1. Spirit Fanfics >
  2. Young Blood >
  3. A Garota da Abdução

História Young Blood - A Garota da Abdução


Escrita por: _moruhine

Notas do Autor


Vou deixar minhas desculpas para as notas finais.

Capítulo 14 - A Garota da Abdução


Fanfic / Fanfiction Young Blood - A Garota da Abdução

SAKURA

 

Não faço a mínima ideia de quanto tempo se passou desde que começamos a nos beijar e provavelmente nosso grupo de amigos já está desconfiando de algo.

Eu não me importo.

Depois de um tempo Sasori inverte nossa posição e agora eu estou sentada, encostada na parede, nossas pernas estão entrelaçadas de um modo esquisito, e ninguém reclama. Estamos um nos braços do outro por tanto tempo que sinto meus lábios dormentes, minha perna que se prende no meio das dele está formigando e começo a me perguntar há quanto tempo Sasori queria isso. Foi durante a festa de Ino ou depois? Não sei o que ele quer, ou o que vai acontecer depois de nos separarmos e prefiro pensar nisso depois, descobrindo coisas sobre ele que eu nunca achei que saberia.

Como por exemplo, o fato de sua pele ser tão sensível ao ponto de ficar rapidamente vermelha em toda a parte que eu deposito beijos, além de estar incrivelmente corado. Seus toques são impensados por muitas vezes, eu percebo, e isso é tão diferente do Sasori arrogante de sempre que tudo fica melhor. Como se fosse um segredo que ele está confiando somente para mim. É totalmente diferente vê-lo dessa forma. As palavras ácidas sendo substituídas por ofegos, empurrões infantis por toques suaves em toda minha pele, gestos de ameaça por meus dedos se perdendo em seus cabelos cor de cobre. Eu prefiro mil vezes isso. Prefiro mil vezes sentir sua boca quente e os arrepios toda vez que suspiramos longamente.

Eu não quero parar, mas todo meu corpo começa a ficar cansado de repente e sinto que ele está também, então lentamente Sasori interrompe nosso beijo com alguns selinhos, se senta no meu lugar e me puxa para ficar entre suas pernas enquanto ele continua me abraçando, distribuindo carícias em meus cabelos e as vezes beijos pequenos no topo da minha cabeça. Deito minha cabeça sobre seu peito e ouço seu coração. Tudo é tão bom que tenho medo de estragar tudo falando demais, mas sinto que preciso disso.

Que nós precisamos.

— Por que me beijou na festa de Ino? — Eu pergunto, deslizando meu indicador pela sua mão direita que puxei para mais perto de mim.

Sua mão é perfeita, ou beirando a perfeição. A pele clara fazendo contraste com o tom esverdeado das veias, pintando estrutura óssea masculina.

— Quem disse que foi eu? — pergunta ele, em desconfiança.

— Então foi Sasuke? — Jogo a isca.

Sei com certeza que foi Sasori, assim como sei sobre a briga que existe entre os dois ex-amigos.

— É claro que não foi ele.

— Então, por quê?

Depois de um tempo em silêncio, sinto-o se mover abaixo de mim inquietamente, como se estivesse numa guerra interna. Desejo encará-lo para descobrir o que é, mas talvez isso o assuste.

Sasori confessa em uma voz baixa, abafada:

— Eu sempre quis fazer isso desde o fundamental.

Sua resposta me surpreendeu tanto que esqueço meu último pensamento e ergo o rosto para ver se ele não está brincando comigo.

Recebo um vagaroso selar de lábios em troca, seus braços apertam minha cintura.

— Você quer me beijar desde os dez anos?

— Abraçar também.

Estou sorrindo como uma idiota. Não consigo parar.

— Se isso é verdade, porque sempre me afastou? Porque namorou Ino?

As perguntas parecem incomodá-lo um pouco, pois ele desvia o olhar por um breve momento. A ponta de suas orelhas estão vermelhas.

— Eu gostei de Ino — responde por fim.

— Mas também gostava de mim?

— Pensei que poderia parar de pensar em você. Foi estúpido, eu sei.

— Então eu sou tipo sua crush secreta?

Sasori se limita em balançar a cabeça, ele parece pensar muito antes de responder cada uma de minhas perguntas. Talvez esse não seja o momento certo para esclarecimentos, ou talvez ele esteja se arrependendo.

Recolho todas minhas forças pois começo a ter medo da rejeição. Querendo ou não, são anos de ódio aparentemente recíproco entre nós, as coisas são tão novas e frágeis que parece ser possível destruí-las com qualquer sopro. Quando ameaço me afastar, no entanto, ele aperta mais seus braços e beija minha bochecha perto do nariz, como se pedisse para eu permanecer.

Só então percebo que, por algum motivo, Sasori não é afiado nas palavras quando está sem seu sarcasmo. Talvez por isso ele sempre o usasse comigo. Eu nunca fui uma pessoa fácil, afinal.

Contudo, ainda tenho muitas perguntas dentro de mim. Sobre ele sentir isso desde o fundamental, sobre ter namorado Ino e gostado dela mesmo com esses sentimentos, e todas as outras coisas que Sasori pareceu ter escondido dentro de si com tanto afinco que mal consegue explicá-las agora. Mesmo que eu queira todas as respostas agora e seja ansiosa o suficiente para pedi-las, sei que ainda há um caminho muito longo até todo o esclarecimento dos fatos. São anos de sentimentos escondidos, mentiras, e eles não se esclareceriam em um banheiro sujo no meio de uma investigação meia boca.

Decido esperar o momento certo e não soprar nosso castelo de cartas.

