História You are my drug, my medicine (Em correção) - He is my drug

You are my drug, my medicine

[…] 
 
 
 -Explique-se - disse Ford, ele cruzou os braços e bateu o pé impacientemente. 
 
 
 -B-Bem, eu o encontrei na floresta no dia em que eu cheguei, ele ficou interessado em como é ser um humano e fizemos um acordo…  
 
 
 -VOCÊ FEZ UM ACORDO COM ELE? - Gritou, Stan colocou a mão em seu ombro e fez um gesto para que eu prosseguisse. 
 
 
 -Eu o ensinaria sobre a humanidade e ele não me machucaria - Expliquei - Ele está diferente, eu juro! Bill tem sentimentos como qualquer outro humano!  
 
 
 -Já pensou que ele pode estar te enganando? - Perguntou Stanford - Ele continua sendo um demônio, quantas vezes ele tentou te matar já?  
 
 
 -Eu não estou enganando Dipper - Foi a vez de Bill falar - Meus sentimentos são reais, assim como minha forma atual - O loiro pegou em minha mão, a ação não passou despercebida por Stan, que levantou uma das sobrancelhas - Se eu quisesse matar Dipper já teria o feito, não ganharia nada o enganando, pelo menos eu não vejo nenhuma vantagem nisso. 
 
 
 -Você pode restaurar seus poderes, pedaço de lixo! - argumentou - Eu sei quem você é e tenho certeza de que não possui sentimentos pelos outros. 
 
 
 -Eu já restaurei meus poderes uma vez, e mesmo assim continuo aqui - Senti meu rosto esquentar com essa frase, abaixei a cabeça e pus a mão livre no rosto, Ford iria com certeza saber como havíamos feito isso.  
 
 
  -Mas o que? - perguntou surpreso - Dipper? C-Como você pode? - havia decepção em seu olhar, eu sabia mesmo sem encara-lo.  
 
 
 Fiquei sem saber como agir, eu estava confuso. Abracei Bill o mais forte que pude e decidi me deixar pelas emoções. 
 
 
 -E-Eu… - Minhas pernas estavam bambas e meu coração disparava. 
 
 
 -Ford, deixe o menino - Disse Stan, escutei um grunhido - Eu cuido disso agora, você já gritou bastante com Dipper. - Escutei passos saindo de perto de nós. - Olha, não faço a mínima ideia de como vocês restauraram o poder desse demônio, e não vou falar nada sobre eu desconfiar de você ser homossexual, mas - Meu Tiovô deu um leve suspiro - O nerd do Ford está certo, Bill não é confiável, pelo menos não para nós.  
 
 
 -Eu entendo Stanley, mas por favor, tente acreditar pelo menos - Bill falou, seus braços estavam firmes em mim - Eu amo Dipper e não quero o mal dele, posso provar da maneira que vocês quiserem que eu mudei! - O loiro me soltou e se aproximou de meu parente - E também estou praticamente sem poderes agora! Um único pedido ao concelho e eu posso me tornar humano!  
 
 
  - Desculpe Bill, mesmo que eu confie em você, isso depende de Ford. - Falou meu Tiovô, ele colocou uma das mãos no ombro de Bill - Melhor você se mandar antes que Ford o expulse. 
 
 
 Logo após meu Tiovô saiu, Bill me abraçou, não trocamos nenhuma palavra. 
 
 
 -Você tem onde ficar? - Perguntei, meio envergonhado. 
 
 
 -Ah, sim - sua mão acariciou meus cabelos - Entre na floresta e vá até o fundo, quando ver uma pedra com um olho desenhado vire a direta, ande reto até encontrar uma pequena casa - Sussurrou em meu ouvido – Era a casa de uma velha amiga, uma bruxa, porém ela foi queimada a muito tempo atrás - Bill me encarou, deu-me um pequeno beijo nos lábios e um na testa, e foi embora.  
 
  Tive outras brigas com Ford no decorrer do dia, ele me impediu de sair a todo custo, fez questão de fazer uma espécie de exame no meu cérebro para verificar se Bill havia feito alguma lavagem ou se havia modificado algo. Jantamos em um silêncio absoluto, Stanley parecia nervoso sentado entre nós dois.  

