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História You Found Me - Dor


Escrita por: ktaecori

Notas do Autor


Acho que a fanfic vai ter uns 30 capítulos, meio grandinha, então quero aproveitar esse mês de férias para escrever o máximo possível e adiantar as postagens, porque não sei quando terei tempo novamente. Mas vou tentar me manter nos capítulos curtos, que é a proposta inicial da história e espero que assim eu consiga me sair melhor com os prazos rsrs.

Boa leitura!

Capítulo 10 - Dor


Uma semana morando em uma cidade estranha, com pessoas estranhas e coisas estranhas. Sakura achava que merecia os parabéns por não ter, no mínimo, surtado. Seria uma reação muito justa considerando que menos de um mês antes sua vida era totalmente diferente. Ainda sentia falta de Naruto, Kushina e todos os outros, mas, na maior parte do tempo, estava tão distraída descobrindo e aprendendo coisas novas que não sobrava muito espaço em sua mente para pensar no que deixara para trás. Havia feito aquela escolha, então só lhe restava garantir que não se arrependeria depois. E Sakura estava se esforçando, ninguém poderia negar.

Algumas coisas ainda lhe davam a sensação de estar presa em um sonho maluco, mas outras já haviam sido processadas e aceitas em seu cérebro. Por exemplo, não se sentia mais tão ridícula dando tapinhas na mesa e falando em voz alta o que desejava comer naquele dia, e não negaria que era simplesmente maravilhoso o benefício de que sua única limitação culinária ser a própria cabeça. Em apenas sete dias naquela rotina já tinha engordado pelo menos dois quilos e provavelmente não mais apenas porque automóveis no circo eram raríssimos, então todos os dias Sakura caminhava bastante.

Normalmente seus planos diários eram bem simples, sair com Ino, Hinata e às vezes Deidara, para andar por vários locais diferentes, ver pessoas fazendo demonstrações de poderes inacreditáveis, ser apresentada a alguns estranhos e receber uma enxurrada de informações que pareciam saídas de um livro de fantasia. Quando acordara naquela manhã, deduzira que faria exatamente aquelas mesmas coisas mais uma vez, porém Kakashi enviou-lhe um recado através de Ino para que fosse até o escritório dele depois do café da manhã. Sakura não conseguiu comer muito, porque estava ansiosa, então desejou que o prato fosse recolhido e decidiu que poderia ir logo, já que não lhe fora indicado um horário específico. Quando deixou o salão, ele ainda estava cheio, como sempre, e, no meio da multidão, ninguém percebeu sua escapulida.

No escritório, além de Kakashi, uma moça com cabelos pretos assanhados e um homem com um cigarro apagado pendurado na boca, esperavam-na, aumentando sua tensão. Eles pararam o que conversavam quando ela bateu à porta e, mesmo após entrar, permaneceram em silêncio. Sentiu como se estivesse atrapalhando e precisou se segurar para não sair dali correndo, mas a mulher acenou em sua direção com um sorriso leve, que diminuiu um pouco seu desconforto.

— Sakura — Kakashi cumprimentou rapidamente. — Esses são Kurenai e Asuma. Ela é nossa instrutora de magia, e ele é nosso instrutor de armas. Te chamei aqui para apresentá-los, suas aulas começam amanhã.

Aquilo parecia uma afirmação.

— Aulas? — Sakura estava perdida.

— Considerando que tenha aceitado nossa proposta de se juntar ao circo, você precisa passar pelo teste e treinar habilidades. A menos que ache que consegue passar sem ser instruída antes, suas aulas começam amanhã.

— Eu não tenho magia.

— Sua magia está fraca e escondida, precisa treinar para fortalecê-la. A magia de Tsunade que entrou em seu corpo pode ser cultivada, como uma semente, só precisa de esforço e paciência.

— Não é como se eu estivesse ocupada — respondeu com um suspiro. — É só isso?

— Sim. Aproveite seu último dia de folga.

 

(...)

 

Sakura não aproveitou seu dia. Muito provavelmente porque estava ocupada sentindo uma das piores dores de sua vida.

Começou durante o dia, algumas horas após deixar o escritório de Kakashi, com a mente em um turbilhão de nervosismo e ansiedade. Até pensou que o leve incômodo que sentia nos músculos e os esparsos calafrios que tomavam seu corpo eram efeito de seu estado de perturbação mental, mas, a medida que o dia foi passando, a dor aumentou em proporções que a forçaram a ir ao próprio quarto e ficar deitada, olhando para o teto e agonizando. Devia ter passado na enfermaria ou procurado Tsunade em busca de um analgésico, mas, quando estava caminhando pela cidade, a única coisa em que pensava era que precisava descansar antes que desabasse no meio da rua.

