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História Young and In Love - A bunch of misadventures


Escrita por: gukminz

Capítulo 8 - A bunch of misadventures


Fanfic / Fanfiction Young and In Love - A bunch of misadventures

Jimin acordou assustado devido ao barulho que aparentemente vinha da sala. Eram as vozes de Jihyun, seu primo, e seu tio Sungmin; mais uma manhã iniciada com briga e discussão na casa, nada novo.

Embora já fosse costume, Jimin não poderia simplesmente ignorar e voltar a dormir. Por isso, se levantou depressa de sua cama, correndo para a sala para ver seu tio completamente bêbado gritando e apontando em direção a Jihyun.

ㅡ Você é um imprestável, é isso o que você é!

Jimin se colocou na frente do primo em questão de segundos, ouvindo Sungmin debochar:

ㅡ Lá vem o outro... ㅡ Revirando os olhos e dando risada.

Jimin o ignorou, tentando não aumentar o tom de voz ao questionar:

ㅡ O que aconteceu?

ㅡ O imprestável do seu priminho aí não fez nada o dia todo! ㅡ Sungmin continuava falando alto. ㅡ Eu chego cansado da porra do trabalho e não tem nada pra comer nesse inferno!

Foi preciso que Jimin respirasse fundo. Ele sabia que Sungmin estava bêbado, mas era difícil suportar aquilo quase todos os dias, ainda mais tendo conhecimento do trabalho que seu primo tinha em conciliar as tarefas de casa e a faculdade.

ㅡ São 7 da manhã, Sungmin, o Jihyun acabou de acordar assim como qualquer outra pessoa. ㅡ Jimin dizia com paciência, não queria que aquilo piorasse ainda mais. ㅡ Nós ainda vamos fazer o café. Por que você não vai tomar um ba-

ㅡ Porque eu não quero, porra! ㅡ Sungmin ainda gritava. ㅡ Já era pra terem comprado a comida ontem!

ㅡ Pai, eu- ㅡ Jihyun tentou, mas foi interrompido.

ㅡ Cala essa boca, seu inútil! Passa o dia inteiro estudando, e pra quê? Não trabalha, não traz 1 centavo pra casa!

Jimin estava cansado daquilo.

Mesmo que não fossem direcionadas a ele, já ouvira aquelas palavras tantas vezes que elas começaram a doer em si.

Não era a melhor opção, ele estava se controlando até aquele momento, mas ele simplesmente não aguentava mais. Sungmin chegava bêbado do trabalho e ainda tinha a coragem de proferir tamanha atrocidade ao próprio filho, na frente do sobrinho que desrespeitava igualmente. Jimin não tinha sangue frio suficiente para ver aquilo e conseguir se conter, por isso ele disse, daquela vez tão alto quanto Sungmin:

ㅡ E você, seu idiota? Passa o dia bebendo na frente da televisão, vai trabalhar, volta às 7 da manhã e se enche ainda mais de bebida! E ainda trata seu próprio filho como empregado só porque traz a porra de um salário ridículo pra casa e acha que tem o direito de agir assim!

Sungmin avançou, mas Jihyun trouxe Jimin para trás, junto a ele.

ㅡ Você reclama tanto e não sai da porra dessa casa, não é, Jimin? ㅡ ele ria, sentindo-se superior. ㅡ Nem trabalho tem, fala de mim e bebe ainda mais. Você não é santo, sobrinho, não pense que eu não sei o que você faz.

ㅡ Eu teria saído se pudesse, seu velho nojento! Eu queria nunca ter vindo pra esse inferno de casa! Queria nunca ter te conhecido!

ㅡ Preferia ter ficado na rua, então? Ou num or-

Aquele foi o limite para Jimin, ele se afastou de Jihyun e avançou em Sungmin com a mão em riste, pronto para estapear o rosto do tio. Porém, apesar de bêbado, Sungmin ainda era maior e mais forte, então não foi muito difícil segurar o braço do menino antes que ele pudesse encostá-lo.

Apertando o braço de Jimin com força na direção contrária, quase o torcendo, Sungmin esbravejou:

ㅡ Se você me bater é rua, ouviu? Rua! ㅡ Firmou ainda mais seu aperto, ouvindo Jimin gemer de dor e pedir que ele o soltasse. Sungmin o ignorou. ㅡ Você nunca mais volta pra essa casa e nunca mais vê o seu primo, se depender de mim!

