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História You know I do - Avatrice - Capítulo 6 - Gênesis 27:3


Escrita por: kcatwarrior

Notas do Autor


Sejam bem vindos a mais um capítulo!
Como sempre, fiquem atentos as notas finais para mais detalhes da história.
Boa leitura e aproveitem!

Capítulo 7 - Capítulo 6 - Gênesis 27:3


6

 

AVA

 

Por mais incrível que pareça, ela não tinha se atrasado para o treino com Mary. De fato, tinha chego até mesmo mais cedo no pátio posterior. Suspeitava que ainda estava muito agitada pelos eventos anteriores, afinal, ela quase tinha feito uma besteira. Uma grande e, possivelmente, satisfatória besteira. O martírio pesava em sua cabeça. Sabia que tinha ido longe demais, mas seu corpo agia como nunca antes. Era um tipo diferente de vontade.

As freiras que ficavam de vigia nos portões dos fundos já deviam estar taxando-a de louca por dar inúmeras voltas em torno da mesa lotadas de armas, algumas que ela nunca tinha visto na vida, nem mesmo em shows de televisão. Suas botas pararam sobre o cascalho e ela passou a mão por cima das pistolas. Não fazia ideia o nome da que tinha em mãos, mas apertou o cabo, sentindo o seu peso.

Apontou para um dos alvos, mudando a cabeça de posição e tentando achar uma mira girando o punho.

- Você não é nenhum gangster, por favor, segure a arma direito.

Ela saltou em susto, quase pressionando o gatilho. – Mary! – abaixou a pistola. – Eu quase que atiro. Porra.

- Você não ia atirar nem se quisesse – a negra arqueou a sobrancelha direita, colocando as mãos nos quadris. – A trava de segurança está ativada.

- Oh, ok – preferiu colocar a arma de volta na mesa. – Que bom que você chegou, eu estava mesmo querendo conversar com você – Ava se aproximou nervosa.

- Wow, calma – seus ombros foram segurados por Mary. – Você matou alguém e precisa de ajuda para esconder o corpo?

A cabeça dela balançou assustada e confusa. Um suspiro pesado escapou por entre seus lábios e ela piscou rápido, lembrando-se do homem que tinha matado do Vaticano. Os olhos surpresos e amedrontados apareceram em seus pensamentos e ela abaixou a cabeça envergonhada, preocupando a mulher a sua frente.

- O que você fez?

- Não era sobre isso que eu queria falar, mas eu só estava me protegendo, ok? Ele veio para cima de mim e eu não soube o que fazer. Quando eu percebi, eu... eu...

- Ava, respire – Mary continuava a segurar seus ombros.

Ela puxou uma grande quantidade de ar. – Eu o matei, mas eu não queria que tivesse sido daquela forma.

- Escute, naquele dia todas nós chegamos ao nosso limite. Algo como aquilo nunca tinha acontecido e não estávamos preparadas para lidar com tudo. Pelo amor de Deus, Beatrice morreu e você a trouxe de volta. Tenho certeza que isso não estava nos seus planos, hum? – Ava negou com a cabeça. – Todas nós fizemos coisas horríveis naquele dia, coisas que não nos orgulhamos. Adriel vai vir com tudo da próxima vez e eu espero que estejamos preparadas, mas no momento você só deve saber que nada disso é culpa sua, tudo bem?

- Eu só não consigo esquecer a os olhos dele. Depois que o espectro saiu ele me olhou tão assustado... – soou chorosa.

- Isso é normal, é algo com que aprendemos a viver – Mary não sorriu, mas Ava sabia que ela estava tentando ajuda-la de alguma forma. – O que acha de se distrair um pouco com esses alvos?

- Eu acho uma ótima ideia – deu risada ao se separar da guerreira.

- Aliás, você não escapou do verdadeiro assunto que queria conversar – disse, preparando uma sequência de armas na mesa. – Falamos sobre no jantar, tudo bem?

