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História You Little Dumbass - Nervosismo


Escrita por: Nikkiyan

Notas do Autor


Mais um capitulo postado ^^ Espero que gostem!

Capítulo 4 - Nervosismo


Kageyama

 

Ultimamente, Hinata tem agido de forma estranha. Isso desde o dia que trombamos feio durante a partida do treino. A partir daí ele tem mudado o comportamento. Não em tudo, mas em algumas determinadas ocasiões.

No geral, ele estava como sempre. Cortava meus levantamentos normalmente; ficava demasiado feliz quando conseguia um bom feito no treino; e tínhamos nossas briguinhas costumeiras. Mas parece que ele não ficava mais tão à vontade quando estava a sós comigo. Evitava fazer contato visual direto e procurava não ficar muito próximo a mim. Ele estava assim há dias, e isso de algum modo me deixou encucado, pois fazia parecer que eu estava sendo desagradável em algum ponto. Eu devia descobrir qual era e corrigir o mais rápido possível, pois se nosso entrosamento for abalado, podemos ter problemas na hora de jogar a sério contra um outro colégio.

Desta vez, resolvi ir atrás do Hinata durante o intervalo das aulas mesmo. Tiraria satisfação hoje e não deixaria escapatórias.

Sei que ele costumava fazer sua refeição dentro da própria sala de aula, então para lá que eu fui. Ao encostar-me à porta, vi-o sentado em sua carteira, entretido mexendo no celular. Sutilmente chamei-o.

- Hinata.

Ele logo voltou seu olhar para mim, guardando o aparelho no bolso.

- Ah... Kageyama. O que foi?

- Vem aqui. – Fiz um gesto com a mão para que ele viesse para fora da sala de aula. Em reação ele começou a gaguejar.

- Hã? M-mas p-por que?

- Vem logo, idiota, eu só quero falar uma coisa.

- Que... que tipo de c-coisa? – Ele parecia cismado. Eu realmente não estava com paciência naquele momento, então já fui logo até ele e o puxei pelo braço até o lado de fora da sala. – Ei, Kageyama! Espera, eu não terminei de comer ainda!

Eu nada dizia. Mesmo sentindo-o se debater, apenas ia puxando-o pelo corredor até chegar perto das escadas, onde parecia ser um lugar mais privativo. Ali, soltei seu braço e fiquei à sua frente.

- Ei, isso se chama sequestro, sabia? – Hinata massageava o pulso o qual eu aplicara força pra não deixá-lo escapar.

- Quero saber qual é o problema.

- Hã? Como assim...? Simplesmente não é certo arrastar as pessoas pra outros lugares contra a vontade delas...!

- Não é isso. Quero saber por que você tá agindo esquisito ultimamente. – Fui curto e direto. Mantive uma voz autoritária para inconscientemente pressioná-lo a responder.

- C-como assim? Eu estou normal!

- Você está sozinho comigo agora. – Fi-lo refletir, pois a estranheza dele começava nessa condição. Ele logo abaixou o rosto ao se dar conta de que o aquele hall estava vazio, com exceção de nós dois. Ele pousou sua mão sobre o peito, demonstrando claro nervosismo. – É disso que eu estou falando!

- “Disso”...?

- Por que fica tão nervoso perto de mim? Você não era assim antes.

- V-você está vendo coisas... – Hinata desviou o olhar, mas mantinha a mão sobre o peito.

- Não estou não. Noto que você não tem me olhado diretamente, às vezes fica até tremendo. Só quero saber o que foi que eu fiz!

- V-você não fez nada, Kageyama...

- Então olha nos meus olhos e repete isso.

Ele virou vagarosamente e ficou olhando-me fixamente, mas antes que dissesse algo, seu rosto todo foi enrubescendo até ficar bem rosa. Arqueei a sobrancelha esperando sua fala.

- Argh, Kageyama imbecil! Eu não consigo! – Ele então afundou o rosto nas próprias mãos, na intenção de cobrir-se. Eu ficara mais indignado ainda. Não estava entendendo essas reações.

- Por que não? Sou eu! Seu colega de time! Que te manda aqueles levantamentos que você gosta! Hinata!! – Fui aproximando-me dele um passo de cada vez e ele, em resposta, recuava os mesmos passos para trás até suas costas irem contra a parede. Eu, sem mais paciência, pus umas das mãos ali, ao lado de seu ombro para dar uma maior pressionada. – Me diga agora! O que foi que eu fiz pra você ficar desse jeito?

- Para, Kageyama, isso me assusta!! – Ele falou bem mais alto agora, fazendo-me parar. – Isso... Isso é meio assustador pra mim. Então... Me dê um pouco de espaço!

