História You Left Me - Markhyuck - Capítulo 9

 Com o passar do período anterior e o início  de um novo, as coisas entre eu e Mark ficaram do mesmo jeito. Agíamos como namorados, mas não éramos namorados oficiais.

 Eu já sentia que o amava a algum tempo, mas nunca deixei as três palavrinhas escaparem para ele pelo simples fato de me sentir extremamente inseguro. Mark até aquele momento ainda não tinha nem admitido que gostava de mim, como eu simplesmente ia chegar para ele e soltar que minha paixão tinha se tornado amor? Eu simplesmente não conseguia, mesmo com o nosso acordo de sempre sermos totalmente sinceros um com o outro.

 Apesar disso eu não tinha do que reclamar, ele sempre tinha me tratado como um verdadeiro príncipe, e nunca demonstrou que eu era apenas um parceiro de foda para ele. Ele me fazia sentir como se eu fosse a pessoa mais especial em seu mundo, e isso só fazia  eu amá-lo ainda mais.  

 Tínhamos encontros, eu praticamente morava na casa dele, tínhamos conversas extremamente intensas e profundas, e momentos que eu só podereia classificar como mágicos.

 Em resumo, éramos dois boiolas.

 Com o final daquele período chegando (o qual seria o meu penúltimo e o último do canadense) a data em que completaria três anos que estávamos ficando estava também cada vez mais próxima. – eu realmente tinha me adaptado àquele pseudo-relacionamento.

 Mesmo que não tivéssemos nada oficial ainda comemorávamos esse tipo de data. Tínhamos feito isso nos dois últimos anos, e tudo tinha me levado a acreditar que também iria acontecer naquele.

 Resolvemos sempre fazer algo no final do período, durante as pequenas férias, para não nos atrapalhar com os estudos. Como já estávamos na reta final de nossos cursos todo tempo mínimo era precioso, principalmente para o canadense que estava finalizando a sua graduação. 

 À algumas semanas do último dia de aula eu comecei a sentir que tinha algo de estranho com o Mark. Apesar de estar tudo aparentemente normal eu já convivia com ele a tempo de mais para saber quando tinha algo o incomodando, mas não cheguei a pressioná-lo. Eu achava que assim que ele se sentisse à vontade iria vir compartilhar comigo o que estava o angustiando.

Talvez um dos meus erros tenha sido não tê-lo confrontado mais vezes enquanto estávamos juntos.

 Eu tinha esperanças que seu comportamento fora do comum fosse indício de um pedido de namoro próximo. Não eram sinais muito grandes, mas coisas do tipo: eu o pegava me encarando por mais tempo que o normal, ou às vezes era acordado por ele fazendo carinho em meus fios enquanto me observava dormir.

 Parecia que ele estava aproveitando bem mais os momentos em que estávamos juntos. 

 Um dos sinais foi uma conversa que, na época, eu tinha achado no mínimo estranha, mas repensando nela hoje é até possível que eu consiga encontrar o mínimo sentido:

 "Estávamos deitados na cama do mais velho. Era um domingo e, como o nosso habitual, eu iria dormir na casa dele para que pudéssemos ir juntos à faculdade na segunda.

 O Lee fazia um carinho gostoso em meus fios enquanto eu estava com a cabeça deitada em seu peito. Na televisão passava um filme qualquer que eu tentava prestar atenção. Estávamos apenas curtindo a companhia um do outro quando ele, de uma hora para outra, me pediu uma coisa um tanto quanto fora do comum.

 — Haechan – fiz um leve som com a boca para indicar que estava ouvindo. Eu estava levemente sonolento com o cafuné que recebia naquele momento. – Promete pra mim que, aconteça o que acontecer, você nunca vai me odiar? 

 Tinha achado a pergunta um pouco estranha, então virei minha cabeça em sua direção apoiando meu queixo em seu peitoral para poder olhar em seus olhos.

