História You are the reason - Cophine - I need you now - Pov. Delphine

As 7:00 da manhã eu estava de pé. Alisson tinha invadido bruscamente meu quarto e me arrancado da cama tão rápido que eu mal tive tempo de entender o que estava acontecendo. O motivo nada plausível dela era uma reunião marcada que possuía fuso horário difuso, eu não me lembrava dessa ou de qualquer outra reunião, só o que lembrava era do quão aconchegante estava minha cama antes de ser arrancada de lá pela minha secretaria.

-Você tem noção do quão desumano é acordar uma pessoa a essa hora? – Provoquei minha secretaria, no fundo eu falava sério, pela primeira vez em muito tempo tinha conseguido dormir uma noite completa sem pesadelos, e tudo aquilo se devia uma pessoa.

-Você tem noção do quão desumano é você marcar uma reunião e deixar sua secretaria ministra-la?

-Você é capaz Alisson, sempre foi, não é sua primeira vez.

Apesar de estar de pé tão cedo, eu não conseguia ficar irritada com ela, e mesmo que Srta. Childs aparecesse hoje ela teria um sorriso.

-Esta feliz Srta. Cormier, e pelo que pude ver nenhum passarinho verde esteve pelo nosso caminho. -Alisson me conhecia a tempo demais para não perceber quando estava feliz ou não, não conseguia esconder nada de minha secretaria.

-Não acho que seja da sua conta Srta. Hendrix, mas sim, eu tive uma noite muito agradável, e você não saberá os detalhe se contente com o pouco que já lhe disse.

- Você tem noção do quão desumano é privar uma fofoqueira de uma fofoca Delphine? – Não tinha como ter um diálogo com Alisson sem que ele não terminasse em uma risada, ela tinha um humor que conferia perfeitamente com o meu, tinha muita sorte em tê-la como minha secretaria.

As 8:00 a reunião já tinha acabado, e meu dia de trabalho começado, uma pilha de relatórios para serem revisados e outra de contratos para serem assinados estavam sob a minha mesa, eu tinha pouca paciência para lidar com qualquer que seja a burocracia que meu pai tinha instalado na empresa, tudo aquilo poderia ser revisado por um estagiário e os contratos poderiam ser assinados pelo computador com um clique na tela.

As 8:45 Cosima ainda não havia chegado e eu já começava a pensar que havia passado do limite com ela noite passada, apesar de ter sido um deleite ouvi-la me desejar tão intimamente e entregar seu prazer sem amarras eu deveria ser mais cuidadosa com ela, explorar as vantagens que tinha sobre Cosima era um jogo muito sujo, prazeroso, mas sujo.

-Srta. Hendrix pode ligar para a Srta. Niehaus e perguntar por que ela não compareceu a empresa ainda?

-Srta. Cormier a Srta. Niehaus se encontra na sala de reuniões no piso inferior, precisa que eu a chame? -Que? Cosima havia chegado e não se apresentou a mim para começar o dia, essa informação me afetou de uma forma bem especifica, eu não estava com raiva por ela não ter se apresentado e sim por ter perdido 45 minutos do meu precioso tempo sem olha-la nos olhos.

Sai de minha sala adentrando o elevador, estava disposta a ir até a montanha já que ela preferia se esconder de mim, não precisei informar Alisson do que faria, ela tinha plena certeza de que a presença de Cosima me abalava de formar inimagináveis. Cheguei à sala de reunião e a encontrei dormindo sob a mesa gigantesca. Era um cisco sobre aquela imensidão, com a cabeça sobre os braços os dreads espalhados sobre os papeis que estavam em uma perfeita bagunça, eu podia facilmente vislumbra-la analisando aqueles contratos movendo as mãos como se a única forma de dialogar com alguém ou ate com ela mesma fosse simbolizando as palavras.

Sentei-me ao seu lado estampando um sorriso tão incontrolável quanto a vontade de vê-la, tão serena, como se a paz a alcançasse de maneira tão fácil, naquele momento a invejei, queria eu ter plenitude dos meus atos e erros a ponto de descansar a minha cabeça tão tranquilamente no meio do dia. Ela se moveu, precipitando que logo acordaria, eu aguardava por aquele momento com necessidade, queria ver sua reação ao perceber que eu estava ali.