Sakura se concentrou em esquecer a dor, e, depois de uma longa hora de esforço, conseguiu adormecer, esperando que acordaria melhor no dia seguinte, para iniciar as tais aulas que Kakashi mencionara. Mas tinha sido otimista demais.

Acordou de madrugada, sem ideia alguma de quanto tempo havia decorrido desde que se deitara, mas seu corpo parecia em chamas. Seus músculos ardiam com uma intensidade que a fizera imaginar se havia sido queimada vida e sua garganta não estava em melhores condições. Sabia que logo perderia a voz, mas a dor era tamanha que era impossível segurar os gritos estridentes. Percebeu, com desespero, que aquele seria seu destino. Morrer ali, agonizando, para seu cadáver ser encontrado no dia seguinte, já frio e sem pulso. Era uma morte ridícula, afinal, nem sabia a origem de sua dor. Se soubesse, teria escolhido ser esmagada pela viga, pelo menos seria rápido.

Ofegando e rosnando, Sakura esticou o braço direito lentamente através da cama, porque tentar mover o corpo fazia com que pontadas de dor ainda mais fortes atravessassem sua coluna, mas não tinha escolha. As paredes daquele lugar eram muito grossas, os quartos grandes o suficiente para que, mesmo gritando até sentir o sangue em sua garganta, ninguém conseguisse ouvi-la. Precisava chamar alguém e rápido, antes que perdesse a consciência. No pouco tempo que passara ali, tinha decorado apenas o número de telefone do quarto de Hinata, e apenas podia rezar para que a garota tivesse sono leve e atendesse logo.

Seu corpo caiu no chão quando rolou para alcançar a mesinha onde estava o telefone em estilo antigo, mas tentou ignorar isso e fazer o que precisava. Quando terminou de discar o número, sua visão turva demais para ter certeza de que havia discado certo, Sakura ouviu o acalentador barulho da chamada. Tinha funcionado, agora apenas precisava esperar…

Sentiu sua boca salivar e os braços e pernas terem espasmos. Não conseguia mais abrir os olhos e a mão que segurava o fone perto do rosto escorregou. Sua voz tinha acabado e os gritos foram substituídos por um silêncio ainda mais assustador. Simples assim, tudo havia terminado, suas forças tinham esgotado e o máximo que podia fazer era gritar histérica na própria mente, impotente diante sua morte.

— Quem é? — ouviu uma voz abafada. Uma voz que saía do telefone caído ao seu lado, mas não conseguia mover um dedo sequer para pegar o aparelho.

Sakura reuniu toda a energia que lhe restava, mas sabia que não fora suficiente. Seus lábios mal se moveram e o sussurro que soprou entre eles foi tão baixo que nem ela mesma ouviu.

— Socorro.

 

(...)

 

Sakura abriu os olhos, impulsionando o corpo para frente, virou o rosto e vomitou no chão impecável ao seu lado. Aparentemente, não estava morta ainda.

Engasgando, sem ar, regurgitou tudo o que tinha no estômago e, só após alguns momentos, conseguiu se acalmar o suficiente para abrir os olhos fechados e levantar a cabeça. Ainda estava em seu quarto, o céu lá fora continuava escuro, mas duas coisas haviam mudado. Não estava mais no chão e sim deitada em sua confortável cama de hotel, e as roupas que usava durante o dia não estava mais em seu corpo. Em sua defesa, não tivera forças para vestir o pijama quando chegara no quarto quase infartando de dor, mas ficar apenas de roupas íntimas era muito pior do que qualquer um dos seus pijamas de ursinho.

Principalmente, considerando que não estava sozinha. Encarou as pernas ao redor das suas sentindo o pânico crescer em seu estômago. Até aquele momento não lhe passara pela cabeça uma vez sequer que o circo pudesse não ser seguro ou que alguém ali pudesse realmente lhe fazer algum mal diretamente, mas era óbvio que não deveria ter baixado a guarda. Existiam pessoas ruins e mal intencionadas em todos os lugares, é claro, mas alguém com má índole que possuísse poderes era um milhão de vezes pior.

Tremendo, tentou se arrastar para fora da cama o mais rápido que seu corpo debilitado lhe permitia, mas mãos seguraram seus ombros, mantendo-a no lugar.

— Não se mexa. — A voz era masculina, o que confirmava seu palpite sobre as pernas. — A menos que queira que a dor volte, é claro. — O hálito do estranho bateu em sua nuca molhada de suor e Sakura percebeu que seu corpo todo estava molhado. Tinha suado pelo menos metade de seus líquidos e com certeza estava desidratada.

