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História You Are Protected - Cura


Escrita por: Litalea_Draak

Capítulo 32 - Cura


†Semanas Antes †

 

† PoV. Chanyeol †

 

“Eu penso em você, amor

E eu sonho com você o tempo todo

Estou aqui sem você, amor

Mas você ainda está comigo em meus sonhos

E esta noite, somos só você e eu...”

 

Mais um dia iniciou-se, mais uma vez fui acordado pelo som irritante do despertador. Tentei ignorar, mas batidas fortes na porta me fizeram despertar por completo.

— Levanta Chanyeol! Vai acabar chegando atrasado! — Ouvi minha mãe dizer alto.

Me levantei da cama e me dirigi até meu guarda-roupas, peguei meu uniforme, uma blusa de manga comprida vermelha e segui para o banheiro. Fiz minha higiene pessoal, vesti meu uniforme, arrumei meu cabelo e escovei os dentes. Voltei para o quarto e peguei minha mochila, sai do cômodo com preguiça, passei pelo corredor em passos lentos e desci as escadas devagar. Olhei em direção a cozinha e vi minha “mãe” lá, meu pai provavelmente já havia saído para trabalhar há algum tempo. Segui até ela.

 

“Tudo que eu sei, e qualquer lugar aonde eu vá

Isso se torna difícil, mas não vai tirar o meu amor...”

 

— Bom dia. — Disse baixo, pegando uma maçã de cima da mesa.

— Bom dia. — Respondeu sem ânimo algum. — Aquele pivete não vai mais aparecer por aqui?

— Que pivete? — Ia morder a maçã, parei imediatamente.

— Aquele amiguinho seu, esqueci o nome dele.

— Baekhyun?

— Esse mesmo! Fique longe dele. — Tomou um pouco de seu café tranquilamente.

— Por quê?

— Não quero meu filho andando por aí com viadinhos.

— “Viadinhos”? — Perguntei já nervoso.

— É, acha que eu não sei que seu coleguinha sai dando para escola inteira? Além de sair de casa parecendo uma Drag Queen mal feita, ainda tem que vir aqui em casa. Esse viado covarde não sabe mesmo escolher amigos.

— Não fale do Baekhyun assim... — Disse em um sussurro.

— Apenas se afaste daquele vadio, tenho que ir agora. Se cuide querido.

Ela levantou e pegou suas chaves de cima do balcão e saiu de casa. Fiquei sem reação, como ela teve coragem de dizer isso tudo? Ela sabe que eu e Baekhyun somos amigos desde o jardim de infância! Parece que ela sempre pensou assim sobre Baekhyun, ela nunca pareceu gostar dele. Sempre que ele chegava, ela se trancava no escritório de meu pai ou saia de casa com alguma desculpa. Ao que parece, ela cansou-se da presença de Baekhyun e não me quer perto dele, passou a odiá-lo.

Peguei meu celular do bolso traseiro do uniforme, liguei a tela e encarei a hora assustado. Tenho menos de cinco minutos para chegar na escola e o caminho leva vinte minutos andando! Joguei a maçã intocada com raiva no chão e sai correndo de casa, corri como louco até a escola.

 

“Cem dias me fizeram mais velho

Desde a última vez que vi seu lindo rosto

Milhares de mentiras me fizeram mais frio

E eu não acho que possa olhar para isso da mesma maneira

Mas toda a distância que nos separa

Ela desaparece agora, quando estou sonhando com seu rosto...”

 

Hoje faz exatamente duas semanas que eu e Baekhyun tivemos aquela “briga”. Não estamos mais brigados, mas também não estamos juntos. Nosso nível de amizade caiu drasticamente. Todos os dias, eu vejo Baekhyun sorrir forçado, rir sem ânimo, andar praticamente se arrastando. Ultimamente ele está pálido, magro, sempre cabisbaixo e, quando está longe de todos, o vejo chorar. E a culpa é minha.