Vejo seu pomo-de-adão subir e descer. Desejo beijá-lo ali.

— Você está namorando o Sasuke? — pergunta ele, rapidamente.

— Não — respondo sem qualquer hesitação, quero mostrar que ele pode confiar em mim —, ele apenas me beija e eu tento fingir para mim mesma que não quero que seja você.

Sasori ri, mas estala a língua em decepção.

— O que foi?

— Achei que finalmente as acusações idiotas que ele me fez seriam verdadeiras, isso é bastante decepcionante. — Vejo sarcasmo em sua voz, deve ser por isso que a frase saiu mais longa do que todas até ali.

— E não são?

— Eu nunca faria isso com um amigo.

— Tecnicamente você fez agora.

Sasori aperta a mandíbula e desvia o olhar para o chão, as bochechas coradas mesmo sem eu estar beijando elas.

—  Não consigo acreditar no que estou vendo… Eu respirei todos esses anos para ver Sasori Akasuna com vergonha?

— Ele não está, não.

— Está sim!

Começo a rir dele, provocando a reação mais fofa que já pude ver: ele rapidamente me abraça mais forte e esconde o rosto na curvatura do meu pescoço.

— Cala a boca, Haruno — murmura num ar quente contra minha pele, me beijando ali.

— Eu prefiro você me chamando pelo meu primeiro nome.

— Eu nunca fiz isso. E já disse para calar a boca.

Seus lábios se movem contra meu pescoço e o sopro que se espalha ali causam um arrepio que me faz fechar os olhos.

— Me ajuda a calar — sussurro, sentindo meu rosto queimar.

Ele ri, se afastando com um sorriso aberto e sincero. Aproximando seu rosto do meu devagarinho, ele me beija novamente, muito mais calmo que antes, como se fizesse questão de demonstrar seu afeto.

Muito satisfeita e com o coração envolto em chamas, eu volto a apoiar minha cabeça em seu peito, ouvindo seu coração batendo rápido e acariciando os dedos de sua mão direita. Eu beijo eles.

— Eu achei que isso nunca aconteceria — confessa Sasori, num quase sussurro. — Achei que isso me arruinaria.

— Eu também — concordo. — Achei que você era um babaca.

— E sou um.

— Eu sei.

Seus dedos da mão direita se entrelaçam nos meus e eu encosto minha boca naquela união, sentindo o cansaço do dia pesar nas minhas pálpebras. Me pergunto quando irão nos chamar para sair do banheiro, evitando pensar em como iremos reagir fora desse refúgio, sob o olhar e especulação de todos.

— Eu também sou uma — confesso, pouco antes de adormecer.

 

QUARTO DIA DEPOIS DO BAILE

07h12

 

Acordamos com o barulho da porta sendo forçada, seguida de várias vozes masculinas em uma confusão. Abraço Sasori mais forte por puro instinto, mas relaxo quando processo a situação.

Acabamos dormindo ali mesmo durante o resto da noite, já que o sol invadindo a janelinha indica que o dia chegou. Hora de voltar para a realidade. Tento raciocinar o que aconteceu durante a madrugada sem achar que foi uma paranóia da minha mente, e é fácil ao me ver praticamente deitada sobre Sasori. Sinto uma enorme culpa por deixá-lo tão desconfortável que me levanto bruscamente.

Isso parece assustá-lo, ele me observa confuso por um tempo antes de se levantar sonolento. Enquanto ele encara a porta, percebo que a parte de trás de seu cabelo está uma bagunça. Eu desejo passar os dedos ali para colocá-los em ordem, mas o barulho da porta toma minha atenção outra vez. Não faço ideia do que está acontecendo, mas suspeito que tenham pensado que ficamos presos no banheiro a noite inteira por puro azar. Quando a fechadura finalmente é arrebentada, a luz cega meus olhos e é quase impossível focalizar as pessoas do lado de fora.

Bruscamente alguém entra pela porta e me abraça apertado. É Hinata, sei somente por causa de seu perfume levemente enjoativo.

— Você está machucada? — Hinata quebra o abraço para começar a me inspecionar como uma médica. A cabeça, os braços. Quase me sinto num episódio de Grey’s Anatomy. — Por Deus, Sakura! Achamos que vocês tinham entrado na porrada aqui dentro e alguém tinha matado alguém! Vocês não ouviram a gente chamando? O que aconteceu?

Preciso de um tempo para minha mente lerda de sono raciocinar todas as perguntas dela. Vejo seus olhos marejados e finalmente percebo a gravidade da situação. Eles acharam mesmo que eu tinha matado Sasori ou o contrário? Em outros tempos até poderia ser verdade. Não culpo ninguém.

— O que aconteceu aqui? — Um homem alto de cabelo grisalho está parado na frente da porta, nos encarando como se tivéssemos assaltado sua casa. — Quase tive a cabeça cortada por um bando de adolescentes por causa de um casalzinho trancado no banheiro do meu estabelecimento? Que tipo de imoralidade vocês fizeram aí dentro? — Ele inspeciona o interior do banheiro, como se pudesse ver algo incriminador, como, sei lá, uma camisinha usada. E em seguida nos olha de cima a abaixo. — Quem são os pais de vocês?

Eu ainda estou uma pilha de vergonha e confusão quando Sasori sai do banheiro.

— Desculpa, senhor, nós estávamos numa discussão aqui, mas quando fomos sair a porta enterrou. Então resolvemos dormir aqui mesmo. Nada de mais aconteceu. — Ele responde, a voz meio rouca.

É mentira, nós dois bem sabemos, mas evita mais falatório desnecessário do homem grisalho, que agora estreita os olhos para nós, ainda tentando encontrar algo que nos incrimine.