ㅡ Me solta! ㅡ Jimin tentava segurar, mas seus olhos marejados denunciavam sua vontade de chorar. ㅡ Por favor, tá machucando!

ㅡ Agora é por favor, não é?

ㅡ Solta ele, pai! ㅡ Jihyun se aproximou, tentando soltar a mão de Sungmin, ele já chorava copiosamente. ㅡ Você vai quebrar o braço do Jimin, pai, é sério! Solta ele!

Então Sungmin finalmente o soltou, mas não somente isso, ao soltá-lo empurrou Jimin com toda a força que tinha, fazendo-o cair com o outro braço contra a mesa de centro da sala. Enquanto Jihyun corria em direção a Jimin mais uma vez, o homem murmurava, caminhando até seu quarto:

ㅡ Deveria ter quebrado pra aprender uma lição.

[...]


Quando Namjoon voltou a ir às aulas, Jungkook não passou mais intervalos ao lado de Jimin e Yoongi. Mas, coincidentemente, passou a vê-los pelo pátio com mais frequência.

Naquele momento ele e Namjoon entravam na cantina da escola uma vez que Kim havia se esquecido de levar a própria comida. Jungkook aproveitaria para comprar um suco, além de que estava garoando lá fora, então ele não se incomodou em esperar na fila de tamanho considerável com o amigo.

ㅡ Você me disse que tinha uma prova de física hoje, né? ㅡ questionou Namjoon para Jungkook atrás de si, que assentiu com a cabeça. ㅡ Como foi?

ㅡ Foi mais difícil do que eu imaginei, e eu acho que esse professor gosta de colocar pegadinhas em provas... ㅡ Jeon revirou os olhos. ㅡ Eu não entendo essas coisas nos professores; eles querem que nós tiremos notas boas, mas ao mesmo tempo parecem querer fazer de tudo pra que isso não aconteça. Tipo, eu posso ter ido bem, mas eu notei a pegadinha que ele colocou na questão e me atentei a isso. E se alguém não tiver notado?

ㅡ Aí já é problema da pessoa.

Jungkook entreabriu os lábios, protestando:

ㅡ Namjoon! Que maldade!

ㅡ Mas não é verdade? A culpa não é sua se os outros não estudaram o suficiente. ㅡ O maior deu de ombros.

ㅡ Não é essa a questão, de estudar ou não estudar. É o fato de que alguns professores querem ferrar os alunos de propósito.

Os amigos fizeram o caminho da fila discutindo aquele assunto, Namjoon defendendo os professores enquanto Jungkook permanecia firme em seu argumento, apesar de entender o ponto de Kim, também.

Eles precisaram interromper a conversa quando finalmente se colocaram em frente à janela onde uma senhora atendia aos estudantes. Namjoon pediu um pedaço de pizza e refrigerante e Jungkook preferiu um suco de uva para acompanhar o sanduíche que sua mãe fizera.

Ao se sentarem à mesa seu assunto anterior foi esquecido, Namjoon iniciou outro ao dizer:

ㅡ Eu comecei a ler o livro que você me indicou.

Fazendo um sorriso gigantesco surgir nos lábios de Jungkook. Ele adorava quando alguém lia um livro indicado por ele, era bom poder comentar e falar sobre seus personagens favoritos (e os que não gostava, também). Daquela vez, o livro que recomendou a Namjoon falava sobre dois garotos que se apaixonavam e tinham que lidar com essa descoberta diante de todas as circunstâncias.

Jungkook estava começando a querer se ver mais nos livros que tanto lia. Ele gostava de histórias onde um homem e uma mulher se apaixonavam, mas não era a mesma coisa, às vezes dava vontade de se identificar com os personagens e até se imaginar no lugar deles. Aquele foi um dos livros que Jeon mais gostou, e ele sabia que Namjoon estava longe de ser preconceituoso em relação à homossexualidade sendo retratada, então Jungkook não viu motivos para não recomendá-lo ao novo amigo.

ㅡ Até agora eu estou achando ele incrível, não sei como não li antes! ㅡ Namjoon dizia empolgado, e o sorriso alegre de Jungkook se tornou convencido:

ㅡ Eu estou aqui pra isso. ㅡ Deu de ombros. ㅡ E aí, qual é o seu personagem favorito?