Entrei na escola por pouco, o portão felizmente estava aberto hoje, o zelador deve ter esquecido de trancar novamente. Corri até minha sala, os corredores já estavam desertos. Bati na porta, levou poucos segundos até o professor abri-la.

— Park Chanyeol? O que faz aqui a essa hora? — Perguntou surpreso.

— Me desculpe, acabei me atrasando. Posso entrar? — Perguntei ainda ofegante.

— Você já perdeu a primeira aula. Infelizmente não posso liberar sua entrada, você vai precisar da permissão da diretora para entrar nas aulas hoje. — Voltou para sala, fechando a porta.

Suspirei derrotado e andei até a diretoria. Não consegui permissão para ver o resto da aula atual, eu só poderia entrar na sala na terceira aula, ainda faltam meia hora. Voltei para o grande corredor principal e me sentei em um dos bancos de ferro que existiam ali, deixei minha mochila jogada ao meu lado. Ao final do corredor tem a enfermaria, a sala de computação, algumas salas de aula... entre estas salas, a da minha turma. Passou a ser raro ver alunos saindo para ir ao banheiro ou simplesmente tomar água. Um silêncio tomou conta daquele corredor, já não se ouvia nenhuma gritaria, o que era estranho, afinal, as salas mais bagunceiras ficam por aqui. Ouvi uma porta ser aberta, olhei diretamente para onde vinha o som.

 

Era a minha sala.

 

Vi Lin e Luhan saírem da sala, os dois carregaram Baekhyun, um braço com cada um, ambos o segurando pela cintura. Senti meu peito se apertar, o medo surgir. Os três seguiram em direção a enfermaria, não aguentei e os segui. Entraram na grande sala branca, espiei pela porta entreaberta. Deixaram Baekhyun deitado em uma maca.

— Você precisa comer alguma coisa! — Ouvi Luhan.

— Baek, por favor. Já se fazem umas duas semanas! Sua mãe me contou que você não come nada.

— Não estou com fome. — Sua voz estava fraca, assim como da última vez, mas agora um pouco pior.

— Eu vou buscar algo, o que quer comer? — Luhan parecia muito preocupado.

— Não quero comer, Luhan.

— Você precisa comer alguma coisa! — Foi a vez de Lin.

— Eu vou buscar algo para ele, já volto.

Luhan se dirigiu à porta, me afastei. Não adiantou. Ele me olhava surpreso.

— Chanyeol? O que está fazendo aqui? Pensei que tinha faltado!

— Eu... me atrasei, tive um pequeno problema. O que aconteceu?

— Baekhyun. Ele não está comendo há dias, sempre com sono, completamente cansado, não dorme. Ele já desmaiou umas três vezes nessas duas semanas. Ontem eu vi ele chorando novamente.

— Posso falar com ele?

— Espere um pouco, minha irmã está tentando entender o que está acontecendo. Vou buscar algo para ele comer. — Saiu em direção ao refeitório.

Voltei ao lugar de antes, ao lado de minha mochila.

 

“Tentei continuar como se nunca tivesse te conhecido

Estou acordado, mas meu mundo está metade adormecido

Eu rezo para que meu coração seja inquebrável

Mas sem você tudo que eu serei é... incompleto...”

 

Sim, estou preocupado, com medo de que aconteça alguma coisa com o Baekhyun. Aquela “carta” que estava no fim daquele caderno veio à minha mente. O que ele não pode contar? O que é tão grave a ponto de ninguém saber? Tem algo a ver com tudo isso? Tudo aquilo que minha mãe disse...

Prefiro não dizer como estou me sentindo.

 

“Mas como você espera que eu

Viva sozinho apenas comigo mesmo

Porque meu mundo gira ao seu redor

É tão difícil para mim respirar...”

 

Não sei quanto tempo fiquei submerso em pensamentos e dúvidas, voltei a realidade com a doce voz de Lin me chamando calmamente.