Nós dois estamos sujos com farelo de tinta recente. No lado de fora todo nosso grupo está encostado no carro de Deidara, com um misto de expressões inexplicáveis. Variando de preocupação de Agust até malícia estampada na cara de pau de Naruto. Sasori sequer olha para mim enquanto caminha até eles e eu tenho um súbito medo de que ele ignore completamente o que aconteceu. Não quero acreditar.

Talvez ele só esteja cansado. Talvez não seja o momento certo. Talvez...

— Afinal o que aconteceu? — Charles é o primeiro a perguntar quando me aproximo. 

— Tivemos que dispensar o hotel barato que o nosso casal favorito encontrou para perturbar o dono da loja com a chave extra. E ele nem tinha! Tiveram que arrombar a porcaria da  porta, tem noção que eu nem tenho dinheiro pra pagar?

Tento encontrar o homem alto de cabelo grisalho, e o vejo no meio de um sermão com o garoto jogador de LOL, enquanto é rodeado por um brutamontes de preto, que provavelmente foi o que arrombou a porta.

— Vocês estão imundos, credo — observa Charles com desdém. — Rolou porrada?

— Só se for porrada de beijo — responde Naruto, cheio de segundas intenções.

— Não  aconteceu nada — respondeu Sasori, antes que eu pudesse.

O encaro, mas ele está mais concentrado em evitar meu olhar. Eu quero socá-lo. Merda. Não acredito que ele realmente está fazendo isso!

— Eles discutiram e ficaram presos no banheiro, parece que vocês demoraram tanto pra notar a falta deles que eles dormiram lá mesmo.

— A gente achou que eles já tinham saído.

— Se estivessem mais preocupados com a equipe do que em jogar no fliperama isso não teria acontecido — briga Hinata.

— Não é culpa nossa se você eo Agust apareceram às duas horas da porra da madrugada. Tavam se pegando também?

— Chuck! — Agust ralha.

Charles briga por ele estar chamando-o pelo apelido de novo.

— O importante é que todo mundo está vivo. — Eu digo, aborrecida o suficiente para querer que a conversa acabe logo.

Não consigo parar de pensar no quanto sou idiota. Foi realmente estupidez acreditar que as coisas mudariam magicamente depois de uma noite cheia de beijos, são anos de rivalidade nas nossas costas, com certeza não sumiriam assim. E Sasori é a prova viva disso, negando as suposições e evitando meu olhar, enquanto checa porcaria nenhuma no celular. Mas afinal, o que eu queria, que ele dissesse que começamos a namorar para todos nossos amigos? Nós nem chegamos nesse assunto! Na verdade, ainda nem sei o que está acontecendo entre nós!

Eu quero chorar, por isso evito olhar para Naruto que já está percebendo tudo. Ele está a ponto de falar comigo quando o dono da lojinha de conveniência retorna.

— Qual é o número dos pais de vocês? — Ele solta a pergunta de cara. Nem nos convida para um suco. — Alguém tem que pagar a minha porta e amarrar vocês em casa.

— Eu sou órfão. — Naruto tenta se livrar da bronca, já com uma caixinha de achocolatado em mãos.

— Órfão de caráter só se for — fala Charles.

— Isso é injusto, não foi a gente que se trancou lá!

— Tô nem aí para os argumentos, vocês estão fazendo essa bagunça toda em grupo! — O velho esbraveja, pegando o próprio celular. — Se não querem que seus pais paguem então comecem a falar seus nomes, vou tirar um tostão de cada um para o conserto dessa porta.

— Ninguém fala o nome de ninguém! — Agust avisa.

— Eu nem tenho um nome mesmo. — Naruto dá de ombros, se encostando no carro ao lado de Agust.

— Como assim garoto? Todo mundo tem nome. — O dono da lojinha está incrédulo.

Charles ri.

— Você já foi mais esperto, Naruto.

— Não fala o nome dele, Chuck seu idiota! — Grita Agust.

— Eu já disse pra não me chamar de Chuck, Agust!

— Meu Deus, gente, vocês estão entregando a gente! — Tento engolir a vergonha alheia, afundando meu rosto nas mãos.

— Cala boca, Sakura, se tu não tivesse se trancando lá dentro com Sasori nada disso teria acontecido — solta Naruto.

— Ótimo, agora ele sabe o nome de todos nós…

— Ele não sabe do Deidara... — Charles diz apontando para o dono do nome.

Naruto dá um tapa na parte de trás de sua cabeça.

— Ai! Não é como se ele soubesse que a gente mora em Nippo mesmo…

Estamos quase voando em cima de Charles para calar sua boca quando o homem de cabelo grisalho parece interessado nas informações:

— Vocês moram em Nippo? Minha filha estuda na escola de lá, devem conhecer ela.

— Quem? — pergunto.

— É Rose, ela faz teatro lá.

— Rose… Rose melhor amiga da Tayuya mora aqui?! — Naruto está tão incrédulo quanto eu.

Imediatamente nos entreolhamos, dentro do plot twist digno de O Sexto Sentido.

— Sim, agora que estou reconhecendo… Você é o irmão da Tayuya, não é? — O cara pergunta para Sasori, que assente. Rapidamente sua voz contém piedade: — Meus pêsames, filho.

— Você conhecia ele? — Quer saber Deidara, ao lado do amigo.

Sasori olha para mim por um microssegundo antes de olhar para o amigo.

— Não, eu só vi a mãe da Rose uma vez, nunca o pai — respondeu dando de ombros.

Todos estão atentos para a conversa, como um bando de crianças curiosas.