  A noite consegui escapar usando uma corda longa e fugindo pela janela do quarto, levei comigo em uma mochila: comida, água, lanterna, uma coberta fina e uma caixa de fosforo. Segui as instruções de Bill, quando cheguei na tal pedra fiquei um pouco perdido, estava escuro e a lanterna dava um clima tenso de filme de terror, virei a direita e andei mais um pouco e encontrei a casa. Ela era pequena, feita de madeira velha, a grama e algumas flores haviam tomado alguns cantos da casa e seu chão em volta, havia uma janela com o  vidro rachado, ela estava coberta por um pano; e uma porta de madeira nada segura, a casa estava iluminada por dentro. Me aproximei e bati três vezes na porta. 
 
 -Entra – escutei a voz do Cipher. Desliguei minha lanterna e entrei na casa, era incrivelmente aconchegante, havia uma cama de solteiro e uma mesinha cabeceira ao seu lado, ao lado oposto da porta havia uma pia pequena, que gotejava, e ao seu lado uma espécie de suporte para fogueira. Bill estava limpando um enorme caldeirão - E ai Pines?  
  
 -Bela casa – falei olhando ao redor, deixei a mochila no chão e me sentei na cama – E então? 
 
 -E então digo eu! - Disse, aumentando um pouco a voz - Ele fez algo? - perguntou.

 -Alguns exames para verificar se você mexeu com o meu cérebro - Falei apontando para minha cabeça.

 -De certa forma mexi - Disse com um sorriso maldoso, senti meu rosto esquentar um pouco. 

 Ele esquentou a comida e jantou, apenas fiz companhia. Depois ficamos deitados em silêncio, ele acariciando meus cabelos e eu brincando com a gola de seu moletom "V". Acabei adormecendo em seus braços, acordei brevemente com barulho de folhas sendo pisadas, Bill estava me carregando nas costas, depois voltei a dormir. 

 Eu estava na cabana pela manhã, usava as mesmas roupas de ontem e necessitava de um banho, ao lado da cama estava a mochila que havia levado comigo. Nenhum vestígio de Bill, nem sequer um mísero bilhete. 

  Tomei banho, troquei de roupa e fiquei no porão lendo, achava difícil Ford me deixar sair. Mais tarde Stanley apareceu no quarto, tivemos uma conversa embaraçosa sobre minha sexualidade - E finalmente eu havia me assumido Bissexual -, Meu Tivô não havia achado nada de "errado", apenas "estranho"; ele também disse que tinha pequenas suspeitas de algo assim. Falamos também sobre meu relacionamento com Cipher, falei que havia dormido com ele - pensei que iria explodir naquele momento - e que o amava de forma estranha, Stan achou "sinistro", mas concordou em me ajudar a dar fugas a noite para ficar com o loiro.  

 Deixamos o assunto de lado e pedi para que ele me contasse as aventuras que haviam feito em nesses quatro anos, ele me disse que haviam lulas enormes no mar, contou sobre como pensaram ter visto uma sereia e que havia um pequeno Porto que fazia uma cerveja deliciosa.

  -Stanley - Chamou Ford da porta, ela estava aberta. 

 -Chora - Respondeu o mesmo.

 -Preciso ter uma conversa com o garoto - gelei no mesmo segundo.

 Stan saiu do quarto - e me desejou um boa sorte discretamente - e Ford sentou na cama que estava sendo usada pelo demônio. 

 -Primeiro me desculpe ter gritado, não era a intenção - ele começou sem enrolar - mesmo que eu não me sinta errado sobre o fato de Bill poder estar te enganando ou algo assim. 

 -É meio óbvio que vocês iam suspeitar de algo, principalmente você que já foi enganado por ele uma vez - Passei a mão pelos cabelos e não olhei para meu tio avô - Eu já fui enganado por ele, porém, foi diferente - Soltei um suspiro fraco e desejei forças para continuar - Bill veio comigo da Califórnia, ele me perguntava coisas idiotas mas que necessitavam de uma resposta complicada, ele me falou coisas que jamais poderia saber, compartilhou histórias e sua sabedoria… Bill é mais frágil do que parece.

 -Pode até ser, mas não me dá motivos para confiar nele - Disse Ford, ele bufou e limpou os óculos - Você tem como saber se ele não está controlando você? 

 -Não tem nem como, com a batalha que teve seus poderes praticamente se esgotaram, e eu confio nele, comecei a confiar involuntariamente. 