— Chanyeol, ainda quer falar com ele? — Assenti. — Ele está na enfermaria ainda, Luhan está tentando fazê-lo comer algo. Pode ir até lá se quiser.

— Obrigado. — Respondi já me levantando.

Segui até a enfermaria, abri a porta com cuidado, fechei do mesmo jeito, andei calmamente até Baekhyun, ele pareceu não notar minha presença. Luhan estava sentado em uma cadeira de frente para a maca, Baekhyun estava sentado na mesma, cabisbaixo.

 

“É assim que eu me sinto quando você não está

Não tem ar, sem ar

Me afundou aqui na água, tão profundo

Me diga, como você vai ficar sem mim?

Se você não está aqui, eu simplesmente não posso respirar

Não tem ar, sem ar...”

 

Passei a apenas observá-los. Luhan rapidamente percebeu que eu estava ali, levantou calmamente, disse à Baekhyun que tinha que voltar para sala, seguiu em minha direção.

— Não o pressione. — Disse ao passar ao meu lado.

O som da porta sendo fechada ecoou pelo local. Caminhei até Baekhyun, que agora estava deitado na maca. Encarei seu rosto, ainda sem ele perceber que estou ali. Estava pálido, magro, com olheiras profundas. A expressão triste, o olhar distante.

 

“Eu tive um pesadelo tão assustador e mau

Você me deixou para sempre...”

 

Eu não sei porque, mas, nesses últimos dias, não me sinto tão bem quanto antes. Como se algo tivesse sido arrancado de mim a força. Esse algo está mais para alguém, eu errei tão feio que agora não vejo um meio de consertar. Eu fiquei tão cego, por tanto tempo... Por que só damos valor depois de perdemos? Só percebemos o que fazemos depois de fazer? Só voltamos à realidade depois de tudo estar feito?

Andei mais um pouco, me sentei na cadeira que Luhan estava anteriormente. Baekhyun me olhou surpreso, um tanto assustado.

— Ch-Chanyeol...

— Como se sente?

— O que... Você...

— Shii~. Isso não importa agora. Como se sente?

— Mal, eu... Não... Consigo comer direito.

— Já foi ao hospital?

— Já... Eles passaram uns remédios... Um mãe compara ou... É muito ruim e... Não consigo tomar.

— Você precisa, coma um pouco, tome os remédios quando chegar.

— Me dá enjôos... Ânsia, não... Não quero...

— Por favor Baekhyun. Você precisa.

— Channy... Eu... Me perdoe... Eu não quis...

— Do que está falando?

— Nossa briga.... Eu não quis.... Me perdoe... — Começou a chorar. — Eu só... não queria continuar com aquilo.... Eu... eu devia ter falado... para você... sem brigar.... Me perdoe...

— Baekhyun, tudo o que você disse me fez abrir os olhos e perceber o quão idiota eu fui. Eu já te perdoei, você só disse a verdade. Por culpa de um medo, uma incerteza idiota, eu fiz aquilo com você. Em momento algum você esteve errado, eu sou o único culpado de tudo. Pare de se culpar por algo no qual você não tem culpa.

— Mas, Channy.... Eu me distanciei... de você... com medo de que não quisesse mais me ter por perto.... Acabei piorando tudo...

— É normal. Eu lhe falei tudo, detalhadamente, por mensagem, para ficar mais fácil para você entender. Eu disse que iria conquistar sua confiança, merecer sua amizade. Eu vou tentar ser alguém melhor. Já falei com os meninos, até com a Lin! Eu sou um grande filho da puta por ter feito aquilo com você, por tanto tempo ainda... Lin tinha razão, o medo e a incerteza acaba nos cegando, fazemos coisas sem perceber... Eu tinha medo de minha mãe fazer algo contra você, tinha uma gigante incerteza sobre meus sentimentos. Nunca fui bom com essa parte de sentimentos, você sabe disso melhor do que ninguém. Com aquela briga, eu finalmente percebi tudo, tive certeza, coragem. Você de um jeito ou outro, me transformou... Não sei como ou quando, mas eu sinto isso.