— E sabia que ela mora fora da cidade? — Dessa vez foi Hinata, com um braço envolto no de Agust.

O. Braço. Envolto. No. De. Agust.

Eu repasso a imagem mil vezes em minha mente.

Não sei o que mais me surpreende ali. Fiquei uma noite presa num banheiro e parece que mil anos se passaram no lado de fora.

— Tecnicamente ela mora em Nippo com a tia, mas vem todo final de semana para cá. — O pai de Rose corrige. Eu ainda estou olhando Agust e Hinata de braços dados. — Achei que todo mundo sabia disso.

— Não! — disseram meus amigos.

— Eu não culpo vocês, nossa família é bem reservada. Foi um escândalo quando minha menina apareceu com o namoradinho Robert para passar esses dias lá. A propósito, meu nome é Sebastian.

— O Robert está na casa de vocês?! — Naruto ignora a apresentação de Sebastian.

Começamos a nos olhar tentando passar algum código visual sem ter noção de que somos idiotas demais para isso. Então Rose está escondendo o namorado! De repente tudo começa a se encaixar e imediatamente olho para Sasori, que retribui o olhar, finalmente.

— Sim, um garoto adorável — Sebastian sorri com entusiasmo. — São amigos dele também?

— Nã... — Charles recebe uma cotovelada de Naruto.

— Sim! — disseram.

— O senhor tem ouvido os noticiários ultimamente? — Eu pergunto, receosa.

É impossível ele não saber que Robert está sendo procurado pela polícia. A notícia está circulando por todas as regiões vizinhas por dias. Se Sebastian sabe sobre isso e ainda assim tem escondido Robert, a situação não seria nada segura ali.

— Odeio noticiários, sempre são coisas terríveis de perder o otimismo! Roubos, assassinatos, estrupos... — Ele parece genuinamente sincero com uma careta de desgosto. — Sempre falo para minha esposa desligar a TV quando chego em casa. Gosto de saber sobre economia e coisa e tal, faz bem para os negócios.

Voltamos a tentar passar o estúpido código ocular, indecisos em confiar nas palavras dele ou não. Hinata parece a mais arisca, com um olhar duvidoso por detrás de sua franja longa. Vejo Agust passar uma das mãos em seus ombros.

Agora é oficial, eles estão juntos.

— Será que poderíamos ver o Robert? — pergunta Sasori, antes de todos.

— É claro! Vou ligar pra ele…

— Não. Não! — Eu me aproximo de Sebastian e abaixo seu celular com um sorriso digno de Oscar. — A gente quer fazer surpresa.

Sebastian parece pensar, olhando para a rua movimentada e depois para porta do banheiro sendo consertada por um mecânico que ninguém tinha notado até então.

— Eu acompanharia vocês, mas estou muito ocupado essa manhã, ainda mais agora que estraguei uma porta novinha. — Sebastian sutilmente fuzila eu e Sasori com um olhar rápido. — Não querem vir amanhã?

— A gente precisa voltar para casa ainda hoje, senhor — insiste Sasori. 

— Você pode dar o endereço para nós e procuramos no google maps — sugere Deidara, dando de ombros.

— Pode ser. Ela está um pouco afastada da cidade, mas vão conseguir achar.

Agradecemos Sebastian depois que ele passa o endereço, e tratamos de correr dali antes que ele mudasse de ideia. Se nossos pais soubessem onde estamos seria a ruína total do nosso plano. Com certeza era arriscado fazer tudo sozinhos, mas desde que fizéssemos mais do que todo mundo fez até ali, todo o sacrifício era indispensável.

E como sempre digo, éramos idiotas, mas não burros. Então traçamos um plano rápido e simples de ação. Nosso primeiro movimento seria Charles ligar para seu pai, contudo, o terrível clichê de filmes de terror acaba de se tornar bem real na nossa frente, uma vez que mesmo após três chamadas, Sean ainda não atende o filho. Sem tempo, Charles envia uma mensagem e pulamos para o segundo, que na verdade ainda fazia parte do primeiro plano: irmos para a casa de Rose tentar encontrar algo suspeito e certificar que ele realmente estava ali, enquanto Agust e Hinata seguiram de moto para a delegacia mais próxima, para avisar onde Robert estava escondido. 

Era o plano mais estúpido e cheio de falhas do mundo, com certeza Sherlock Holmes vomitaria se o visse, mas o único que tínhamos no calor do momento.

Entramos no carro de Deidara e sou pega de surpresa quando Sasori cede o banco do carona para um Charles muito animado e se senta do meu lado no banco de trás, fechando a porta. Eu o encaro por um instante, quase esquecendo que estava no meio dos maiores fofoqueiros de toda Califórnia, vulgo Naruto e Charles. Quando ouço a risadinha de Naruto, rapidamente desvio o olhar para a avenida movimentada que se abre no parabrisa.

Não acredito no que está acontecendo.

Tento manter intacta a raiva - sem sentido - que estava nutrindo por Sasori, mas quando sua mão direita vagarosa e imperceptivelmente cai no vão entre nós, do banco, toda a raiva se esvai. Eu permaneço imóvel, sentindo sua mão procurando a minha e finalmente entrelaçando nossos dedos firmemente.

Sinto que vou vomitar enquanto todo meu rosto esquenta como se pudesse sair sangue dos meus poros. Não consigo nem encará-lo e acredito que ele também não.

— Que merda tudo isso, hein — diz Charles, de olho na estrada. Levo um susto tão grande que aperto a mão de Sasori e ele ri baixinho. Levanto de leve meu joelho, tentando impedir a visão de outros para nossas mãos unidas. — Ou nós somos muito sortudos, ou somos muito azarados.