Sakura sentiu seus músculos tensos relaxarem quando uma sensação confortável e refrescante dominou seu corpo da cabeça aos pés. Fechou os olhos e se permitiu apreciar um pouco daquilo antes de lembrar que ainda tinha um estranho sentado na cama atrás de si, com as mãos encostadas em seus ombros e as pernas cercando-a em um casulo. Virou o rosto para o lado, criando coragem para enfrentá-lo, mas se deparou com olhos pretos e um rosto familiar.

— Você — murmurou, embasbacada, porque era a última pessoa que esperava ver ali. Pelo menos depois do último encontro que tiveram. — O que está fazendo aqui? — perguntou, antes que se acorvadasse.

— Estou salvando sua vida, como deve ter percebido — retrucou, encarando-a com o maxilar cerrado.

— Por quê? Se me odeia era só ter me deixado morrer, não? — rebateu, sem se permitir pensar que estava de roupas íntimas, toda suada e com vômito logo ao lado no chão. Sua dignidade já estava em frangalhos mesmo.

— Você me ligou, pediu ajuda, eu vim. Agora me deixa terminar.

Então não tinha conseguido discar o número de Hinata. Era realmente um azar que tivesse caído justo na linha daquela pessoa desagradável, mas deixaria para praguejar quando estivesse sozinha. No momento, tinha coisas mais urgentes em que pensar.

— O que está fazendo? — perguntou, tomada pela curiosidade. As mãos dele percorreram suas costas, enviando ondas do que parecia um relaxante muscular extremamente eficaz. Era uma situação constrangedora, pela posição em que estavam e o fato de que não havia roupas impedindo o contato direto, mas não estava mais sentindo dor e tinha a impressão de que devia isso àquele garoto.

— Você entrou em colapso. Seu corpo está acumulando magia e você não está gastando, então ficou sobrecarregada. Estou tirando o excesso — respondeu, resignado.

— Não passei pela iniciação, eu não tenho magia — falou, assustada com a gravidade no tom de voz dele.

— Aparentemente, muito mais magia do que puderam supor se infiltrou no seu corpo, agora você mesma está começando a produzir e aumentar essa quantidade inicial. — Ele encarou seus olhos, sério. — É um ponto em que não dá para voltar atrás, ou você passa pelo ritual de iniciação ou seu corpo não vai durar muito tempo.

Sakura respirou fundo e se desvencilhou das mãos dele, ficando de joelhos à sua frente para encará-lo melhor. Já tinha decidido que ficaria ali, treinaria e passaria pela tal iniciação, junto com um bando de crianças com menos da metade de sua idade, mas achava que teria tempo para se adaptar até lá.

— Vou morrer? — perguntou sem rodeios, tão séria quanto ele.

— Não sou médico como a Tsunade, na verdade nem deveria ter sido eu a cuidar de você, mas achei que não teria tempo de chamar alguém melhor aqui. Não sei quanto tempo te resta, mas dá para ver que não é muito. — Ele suspirou, passando o braço pela testa, e Sakura percebeu que ele também estava suado, como se ajudá-la tivesse lhe exigido algum esforço. — Suas chances de irem embora acabaram, agora você não tem mais escolha.

— Por que queria tanto que eu fosse embora?

Ele piscou, surpreso pela pergunta, mas logo se recompôs e assumiu a expressão ilegível que Sakura já estava se acostumando a observar.

— Porque é o que eu faria, se pudesse.

O garoto se ergueu da cama, contornando o vômito com cuidado e caminhando em direção à porta, que Sakura percebeu pela primeira vez que estava entreaberta, como se ele tivesse entrado às pressas e não tivesse conseguido fechar. Ele estava indo embora, depois de salvá-la e dizer aquelas coisas estranhas, estava indo embora como se nada tivesse acontecido.

— Espera! — Sakura chamou, erguendo a voz e sentindo sua garganta protestar. — Qual o seu nome?

Ele olhou para trás, em sua direção, com um sorriso sarcástico nos lábios, que a fez sentir vontade de xingá-lo.

— Sasuke Uchiha. — A voz dele estava suave, sem toda a tensão e seriedade de poucos momentos antes. — Acho que agora não existem mais opções, preciso te dar as boas-vindas ao inferno, Sakura.

E então ele saiu, fechando a porta com tanta leveza que mal parecia tocá-la.

 

(...)