 

“A incerteza faz as pessoas sofrerem muito

A para ova do amor não pode ser achada

Quando deveria seguir em frente?

Quando deveria desistir?

Eu nem consigo criar coragem para te abraçar...”

 

— Agora... Eu sou só um covarde apaixonado por alguém que machuquei. Um filho da puta covarde, medroso, sem uma parte do coração. Me perdoe por não dizer isso antes, só agora tenho certeza disso e posso dizer como uma forma de demonstrar o que sinto, antes pode ter sido da boca para fora, agora não... Eu te amo Baekhyun, eu vou dar a minha vida para cuidar de você e te proteger, vou fazer por merecer, serei uma pessoa melhor para todos. Só quero que pare de se culpar por nada e que possa me perdoar por tudo que fiz até hoje. — Terminei já com lágrimas dançando por meu rosto.

 

“Tem coisas que simplesmente não podemos fazer...”

 

— Eu te perdôo, Channy... Não chore...

— Pare de chorar primeiro.

Levantei e me aproximei dele, limpei suas lágrimas, vi um pequeno esboço de sorriso em seu rosto pálido.

Depois de dias, semanas, me senti feliz, por apenas ter o seu perdão.

 

“Eu deveria ou não chorar?

Eu penso muito, ou é você?

Não estou confiante

E começo a suspeitar

A pessoa ao meu lado

Continua a mesma? É você?”

 

Após alguns segundos, apenas olhando um para o outro, a porta foi aberta. Lin, nossa “Anjo da guarda”.

— Baek, liguei para sua mãe, ela vai vir te buscar. Chanyeol, você pode levá-lo?

— Já perdi as primeiras aulas mesmo. — Dei de ombros. — Irei levá-lo, tenho que falar com a Sr. Byun, já vou aproveitar a oportunidade.

— Obrigado. — Sorriu. — Baek, eu já peguei suas coisas, se cuide. — Caminhou até Baekhyun. — Melhore logo. — O abraçou, deixando um beijo em sua testa antes de se afastar. — Daqui a pouco sua mãe chega, tenho que voltar para sala. Se cuide Baek. Cuide dele Channy. — Me abraçou.

Lin é um anjo, não é possível.

Ela voltou para sala, antes deixando o material de Baekhyun comigo.

— Baekhyun, você quer esperar aqui ou lá na entrada da escola? — Perguntei o encarando.

— Vamos esperar aqui... — O pouco que falou já o deixou sem ar, isso me preocupou ainda mais. — Eu não... Sinto as... Pernas.

— Eu vou falar com a sua mãe, vou te levar até o Dr. Zhang. Ele é o melhor médico da região e está encarregado de cuidar do Tao.

— Chan...

— Não fale... — Senti meu coração se apertar. — Por favor, só... Não fale...

Baekhyun me olhou triste, ficando em silêncio. Eu não estava aguentando a tensão do clima ali.

— Vem... Sua mãe já deve ter chegado.

Peguei sua mochila e a coloquei em minhas costas. O peguei no colo, deixando sua cabeça encostada em meu peito. Caminhei até a diretoria, que ficava perto da entrada da escola. Assim que cheguei, continuei com ele em meus braços, poucos segundos depois vi o carro de sua mãe parar a alguns metros, a mesma veio correndo em nossa direção.

— Chan...

Senti sua mão esquerda em meu rosto. O olhei.

— Não fale, você está fraco.

— Chan... Minha... Garganta... Está... Queimando...

— Sua mãe já chegou, vamos ao hospital.

— Channy... Eu... — Seus olhos pareciam pesar, ele mal os mantinha aberto.

— Baekhyun... — Ele os fechou, não os abrindo novamente. — Baekhyun!