Não posso discordar de Charles.

A casa de Rose é literalmente a última da estrada e praticamente no meio da floresta. Sem vizinhos num raio de dois quilômetros. Começo a pensar que foi realmente a pior ideia que nós já tivemos e isso causa um leve pânico ao ver todos saírem do carro de Deidara. Ele estacionou bem antes da entrada.

A casa amarela era bastante comum, cercada por madeira e flores, mas tão comum que se tornava pavorosa. Nunca senti tanto medo ao ver uma casa tão bonita, o que me faz pensar em Gege, o cãozinho do meu tio Suk que apesar de não passar de trinta centímetros e ter uma aparência fofa, é o diabo encarnado em cachorro.

Literalmente, o cão.

Sasori parece perceber meu nervosismo, pois ao invés de acompanhar os outros que já se direcionavam furtivamente pelos troncos de árvore da estrada, ele volta para a porta que deixei aberta e me encara com um leve sorriso. Seus olhos estão focados em mim.

Sob o sol, o mel parece mais claro.

— Precisa de ajuda, moça?

Solto um sorriso mínimo diante seu sarcasmo e respiro fundo.

— Isso não é uma boa ideia — eu digo. — É a pior das ideias e eu votei nela.

— Eu sei — concorda ele. Se apoiando na porta do carro e puxando minha mão esquerda levemente. — Só quero acabar com tudo isso antes que mais alguém se machuque.

O comentário de Sasori me deixa sem fala por um instante, enquanto analiso seu rosto em busca de alguma expressão triste. Eu rapidamente encontro uma, na verdade, tenho encontrado muito nessas últimas horas. Após um riso ou com um longo silêncio, seus olhos se nublam com uma tristeza que eu não consigo consolar.

O que eu diria? Embora na noite anterior ele tenha revelado parcialmente o que sentia a respeito, de seu grande dever como irmão mais velho, eu sequer sei como é ter uma irmã mais nova, ou apenas uma irmã. Eu sou filha única então nunca sentirei realmente a dor de perder alguém assim. Também não ousaria dizer que meu medo de perder Ino é a mesma coisa quando certamente não é. Perder alguém com quem esteve ligado por toda a vida… O quão cruel isso pode ser?

Eu paro com meus pensamentos quando nos aproximamos da casa de Rose. O resto de nós já está de pé diante da pequena cerca de madeira, conversando com uma mulher de cabelos grisalhos e sorriso gentil.

Um sorriso gentil demais, penso.

— Que merda eles estão fazendo? — pergunta Sasori bem baixinho e eu não posso evitar fazer a mesma pergunta.

Falar com qualquer pessoa na casa tão rapidamente não era o plano.

— Esse é o resto do grupo? — Ela pergunta assim que nos nota, olhando com curiosidade para eu e Sasori.

Não faço ideia do que eles estavam falando, mas pelo olhar sem graça de Naruto, imagino que eles também não planejavam tudo aquilo.

— Sim — responde Naruto, meio incerto.

— Perfeito! — Ela bate algumas palminhas em felicidade e começa a abrir seu pequeno portão de madeira. — Então vocês precisam ficar para tomar chá! Robert está preparando um chá delicioso com sempre! Venham, venham, logo minha Rose chega.

Antes que qualquer um ousasse dar mais uma passo à frente, nos encaramos com olhares cheios de indecisão e medo. O primeiro a dar um passo dentro do lugar sou eu, o que impulsiona todo o resto a me acompanhar enquanto sigo a mulher de terceira idade. Robusta e de sorriso fácil, ela usa um vestido florido e leve, apontando para as plantas que rodeavam a casa. Parecia que nos conhecia há anos, o que obviamente não era o caso.

Quando ela permitiu que entrássemos em sua sala decorada por mais plantas e sinos dos ventos, foi impossível para qualquer um se sentir seguro. Robert estava sentado em um banco, na soleira da porta da cozinha, sorrindo para nós.

Embora seu sorriso nunca parecesse bom por conta do quanto ele se parecia com algum personagem estranho do Tim Burton, o que mais nos alertou não foi isso, e sim o fuzil que ele carinhosamente limpava entre suas mãos.

Merda.

Maldito porte de armas e malditas pessoas do interior que adoram ter um fuzil para caçar.

— E aí, pessoal. Que surpresa ver vocês aqui. — Robert continuou sorrindo, com a voz suave como se ele não fosse um foragido da polícia.

Nos limitamos a dar uma saudação de volta enquanto a mãe de Rose nos aconchegou em um enorme sofá com estampas de flores. Eu acabei me sentando no meio de Naruto e Sasori, e Charles permaneceu ao lado de Naruto. Na frente do sofá havia uma mesa que logo Robert preencheu por um bule fervente de chá e copos, ainda sem deixar a arma de lado. A senhorinha, por sua vez, sentou-se no sofá oposto.

— Então, estavam passando pela cidade? — Quis saber ela.

Charles pigarreia, cutucando Naruto que ainda olhava para o fuzil de Robert. Como se tivesse despertado do coma, meu melhor amigo solta o sorriso mais congelado que possuía.

— S-Sim, senhora Miller — responde.

— Ah! — Senhora Miller o interrompe, acenando negativamente com sua mão enrugada. — Não precisa me chamar assim, meu amor. Pode me chamar de Lourdes.

— Senhora Lourdes, então — repete, melindrosamente. — Acabamos esbarrando com seu marido sem querer. A gente disse que queria visitar a Rose, saber se ela está bem depois de tudo. Com o corre da escola é impossível ter um contato grande, sabe?

