"We'll never get free
Lamb to the slaughter "
Música: Blood//Water
Quando Chuuya chega ao esconderijo está anoitecendo. Miyako dorme suavemente em seus braços como uma criança de três anos deveria fazer e ele não pode deixar de se sentir seguro. Seu bebê está protegido. Ele não queria que essa sensação fosse causada pela presença de Dazai, mas então depois de todos esses anos era exatamente por isso que Chuuya se sentia confiante, talvez não soubesse como manter seu filho em segurança, no entanto aquele desperdícios de bandagens com um cérebro muito avançado poderia pensar em maneiras de fazer isso.
E esse pensamento faz Chuuya se sentir seguro. Mesmo que Dazai ainda nem saiba sobre a existência do pequeno em seus braços, ele se sente confiante de que nada ruim iria acontecer, o homem que estava vindo não era mais o mesmo de quatro anos atrás, mesmo que doesse reconhecer o Dazai de agora era muito diferente, mais suave e atencioso. Miyako vai estar seguro. Isso é tudo que importa.
O esconderijo tem dois quartos e uma sala com a cozinha acoplada e fica em um local muito discreto, quando Chuuya o escolheu pensou que seria perfeito caso algo desse errado na máfia ou em uma missão, agora ele não pode deixar de se sentir satisfeito ao colocar seu bebê na cama de casal, ele ainda tem algum tempo antes que Dazai chegue e então depois de tomar um longo banho Chuuya começa a se preparar para a conversa que ele nunca quis ter.
Ele nunca pensou que teria que contar isso para Dazai em circunstâncias como essa, na verdade para ser sincero, Chuuya sempre esperou que o outro descobrisse sozinho, mas como às coisas se tornaram complicadas ele teria que fazer esse sacrifício. Não muito tempo depois ele foi despertado de seus pensamentos com o barulho da maçaneta girando, com um suspiro Chuuya sai do o quarto e encontra o olhar do enfaixado na pequena sala.
— Eu não esperava que Chibi estivesse aqui tão cedo — Dazai zomba com seu típico sorriso de comedor de merda. — Imagina que surpresa receber uma mensagem com às coordenadas do nosso antigo ninho de am-
Chuuya revira os olhos interrompendo o idiota. — Não complete essa palavra ou você está morto idiota. — Realmente? Quem era Dazai para falar de amor depois de tê-lo deixado sozinho com toda essa bagunça. — Escolhi esse lugar porque é o único que foi mantido em segredo, você sabe que nem mesmo Kouyou sabe sobre isso e eu precisava falar com você.
Com a seriedade na voz de Chuuya o outro se endireitou no sofá — o idiota tinha se jogado de forma desleixada durante o discurso do baixinho. Ele analisou o ruivo da cabeça aos pés e abriu um sorriso desagradável.
— A lesma parece tão taciturna. Você guarda segredos do chefe agora ? Pensei que a lealdade de Chuuya fosse uma causa perdida.
— Osamu. — O sussurro de Chuuya foi o suficiente para deixar o outro assustado e um pouco desconfortável. Em todo o tempo em que se conheciam o baixinho só tinha chamado Dazai pelo primeiro nome duas vezes e em ambas a situação era de extrema importância.
— Hm. Estou ouvindo. — Ele respondeu vendo a expressão do outro homem se tornar complicada. Agora, Dazai não era um idiota, ele sabia reconhecer os sinais de nervosismo na linguagem corporal de seu antigo parceiro, Chuuya não era o tipo de pessoa que escondia seus sentimentos, na verdade, ele é sempre muito humano e suas reações naturais sempre foram algo interessante de serem observadas da perspectiva de Dazai.
— Merda, não sei como... — Chuuya agarrou um tufo de cabelo ruivo que caia sobre os olhos e então continuou antes que Dazai pudesse fazer algum comentário sobre a falta de vocabulário do baixinho. — Você sabe que Mori pretende fazer uma cerimônia para apresentar seu novo herdeiro, certo?
— Sim. Imagine como fiquei feliz em saber que nosso querido Mori finalmente resolveu seguir em frente. — Dazai relaxou quando ouviu o tema da conversa.
Na verdade, fazia muito tempo que ele esperava por isso. Desde que a Agência dos Detetives e a Máfia entraram em um consenso, ele deixou claro que não tinha planos de voltar para o seu antigo cargo, mesmo com Mori demonstrando sua intenção de recrutar novamente o traidor.