Apesar da discussão sobre os professores e seus critérios ter se encerrado, uma nova se iniciou ali mesmo; Namjoon adorava um personagem do qual Jungkook detestava, e enquanto Jeon tentava argumentar sobre seu desgosto pelo tal personagem ao mesmo tempo que se segurava para não soltar spoilers, ambos comiam seus lanches.

Ao terminarem de comer (Jungkook ainda bebia o suco de uva, havia comprado uma garrafa grande demais), ainda sobravam alguns minutos até o fim do intervalo ㅡ ele era um pouco maior que o da escola antiga de Jungkook, e mesmo após semanas ali, ele ainda não havia se acostumado a passar tanto tempo sem fazer nada.

De tal forma, Jeon sugeriu ao olhar para a grande parede de vidro da cantina, que permitia uma clara visão do pátio lá fora:

ㅡ Nós podemos andar um pouco, parou de chover.

Foi o que fizeram, agora falando sobre outro livro do qual leram antes mesmo de se conhecerem.

Jungkook sentia que tinha muita sorte por ter feito amizade com Namjoon logo no primeiro dia de aula, eles tinham muito em comum. Taehyung era seu melhor amigo, e também compartilhava de gostos e opiniões com Jeon, mas não era nada interessado em livros e assuntos de nerd como ele mesmo dizia.

Namjoon e ele estavam andando há alguns minutos e Jungkook continuava com aquela garrafa de suco de uva aberta e pela metade em sua mão, e ao passar em frente à quadra, Jeon resolveu erguê-la, oferecendo a Kim:

ㅡ Você quer o resto? Eu não aguento m- ㅡ E sendo interrompido ao bater de frente com outra pessoa, derrubando a garrafa no chão e, mais importante, parte do líquido no torso de quem disse:

ㅡ Caralho!

Jungkook queria chorar quando ouviu aquela voz. Entre as centenas de pessoas na escola, tinha que ser logo ele?

ㅡ Me desculpe, Jimin, eu não te vi! ㅡ começou a falar, afobado. ㅡ Eu me virei por um segundo, me desculpe!

ㅡ Tente prestar mais atenção da próxima vez. ㅡ o tom de voz de Jimin não era grosseiro, mas era claro que ele estava irritado; Jungkook havia derrubado suco de uva em seu casaco branco, manchando boa parte dele. ㅡ Agora eu vou ter que dar um jeito nisso.

Jungkook, ainda preocupado e nervoso, questionou sem pensar:

ㅡ Quer que eu te ajude?

ㅡ Não, não precisa...

ㅡ Precisa sim! Fui eu quem derrubou, eu posso tentar limpar, sei lá! ㅡ Jungkook aproximou sua mão da mancha roxa no tecido, mas se interrompeu antes de tocá-la ao ver que a própria mão também estava molhada de suco. ㅡ Vamos ao banheiro, eu te ajudo a limpar isso.

Jungkook, na verdade, não fazia ideia de como iria tirar aquela mancha do casaco de Jimin, mas ele estava se sentindo culpado e não conseguiria simplesmente não fazer nada.

Ele se despediu de Namjoon e, ao lado de Jimin, seguiu para um dos banheiros masculinos.

ㅡ Jungkook, eu acho que papel higiênico molhado não vai adiantar. ㅡ disse Jimin com calma, olhando para o menino desesperado em sua frente.

Não era a melhor ideia, realmente, mas era o único recurso que tinham ali. Jeon tentava com todas as suas forças limpar o casaco de Jimin, ainda no corpo deste, esfregando um bolo de papel higiênico molhado contra a mancha ㅡ apenas fazendo com que ela aumentasse.

Jungkook queria chorar.

ㅡ Tá tudo bem, se me zoarem por causa disso eu dou um soco no olho da pessoa. ㅡ Jimin brincou, mas Jungkook estava tão preocupado que não conseguiu rir. ㅡ Eu só queria estar com outro casaco por baixo, agora.

Park continuava falando em tom de brincadeira, mas aquilo acendeu uma luz sobre a cabeça de Jungkook. Ele estava com um suéter abaixo do moletom que vestia naquele momento.

Caramba, quando chegasse em casa agradeceria sua mãe de joelhos (e ele ainda fora capaz de reclamar, mais cedo, quando ela o aconselhou a usar o suéter porque estava frio demais).