 

Segundo Tsunade, Sakura tinha no máximo um mês até que sua situação fosse totalmente irreversível. Mesmo assim, se quisesse adiar o ritual até o prazo máximo, precisaria ser medicada diariamente e isso significava passar por uma sessão daquele mesmo processo que Sasuke fizera com seu corpo quase moribundo. Não era uma opção exatamente agradável, mas pelo menos teria algumas semanas para se preparar. Quando perguntara a Ino o que era a iniciação e o que precisaria fazer, a garota desviara o assunto, falando que não eram informações as quais podia lhe contar. Que ótimo, precisava se preparar para algo que não sabia o que era.

Tentando poupar-se de mais dores de cabeça, Sakura preferiu não tentar descobrir porque sua roupa fora retirada por Sasuke, mas todas as sessões seguintes, com Ino, foram da mesma forma, então ficara um pouco mais confiante de que ele não havia tentado se aproveitar da situação e de sua fragilidade momentânea. O que não mudava o fato constrangedor de que ele a vira quase pelada, mas ajudava a consolá-la de que fora algo extremamente necessário e que aquilo lhe salvara a vida. Nunca imaginara que justo ele poderia livrá-la da morte certa, quando até o momento havia agido como se Sakura fosse o ser mais insuportável do mundo e desejasse profundamente que ela sumisse, porém aquela era a dura realidade. Devia sua vida a alguém intragável.

E para piorar o que já parecia horrível o bastante, Sakura descobriu que viajariam para uma nova cidade no dia seguinte e que, quando retomassem as apresentações, precisaria trabalhar e contribuir com o circo, assim como todo mundo. Não que odiasse trabalhar e quisesse fazer corpo mole, mas passava o dia inteiro com Kurenai e Asuma treinando habilidades que não tinha, enquanto no pouco tempo livre era instruída por um homem estranho chamado Orochimaru, que mais parecia um professor de história e tentava lhe explicar tudo o possível sobre a magia e o circo.

Fora uma das semanas mais exaustivas de sua vida e, ao chegar o dia da viagem, Sakura sentia que não evoluíra em nada, mesmo com seu corpo dolorido acusando todo o esforço que empregara em cada uma das atividades. Um mês era um tempo muito ínfimo para compensar o que deveriam ter sido anos de treino e prática. Tinha certeza de que, o que quer que fosse o tal ritual, iria falhar miseravelmente. Até lá, o máximo que podia fazer, era esperar que mais um milagre acontecesse em sua vida e de alguma forma conseguisse superar tudo aquilo.

— Sakura! — Deidara bateu na porta de seu quarto e girou a maçaneta sem esperar permissão, o que a fez dirigir uma carranca brava para ele. Já haviam conversado sobre aquilo, porque não era a primeira vez que o primo inconveniente de Ino invadia seu quarto, mas aparentemente ele não conhecia ou ignorava o conceito de privacidade e educação. — Vamos, estão todos prontos para a viagem.

Sakura não fazia ideia do que significava aquilo, mas decidiu não perguntar, porque não entenderia a explicação mesmo. Era mais fácil apenas segui-lo e descobrir logo como seria a tal viagem. Se pudesse apostar, descartaria todos os meios convencionais de locomoção, nada de carros, ônibus, caminhões ou até mesmo aviões. Com certeza eles usariam algo como milhares de vassouras, um portal mágico ou até mesmo teleporte, quem sabe. Se perguntou se isso significava que estava começando a se adaptar, mas na verdade tudo aquilo ainda era estranho, apenas tinha se conformado de que o estranho acontecia quase sempre ali.

O sol já tinha se posto completamente quando ela e Deidara chegaram ao centro da praça principal, onde cerca de cinquenta pessoas estavam reunidas. Aquilo não chegava nem perto da quantidade real de moradores do circo, mas Deidara cochichou em seu ouvido que eles solicitavam apenas a presença dos magos mais poderosos ali, porque a energia deles já era suficiente para fazer as viagens. Também percebeu que nenhum adulto, como Tsunade, Kakashi ou seus novos professores estavam ali, o que Deidara explicou com algo sobre eles serem poderosos demais para tarefas tão simples, que podiam ficar à cargo dos mais novos.

Sakura não achava que mover um circo, que se transformava em uma cidade, com centenas de pessoas, talvez milhares, através de quilômetros até outra cidade, era uma coisa que poderia ser chamada de simples, mas decidiu que era inútil discutir isso. Estava ali para observar, porque segundo Kurenai, demonstrações de magia mais palpáveis poderiam ser úteis para seu aprendizado, então era isso que faria. Observaria e ficaria quieta em seu canto, invisível. Ou pelo menos esse era o plano original que tinha em mente, mas Ino e Hinata a arrastaram para perto logo que a distinguiram acompanhada de um Deidara que não parava de falar, como sempre.