Sua mãe finalmente chegou à minha frente, corremos para o carro, em seguida para o hospital. Fiquei no banco de trás, sem largar seu corpo. Sua mãe estava a mais de oitenta quilômetros por hora... Eu encarava, com medo. Sangue começou a sair de suas narinas. Pedi desesperadamente a sua mãe para que fosse mais rápido, ela o atendeu de imediato.

 

† † † † †

Algumas horas depois, ele já estava em um quarto. Dr. Zhang não pode nos atender hoje, estava cuidando de uma paciente recém operada. Baekhyun estava apenas dormindo agora, Sra. Byun estava com ele no quarto. Eu havia pedido para falar com o médico que cuidou dele, mas o mesmo disse que não havia encontrado problema algum em Baekhyun, me segurei ao máximo para não discutir. Sra. Byun o levou para casa horas depois, ele estava tomando alguns remédios...

 

† Atualmente †

Eu já não estava aguentando de tanta preocupação, então assim que saí da casa de Lin, corri para a casa de Baekhyun.

Não me importava se iriam me achar louco por estar correndo desesperadamente, ou por passar na frente de vários carros em movimento e aproveitar o pouco gelo no chão para ganhar impulso. Eu só queria vê-lo.

Parei em frente à sua porta, bati três vezes, toquei a campainha, mas ninguém atendia. Procurei meu celular com desespero, o puxando do bolso da calça em seguida. Liguei para sua mãe.

 

Solicitando chamada...

Sem resposta.

 

Solicitando chamada...

 

 

“— Alô? Chanyeol?

— Sra. Byun! Eu passei ver o Baekhyun, mas não tem ninguém em casa... Onde estão?

— Chanyeol... Estamos no hospital novamente.

— O que aconteceu? — Senti um soco em meu coração.

— Baekhyun... Ele... — Ela chorava do outro lado da linha.

— O que aconteceu com ele...?

— Ontem anoite ele tomou os remédios corretamente, mas hoje de manhã... Ele não acordava... Eu tentei de tudo! Eu juro Chanyeol! Mas ele não abria os olhos!

— Se acalme Sra. Byun, eu já estou a caminho. — Comecei a caminhar com pressa em direção ao hospital.

— Eu estou tentando, não é tão fácil... Já estamos aqui há algumas horas...

— Quem atendeu vocês?

— O mesmo médico da última vez.

— Não gosto dele, parece que ele está aí só para ganhar dinheiro.

— Concordo plenamente.

— Sra. Byun, você viu se o Baekhyun não tomou algum remédio diferente?

— Não, os mesmos de sempre...

— Quando ele começou a piorar desse jeito?

— Já faz algum tempo, acho que um dia depois que sua mãe nos visitou. — Parei de andar imediatamente.

— Minha mãe?

— Sim, ele veio nos visitar há algum tempo. Parecia preocupada, até me ajudou a dar os remédios para o Baekhyun...

— Sra. Byun, eu vou demorar um pouco para chegar, acabei de me lembrar que tinha algo para resolver.

— Tudo bem. Até depois.

— Até...”

 

Desliguei a chamada e guardei me celular no bolso da calma. Mudei minha rota, minha mãe deve estar chegando em casa agora e é para lá que eu vou agora. Voltei a correr, o mais depressa que consegui.

Eu não quero pensar que minha mãe tenha dado algum remédio diferente para Baekhyun ou algo pior. Mas é a “opção” na qual mais tenho certeza.

Cheguei ofegante, já entrando com pressa, sem me importar se sujaria o piso com neve ou terra. Segui diretamente para cozinha, ela estava lá.

— O que você fez com o Baekhyun?! — Perguntei grosso, adentrando o cômodo.

— Não sei do que está falando.

— Não se faça de idiota!

— Mais respeito comigo! — Disse brava, virando— se para mim.

— O que você fez com o Baekhyun?! — Perguntei novamente.

— Não sei por que se importa com isso, estou apenas tirando um monte de lixo do caminho do meu filho!

— O que você fez com ele?! — perdi a paciência.