ㅡ Eu posso te emprestar a minha blusa! ㅡ ele disse animado, jogando aquele papel molhado no lixo embaixo da pia. ㅡ Eu não posso te deixar sentir frio por causa de uma burrice minha. É só você tirar esse casaco e eu te dou essa blusa.

ㅡ Mas é você quem vai sentir frio...

ㅡ Eu estou com um suéter por baixo. ㅡ Jungkook abriu um sorriso orgulhoso, como se aquele fosse um grande feito.

Jimin também sorriu, mas em seguida sua expressão voltou a ser séria. Jungkook franziu as sobrancelhas, questionando:

ㅡ O que foi?

ㅡ Eu não posso tirar o meu casaco.

ㅡ Por quê?

ㅡ Porque não. ㅡ Jimin parecia mais irritado do que no pátio, quando sua blusa fora suja. ㅡ Eu fico com o casaco manchado, mesmo.

ㅡ Mas não faz sentido! É só eu te dar a minha blusa, e pronto! Não tem nada demais!

Jimin ignorou Jungkook, surpreendendo-o ao se direcionar à porta. No impulso, Jungkook tentou impedi-lo, segurando a manga de seu casaco branco e o puxando, consequentemente, expondo parte do braço de Jimin.

Durou uma fração de segundos, entretanto, Jungkook conseguiu identificar um hematoma escuro sobre a pele clara do garoto, arregalando os olhos. Jimin se soltou e puxou a blusa para se cobrir novamente, saindo do banheiro.

Jungkook, apesar de chocado, conseguiu ir atrás dele, pedindo:

ㅡ Jimin, volta! Por favor, eu quero te ajudar!

Jimin parou no meio do caminho e Jungkook aproveitou para se aproximar, falando baixo apenas para que ele escutasse:

ㅡ Eu não vou contar pra ninguém, eu prometo.

Jimin se virou para Jungkook, o fitando por certo tempo até ceder, voltando para o banheiro e esperando que o outro entrasse para fechar a porta.

ㅡ Não fale para o seu amigo, por favor. ㅡ Park praticamente sussurrou e Jungkook assentiu veementemente, já começando a tirar o próprio moletom.

Jimin também tirou seu casaco e Jungkook não pôde deixar de notar outro hematoma, agora avermelhado, no antebraço dele. Jeon desviou o olhar rapidamente já que não queria que Park se sentisse desconfortável.

O de cabelos coloridos entregou seu casaco branco para Jungkook apenas para pegar o moletom dele, vestindo-o e pedindo seu casaco de volta ao erguer a mão, mas Jeon negou:

ㅡ Não, eu vou levar pra minha casa.

Jimin franziu o cenho, confuso.

ㅡ Como assim?

ㅡ Fui eu quem sujou, eu tenho que limpar. Quero dizer... a minha mãe, é ela quem lava as roupas lá em casa. ㅡ ele riu sem graça. ㅡ Amanhã eu te entrego, tá?

ㅡ Não, Jungkook, não precisa! ㅡ A expressão de Jimin voltou a parecer mais leve. ㅡ Eu não quero te dar trabalho, muito menos pra sua mãe.

ㅡ Não vai dar trabalho. A minha mãe tem um segredo pra tirar manchas das roupas, é sério.

Jimin deu uma risada. Jungkook era tão fofo.

ㅡ E em troca eu posso lavar todas as louças pra ela, sei lá. ㅡ Jeon deu de ombros. ㅡ Sério, ela tira a mancha e eu trago limpinho pra você amanhã.

Jimin precisou pensar por certo tempo, sabia que Jungkook não desistiria, mas não queria pedir à alguém que mal conhecia para lavar seu casaco... Por fim, ele finalmente disse:

ㅡ Tudo bem, mas você agradeça à ela por mim, tá?

ㅡ É claro! ㅡ Jungkook abriu um sorriso. Ele desviou seu olhar do rosto de Jimin para o seu moletom agora em Park, dizendo: ㅡ A blusa ficou bem em você.

Jimin riu baixo, apontando para Jungkook.

ㅡ Seu suéter é uma graça, também.

Jungkook olhou para o próprio suéter, era de uma lã alaranjada e fora dado por sua tia, que viu em uma loja e achou que era a cara do sobrinho.

O menino não achava que se parecia com seu estilo, mas era quente e servia em momentos como aquele.