— Que bom que chegaram — Ino exclamou, animada. — Já podemos começar agora.

Em seguida, ela puxou Sakura para frente, sendo seguida pelos outros dois. Quando percebeu, Sakura estava de mãos dadas com Ino e Hinata, assim como todos as outras pessoas no local, que formavam um círculo perfeitos e agarravam as mãos umas das outras. Todos estavam em silêncio, então não ousou falar nada e apenas olhou ao redor enquanto todos eles entoavam algumas frases baixinho. Eram palavras que Sakura não conseguia entender, mas pareciam se repetir quase como uma canção em suas vozes, e que cessaram abruptamente no momento em que todos fecharam os olhos. Ino apertou sua mão, como se dissesse para que fizesse o mesmo, e Sakura decidiu que era melhor obedecer.

Por um momento nada aconteceu, via apenas a escuridão por trás de suas pálpebras fechadas, enquanto sentia a mão das amigas ainda apertadas nas suas, mas, pouco depois, um vento frio atingiu seu rosto, como se um ventilador tivesse sido colocado à sua frente. Sakura se sentiu tentada a abrir os olhos e espiar o que acontecia, mas mudou de ideia quando um clarão iluminou seus olhos fechados, fazendo-a apertá-los em reflexo. Pela intensidade da luz, talvez tivesse ficado cega se estivesse com os olhos abertos, então agradeceu internamente por ter controlado seu instinto de rebeldia e decidiu ficar exatamente como estava até que dissessem que era seguro sair dali.

Antes que pudesse desejar que não demorasse muito, Ino e Hinata soltaram suas mãos simultaneamente e sacudiram seu ombro, dizendo que já podia olhar. Sakura assentiu relutantemente e olhou ao redor. Pareciam estar no mesmo lugar, porque a escuridão da noite não lhe permitia ver muito além das cercas que definiam o perímetro do circo, mas Sakura percebeu pelo frio que arrepiou seus braços que realmente não estavam mais na cidadezinha onde nascera e crescera. Estavam longe, muito longe.

Correndo os olhos ao redor percebeu que Sasuke estava alguns metros à sua frente, conversando com outro garoto de olhos e cabelos negros. Ainda não havia lhe agradecido por tê-la salvo uma semana antes, mas, quando pensou se seria uma boa ideia fazê-lo naquele momento, ele pareceu sentir que ela o encarava e olhou em sua direção. Sem demonstrar reação alguma, ele virou-lhe as costas e saiu caminhando na direção contrária, sem muito interesse de ao menos respirar o mesmo ar que ela, pelo visto.

Sakura conteve um suspiro de irritação e considerou profundamente a ideia de ignorar a existência dele para todo o sempre e deixar o agradecimento de lado, afinal, tinha certeza de que ele não estava se importando nem um pouco se tinha sua gratidão ou não. Decidiu que não iria se preocupar com aquilo naquele momento. Estava cansada depois de um dia puxado de treinamento e estudos, e tinha coisas demais ocupando sua mente para que um garoto estranho e mal educado fosse uma delas. Se despediu de Ino, Hinata e Neji, que havia se aproximado enquanto Sakura estava distraída, e se retirou afirmando que estava exausta e queria descansar. O que não era mentira, mas que com certeza podia ter sido ampliado após a forma clara como era repetidamente dispensada por aquele maldito garoto irritante.

Às vezes Sakura pensava se sentiria melhor caso fizesse algo para demonstrar que o desprezo era mútuo, mas chegara a conclusão de que isso não seria maduro e não mudaria em nada sua frustração. E o que mais a afetava não era a rejeição dele em si, até porque conhecera várias pessoas que com quem também antipatizava ao longo da vida, mas sim o motivo por trás disso. Nunca ninguém tentara afastá-la de forma tão empenhada, mandando-a ir embora, como se não pudessem conviver na mesma cidade. Aquilo ainda a perturbava apesar de, desde sua quase morte, ele não ter voltado a repetir aquelas coisas estranhas.

Apesar de decidir que não tinha tempo a perder com essa besteira, ainda assim Sakura foi dormir pensando nisso naquela noite, esquecendo-se até de perguntar aos outros em que cidade tinham ido parar.

 


Notas Finais


Esse capítulo é um divisor de águas, porque a trama principal da história vai começar a andar a partir daqui e o Sasuke vai se tornar um personagem mais constante também. Gostei bastante de escrever ele e tô empolgada pelos próximos. Adoro um Sasuke mais misterioso e inalcançável, acho que torna as coisas mais interessantes de serem trabalhadas.

É isto. Até o próximo!


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