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História You Are Protected - Aceitação


Escrita por: Litalea_Draak

Capítulo 24 - Aceitação


† PoV. Tao †

Acordei com um feixe de luz batendo diretamente contra meus olhos. Virei contra a luz e puxei o cobertor.

 

Espera! Cobertor?

 

Levantei rapidamente, um pouco assustado, mas completamente surpreso.

 

Foi apenas um sonho?

 

Olhei ao redor rapidamente, estava no quarto que dividia com Kris. Olhei para cama, ele estava lá. Deitado, dormindo tranquilamente, com um pequeno sorriso no rosto. Sorri involuntariamente. Deitei novamente ao seu lado, encarei seu belo rosto. Puxei o cobertor, cobri seu corpo corretamente. Senti uma de suas mãos em minha cintura, me puxando para perto. Deixei minha cabeça encostada em seu peito, pude ouvir seus calmos batimentos. Me aconcheguei em seus braços e fechei os olhos.

— Bom dia. — Sua voz soou um pouco rouca, baixa.

— Bom dia. — Respondi calmo.

— Dormiu bem? — Apertou seus braços em minha cintura.

— Sim... Kris, que horas eu dormi ontem?

— Por volta das sete e meia, por quê?

— Acho que foi um sonho... — Sussurrei para mim mesmo.

— O que foi um sonho?

— Ontem... Fomos até o lago, conversamos e... — Não consegui terminar a frase.

— E começamos um relacionamento normal. Ontem foi o início da fase mais feliz da minha vida... Não foi um sonho.

— Foi tudo real? Mesmo? Tem certeza?

— Tenho, foi tudo real. — Deixou um simples beijo em minha testa.

— Que bom! — O abracei forte. — Pensei que tivesse sido apenas um sonho.

— Se fosse apenas um sonho, eu iria torna-lo real.

— Obrigado Kris! — Levantei um pouco o rosto, deixando um breve selar em seus lábios.

— Outro. — Pediu baixo.

— O que? — Perguntei como se não tivesse entendido.

Recebi um pequeno bico como resposta. Selei nossos lábios novamente, um selinho mais demorado. Assim que fui me afastar, senti uma mão em minha nuca, me puxando para perto novamente. Iniciamos um beijo francês calmo, cheio de paixão, sem qualquer malícia. Nos separamos após poucos minutos. Permaneci com minha testa colada à sua. Sorri como um bobo, Kris também sorria. Um sorriso lindo.

Ouvimos altas batidas na porta da frente, me assustei e acabei agarrando o corpo de Kris, que apenas riu baixo, sussurrando um simples “Está tudo bem, não deve ser nada”.

— Alguém destranca essa porta antes que eu arrombe! — Uma voz soou extremamente alta.

Kris levantou, ainda comigo preso a ele, caminhou calmamente até a sala, pegou a chave da porta e a destrancou. Abriu a porta com cuidado, soltei seu corpo, fiquei parado atrás de si. A porta foi aberta por completo com certa velocidade, revelando Mama e um homem ao seu lado. Ela parecia furiosa, ele, não sei quem é. Kris pareceu congelar ao ver o homem.

— Bom dia! Acordaram agora por acaso? — Perguntou um pouco séria.

— Não, já tem alguns minutos. — Respondeu calmo.

— Onde está o Tao? — Perguntou entrando, provavelmente não me viu. — Ainda está no quarto? — Caminhou até o corredor, não me contive e ri baixo.

— Bom dia pai. — Kris disse baixo.

— Bom dia filho. — O homem respondeu sorrindo.

Pai? Filho? Então ele que é o pai do Kris? Por que nunca me falaram dele? Eles são bem parecidos, ambos loiros, a voz grossa (a de seu pai é mais grave). Os rostos também são parecidos.

— Bom dia garoto. — Disse olhando para mim. — Você deve ser o Tao, certo?

— S-sim... Bom dia! — Sorri sincero.