— Já disse que não quero que você fique atrás dele! Você disse que iria da casa da Lin, uma garota, e não na casa desse viadinho!

— Você não manda em mim, eu vou para onde eu quiser! O que você deu para ele?!

— Eu sou a sua mãe! Não venha gritar comigo! Não venha responder para mim!

— Dane-se! Eu não te considero mais como minha mãe desde que você expulsou o Jimin por ele ser gay!

— Aquele idiota nunca mais vai pisar nesta casa! E você está proibido de vê-lo!

— Chanyeol! — ouvi meu pai gritar. — Já chega! Os dois!

— Pai...

— Sem mais! Preciso ter uma conversinha com você. — Disse me encarando, estava mais que sério.

— De um jeito neste moleque sem educação.

Meu pai não disse nada, apenas seguiu para fora da casa, o segui. Ele fez sinal para que eu entrasse no carro, não questionei, apenas obedeci em silêncio. Segundos depois ele já estava ao meu lado, com as chaves do veículo em mãos.

— Chanyeol, não precisa ficar assim. Sabe que não vou brigar com você.

— O que quer falar?

— Aqui! — Jogou um saquinho preto em meu colo.

— O que é isso? — Havia um fraco dentro, com um tipo de gosma lilás.

— Vi sua mãe escondendo isso há alguns dias, ela foi na casa de Baekhyun e levou isso. Guarde isso e entregue para o Doutor Zhang Yixing.

— Isso é...?

— Não sei. Por isso quero que peça ao Yixing para dar uma olhada.

— Baekhyun está no hospital, tem um médico que sempre atende ele, não confio no trabalho dele...

— Eu vou te levar, não se preocupe.

Ele deu a partida, já acelerando e voltando à primeira marcha. Seguiu para o hospital.

— Pai... Por que está me ajudando?

— Quando eu tinha sua idade, eu também era apaixonado por um garoto...

— Sério?!

— Sim.... Mas eu o deixei quando ele mais precisou de mim, e acabei o perdendo eternamente.

— O que aconteceu com ele?

— Até onde sei, seus pais voltaram para a cidade em que moravam, e depois de alguns anos ele desapareceu. Um tempo depois do filho dele ser sequestrado.

— Nossa...

— Chegamos. — Anunciou parando o carro. — Ah, filho... Já faz uns dias, eu precisava te falar... — Disse saindo do carro.

— O que foi? — Caminhamos até a entrada.

— Eu já comecei a ir atrás da papelada do divórcio.

— Entendo...

— Não adianta continuar com algo que não faz bem.

— É, você e a mãe não estavam tão bem ultimamente... Você vai comigo?

— Sim, quero ver o pequeno Byun.

Entramos, indo diretamente para o balcão da recepção, perguntamos por Baekhyun e logo a moça nos indicou o quarto. Eu não tive forças para entrar lá, ainda mais quando vi aquele médico lá. O parei, sendo o mais direto possível.

— Já descobriu o que o Baekhyun tem?

— Eu já lhe disse, não tem nada. É apenas uma simples gripe.

— Como uma gripe fez o nariz dele sangrar daquele jeito?!

— Pode ser alguma infecção respiratória.

— Fez um exame de sangue?

— Não foi necessário.

— É necessário!

— Escuta aqui garoto. Vem teimar comigo quando tiver um diploma de medicina.

Assim que ele terminou a fala, saiu dali, andando calmamente pelo grande corredor. Procurei por uma enfermeira, não demorando muito para achar uma ali perto.

— Com licença, você sabe onde o Dr. Zhang está?

— Ele está com um paciente agora.

— Em qual quarto? Por favor, é urgente.

— Tudo bem, venha comigo.

Eu a segui por uns três corredores, finalmente parando em frente a um dos milhares de quartos que haviam ali. Agradeci, ela apenas sorriu e voltou aos seus afazeres. Abri a porta, pedindo desculpas pela intromissão. Ele estava em uma poltrona ao lado da cama, conversava com o paciente, o qual estava deitado, um braço engessado e outros ferimentos no corpo, vários curativos...