-Sabia que dormir em serviço da justa causa Srta. Niehaus. – Ela levantou a cabeça tão rápido que pensei que fosse cair da cadeira, sua respiração acelerou e suas bochechas se avermelharam ate demais, me deixando alarmada sobre sua reação. – Tudo bem Cosima, não vou demiti-la por isso se acalme. - Então ela o fez, se acalmou tão depressa como quando tinha se estressado. Sorri para ela ainda analisando seu rosto marcado pelo sono, ela era a personificação da musa de Botticelli, seu rosto se assemelhava ao de um anjo.

-Precisa de alguma coisa Srta. Cormier? – Finalmente ouvi sua voz, ainda entorpecida pelo sono, aquela informação enviou cargas elétricas por todo meu corpo me recobrando imagens da noite de passada, quando a tive para mim.

-Preciso saber por que não se apresentou para mim, porque iniciou o dia sem ao menos trocar uma palavra com sua chefe. – A questionei sem medo.

-Krystal disse que não precisava, pensei que não teria problema.

-Não precisa, mas não lhe custava muito, não pensou que eu poderia estar com saudades? – Ela arregalou os olhos e seu rosto voltou a estampa um vermelho que me causava arrepios, adorava vê-la daquela forma, me fazia lembrar das coisas que fazia só para que ela corasse. Ela mordeu os lábios tentando esconder de mim um sorriso que era meu por direito, toquei seus lábios instruindo-a a parar com tal ação. Ela não tirava seus olhos do meu, permanecia fixa a mim.

-Não tem como estar com saudade, estive com você ontem.

-Não sobre minha cama.

-Você não me convidou. – La estava ela, a Cosima que jogava comigo, me desarmava da mesma forma que fazia com ela, me colocava na parede e me pressionava a dançar conforme sua música, aquela Cosima tirava tudo de mim, conseguia me modificar, explorar, impor, manipular minhas ações e conquistar todo espaço que era dela por direito.

-Precisa que eu faça um Srta. Niehaus, acho que conhece minha casa.

-Preciso que volte ao trabalho e me deixe trabalhar Srta. Cormier.

-Você não estava trabalhando mocinha, estava dormindo.

-A culpa é sua, não me deixou dormir a noite passada.

-Eu? – Ela simplesmente acenou que sim com a cabeça afirmando minha culpa. – Pois eu dormi muito bem Srta. Niehaus, sinto muito pelo empecilho, vou fazer o possível para não se repetir.

-Bom saber que dormiu melhor depois de ter... é.... ligado para mim.

-Não é segredo para ninguém que sua presença melhora meu sono.

-Sua terapeuta tem um explicação para isso?

-Não, mas eu tenho. – Ela me olhou aguardando a resposta, apoiou seu braço sobre a mesa e sua cabeça sobre o braço. – Você é luz Cosima, acalma a escuridão que vive em mim, tudo que vem de você é belo demais, não tem treva que não se afete com isso.

-Delphine...

-Tudo que vivi depois que foi embora foi dor Cosima, nada em mim vive sem você, eu...

-Srta. Cormier, desculpa interromper, mas precisam de você lá embaixo. – Um dos estagiários do setor de marketing invadiu a sala de reuniões, no exato momento que iria entregar tudo, dizer a ela o que houve e implorar para que voltasse para mim, não era o tempo, eu não deveria me precipitar daquela forma. Cosima tinha lagrimas em seus olhos prontas para serem liberadas, elas se espelhavam nos meus olhos, eu queria pôr um fim naquela dor, naquela distância que a situação nos obrigava a ter, mas deveria confiar em Felix, seja lá o que ele tinha planejado para nós.

-Eu não posso agora, será que não...

-Ela vai, já está indo. – Olhei para Cosima sem entender o que ela pretendia com aquilo, o garoto saiu nos deixando sozinhas novamente. – É melhor que vá, precisa salvar o mundo.

-Está me dando ordens Srta. Niehaus?

-Estou, sabe que sou melhor nisso do que você. – Seu sorriso era a coisa mais linda que o mundo já havia criado, isso se ele merecia ela. Levantei-me ainda olhando em seus olhos e sai da sala a deixando sozinha. Brechas era tudo que eu tinha, brechas que ela abria para mim, talvez as abrissem sem nem mesmo querer ou se dar conta, mas aquelas brechas eram a minha passagem para dentro dela, e eu com certeza iria me aproveitar de todas elas..