Ava apenas assentiu, recebendo um rifle em mãos e quase o deixando cair por não esperar que fosse pesado. Mary apenas suspirou desacreditada diante de seu sorriso travesso.

 

*

 

O clima na mesa estava pesado, ela podia sentir. Estava sentada entre Beatrice e Lilith, porém as duas estavam caladas. Seu corpo estava tão em alerta, que ela viu quando a inglesa apertou os talheres com força; os nós de seus dedos assumindo uma coloração mais clara. Por um lado, ela ficava aliviada por saber que não era a única a sentir a tensão que estava instalada ali.

Não sabia no que estava pensando quando pousou seus antebraços na mesa, tensionando os músculos quando sua pele tocou o tecido da roupa que a freira usava. Suas mãos tremeram quando ela forçou seu mindinho a encostar na lateral da mão alheia, que ainda apertava a prataria, quase entrelaçando seus dedos mínimos. Entretanto, Beatrice soltou imediatamente os talheres na bandeja, afastando-se e disfarçando o momento pegando seu copo e o levando até a boca. Ava abaixou a cabeça, soltando todo o ar que prendia e cerrando os punhos com força.

Escutou passos no refeitório e quase ajoelhou no chão para agradecer a Deus quando viu Mary caminhando até uma das mesas do local, sentando-se mais afastada de um grupo de freiras que conversava. Ava se levantou com rapidez, assustando Beatrice e recebendo um olhar confuso de Lilith. Ela preferiu não explicar o que estava fazendo, apenas apanhou sua bandeja e saiu com presteza de perto das duas.

- Hey, Mary! Tudo bem? – sentou-se ao lado da guerreira.

Ergueu os olhos da mesa somente para encontrar os confrontadores e sinuosos de Beatrice. Droga, por que você tem uma tendência a fugir dos próprios problemas? Ela pensou.

- Está fugindo dela? – ela encolheu os ombros com o sussurro em seu ouvido.

- O que? Claro que não! – ela deu risada, tentando não soar nervosa. – Você que disse que conversaríamos no jantar, lembra?

- E o que você queria conversar? – perguntou antes de levar o garfo cheio até boca.

- Bom... eu queria saber se você amava a Shannon – Mary juntou as sobrancelhas com a forma como Ava tinha conseguido ser direta. – Desculpa por trazer esse assunto, eu sei que ainda é muito recente.

- Sim, eu a amava – respondeu baixo.

A atenção da guerreira voltou ao prato, claramente afetada com o tópico daquela conversa.

- Vocês não eram apenas amigas, não é?

A negra fechou os olhos por um segundo, respirando fundo. – Éramos apenas amigas porque não podíamos ser mais que isso.

- Por quê?

- Eu não fiz votos para a Igreja, Ava, mas Shannon fez – ela apoiou os talhares sobre o prato. – Para ela os votos e a missão como freira guerreira eram mais importantes que todo o resto

- Então, como...?

- Acho que eu só não me importei de amá-la de longe.

A garota tomou a mão de Mary, apertando sua palma. – Sinto muito – disse com pesar. – Ela sabia? – a garota assentiu.

- Tudo vai ficar bem quando Vincent pagar pelo que fez a ela – esboçou um curto sorriso. – Por que quis saber sobre isso?

- Ah, eu... ahm – ela limpou a garganta. – Eu só fiquei curiosa.

- Você não me engana, Ava. O que está acontecendo?

Instintivamente, seus olhos desviaram-se para Beatrice, que já tinha finalizado sua refeição e conversava com Lilith. A inglesa sorria ligeiramente e tinha os cotovelos apoiados na mesa enquanto pousava o queixo nas costas das mãos.

- Ava... – voltou-se para Mary.

Ela preferiu afastar a bandeja para que pudesse apoiar os braços na mesa e esconder o rosto entre eles, do que permanecer sob os olhares acusativos da guerreira.

- O que você fez? – ergue a cabeça rapidamente com uma expressão indignada.