Minha boca ficou entreaberta, sem sair uma única sílaba dela. Hinata estava todo encolhido, como um gato no meio da chuva. Isso de alguma forma me fez sentir mal... Logo retirei o braço dali, dando-lhe passagem para sair. E ele foi em passos apressados de volta para sua sala... Sem dizer mais nada.

Subitamente lembrei de algo que Hinata fala desde o começo, quando ainda estávamos nos entrosando como colegas de time.

“Que cara assustadora!”

Virei-me para o vidro da janela ao lado no hall, olhando fixamente o reflexo de meu rosto. Minha expressão natural, minha expressão zangada, minha expressão séria... Então o Hinata tem... medo de mim? Eu o assustava? Não achei que fosse um incômodo para ele...

Não sei era pra tanto, mas... Esse pensamento me fez ficar mais pra baixo do que eu gostaria.

 

~*~

 

Hinata

 

Enquanto bebia o restante do meu suco de caixinha, eu tentava arduamente fazer meu coração se acalmar. Estava quase na hora do treino de vôlei diário, e se meu peito já estava agitado assim agora, imagina depois dos exercícios do clube.

Isso tudo é culpa do Kageyama! Argh, aquele idiota...

Se no primeiro tempo eu já não estava tão concentrado nas aulas, depois do intervalo fiquei menos ainda. A imagem daquela situação com Kageyama tão próximo a mim, prendendo-me contra a parede... Parecia cena daquelas novelas de horário nobre que a minha mãe assistia. Isso me fez sentir como se meu coração fosse estourar de tão acelerado que estava.

E agora eu teria que encará-lo...

Terminei meu suco e joguei sua embalagem no cesto mais próximo enquanto caminhava até o vestiário da quadra. Respirei fundo e procurei focar meus pensamentos em outra coisa. Como nas técnicas de recepção que Noya-san havia me ensinado. Isso! Vou praticar muita recepção com ele hoje, assim, ficaria de boa para as partidas do dia. Pensar isso me deixou animado.

Mas assim que adentrei o vestiário, dei de cara justamente com a pessoa que mais atormentara minha mente durante as aulas. Kageyama, que terminava de amarrar seus tênis, logo virou-se para mim ao ouvir a porta. Eu congelei no mesmo instante, ainda estava inseguro para falar com ele a sós.

Mas mesmo assim, abri de leve os lábios, pronto para pronunciar um cumprimento qualquer ou coisa do tipo. Entretanto, antes que eu dissesse, Kageyama virou as caras, pegou sua garrafa de água e foi saindo do vestiário. Nem encarou quando passou por mim. Logo uni as sobrancelhas em reação.

- Kageyama... – Pronunciei num sussurro. Depois de refletir um minuto depois é que puxei os cabelos em desespero. – Ahhhh, Shouyou!! Seu burro, burro, burro!! – Lamentei minha inacreditável lerdeza.

Kageyama estava chateado e com razão. Durante o intervalo eu sei que fui meio sem-educação com ele. Se bem que a culpa não fora só minha... Mesmo assim, eu ainda lhe devia respostas. Ele está percebendo meu nervosismo e eu acabei lhe passando uma ideia errada. E agora ele está aborrecido comigo. Isso pode virar um problema para o nosso desempenho em dupla durante os jogos.

O que eu posso fazer? Devo falar com ele agora ou esperar o treino acabar? Será que percebeu minha “quedinha” por ele?

Ahh, como eu queria pedir conselhos ao Sugawara-san. Ele sempre sabia o que fazer em situações atordoantes. Mas eu ainda não me sentia à vontade de falar nesse meu sentimento novo pelo Kageyama com ninguém. A menos que seja uma pessoa que já saiba disso sem eu ter dito...

Kenma!

Minha ansiedade era tanta que resolvi mandar mensagem agora mesmo a ele. Kenma não disse com todas as palavras, mas sei que ele já constatara minha queda pelo levantador carrancudo provavelmente antes mesmo de mim.

Expliquei muito resumidamente a situação e o perguntei o que eu poderia fazer. Kenma costuma responder imediatamente, mas desta vez, ele demorou mais. Aproveitei esse meio tempo para já tirar meu uniforme escolar e colocar as roupas de treino rapidamente. Depois de colocar as joelheiras, o celular apitou indicando a mensagem dele. Peguei o aparelho rapidamente.

----------

[K.Kenma]:

Que =.=’ Logo agora, Shouyou? Meu treino aqui já está para começar.