— Ele não está no quarto! — Mama disse alto, voltando para sala. — Ah! Tao! — Correu até mim e me abraçou. — Estava com saudade.

— Eu também! — Apertei um pouco o abraço. — Está bem?

— Sim, não se preocupe. Kris, vamos preparar o café?

— Sim. — Respondeu voltando a realidade.

Kris e Mama foram para cozinha, fiquei na sala, junto do pai de Kris. Não sabia o que dizer, acabei ficando em silêncio, com medo de dizer algo errado.

— Zillin me contou sobre você, é tudo verdade? Você realmente passou por tudo aquilo? — Perguntou quebrando o silêncio.

— Sim, é tudo verdade.

— Desculpe perguntar, sei pelo que passou. Como se sente agora?

— Agora... Me sinto bem, muito bem. Mama me ajudou bastante, Kris sempre está ao meu lado, acaba me protegendo de tudo.

— “Mama”?

— Desculpe, acabei me acostumando a chama-la assim.

— Não precisa se desculpar, gostei do apelido. — Riu baixo. — Estou feliz por se sentir assim perto deles. — Olhou em direção a cozinha.

— Estou feliz por estar com ele, o senhor tem uma bela família.

— Senhor? Por favor! Podemos dizer que você faz parte da minha família! Pode me chamar como quiser, mas nada tão formal, certo? — Assenti. — Mas... Estou curioso, como meu filho se comporta quando está perto de você?

— Acho que ele se comporta normalmente, sempre educado, sempre está perto, me ajuda sempre... — Expliquei a ele como é o comportamento de Kris. Não sei o porquê dessa pergunta, mas tudo bem.

— Entendo...

Ouvi algo cair na cozinha, levantei rapidamente e fui até lá. Me deparei com uma cena natural, Mama e Kris discutindo, mas é aquele tipo de discussão em que você se segura ao máximo para não rir. Kris e Mama estão discutindo por culpa de um pouco de recheio de chocolate que Mama pegou do canto do bolo! Não me contive novamente, ri baixo, mas eles acabaram ouvindo e se viraram rapidamente para mim.

— Você ouviu Tao! Isso é uma injustiça! Foi só um pouquinho do canto do bolo!

— Mesmo assim! Sabe muito bem que é feio fazer isso!

— Credo! Parece minha mãe falando! — Passou o dedo novamente no canto do bolo que se encontrava no centro da mesa e o levou a boca. — Isso está gostoso... — Disse com o dedo ainda entre os lábios.

— Para de fazer isso! Daqui a pouco nem tem mais recheio! — Kris disse alto, um pouquinho alterado.

— Eu estou com fome! Você que está enrolando e não me deixa comer!

— Ainda está quente! Para de frescura e espera!

— Eu quero comer! — Disse manhosa.

— Não tem só você para comer! Você já acabou com os biscoitos que tinha no armário!

— Mas estava tão gostoso! Vai Fanfan, me deixa comer um pedaço do bolo!

— Não!

— Fala sério, quem é a criança agora? — A voz do pai de Kris soou divertida.

— Ela! — Kris respondeu apontando para Mama.

— Você também está sendo infantil. — Disse rindo.

— Eu concordo! — Foi a vez do Sr. Wu.

— Até você pai? — Perguntou indignado. — Não consigo acreditar. — Colocou a mão no rosto.

— Pois acredite! Anda logo, eu tenho fome, certo? — Puxou uma cadeira e sentou de braços cruzados.

— Não precisa ficar bravo filho. — Sr. Wu disse se sentando ao lado de Mama.

— Vem vamos comer. — Fui até Kris e o puxei pela mão.

O “café da manhã” seguiu normalmente, conversamos, rimos, conheci melhor o pai de Kris. Ele é bem divertido, alegre, um pouco parecido com a Mama na parte da personalidade. Em aparência é um pouco parecido com Kris, o cabelo castanho claro, olhos cor de mel, rosto bem definido. Não aparenta ser tão velho.