— Eu entendo. Entendo.  Lamentável o que aconteceu com Tayuya, não é? Uma terrível tristeza — Lourdes comenta cheia de pesar em sua voz já falha pela idade. — E Rose gostava muito dela, nossa, era como se fossem carne e unha. Fico triste, pois foi a primeira amizade verdadeira que Rose teve depois da adoção…

— Adoção? — pergunto, a interrompendo.

— Não sabiam? Adotamos nossa Rose há uns dez anos atrás, ela já era grandinha, mas perfeita para nós.

— Ela viveu num orfanato? — Questiona Charles.

— Ah, não completamente. É um assunto terrivelmente delicado. Mas seus pais biológicos não fazem mais parte desse plano.

Franzi minhas sobrancelhas antes que eu percebesse, evitando soltar comentários. Eu tinha dúvidas, dúvidas tão enormes quando o bule que continuava soltando sua fumaça quente que fazia nossos rostos suarem.

— Entendemos, pedimos desculpas pela indelicadeza — Naruto dá uma cotovelada em Charles. — Do nosso amigo.

— Tudo bem, meu querido, sou uma mulher acostumada com indelicadezas piores.

O comentário soou estranho para todos que ouviram. De uma forma que não consigo descrever. Seu rosto estava enfeitado com mais um sorriso doce, mas ao contrário dos outros, era o tipo de sorriso impossível que qualquer um confiasse. Como se num instante ela te chamasse de “querido” e no outro pudesse colocá-lo de castigo.

Na verdade não consigo tirar essa impressão com qualquer palavra mínima que ela dá. Essencialmente enquanto Robert nos encara, suavemente passando o pano impecavelmente branco por toda a extensão de sua arma.

— Não vão beber do chá? — Lourdes pergunta, como se o comentário anterior não fosse nada.

— Hmm… — Naruto pronuncia, as mãos unidas em cima de suas coxas. — O chá deve estar muito bom, mas não queremos incomodar, sabe? Podemos esperar Rose lá fora…

— Não. — Lourders responde como uma navalha ao corte, mas seu sorriso se mantém. — Não é necessário. Sirvam-se, fiquem à vontade.

Não sei de onde Lourdes tirou aquela ideia. Era impossível se sentir à vontade ali. O chá que ela começava a depositar nas xícaras parecia sujo demais, a sala inteira cheirava a álcool, não havia nenhum retrato de Rose naquela casa e o fuzil não estava nem um pouco sujo para que Robert continuasse passando o maldito paninho por ali.

— Bom, — começou Sasori, — se insiste, vamos nos servir um pouco.

Ninguém queria beber chá com medo de ser envenenado e isso era fato.

Contudo, Sasori aproximou a porcelana dos lábios delicadamente e fechou os olhos como se estivesse saboreando. Eu era a única tão próxima dele, por isso percebi que embora seu pomo de adão subisse e descesse, o líquido negro não chegava a entrar em sua boca. Mal chegava a tocar-lhe os lábios.

— Está muito bom — disse ele.

Resolvi fazer o mesmo, pensando em tomar tempo para uma rota de fuga. 

— Já que estamos aqui, por que não diz o que Rose fazia no dia em que Tayuya desapareceu? Todo mundo disse que ela nem estava na festa.

Mordi a beirada da porcela, quase deixando que o líquido perigoso entrasse na minha boca. Eu não consegui decidir se queria matar Sasori ou estudar suas intenções.

— Ah, verdade. Minha menina... — Lourdes olhou para o chão um segundo, divagando. — Ela ficou tão doente nesse dia. 

Sasori e eu lemos todos os interrogatórios que Charles conseguiu roubar do sistema do pai durante uma noite inteira. Embora estivéssemos cansados naquele dia, nenhum detalhe saiu despercebido de nós, principalmente eu com minha memória digna de elefante quando o assunto é fatos e acontecimentos.

No relatório de Rose não dizia que ela estava doente naquela noite.

— Que estranho. Não foi isso que a polícia disse — comentou Sasori, encarando Lourdes com seu olhar inquisitivo.

O lugar todo se cobriu com mais tensão.

O semblante de Lourdes inesperadamente mudou e de sua mão, a xícara de chá quase caiu. Em reflexo, Robert tentou aparar antes que caísse nas pernas dela, ainda sem largar a arma.

Foi o momento perfeito.

Com o descuido, Sasori chutou a mesa de chá com o pé de maneira forte e inesperada, de modo que o líquido fervente do bule caiu nas pernas da mãe de Rose. O grito estridente que ela solta toma toda a atenção de Robert e é o momento que Sasori aproveita para empurrar Robert contra Lourdes e dar espaço para correr dali.

Como o portão foi trancado, corremos pela mata que tem nos fundos da casa, o mais rápido que cada um de nós consegue. Escutamos um som de tiro logo depois e isso faz minha alma praticamente sair do corpo.

No meio de tanta árvore, tronco e planta, com os gritos de Robert nos seguindo, eu acabo me perdendo de todos. Paro de correr assim que vejo estar sozinha e começo a gritar o nome de Sasori, mas logo percebo que é uma péssima ideia e paro. Tento encontrar alguém no meio daquela floresta. Estou em um desespero tão grande que mal posso respirar, sinto minha gastrite fervendo em nervosismo. E tudo que quero é fugir dali.

Eu não quero morrer também.

Ouço passos atrás de mim. Quando me viro, sinto o impacto de um corpo acompanhado de um abraço apertado e ansioso. Sinto o cheiro de Sasori e estou prestes a abraçar de volta quando ele se afasta e toca meu rosto com as duas mãos. Vejo alívio em seus olhos claros.