[H.Shouyou]:

Eu sei!! O meu também!! Mas eu precisava de um conselho agora! Por favor Kenma!!! Estou sentindo minha dor de estômago começando...!! x.x

[K.Kenma]:

Olha... O que eu posso dizer é: Aja como sempre, como se nada de estranho tivesse acontecido. Já vi vocês dois discutindo antes e no final vocês sempre voltavam a se falar normalmente.

[H.Shouyou]:

Mas agora é diferente! Eu fico muito nervoso perto dele agora.

[K.Kenma]:

De novo, aja como sempre, faça um esforço. Se Kageyama ficou chateado como disse, foi por você agir estranho com ele. Se agir naturalmente com aquela sua alegria toda, ele vai entrar na sua e vai esquecer a cisma.

[H.Shouyou]:

Hum... Acha mesmo?

[K.Kenma]:

Sim...

[H.Shouyou]:

Tá certo. Mas mesmo assim, EU fico nervoso! Como superar isso?

 [K.Kenma]:

Voce disse que só fica assim com está sozinho com ele. No treino, todos do time vão estar junto. Então fique confortável com isso em mente. :)

[H.Shouyou]:

Ah... certo, vou tentar, obrigado Kenma!

[K.Kenma]:

Disponha. Agora vá logo pro seu treino! Eu também já estou atrasado e o Kuroo vai dar aqueles sermões chatos pra mim ¬¬

[H.Shouyou]:

Só mais uma coisa... você acha que o Kageyama pode ter percebido que eu estou a fim dele com tudo isso?! \X.x/

[K.Kenma]:

Isso eu não sei Shouyou... Não estou aí pra ver ¬¬

----------

Antes de eu respondê-lo, a porta do vestiário abriu de forma escancarada me dando um susto de fazer meu celular quase voar para longe.

- Oe, Hinata!! Qual é que é?! Só falta você lá na quadra! Daichi-san me mandou te buscar!

- T-Tanaka-san! D-desculpe-me!! – Curvei-me em remissão.

- Está aí de conversinha no celular, é?! – Tanaka olhou curioso para o aparelho. – Uau, deve ser com alguém bem importante pra você gastar o tempo do treino assim! É uma namoradinha? – Tanaka fez uma cara divertida. Eu ia esconder o celular, mas deu tempo de ele ver a foto. – Loira?! Ué, é o levantador do Nekoma!

- E-era um assunto importante sobre vôlei! – Menti. – Desculpe ter demorado tanto! É que... er... eu me empolgo conversando com o Kenma! – Justifiquei.

- Oh, você mantém uma amizade à distância... – Os olhos de Tanaka-san brilharam por um momento. – Isso é tão bacana...! Boa ideia! Vou começar a falar mais com o Tora também! – Ele falou determinado indo atrás de seu celular.

- O cara do moicano...?

- Ei, vocês dois!! Daichi está ficando impaciente com a demora! – Agora Suawara-san apareceu no vestiário com uma aura intimidadora bem diferente da usual, fazendo tanto a mim como ao Tanaka-san paralisarmos.

 

Kageyama

 

Já treinávamos saques há pouco mais de vinte minutos. E nada do Hinata aparecer aqui. Será que eu o deixei mais assustado ainda agora? Tentei não olhá-lo diretamente lá no vestiário para não deixa-lo com mais medo de mim do que já tinha, mas parece que não adiantou. Agora até Tanaka-san sumira junto.

Droga, eu tinha que fazer o clima entre nós voltar ao normal... Mas eu ainda não entendo porque ele resolveu ficar cismado com a minha cara só agora. Eu não mudei nenhuma de minhas expressões desde que eu o conheci. Sei que tem momentos que ele recuava ao me ver zangado, mas agora ele ficava assim o tempo todo. O que eu posso fazer?! Eu nasci com essa cara, não tem como mudá-la!

Uns cinco minutos mais tarde, Sugawara-san retornou à quadra, puxando Hinata e Tanaka pelas orelhas até o capitão Daichi.

Parei os saques por um momento para fitar o ruivo de longe. Este parecia ter voltado ao normal, pela forma exaltada como se desculpava com o capitão. Bem, mas isso com eles. Eu estava curioso era a meu respeito...

Depois de um peteleco na testa, Hinata pegou uma bola e veio para a linha de fundo da quadra não muito longe de mim. Prontamente começou sua série de saques, de início de forma desajeitada como sempre. Acertava na rede toda a hora. Será que ele ainda estava cismado comigo? Acho que esta pode ser uma boa chance de eu ir até ele e tentar ter uma conversa casual sobre o saque dele.

