque sim, ela sabia.

Se Luna ou Blásio fossem considerados um só, talvez um deles sendo um acidente no percurso do agressor, uma parte daquela confusão finalmente faria sentido. Porque com exceção de Zabini, ela tinha ali os quatro discursantes de Hogwarts no memorial.

Como se estivesse novamente na enfermaria do castelo, a jovem bruxa podia lembrar-se perfeitamente dos representantes das casas bem em sua frente. E então não houve o menor sinal de medo do que poderia acontecer consigo, só a determinação de protegê-los. Porque sim, aquela parecia uma declaração de guerra a Hogwarts.


Notas Finais


O título do capítulo é o nome de uma música dos Los Hermanos. Espero que tenham gostado, não esqueçam de comentar.
NOVA LONG DRAMIONE:
https://www.spiritfanfiction.com/historia/what-happens-in-vegas--dramione-14391877


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