Assim que terminamos de comer, lavei a louça junto de Kris, arrumamos um pouco a cozinha e voltamos para sala, Mama e seu pai já estavam no sofá conversando. Kris se sentou ao lado de Mama, eu ao seu lado.

— Ei, Tao. O que é isso nas suas costas? — Sr. Wu perguntou, visivelmente curioso.

— O que?

— Parece uma cicatriz. — Mama disse calma.

Droga! Ainda estou com a mesma roupa de ontem! Ou seja, estou usando regata e essa blusa deixa bem visível parte da cicatriz que tenho nas costas. Sim, aquela cicatriz. Até onde eu me lembro, só Kris sabia dessa cicatriz. Como vou explicar isso a eles?

— Tao, você está me ouvindo? — Mama perguntou, visivelmente preocupada.

— Desculpe, o que disse? — Perguntei voltando a realidade.

— Onde fez essa cicatriz?

— E-eu...

— Essa cicatriz é da primeira vez que ele esteve preso. — Kris disse pegando minha mão direita e entrelaçando nossos dedos. Como se dissesse que vai ficar tudo bem.

— Por que não me contou antes?

— Ele não queria te preocupar mais. — Kris respondeu por mim novamente.

— Acho que ele pode responder sozinho Kris. — Sr. Wu disse calmo.

— Eu... eu não sei como explicar... Não queria que soubessem. Kris está certo, não queria preocupa-los.

— Posso ver a cicatriz completa? — Mama perguntou novamente.

 

† PoV. Kris †

Tao parecia desconfortável com tantas perguntas, depois que Mama pediu para ver a cicatriz completa, senti seu corpo ficar tenso. Já faz tempo que ele tem essa cicatriz, ela ainda continua bem visível, mas não está como antes, podemos dizer que ela está “um pouco melhor”.

Tao hesitou por alguns segundos, mas logo levantou, ficou de costas e retirou a camisa. Mama ficou surpresa, meu pai, bom, não consegui decifrar sua expressão. Tao vestiu a camisa novamente, sentou no sofá cabisbaixo e permaneceu calado. Após uns três minutos em silêncio, sussurrou um simples “me desculpe”.

— Por que está se desculpando? — Meu pai perguntou.

— Por que eu deveria ter contado antes. Logo vai cicatrizar, não vai ficar marca alguma, não precisam se preocupar.

— Assim espero.

— Tao, você... — Mama não conseguiu terminar a frase.

— Kris, parece inquieto, quer falar algo? — E mais uma vez meu pai percebeu tudo, até o mínimo detalhe.

— Nada, só não falem mais do passado dele. — Respondi tentando me manter calmo.

— Certo, Certo, não vai se repetir. — Mama disse se levantando e indo até a cozinha. — Estão precisando de umas compras. Vão se arrumar, vamos gastar.

— Certo. — Tao respondeu indo rapidamente para o quarto.

Segui para o quarto também, peguei uma troca de roupa e me vesti ali mesmo, Tao havia ido se arrumar no banheiro. Poucos minutos depois já estávamos prontos.

Fomos com o carro de meu pai até a cidade. Passamos no supermercado, demos uma volta na cidade.

— Kris. — Tao chamou baixo. O fitei curioso. — Podemos ir dar uma volta no Shopping? Sabe... Dá última vez nem conseguimos aproveitar.

— Já estamos a caminho Tao. — Mama respondeu por mim, ainda olhando pela janela do carro.

— Obrigado. — Sussurrou apoiando sua cabeça em meu ombro e fechando os olhos.

Segurei sua mão. Aproveitei o caminho para pensar. Irei contar para meu pai e Mama sobre meu (finalmente) relacionamento com Tao.