Mori tinha criado Dazai para ser o seu sucessor e isso não era nenhum segredo na Máfia do Porto, afinal ele não ganhou o título de demônio prodígio à toa, naquela época ele realmente pensou que podia fazer aquilo, afinal não era como se fosse capaz de sentir algo, pelo menos até a morte de Oda. Agora, depois de conhecer como é estar na luz e principalmente sabendo que está cumprindo a promessa que fez, ele não deseja retornar às antigas raízes.
— Você não deveria ficar tão animado com isso. — Chuuya retrucou com raiva incontida. — Você acha mesmo que ele deixaria você se livrar disso ? Acha que ele não tem nenhuma maneira de te atingir? Dazai?
— Chuuya do que você está falando ? — Dazai rebateu de forma calma, analisando a situação, pois o ruivo parecia estar alterado. — Não importa o que Mori acha que está fazendo, a máfia não é mais problema meu, você não lembra que eu sai quatro anos atrás ?
Essas palavras deixaram Chuuya ainda mais zangado, mas para o desespero de Dazai em vez de xingar ou tentar dar um soco nele como era esperado, o ruivo apenas deslizou para o chão ao lado do sofá e colocou a cabeça entre os joelhos soltando um soluço baixo.
— Chuu-
— Acontece que isso é problema seu Dazai. Não importa que você tenha saído, no final seu sangue ainda é negro da Máfia e Mori nunca te deixaria ser livre porque você é uma parte importante no joguinho dele, não passamos de cordeiros para o abate, foi assim com seu amigo, é assim com os outros também.
— Chuuya eu não sei por que você me chamou aqui, não estou brincando quando digo que não me importo com o que Mori quer fazer, esses dias ficaram no pass-
— Otou-chan — Miyako está parado atrás de Dazai, seus olhos sonolentos olhando para seu pai encolhido no chão. — Por que você está chorando?
Antes que Chuuya pudesse reagir o bebê correu em sua direção abraçando seu pescoço com força. Ele retribuiu o abraço cheirando os emaranhados na cabeça da criança antes de retornar o olhar para Dazai que está paralisado olhando para a cena com a boca ainda aberta de sua falação anterior.
— Você estava dizendo? — Seu rosto se contorceu em um sorriso mesquinho. Dazai em seu estado catatônico é muito engraçado, afinal não é sempre que o detetive pode ser surpreendido.
Chuuya escuta as engrenagens rodando dentro daquela cabeça estúpida, conectando todos os pontos de sua conversa até agora, incluindo Miyako em suas equações e finalmente chegando a uma conclusão ao se sentar lentamente no chão de frente para os dois.
— Chuuya...
— Miyako, mon coeur está tudo bem. — Ele acalma a criança com alguns beijos suaves antes de voltar sua atenção para o idiota com olhos esbugalhados.
Dazai ainda parece um pouco confuso, ele com certeza deveria ser capaz de entender o que estava acontecendo, certo? Não é como se fosse tão difícil, mas Chuuya entende que isso é uma grande notícia, e para tentar ajudar a cavala estúpida ele vira Miyako em seu colo de forma que o rosto do menino fique evidente.
Não tem como ele não se reconhecer em Miyako, para o grande desgosto de Chuuya — não é realmente um problema, pois seu filho é absolutamente a criança mais adorável de Yokohama — seu bebê tem as mesmas feições de Dazai, com seus olhos azulados sendo a única exceção.
Parece que Dazai não é o único a reconhecer a semelhança, Miyako se contorce em seus braços dando uma pequena risada.
— Eu papa? — O bebê se vira para Chuuya com um sorriso adorável e aponta o indicador para si mesmo.
— Ch-uuya..— Dazai repete como um disco quebrado, seu nome sendo a única coisa que parece fazer sentido para o bastardo.
— Sim, mon bébé, vocês são parecidos. — Ele ignora os lamentos do idiota e sorri para o seu pequeno. Dazai cutuca sua perna com as pontas dos dedos mostrando sua ansiedade. — Você se lembra das aulas de etiqueta com Kouyou? Se apresente corretamente uh?
O bebê balança seus cachos escuros e se levanta colocando as mãos atrás das costas com um pequeno sorriso. Ele está de pé diante de Dazai, que parece lamentável, Chuuya nunca pensou que uma criança poderia deixar Dazai em tal estado, até ver seu filho se curvar e dizer orgulhosamente:
”Eu sou Miyako, Dazai Miyako. "
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