Engoli seco. Esfreguei as mãos no rosto e tentei deixar o cenho o menos franzido possível. Abri um sorriso mais natural e então fui até o lado do baixinho. Ele mordia o lábio, tentava arduamente se concentrar para fazer um saque que passasse da rede, tanto que não percebeu minha aproximação.

- Hinata... – Chamei-o.

- O que... Eeeeita!! – Ele recuara dois passos ao olhar-me no rosto. – Q-que cara é essa, Kageyama?! P-parece que você... quer matar alguém.

- Hã? – Logo senti todo o meu plano demolir-se. Parece que não importa o quanto eu tente, minha expressão não tende a melhorar, apenas piorar. O que mais eu poderia fazer então, droga?

- Ei! Volta ao normal. – Hinata então, assim naturalmente, deu um tapa forte em meus ombros. – Se recompõe aí, Kageyama-kun, se não nosso ataque rápido hoje não vai ter sucesso. – Ele logo riu, enquanto eu ficava apenas com uma cara de paisagem diante dessa incrível mudança de humor do Hinata. Desta vez ele não pareceu nem um pouco nervoso, falava com a animação de sempre.

- Se... Seu... Seu idiota! – Agarrei-o pela gola da camisa, olhando-o fixo de um jeito torvo. – Para de ficar me confundindo assim! Decida-se direito no que está sentindo e o que está fazendo, imbecil!

- Eh?! Do que você está falando?!

- Você fica mudando! Estou mandando parar agora, pois já me estressou o suficiente! 

- Eu ainda não estou entendendo, Kageyama. Você também é muito complicado! – Ele agarrara minha mão para afastá-la de sua camisa.

- Ei... – Eis que um dos tons de voz mais temidos do capitão Daichi ecoara atrás de nós. – Será que toda a vez eu vou ter que interromper o treino pra cuidar de vocês? – A expressão medonha dele fizera nós dois nos endireitarmos e novamente nos desculpar pelo comportamento. Isso já tinha virado mais do que rotina para nós. Bem, mas no mínimo, parece que Hinata tinha voltado ao normal por hora...

Depois de um belo sermão do capitão, eu e Hinata fomos mandados para treinar saque e recepção um com o outro até as partidas começarem. Aceitamos com prontidão e seguimos até a ponta direita da rede, que era a mais próxima às janelas.

Antes de nos separar cada um para seu lado da quadra, Hinata puxara a manga da minha camisa, pedindo para que eu abaixar até meu ouvido ficar à altura de sua boca.

- K-Kageyama... D-desculpe aquela desfeita que fiz no intervalo. É que... Bem... – Ele, em sussurro, parecia procurar palavras para se expressar. Eu apenas fiquei atento a ouvir. – Você queria saber porquê eu estava agindo estranho de umas semanas pra cá... Né?

- Sim...

- Então... Er... – Ele foi ficando com o rosto mais avermelhado de novo mas enrolava pra responder, isso só fez minha curiosidade aumentar.

- Fala logo.

- É que... E-eu tenho inveja de um monte de habilidades suas no vôlei, e eu estava com vergonha de pedir pra você me ensinar mais!! – Ele falou tudo quase que num único sopro, como se aquilo estivesse preso e de repente fora liberado. Eu reagi primeiramente com um único e longo suspiro.

Então ele não tinha medo de mim. Ainda bem... Era como se um enorme peso que fora criado hoje mesmo tivesse evaporado de meus ombros.

- Hunf. Seu bobo... Não precisa ficar com vergonha de pedir isso. – Afirmei com suavidade na voz. – Podemos voltar a fazer treinos noturnos, se quiser...

- Quero!! – Seu sorriso alargou-se e seus olhos ficaram mais brilhantes.

- Bom... Falaremos com o capitão depois então. Agora vamos fazer o treino do dia, sim? – Disse já desviando o olhar e indo para minha posição.

- Okey!!

 

~*~

 

Daichi concedera a nós a quadra para os treinos noturnos novamente. E deu ênfase que caso passemos cera no chão outra vez, não teríamos essa chance nunca mais.

Então aqui estávamos eu e Hinata, sozinhos de novo e fazendo treinos excessivos. Suávamos tanto que chegava a escorrer por todo o rosto, mas não perdemos o foco.

O ruivo falava de suas dificuldades e do que já ia bem, mas que gostaria de melhorar. Eu dava dicas e auxílios no quanto me era possível. E acredito que esse método era o que rendia mais de nós dois, pois como estávamos sós não havia distrações, não havia muitas conversas e o silêncio prevalecente favorecia na concentração de ambos.