 — Como assim Mork? Porque eu te odiaria? – Eu te amo tanto que acho impossível chegar a te odiar um dia. Pensei, mas mantive a frase somente em meus pensamentos. – Por que isso agora?

 — Não é nada de mais – o mais velho rebateu, parecendo tentar transmitir calma em sua voz. – Por favor, só me promete. – me apertou um pouco mais forte em seus braços, enquanto depositava um beijo singelo em minha cabeça.

 Olhei bem em seus olhos tentando entender o que estava acontecendo. Aquilo de uma hora para outra não fazia sentido, mas não me custava nada dizer aquelas simples palavras. Até porque, de toda forma, elas não seriam apenas da boca para fora. 

 Era o que eu sentia no fundo do meu coração.

 Eu pensei que poderia ser apenas uma insegurança dele, e, como sempre quando eu me sentia inseguro ele fazia de tudo para tirar aquele sentimento ruim de dentro de mim, agora era minha vez de fazer aquilo por ele.

 — Eu, Lee Donghyuck, o seu Haechan. – disse, logo depositando um selinho em seus lábios – Nunca, jamais e em hipótese alguma… – a cada palavra um novo selinho era depositado em sua boca. – Vou odiar você Mark Lee – finalizei com um último selo mais demorado que os outros. 

 — Eu não mereço você.

 Eu iria retrucá-lo para tentar entender o que estava acontecendo, mas Mark foi ágil em me puxar para um beijo agitado e totalmente quente. Ele me prendia a si como se tivesse com medo de que eu fosse simplesmente sumir do meio de seus braços.

 Só posso dizer que a noite terminou de uma maneira totalmente agitada, e acabamos quase perdemos o horário da faculdade no dia seguinte."

[...]

 A penúltima semana de aula foi essencial para eu começar a tomar algumas decisões. Mesmo com a correria de provas finais cheguei a conclusão de que quando fôssemos comemorar nossos três anos juntos – o que provavelmente aconteceria no primeiro ou segundo dia de férias – eu iria declarar tudo que estava sentindo ao Lee e o pediria ele em namoro caso ele não fizesse.

 Acho que o que mais pesou para que eu tomasse essa decisão foi o fato de ser o último período do Mark na faculdade. Ele iria se formar e começar a entrar nos negócios do pai, e eu estava incerto de como "nós" ficaríamos após isso, então decidi agir por mim mesmo e comecei a pensar em como iria por em prática tudo que estava planejando. Achava que já tinha passado da hora daquilo acontecer.

 Outro agravante foi o comportamento do mais velho, que estava cada dia mais estranho. Um dia eu tinha chego em sua casa e o encontrei bebendo e chorando. Claro que logo me preocupei e fui tentar entender o que estava acontecendo para acalmá-lo, mas ele só se agarrou a mim enquanto sussurrava algo que eu não conseguia entender pela sua fala embaralhada por culpa da bebida.

 Eu queria conseguir ser um porto seguro para o Mark, queria ser a pessoa que o acalenta em momentos ruins e que estivesse do lado dele comemorando suas conquistas. Estava decidido a expor os meus sentimentos, independente da resposta que fosse receber.

 Jeno e Jaemin foram essenciais para que eu tomasse essa decisão também. Eu estava um pouco inseguro achando que se o Mark sentisse alguma coisa ele teria me dito, por conta da promessa que fizemos de sempre sermos verdadeiros um com o outro antes de começar com tudo isso, mas eles me incentivaram e disseram que era impossível não existir sentimento nenhum por parte do canadense, justamente pela forma que agíamos na presença um do outro.

 Segundo Jeno éramos dois gays insuportáveis. Palavras dele, não minhas.

 O apoio deles foi exatamente o pontapé que eu precisava para poder tomar alguma atitude. Estava decidido, nada iria me fazer mudar de ideia. Eu finalmente iria tomar uma atitude.

 Assim que as férias chegassem eu iria abrir meu coração para Mark Lee e, com sorte, me tornaria seu namorado.

 Eu só não tinha a mínima ideia de como minha vida se tornaria caótica naquela época.