- Por que você assume que eu fiz algo? – a negra arqueou as sobrancelhas. – Eu não fiz nada!

- Então por que você está fugindo dela?

Seus olhos se reviraram. – Ok. Talvez, mas só talvez, eu quase a tenha beijado algumas horas atrás.

Ava estava ao ponto de colapsar em desespero ao ver a expressão chocada de Mary, seu coração estava acelerado em nervosismo e ela com certeza já não respirava com propriedade.

- O que aconteceu depois disso?

- Eu sei da relação dela com os votos, não seria louca de fazer algo que a afastasse disso – explicou. – Mas eu certamente estou à beira da loucura com toda essa situação.

- Escute, você já deve ter percebido que, o que você tem de egoísta, é o que ela tem de altruísta. A conheço há anos e dói em meu coração ver que, por vezes, ela não se importa consigo mesma – levou a mão ao peito. – Beatrice é alguém que precisa ter uma função e ser perfeita nisso, não é à toa que ela é uma de nossas melhores guerreiras.

- Eu sei...

E como sabia. Beatrice tinha incríveis habilidades de luta, falava diversas línguas, tinha uma compaixão enorme pelos outros, mas tinha chorado na sua frente dizendo indiretamente que não se considerava normal somente por amar o diferente.

- Por isso eu quero que tome muito cuidado para não a pressionar quanto a isso, por favor, ou eu quebro seus dentes – seus punhos se cerraram por cima da mesa e Ava não duvidava que ela realmente o faria.

- É impressão minha ou você está me apoiando nessa minha loucura? – perdeu a cabeça em divertimento.

- Isso foi apenas um conselho – seus lábios se esticaram em um sorriso. – Aliás, achei que você fosse hétero, sabe... por conta de tudo com JC?

- Eu fiquei doze anos presa em uma cama e de repente acordei curada e com a porra de superpoderes. Eu vou usar essa segunda chance para aproveitar todos os prazeres da vida.

Mary assentiu, levantando seu copo de suco para que brindassem. – Só se lembre de ter muito cuidado com tudo isso, pelo amor de Deus.

- Eu gosto dos meus dentes, Mary. Mesmo sabendo que eles cresceriam de novo depois de você quebrá-los.

- Agora termine de comer. Essa comida já deve estar gelada – Ava deu risada, puxando a bandeja de volta para si.

 

*

 

Odiava quando Madre Superiora marcava reuniões. Ela se questionava se a mulher tinha algum problema com compromissos marcados na parte da tarde. Por que sempre fazer essas reuniões quando o Sol tinha acabado de nascer? Ava nunca entenderia. Apesar de tudo, ela acordou no horário. Madre tinha chegado a um ponto que tinha decidido ignorar as rebeliões da pagã, então não tinha sentindo atrasar-se de propósito apenas para irritar a mais velha.

A pálpebras dela ainda pesavam quando ela adentrou a sala. Estranhando por encontrar somente Camila, que estava sentada em frente a mesa, abraçando o diário das freiras guerreiras; e Beatrice, que se mantinha de pé, observando a cidade pela janela, mas tendo sua atenção desviada quando Ava chegou ao local.  

- Onde está todo mundo?

- Conversando com Lilith – Camila respondeu, pegando seu tablet de cima da mesa e começando a tocar em um aplicativo de piano.

- Agora que sabemos que Adriel consegue se comunicar de alguma forma com o divinium, Lily achou melhor não participar das reuniões e saber o mínimo possível sobre nossos próximos passos – Beatrice explicou.

- Eu, hum... Posso conversar com você? – ela apontou com a cabeça para a estante de livros para que se afastasse de Camila.

A inglesa assentiu, aproximando-se da pagã. – Aconteceu algo?

- Eu queria me desculpar por ontem – fixou seus olhos nos castanhos a sua frente. – Sinto muito se te deixei desconfortável de alguma forma.

- Está tudo bem, Ava. Eu também queria aquele abraço.