E ao que eu reparava até agora, Hinata não demonstrou mais seu comportamento estranho de nervosismo de antes...

Bem, na verdade em apenas dois momentos que ele ameaçou ficar assim. O primeiro quando eu ajeitei com as próprias mãos sua cintura e seus braços para corrigir sua postura durante o saque; o segundo foi quando ele fez uma única recepção perfeita, merecedora de um elogio do Nishinoya-san, e eu, com o maior esforço, elogiei-o e afaguei sua cabeça para que ele ficasse mais motivado.

Fora isso, ele estava bem normal, o que dava uma sensação reconfortante para mim. O clima entre nós não estava abalado, logo iríamos jogar bem em dupla durante os jogos.

Depois de quase uma hora e meia praticando apenas fundamentos, Hinata e eu desabamos no chão. Meu corpo fervia e pingava de tanto suor. Ia aos poucos retomando o fôlego enquanto fitava o teto. Eu estava satisfeito. Fizemos um pouco de progresso hoje. Hinata conseguira acertar ao menos um saque “viagem ao fundo do mar” corretamente... já era alguma coisa.

Virei o rosto para mirar o garoto ruivo deitado ao meu lado. Seus olhos estavam fechados e ele respirava mais pesadamente do que eu. O peito subia e descia e seu suor escorria em abundância. Com isso, vejo que definitivamente fomos além de nossos limites hoje. Foram praticamente seis horas seguidas só treinando vôlei. Isso é o que eu chamo de vício... mas era um vício bom, na minha opinião. E sei que Hinata concordaria.

Depois do calor abaixar um pouco, me coloquei sentado para dar um longo gole na minha garrafa d’água.

- Kageyama... Eu fui bem hoje?

- Hum... dá pra melhorar. – Respondi sem olhá-lo.

- Ehh?! Responde direito, seu chato! – Mesmo deitado, ele deu um soquinho em minhas costas.

- Para. Você é o único chato aqui. – Levei uma das mãos até seu rosto apertando-o com força fazendo suas bochechas achatarem. – Aquele seu saque e recepção foram muito bons... Agora é só conseguir fazer mais de uma vez.

- Vamos ter mais treinos noturnos então?

- Sim... Se a gente aguentar.

- Eu aguento!! – Ele rapidamente se pôs sentado.

- Eu também. – Falei firme, não querendo perder para a energia infinita que aquele garoto tinha. Ele logo sorriu de novo. Um sorriso bem aberto.

De alguma forma, por mais que Hinata me irritasse, eu gostava de ficar jogando vôlei com ele, mesmo sendo apenas nós dois. Eu já me acostumara com sua presença em quadra e sentia segurança de que alguém capaz de pegar levantamentos mais difíceis estaria ali para me dar suporte; mesmo sabendo que ele ainda era ruim em alguns fundamentos.

Eu também gostava do fato de ele confiar tanto em mim a ponto de fazer o corte com os olhos fechados. Ele sempre acredita que a bola vai estar certinho na mão dele se for eu quem estiver levantando. Nunca ninguém confiou tanto assim em mim antes... Nem pensar encontrar alguém assim no Kirisaki Daiichi, minha antiga escola. Creio que tenha sido por esses motivos que eu não ligava de me desgastar mais para treinar até esta hora da noite.

Aliás, bem tarde da noite. Já passara das oito horas e eu já sentia fome. Meu estômago roncava ao imaginar o jantar que me esperava em casa.

- Hinata, anda. Vamos arrumar a quadra e ir embora.

- Ahhh... Espera mais um pouco, tá tão bom ficar aqui no chão. – Ele rolava no piso, sentindo sua temperatura fria aliviá-lo do calor excessivo pós-treino.

- Já são mais de oito horas. Não quero que você ande na rua sozinho de noite.

- Hein? – Ele pendeu a cabeça de lado. – Pareceu a minha mãe agora...! – Riu. – Eu tô de bicicleta, esqueceu?

- E-eu sei!! Só me preocupo de você ser assaltado ou sei lá... – Falei com um leve tique no olho.

- Está preocupado... c-comigo...? – Hinata imediatamente colocou a mão sobre o próprio peito.

- Ei, qual o problema? – Perguntei impaciente, vendo-o iniciar aquelas reações estranhas de novo. Ele virou-se de costas pra mim rapidamente, tampando as bochechas com as mãos.

- Ahh... Nada! D-deve ser fome...!

 


Notas Finais


Oiee, chegaram vicos aqui? Espero que tenham curtido *3*
Um beijo ♥


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