Não demorou muito e já estávamos em frente ao grande Shopping. Andamos, comemos, conversamos, rimos... sem qualquer ponto negativo. Aproveitei um momento de distração de Tao com meu pai e segui para uma loja. Nesta loja o mais vendido são alianças raras e personalizadas. Fiz meu pedido rapidamente, felizmente não demoraria muito para ficar pronto, um média uns dois dias, assim que ficar pronto irão me ligar avisando.

Está curioso? Pois fique na curiosidade, vai saber quando chegar a hora.

Voltei para o local de antes, já estava anoitecendo, passeamos um pouco mais. Perto de uma loja de brinquedos vi um pequeno ser, um pequeno ser muito inteligente e animado. Sim, Nini. Assim que ela nos viu, veio correndo em nossa direção.

— GATINHO! — Gritou ao estar próxima a Tao.

— Nini! — Tao disse se abaixando e abraçando-a.

— Oi Fanfan! Oi Tia e tio Wu! — Disse sorrindo.

— Oi! — Meu pai e Mama responderam em uníssono.

— Nini, tenho uma coisa para te contar! — Disse me abaixando ao lado de Tao.

— É segredo? — Perguntou como os olhos brilhando.

— É. — Respondi baixo. — Não pode contar para ninguém.

— Conta!

— Eu e Tao...

— Você e o Gatinho?

— Nós estamos como a sua mamãe e seu papai.

— Namoro?

— Isso Nini! Namoro. — Tao respondeu alegre. — Kris e eu estamos namorando.

— Eba! Vocês vão casar? Vão ter filha? Posso segura o buquê?

— Não sei, o que acha Tao?

— Acho que futuramente sim. — Sorriu.

— Que bom! Eu quero escolher o vestido do gatinho!

— Vestido?

Conversamos por alguns minutos, já estava de noite e a mãe de Nini já estava voltando para casa, obviamente ela teve que ir junto, também voltamos para casa.

O caminho foi calmo, Tao havia ido com a cabeça apoiada em meu ombro novamente, nossas mãos entrelaçadas. Assim que chegamos, ajudei meu pai a descarregar o carro, Tao foi tomar um banho e Mama seguiu até um quarto. Sim, ao que parece meus pais vão passar a noite aqui. Terminei de arrumar as coisas na cozinha rapidamente, tomei um belo banho, vesti uma bermuda folgada preta e uma camiseta vermelha. Mama já havia feito o jantar. Comemos em silêncio, lavei a louça e por fim pedi que eles me esperarem na sala. Adentrei o cômodo com um certo receio, Tao já sabia muito bem o que eu iria dizer, se posicionou ao meu lado e segurou minha mão com força. Olhei para meus pais que permaneciam confusos no sofá a nossa frente.

— Mãe, pai, tenho algo importante para contar... — Fiz uma pequena pausa.

— O que aconteceu YiFan?

— Eu e Tao estamos namorando! — Disse um pouco alto.

Eu juro, esperei por todo tipo de reação da parte de meu pai. Ele apenas manteve sua expressão surpresa. Senti Tao apertar forte minha mão, sabia que ele estava com medo. Mama abriu um belo sorriso.

— Finalmente! — Puxou Tao e o abraçou. — Já te considerava da família, agora é muito mais! Vai me deixar te chamar de filho também? Deixa vai! — Dizia feliz, dando pequenos pulos de alegria.

— Pode me chamar como quiser Mama! — Disse retribuindo o abraço.

— Cuide dele, Kris!

— Mais? — Brinquei.

— Espero que não fique bravo Sr. Wu. — Tao disse baixo, mirando o chão.

— Eu vou ficar bravo se você não parar de me chamar de “Sr. Wu”! — Sorriu. — Que o relacionamento de vocês dois dure por longos anos. Sejam muito felizes juntos! Cuide bem dele Tao. E você YiFan! Se deixá-lo triste vai ter uma bela conversa comigo.

— Obrigado pai. — Sorri aliviado.