— Dr. Zhang, desculpe atrapalhar, mas preciso falar com você.

— Tudo bem. — Se levantou. — Eu já volto. — Disse olhando para o paciente, o outro apenas assentiu.

Seguimos para fora do quarto, fechei a porta com cuidado.

— O que precisa? — Perguntou calmo.

— Meu pai pediu para que desse uma olhada nisso.

Tirei o saquinho preto do bolso da blusa e entreguei para ele. Ele o abriu, encarando o frasco surpreso. Pediu para que eu o acompanhasse até sua sala, assim o fiz. Ele estava sério e parecia conhecer aquela gosma lilás. Assim que entramos ele fechou a porta e foi até um armário com portas de vidro que ficava ao canto da sala.

— Onde conseguiu isso?

— Meu pai me entregou, ele disse que viu minha mãe escondendo isso em casa e levando com ela quando foi visitar um amigo meu. Ele está aqui agora.

— Qual o nome dele?

— Byun Baekhyun.

— Qual o estado dele? Preciso que me conte tudo?

Fiz como pedido, contei tudo, desde minha briga com Baekhyun até hoje. Ele pareceu piorar muito desde aquele dia...

— Você é amigo de Lin e Luhan?

— Sim... Você os conhece?

— Fiquei responsável por Luhan enquanto ele esteve aqui. Lin é amiga de Tao e Kris.

— Wow...

— Preciso saber onde sua mãe conseguiu isso.

Ele olhava um pouquinho daquela gosma em um microscópio.

— Eu não sei, mas acho que ela deu isso para o Baekhyun... O que é essa gosma?

— Essa “gosma lilás” é uma espécie de veneno mortal. Ela começa a corroer os órgão internos e entra na corrente sanguínea... Ela basicamente começa a apodrecer o corpo de dentro para fora. É a mesma que estava em Luhan... Eu consegui modificar suas propriedades, fazendo com que cause um efeito diferente.

— Que tipo de efeito?

— Ela vai destruir essa substância lilás e ajudar a restaurar o interior do corpo, depois irá se juntar ao sangue, não irá interferir em mais nada após isso.

— Então o problema realmente estava no sangue?!

— Sim.

— O médico que está encarregado de Baekhyun me disse que não seria necessário um exame de sangue e nem nada! Disse que era apenas uma gripe e possivelmente uma infecção respiratória.

— Qual o nome dele?

— É o doutor Choi Jin Hyuk.

— Certo! Baekhyun está com alguma visita?

— A mãe dele e meu pai estão lá.

Ele se virou novamente para aquele armário e guardou o frasco, pegou um pequeno vidrinho com algo negro dentro.

— O que é isso?

— É o que vai salvar seu amigo. Usarei o conteúdo do frasco para fazer mais, tenho a impressão de que iremos precisar, é algo extremamente perigoso e não pode ficar livre por aí.

Saímos de sua sala, indo diretamente para o quarto de Baekhyun com certa pressa. Dr. Zhang pediu para que todos esperassem do lado de fora.

Eu fui até a “lanchonete”, precisava de algo para beber. Comprei uma pequena garrafinha de suco, a bebi com pressa, jogando a embalagem vazia no lixo em seguida. Estava voltando para junto de meu pai e Sra. Byun quando passei em frente ao quarto em que o Dr. Zhang estava anteriormente. Fiquei um tanto curioso, então entrei. O garoto estava acordado, ele olhou esperançoso para a porta quando eu entrei, mas logo sua expressão mudou para uma um pouco triste. Acho que ele estava esperando o Dr. Zhang.

— Ele está cuidando de um amigo meu, desculpe tirá-lo de você. — Disse baixo, me aproximando.

— Tudo bem... — Sua voz também estava fraca. — Qual o seu nome?

— Chanyeol, Park ChanYeol. E o seu?

— Kim Junmyeon, mas pode me chamar de Suho.