ㅡ Obrigado, mas eu não gosto tanto. ㅡ respondeu Jungkook. Droga, já sentia a ponta de suas orelhas queimando. ㅡ Eu acho esse moletom mais bonito, por exemplo.

Jimin olhou para o moletom que vestia, notando finalmente o desenho: era uma imagem clássica, mas alterada da banda The Beatles, com o nome da mesma acima. Curioso, Park questionou o óbvio:

ㅡ Você gosta de Beatles? ㅡ Jungkook assentiu. ㅡ Legal, geralmente são pessoas mais velhas que gostam.

ㅡ Foi o meu pai quem os apresentou pra mim, ele tem vários discos em casa e colocava pra tocar quando eu era criança. ㅡ Jeon contou, o relato íntimo surgindo com mais facilidade do que há alguns dias, na festa de Seokjin. ㅡ Hoje em dia todos os discos ficam no escritório dele, e quando eu não quero ouvir as músicas pelo celular, vou pra lá pra escutar sozinho.

ㅡ Ah, eu acho as músicas meio chatas, sinceramente. ㅡ Jimin fez uma careta. ㅡ Tipo, eu ouvi poucas, aquelas mais famosas, mas nunca me interessei.

Jungkook negou com a cabeça. Já estava acostumado a ouvir aquilo, e embora não se sentisse irritado como a maioria dos fãs de rock, gostava de pensar que poderia mudar a ideia de Jimin sobre sua banda favorita (se não o fizesse, não tinha problema, também).

ㅡ Eu tenho que te mostrar as outras músicas, então. ㅡ Jungkook riu baixo. ㅡ E você, gosta de alguma banda?

Pela primeira vez Jungkook conseguiu fazer com que Jimin falasse tranquilamente sobre um assunto.

Música parecia um terreno neutro para Jimin, onde ele não precisava falar muito sobre a própria vida, de tal forma, sua conversa fluiu com facilidade. Jungkook descobriu que Jimin gostava de músicas mais calmas, o gênero indie era seu favorito e a banda, da qual Jeon havia perguntado antes, era The Neighbourhood juntamente a Florence and the Machine, ele não conseguia escolher (Jungkook nunca havia se interessado por este último, mas fez uma nota mental prometendo que iria pesquisar sobre quando chegasse em casa).

Cada vez mais, Jungkook sentia que se aproximava de Jimin, e não era a primeira vez que aquele sentimento se fazia presente. E, sinceramente, tendo plena consciência de seu interesse por Park, Jungkook não poderia estar mais feliz.

Os garotos só notaram o quão envolvidos estavam em sua conversa quando, com Jungkook encostado na pia e Jimin na porta do banheiro, alguém bateu na mesma, assustando o de cabelos coloridos ao dizer:

ㅡ Quem está aí?

Jungkook e Jimin precisaram sair do banheiro uma vez que haviam mais alunos no colégio que gostariam de utilizá-lo.

Eles chegaram atrasados para a aula de língua coreana, mas não tiveram que lidar com nada além de uma pequena bronca do professor. Jimin se sentou em seu lugar de sempre, assim como Jungkook, de tal forma, ambos não se falaram outra vez durante todo o dia.

Naquele momento estava chovendo mais forte que anteriormente, e aproveitando que já havia terminado a atividade proposta, Jungkook aproveitou para apenas observar a chuva pela janela ao seu lado. Embora não gostasse do frio, ele tinha que admitir que se sentia mais calmo e tranquilo com o som da chuva e o céu nublado, sem a luz do sol que o incomodava às vezes.

Enquanto via as gotas de chuva molharem o jardim lá embaixo, Jungkook se lembrava de poucas horas atrás, quando conversava com Jimin no banheiro. Ele estava bem ali, atrás dele, no canto da sala, mas Jeon ainda agia como se ele estivesse longe, até porque não se virou para olhá-lo durante todo aquele tempo.

Jungkook sorriu sozinho ao que a imagem do garoto de cabelos roxos, rosa e azuis (que começavam a desbotar) usando o moletom de sua banda favorita tomou sua mente. Jimin já era bonito, mas parecia que aquela simples peça de roupa e tudo o que ela carregava o deixara fascinante aos olhos de Jeon.