— Certo... Infelizmente já está meio tarde e acabamos de chegar. A comemoração ficar para amanhã, então prepare-se! Já passeamos hoje, vão dormir. — Mama disse autoritária.

— Já? Não está tão tarde assim. — Reclamei.

— Estou com sono, vamos. — Tao disse manhoso.

— Certo, vamos. — O puxei para perto e o abracei por trás. — Boa noite mãe. Boa noite pai. — Disse já seguindo até o quarto, com Tao ao meu lado.

— Parece que alguém domou o grande YiFan! — Ouvi meu pai comentar alto.

Tao riu baixo ao ouvir o comentário de meu pai. Ele foi diretamente para cama ao entrar no quarto, apaguei as luzes e fechei a porta. Caminhei até a cama no escuro mesmo. Retirei minha camisa antes de me deitar. Permaneci em silêncio. Tao não disse nada, estava acordado ainda, só se podia ouvir vozes abafadas vindas da cozinha, provavelmente meus pais estão conversando lá. Permaneci olhando para Tao. Após longos minutos, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

— Isso parece loucura. — Disse baixo, olhando em minha direção.

— O que parece loucura?

— Seus pais, aceitaram tão rápido.

— Bom... Mama queria que ficássemos juntos a muito tempo. Agora meu pai, não sei, simplesmente não entendo o porquê d'ele ter aceitado logo de cara.

— O importante é que eles aceitaram e nos apóiam. — Pude ver seu lindo sorriso, mesmo estando muito escuro, eu consegui vê-lo.

— Sim, é isso o que importa.

O silêncio voltou novamente, mas dessa vez era um silêncio mais confortável, um silêncio bom.

— Kris... eu... e-eu...

— O que foi Tao? — Perguntei já preocupado.

— N-não é nada... Pode dormir. — Virou-se de costas para mim.

— Tao. — Me aproximei mais, passei meus braços por sua cintura, o puxando para mim. — Me conta. O que aconteceu?

— Nada... Acabei fazendo confusão na minha cabeça.

— Confusão com o que? — O virei para mim, segurei seu rosto com delicadeza, fazendo-o olhar em meus olhos.

— Não é nada importante, não se preocupe. Pode dormir.

— Não quero te forçar a me contar, mas eu preciso saber de tudo. Tem certeza que não é importante? Tem certeza de que não é nada?

— Tenho, pode dormir. — Deixou um breve selar em meus lábios.

— Só isso?

— O que? — Pareceu confuso.

— Aqui. — Disse fazendo bico.

Tao entendeu quase que imediatamente. Transformou a distância que exista entre nossas bocas em um lindo zero. De início, mais um selar, puxei sua cintura. Pedi passagem com a língua, recebi permissão rapidamente. Seu beijo é simplesmente perfeito, doce, com um misto enorme de sentimentos. Nossas línguas dançavam, brincavam uma com a outra. Senti uma de suas mãos em minha nuca, puxando de leve meu cabelo. Apertei sua cintura, levei minha mão livre até suas costas, senti sua pele quente. O ar se fez necessário, nos separamos um pouco. As testas coladas, a respiração um pouco ofegante. Tao tinha as bochechas rosadas, olhos fechados, um sorriso lindo.

— Agora está satisfeito? — Perguntou calmo, abrindo os olhos, me fitando.

— Por enquanto sim. Isso é o suficiente. — O abracei forte.

Ele deixou o sua cabeça apoiada em meu peito, permaneceu calmo. Iniciei um simples carinho em sua mão, que permanecia entrelaçada à minha. Dormiu rapidamente, adormeci poucos minutos depois.

 

† PoV. Tao †

Eu confio muito no Kris, porém mesmo assim, tenho medo.

Tenho muito medo.

Tento não demonstrar, tento me manter calmo. O beijo se tornou algo normal para mim, mas quando o beijo passa a ficar um pouco mais necessitado, mais quente, eu fico com medo.

Medo de sair machucado como da última vez.

Eu não demonstro, mas sinto um nojo enorme de mim mesmo.