— Suho?!

— Sim.

— Eu já ouvi esse nome antes... Se eu não me engano, Tao o falou...

— Tao? Está falando de Huang ZiTao?

— Ele mesmo, vocês se conhecem?

— Posso dizer que vivemos juntos por alguns anos. Ficamos presos no mesmo lugar.

— Ah, já entendi... Não precisa continuar...

— Seu amigo está bem?

— Não, ele está com uma gosma lilás no sangue.

— Usaram o Death Lilac nele?!

— Esse é o nome? — Assentiu. — Minha mãe deu isso para ele, eu tenho certeza...

— Sua mãe se chama Thea?

— Não, quem é Thea?

— Longa história... Podemos dizer que agora ela é a chefona daquele inferno em que eu e Tao ficamos. YiFan nos tirou de lá.... Mas não precisa se preocupar com seu amigo, o Dr. Zhang conseguiu criar uma cura! Chamamos a cura de “Black Life”. — Sorriu fraco.

— Ele é o melhor médico daqui, tem sorte de ficar sob os cuidados dele.

Conversamos por mais alguns minutos, apenas nos conhecendo. Suho se assustou quando a porta se abriu com pressa, mas logo sorriu ao ver quem era.

— Pai! Este é o Chanyeol.

— Oi! — Sorri.

— Oi Chanyeol. — Disse alegre. — Como se sente, filho?

— Bem melhor! O Dr. Zhang teve que sair, Chanyeol está me fazendo companhia.

— Que bom que não ficou sozinho. Obrigado Chanyeol.

— Por nada... Eu já vou, foi bom te conhecer Suho. — Sorri, já me levantando.

Eu até iria me despedir corretamente, mas passos rápidos ecoaram pelo corredor, em seguida de alguém entrando no quarto. Era meu pai. Ele paralisou ao olhar o interior do quarto, seus olhos estamos vidrados em direção ao pai do Suho.

O que meu pai me disse mais cedo voltou à minha mente. Eu tive quase certeza de que eles se conheciam, e isso só alimentou quando o pai de Suho disse seu nome.

— Você...

— Pai, você conhece ele? — Suho perguntou.

— Conheço sim...

— Chanyeol, você já pode ver o Baekhyun.

— Certo, obrigado. Tchau Suho! Tchau Sr. Kim!

Corri para o quarto de Baekhyun. Eu não queria ter deixado meu pai para trás, mas eu sentia que ele e o Sr. Kim precisavam conversar. Parei de correr ao chegar no corredor de seu quarto. Contei as portas, parando em frente à sua. Entrei receoso, fechei a porta com cuidado.

Baekhyun estava deitado, com apenas uma bolsa de soro ao seu lado e a agulha em seu braço esquerdo. Ele ainda estava pálido, mas não tanto quanto a última vez que o vi. Sua boca já estava um pouco rosada novamente. Me sentei na poltrona que fica ao lado da cama e segurei sua mão fria. Meu coração se apertava mais a cada segundo.

— Daqui uns dia ele estará bem melhor. Anime-se, você o salvou. — Dr. Zhang disse saindo do quarto, me deixando sozinho com Baekhyun.

Sorri pouco com suas palavras. Eu não cuidei dele direito, eu tenho culpa por ele estar assim, e apenas um por cento em sua “cura” foi por minha causa. Já sentia as lágrimas caindo por meu rosto, não aguentava mais me segurar.

— Channy? — Sou voz soou baixa. — Por que está chorando?

— Eu deveria ter cuidado de você... Eu fiquei com medo de te perder Baekhyun... Eu não vou te deixar sozinho, nunca mais... Eu te amo tanto! Não sei o que fazer se você ficar longe! Me perdoe por não estar com você quando você precisou de mim...

— Chanyeollie, você está perdoado há muito tempo... — Senti uma de suas mãos delicadas em meu rosto.

— Mesmo assim...

— Eu te amo Chanyeol.



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