 Contei a ele sobre Reverse Falls, sobre Will e sobre como o outro eu havia tentado algo, Ford acreditou na batalha, por que era possível e existiam outras realidades alternativas além daquelas. Porém ele ainda não acreditava que Bill havia mudado, começamos a discutir, depois a gritar. A discussão durou muito, Stanley teve que vir nos separar. 

 Após o almoço continuei quieto em meu quarto, na hora da janta foi o mesmo. Quando eu estava me arrumando para sair e encontrar com Bill, Ford apareceu no quarto. Ele não disse nenhuma palavra, apenas trancou as duas janelas com chave e a porta do quarto, me deixando trancado, esmurrei a porta e gritei diversas vezes, senti as lágrimas caindo de meus olhos. Consegui ouvi os dois irmãos brigando lá embaixo, Stanley tentava persuadi-lo e me deixar sair, porém Ford era cabeça dura, não se deixava levar facilmente.

 Me encostei na porta e comecei a soluçar, o choro veio em seguida e manteve-se por um logo tempo, a minha pele ao redor dos olhos ardia e estava avermelhada. 

 -You are my drug, my medicine- 

 Isso se manteve durante 4 dias, já haviam destrancado a porta, porém eu me recusava a sair e tentar algo. Meus dias eram resumidos e ficar mal, chorar, não pensar em nada, não me alimentar e não sair da cama. 

  Gravity falls era para ser meu remédio, uma solução temporária para meus problemas -Até porque depressão não tinha cura - e eu acreditava que estava dando certo, graças a Bill, o maldito demônio havia se tornado o melhor remédio e a pior droga, era viciante, ficar com ele trazia-me uma sensação de calor, um conforto inigualável; conversar com ele era maravilhoso, ouvir suas histórias e suas gargalhadas. Tudo estava perfeito até meus parentes chegarem, foi como se eu tivesse caído num buraco.

 Eu já estava sentindo uma sensação horrenda, meu corpo não correspondia com o meu cérebro, eu pensava uma coisa e ele fazia outra, comecei a passar mal, uma dor forte me atingiu no estômago e como eu estava de barriga vazia não poderia vomitar. 

  Não dormia a noite e nem cochilava a tarde, minhas olheiras que estavam melhorando já deveriam ter voltado e se fixado novamente, eu gostaria de poder dormir, mas não conseguia. 
 
 Era possível dizer que eu estava querendo me matar. Eu entendia como um dependente se sentia. 

 … 

 No quinto dia Stan apareceu na porta, deu uma olhada em mim e depois saiu, escutei ele e o irmão conversando, depois alguém saindo. Então a porta se bateu novamente, sons de passos de mais de uma pessoa ecoaram pelo corredor, meu Tivô apareceu sorrindo para mim, em seguida Bill entrou no quarto e pulou em mim. 

 -Ah Pinetree, como eu senti sua falta - Disse ele enquanto me apertava.

 -Vou deixar vocês sozinhos, você só tem uma hora com ele! - Stan falou rindo e se retirando do cômodo. 

 Eu e o loiro nos encaramos, ele se acomodou ao meu lado e me puxou para si.

 -Meu Pinheiro, o que houve contigo? - Perguntou, senti meus olhos molharem.

 Me alinhei em seu peito e comecei a chorar, uma de suas mãos fez carinho em minha nuca. Coloquei minha mão na lateral de seu rosto e  o puxei, juntando nossos lábios em um beijo. Foi um beijo incrível, parecia que nosso lábios sentiam falta do contato, não havia vontade de separar para respirar; nossas línguas se encontraram e dançaram, um fio ainda nos unia quando, infelizmente, veio a necessidade de oxigênio. 
 
  O loiro conseguiu me convencer a sair da cama, ele me deu um banho e sentamos na mesa para comer alguma coisa; botamos o papo em dia, ele me contou como estava fazendo para se alimentar e tudo mais. Ficamos mais um tempo juntos e depois ele foi embora, antes de voltar para o quarto passei pelo quarto de meu Tivô e o agradeci. 

 Fiquei deitado relendo o livro que havia trazido, quando se sabe a história claramente a leitura de cansa e você começa a passar algumas partes, foi o que fiz, pulei para o capítulo do meio, depois para o último. Fechei o livro e o deixei no chão ao lado da cama. 

  Era difícil ficar sem Bill.