Kris sempre está atento, parece perceber tudo. Ele sempre mantém apenas o beijo. Hoje eu senti aquele medo novamente. Afastei o máximo que consegui tais pensamentos. Deixei minha mão entrelaçada com a de Kris. Não demorou muito e finalmente consegui dormir.

 

† Sonho On †

Não consigo ver nada, está um breu total. Apenas sinto o chão abaixo de meus pés, um vento calmo, batendo diretamente contra meu rosto.

— Tao...

Era a voz de Kris, parecia vir de longe, eu a ouvia com clareza. O vento cessou.

— Você está bem?

— Calma, não vou te machucar. Qual é o seu nome?

— Você está bem?

— Calma, eu não vou te machucar. Só quero te ajudar.

— Wu YiFan, mas pode me chamar de Kris.

— O que foi? Precisa de algo?

— Pronto, pode dormir agora.

A cada frase, novas lembranças...

— Tao você está bem?

— Calma, calma...

Me lembrei do pesadelo que tive nesse dia. Senti as mãos de Kris em meu cabelo. Levei minha mão direita até o topo de minha cabeça, não senti nada lá, apenas senti meu cabelo bagunçado. Não havia nada lá.

— O que aconteceu naquela noite em que te encontrei?

— Tao, eu sei que isso tudo ainda é muito recente, mas vamos te ajudar a superar, estamos aqui para isso, vamos te ajudar em tudo o que precisar.

— O que você e mamãe aprontam hoje?

— Esquece, Certo? Você já agradeceu e não deve nada, fique tranquilo.

— Optei por ter uma “vida simples”. Tem coisas que o dinheiro não pode comprar, não adianta ter tudo e ninguém para compartilhar.

— Por que demorou?

— Tem certeza? Você pode começar semana que vem, não precisa ser hoje!

— Como foi o primeiro dia?

— Calma, não precisa ficar nervoso, nem está tão mal assim.

— Quem era aquele garoto na saída? Você pareceu ficar tenso quando ele se aproximou.

— Agora corro para não ser morto.

Eu podia ver tudo. É como se eu estivesse em uma sala, rodeado por minhas memórias. Eu ouvia Kris falar e automaticamente via o que estava acontecendo.

— Tao, vem aqui.

— Só vem aqui.

— Por que tão belo? Por que tão indefeso? Tão fofo? Por quê? Huang ZiTao, por quê? O que te faz tão especial?

— Para mim você é, não precisa entender, apenas sinta.

— Desculpe por isso.

— Hora de dormir Tao.

— Nem pensar! Você está dormindo aí, vai deitar ou vai acabar dormindo aqui mesmo.

— Tao! Vamos logo, vai chegar atrasado!

— Tao acorda!

— Tao~ vem aqui!

— Foi só meia garrafa! Eu achei no quarto da Mama, reclama com ela!

— Bom dia Tao.

— Dormiu bem?

— Posso pedir uma coisa?

— Eu quero um beijo.

— Não foi exatamente isso que eu pedi. É mais que isso.

— O que foi? Não gostou?

— Não precisa perguntar, sabe que pode.

— Já disse que pode ir Tao, só não chegue muito tarde.

— Fiquei preocupado.

— Tao, me desculpe por ter falado com você daquele jeito. Não foi minha intenção, desculpa.

— Tive umas coisas para resolver.

— Estudando de novo?

— Precisa de ajuda em que matéria?

— Já está tarde, amanhã continuamos.

— Tudo isso é medo do escuro ou da chuva?

— Durma um pouco, vou ficar aqui.

— Você não sabe o efeito que tem sobre mim.

— Tao... Seus mínimos detalhes, sua voz, seu jeito... Tudo em você mexe comigo.

— Minha vida, de hoje em diante, está nessa casa, bem diante dos meus olhos.

Senti uma lágrima de felicidade cair de meu olho esquerdo. Sorri.



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