— Você está bem? — pergunta ele.

Confirmo com um aceno e deixo ele me guiar para dentro da floresta. Nossas mãos estão suando juntas, os dedos bem entrelaçados, e tudo tem um choque terrível enquanto corremos sem direção.

— Onde os outros estão? — Eu pergunto entre um fôlego e outro.

— Eu não sei. Acabei me perdendo deles quando fui procurar você... — Sua voz tem agonia.

Outro tiro é ouvido, seguido de gritos que não consigo identificar. Olhamos para trás por um instante, afoitos. Nada.

Não sei por quanto tempo corremos,  mas chega a um ponto que precisamos atravessar um pequeno riacho e subir um grande declive. O cansaço da corrida fez nossos passos desacelerar e eu agradeço por não haver nenhum Robert louco correndo por aí.Continuo segurando a mão direita de Sasori, em busca de conforto enquanto tento fazer meu celular pegar sinal em algum lugar dali, mas é impossível, e o aparelho está praticamente descarregado. 

Porém um milagre divino acontece e começamos a entrar num campo grande e espaçoso, com uma grama verde que se converte aos poucos em árvores de flores. Sinto que já conheço o lugar, mas só quando eu vejo a enorme casa de verão é que reconheço.

— É a casa da família do Sasuke — observo, chamando atenção de Sasori.

— Já veio aqui?

— Foi aqui o casamento do meu pai. Fica na divisa entre San Mar e Nippo. Nós corremos tanto assim?

Sasori parece pensar por um momento, ainda encarando a casa.

— Não, a casa de Rose está praticamente saindo da cidade. Eu vi no google maps. Acha que tem alguém lá?

— Karin disse que eles mantêm a casa fechada durante toda a semana, mas às vezes alguém vem limpar. Talvez tenhamos sorte.

— Pelo menos isso…

Começamos a caminhar até a casa Uchiha como dois suspeitos, olhando de um lado para o outro. Sem as ornamentações do casamento e as centenas de pessoas, a casa parecia ainda maior e mais isolada possível. A casa era tão perto da de Rose que eles poderiam facilmente ter uma boa convivência como vizinhos, embora eu nunca tenha ouvido falar sobre uma amizade entre eles. Me pergunto mentalmente se a família Miller veio ao casamento.

— Sasori — eu começo antes que o pensamento fuja, — já reparou o quanto a casa dos Miller e dos Uchihas é perto?

Inesperadamente após minha pergunta, o irmão mais velho de Sasuke sai de uma das portas.

Sasori parou de caminhar e me lançou um olhar quase pasmo, como se apenas naquele momento o pensamento houvesse passado pela mente. Depois olha para Itachi com a mesma expressão.

 Começo a pensar sobre isso. Sobre o fato da universidade ainda não estar em férias, sobre ter visto Jéssica furiosa com Itachi no dia do casamento, tento lembrar sobre quantas vezes o vi em apenas duas semanas. Até que no fundo da memória, na parte mais nocauteada da minha primeira ressaca da vida, a voz de Karin vem na minha mente, dizendo para Sasuke numa manhã de domingo que tinha visto Itachi no meio de duas vacas¹.

Sinto meu sangue esfriar.

— Vamos embora — diz Sasori, já me puxando pela mão.

Antes que possamos chegar à mata de novo, ouvimos a voz do irmão mais velho de Sasuke gritando:

— Sasori?! O que está fazendo aqui? É a Haruno também?

Nós imediatamente congelamos, apertando a mão um do outro. Então me viro e dou um falso sorriso de esperança:

— Itachi! Achei que não tinha ninguém em casa, que bom te ver!

Itachi agora está descendo as escadas da varanda, com uma expressão indescritível no rosto.

Sasori parece ter dificuldade em fingir naquela situação, mas eu aperto sua mão e ele me segue.

— O que estão fazendo aqui? — Itachi pergunta.

— Nós…

— Você não devia estar na faculdade? — Sasori perguntou, me interrompendo.

Ele está com um olhar frio e eu começo a repensar se é uma boa ideia fingir que não estamos suspeitando dele. Quando obviamente ele já deve saber disso.

Itachi suspira pesarosamente, parece triste.

— É uma longa história, vocês gostariam de entrar? Parecem muito assustados, estão bem?

— Acabamos de ser perseguidos — eu digo, tentando esconder o receio.

A cabeça de Itachi pende para o lado direito, parece preocupado.

— Como assim? Por quem?

— Vai contar por que não está na faculdade ou vai ficar enrolando? — continua Sasori, um tom levemente irritado.

Não sei o que estou sentindo.

— Você não mudou nada desde aqueles tempos, hein, Sasori. — Itachi nos concede um sorriso extremamente gentil. — Continua o mesmo coice de mula.

— Ambos não mudamos.

Com um suspiro vencido após várias tentativas de nos convencer, Itachi nos acompanha para dentro da casa.

Por todo o caminho até a grande sala de estar sinto meu corpo se tensionar, a gastrite queimando e um dos dedos de Sasori acariciando meu polegar. Tento passar algum conforto para ele também, mas falho.

— Na verdade eu estou me abrigando aqui nessa casa durante a semana, porque acabei reprovando em algumas matérias da faculdade. — Itachi começa assim que nos sentamos em sofá de frente para a poltrona em que ele se senta. — Se meus pais souberem, eles me matam.

A casa aparentemente está vazia.