Por isso Jungkook pegou um caderno em sua mochila assim como um lápis em seu estojo para começar a desenhar, testando sua memória ao traçar o rosto de Jimin sem que o olhasse. Porém, diferente da primeira vez, ele não se limitou apenas ao rosto de Park ㅡ desenhou todo o corpo do rapaz, não deixando de retratar o que o inspirou: seu moletom com a estampa dos Beatles.

Jungkook então teve uma ideia, e após pensar por longos segundos, sentiu as bochechas e orelhas queimarem ao apagar a boca sorridente daquele Jimin, substituindo-a por uma boca que mordia a ponta do cordão do moletom.

O menino passou a mão pelos cabelos, desviando o olhar do próprio desenho como se sentisse vergonha do que ele mesmo havia feito. Enquanto contornava o rascunho do rosto, tentava não fitar o rosto do Jimin que criara.

Aquela situação era ridícula, ele sabia, mas continuou desenhando até que a aula se encerrasse e o sinal tocasse.

Jungkook foi um dos últimos a sair da sala, e ao chegar no portão, não precisou pegar seu celular para ligar para sua mãe como havia planejado; ele logo avistou o carro de seu pai estacionado ali.

O menino não tardou a correr até o veículo, entretanto, ao atravessar a rua, seu olhar fora fisgado pela imagem de Jimin na calçada do outro lado ㅡ com a mochila nas costas, ele tinha os braços cruzados e se protegia da chuva debaixo da marquise de uma loja. Jungkook então desviou seu caminho, indo até o garoto para questionar:

ㅡ Você está sem guarda-chuva, Jimin?

Jimin não se preocupou em cumprimentá-lo também:

ㅡ Sim, eu fui burro e esqueci em casa, já que não estava chovendo quando eu saí. ㅡ bufou. ㅡ Eu estava contando em voltar pra casa com o Yoongi, mas parece que ele já foi embora.

Jungkook mordeu o lábio inferior. Talvez Jimin não aceitasse, mas não custava oferecer:

ㅡ Você quer uma carona? Meu pai está ali, me esperando no carro.

Jimin começou a negar na mesma hora:

ㅡ Não, Jungkook, você já vai levar o meu casaco pra sua casa... Eu não quero incomodar mais ainda.

Jungkook suspirou, ele sabia que Park diria aquilo.

ㅡ Você não incomoda, Jimin. E eu não posso te deixar aí na chuva.

ㅡ Eu espero a chuva passar, não tem problema.

ㅡ E você acha mesmo que essa chuva vai passar antes de anoitecer? ㅡ questionou retoricamente. ㅡ Vamos, o meu pai não vai ligar.

Jimin finalmente aceitou, seguindo Jungkook e compartilhando seu guarda-chuva até o carro preto perto dali.

ㅡ Pai, você pode levar o Jimin pra casa? Ele esqueceu o guarda-chuva. ㅡ Jungkook questionou ao surgir na janela do banco do passageiro.

ㅡ Posso, manda ele entrar.

Jeon nunca viu Jimin tão tímido quanto quando ele adentrou o carro e se sentou nos bancos de trás. Ele achava que Jimin teria passado todo o caminho em completo silêncio se seu pai não tivesse puxado assunto:

ㅡ Você é da sala do Jungkook, Jimin?

ㅡ Sim, Sr. Jeon.

ㅡ E ele faz muita bagunça?

Jimin deu uma risada e Jungkook se virou para o pai, protestando:

ㅡ Pai! Eu não tenho 10 anos!

ㅡ Eu só quero saber, filho.

Aquele assunto típico de pai se seguiu, deixando Jungkook cada vez mais envergonhado e Jimin mais confortável, por incrível que pareça.

Eles chegaram à casa de Jimin e Park agradeceu pela carona tanto a Youngjin quanto a Jungkook, colocando o capuz na cabeça e correndo até a porta para não se molhar.

Jungkook tentou não sorrir tanto no caminho para sua própria casa, não queria seu pai o envergonhando ainda mais com perguntas. Contudo, ele foi surpreendido quando o homem indagou, casualmente:

ㅡ Aquela blusa que o Jimin estava usando não é a mesma da qual você saiu hoje cedo?

Daquela vez foi inevitável disfarçar suas expressões. Jungkook arregalou os olhos e, logo em seguida, abriu um pequeno sorriso.

Jimin havia levado seu moletom para casa.



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