- Estou falando do momento depois disso, quando eu quase... você sabe – Beatrice desviou-se de seus olhos por alguns milésimos de segundo. – Só quero que saiba que eu respeito suas escolhas e sinto muito caso eu tenha ido contra elas.

A garota a sua frente estava paralisada e completamente em palavras. Ava estava entrando em desespero, achando que tinha quebrado Beatrice de algum modo. A guerreira pareceu despertar somente quando a porta da sala foi aberta e Mary e Madre Superiora entraram. A negra cerrou os olhos em sua direção ao vê-la próxima de Beatrice, mas logo ignorou quando a mulher mais velha tomou a frente.

- Tenho algumas notícias – ela se encostou na mesa para que pudesse se livrar do apoio na bengala. – O Papa Duretti pode ser um sério problemas para nossos planos.

- Achei que isso já era uma certeza – contrapôs. – Mas qual é o plano exatamente?

- Não temos a mínima ideia de como derrotar Adriel, então pensamos em descobrir suas origens – disse Camila ao se levantar. – Você nos disse que o Halo na verdade foi roubado por ele e que foi perseguido por isso. Precisamos descobrir quem estava o perseguindo e tentar achar alguma fraqueza de Adriel.

- Basicamente um pacto com o Diabo – ela se intrometeu.

- O Halo é um objeto sagrado, Ava – Beatrice retrucou.

- Certo – Mary tomou a dianteira. – Camila vai pesquisar tudo que temos sobre Lúcifer.

- Lúcifer? – Ava perguntou surpresa.

- A história de Adriel é uma mentira, o que deixa Lúcifer como o único anjo caído da história, ou seja, o único ter uma auréola no inferno. Talvez Ava tenha razão e nós realmente vamos ter que conversar com o Diabo – a negra pontuou. – Nós também vamos precisar da Dra. Salvius.

- Para o que exatamente? – Ava perguntou.

- Acreditamos que ela possa nós levar até o dono do Halo... pela Arca – disse Beatrice.

- Mas não sabemos para onde o portal leva – ela já estava começando a ficar perdida.

- Não é uma ideia que me agrada, acredite. Porém, a única vez que a Arca funcionou foi sob os poderes do Halo, abrindo um portal que Adriel queria usar para fugir, mas nós queremos seguir o caminho contrário. Chegar no local de onde ele fugia – a inglesa continuou a explicar. – Só tem uma coisa que é contrária ao Halo e é a mesma coisa que pode ferir sua portadora: divinium. Jillian já conseguiu abrir pequenas brechas com ele.

- Odeio admitir que isso faz sentido – resmungou.

- Todo o problema está em “pequenas brechas”. Não temos divinium o suficiente para abrir uma brecha maior, e ainda mantê-la aberta durante todo o tempo que ficarmos do outro lado – Mary soltou um longo suspiro.

- Espera... – ela levantou as mãos. – Eu finalmente acabo de entender a parte perigosa desse plano. Nós vamos ter que procurar divinium, não é?

- Na verdade é só uma das partes mais perigosas – disse Beatrice.

– E agora nós sabemos exatamente como conseguir – disse Camila; abraçando o diário das freiras guerreiras.

Madre Superiora se colocou de pé. – Vocês vão ter que caçar Terasks.


Notas Finais


Olá, halo bearers!
Primeiramente, eu gostaria de agradecer por não terem desistido de mim ainda e por continuarem lendo a fanfic. Obrigada a todos que estão votando e comentando, ou apenas dando uma simples visualização (inclusive, chegamos a 500!!!).
O que acharam desse capítulo? As teorias começaram a ser colocadas e as missões desse time maravilhoso estão chegando! Avatrice já está se desenvolvendo aos poucos e até mesmo eu surto a cada cena.
Como de costume, aqui está o nome do próximo capítulo: Jó 39:18. Façam suas teorias!
Nesta vida ou na próxima,
Maluh x.


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