— Você sempre foi um gênio…

— Você está sangrando?! — Itachi observa, interrompendo Sasori e se aproximando para ver um corte que ele tem no abdômen. Sangue está escorrendo pela calça. Provavelmente foi por causa da corrida e ele nem pareceu ter notado, pois se assusta com o próprio sangue. Me lamento por também não ter visto. — Meu Deus o que vocês fizeram? Eu devo chamar a polícia?

— Sim, eu agradeceria. Nossas baterias morreram. — Sasori mente, sabendo que ainda tenho um pouco de bateria.

Itachi acena com preocupação no olhar, se levantando e caminhando até a porta da frente enquanto diz que irá pegar o kit de primeiros socorros.

— Sakura, você pode pegar meu celular que eu deixei no banheiro do corredor atrás de vocês? — pergunta Itachi, no caminho. — Pode ligar para a polícia por ele. Eu estou tentando encontrar a caixa de primeiros socorros para cuidar do Sasori.

Eu olho para Sasori, confirmando se realmente é seguro ir. Então ele olha para direção de Itachi e só volta quando percebe que ele não está espreitando. Assente para mim, afastando sua mão da minha. Eu caminho para o banheiro e me assusto ao ouvir Itachi volta para sala quase correndo, falando que na verdade o kit estava em outro cômodo da casa.

Depois disso tudo que sinto é meu coração estalando na minha orelha.

Itachi me empurra para dentro do banheiro e tranca a porta, ouço Sasori gritando meu nome enquanto caio no chão molhado. Várias pancadas se sucedem no outro lado da porta, eles estão brigando e eu pego meu celular quase morto para fazer, talvez, a nossa última ligação.

Antes que eu possa ligar para a polícia, meu celular toca e eu atendo antes que Itachi ouça, nem vendo quem era.

— Sakura? — É a voz de Karin. Observo a porta quando os barulhos cessaram e só então eu vejo as mesmas flores que estavam no cabelo da Tayuya morta, jogadas no lixo perto da pia. — Garota, sabe que eu não gosto de enrolação. Então, hoje a Jéssica foi pra delegacia e  confessou que Ino foi sequestrada por causa dela, porque descobriu que Itachi é o ass —

Ouço o grito de Sasori.

Então tudo fica em silêncio, pois meu celular morreu.

Começo a entrar em desespero, ouvindo os passos de Itachi e imaginando que ele deve estar se aproximando. Respiro fundo, sentindo minhas lágrimas borrando a visão e tento encontrar uma saída. Vejo a janelinha no alto do banheiro, pequena e de vidro. Com certeza Itachi não passaria por lá, mas talvez não contasse com minha baixa estatura.

Eu quebro o vidro com o suporte do vaso sanitário e isso causa um estrondo terrível. Ouço os passos na casa se acelerarem e eu me apoio no espaço de mármore do chuveiro para me impulsionar pela janela.  O cálculo foi horrível e eu caio em cima dos vidros, um deles consegue cortar meu braço direito enquanto os outros provocam arranhões. Com a adrenalina inibindo a dor, corro para fora, vendo Itachi sair da casa. O medo sobe rapidamente e isso me impede de notar um carro se aproximando do portão de entrada, me atingindo em cheio.

Sinto uma dor forte no meu joelho direito e meu corpo rola por cima do capô do carro até cair no chão. Eu caio no chão de cabeça e isso me deixa zonza, sem saber qual parte do meu corpo dói mais.

Quando abro os olhos o sol me cega e então eu vejo um rosto sorridente.

Em uma mistura de dor, percebo que é a mesma silhueta que vi naquela estranha foto que tanto Lee quis nos mostrar, com a garota borrada em flashs e atrás, o letreiro de Texas Club. 

É Rose.


No meio de duas vacas¹: faz referência ao segundo capítulo da fanfic.


Notas Finais


Então. Acho que ainda que eu obrigasse o Kishimoto a dar um final feliz para o Sasori ou conseguisse sozinha todas as joias do infinito para salvar a humanidade, ainda não seria suficiente para pedir perdão por ter sumido de novo aaaaaa.
Eu sei, eu sumi e nem disse um "ai", sinto muuuuito mesmo, nossa. Eu fiquei um bom tempo fora do spirit, só apareci parar ver algumas coisas bem rapidamente, mas esses dias entrei e vi as mensagens de vocês, os comentários e a preocupação que eu deixei.
Nossa, sinto muito kdosakdoa
Eu fiquei um tempo fora, realmente, mas dessa vez não por algum bloqueio criativo ou sei lá, mas por que eu precisava de um tempo para me encontrar no mundo kdksks Acho que todo mundo passa por isso, eu já passei muitas vezes, mas acredite, é bem dificil de achar e as vezes você simplesmente nem acha.
Masss, eu tinha esse capítulo guardadinho que só precisava de uma revisão.
Eu espero sinceramente que tenham gostado, embora eu tenha certeza que vocês provavelmente terão que ler a fanfic de novo para se situar kkkk (real, eu fiz isso)
Tivemos muuuuitas revelações aqui, embora algumas tenham ficado no subentendido. Para quem não entendeu ou tem dúvidas: no próximo capítulo teremos flashback da Tayuya por completo e poderemos compreender finalmente o que aconteceu naquela triste noite.
E sim, eu amei escrever sobre sasosaku, eles são tudinho né? E sim, Sasori sem sarcasmo cora e é mudo. Não o julguem o menino só não quer transparecer o penhasco que ele sente pela Sakura jsodka
Eu amo escrever Young Blood, então a fanfic vai continuar, sim.
Amooo demais você que leu tudo isso e ainda não desistiu dessa fanfic, sério, EU TE AMO ENTENDEU?????

Qualquer coisa, sintam-se livres para mandar mensagens e afins.
Até a próxima sz.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...