18 anos depois...
Eu acordei com algumas gotas de orvalho que escorriam lentas de algumas folhas e caiam em meu rosto. Fazia frio...
Eu acordei com meu despertador que tocava incessantemente um som totalmente irritante, minha mãe o selecionar certamente para que eu acordasse e não tivesse oportunidade de dar outro cochilo. Seis horas, hora de tirar a sujeira...
Eu sempre gosto de sentir o ar fresco que passa aqui no Santuário de Miyamizu. Mamãe sempre me conta histórias de como ela e sua irmã gostavam de vir aqui para deixar seu kuchikamizake. Ah, ela também mencionara o fato de que às vezes sentia um pouco de vergonha ao prepara-lo pois "colegas" de escola iam lá para fazer chacota e rir de nossa tradição.
Suspirei e peguei meu celular, seis da manhã. Olhei para o lado e percebi que meus pais ainda dormiam abraçados profundamente. O cansaço era eminente devido aos roncos de meu pai.
Ainda continuo exausta, fizemos muitas coisas ontem. Viemos ao Santuário para orar, meus pais acham a data de hoje muito especial, dizem que sentem que eles devem comemorar mas, não se lembram o porquê...
Tsc, se fosse algo realmente importante eles pelo menos deveriam se lembrar, ri internamente. De todo modo, não me importo se temos ou não motivos para vir aqui. Eu adoro a atmosfera desse lugar, as arvores, o rio, os animalzinhos, a calmaria... A vida em Tóquio é muito corrida, mas quando venho pra cá me sinto renovada. Além disso, meus pais são bem ocupados e o único momento em que os tenho inteiramente pra mim, é quando a gente vêm aqui. Mas mesmo assim, não tenho do que reclamar, eles me dão bastante atenção, me apoiam, são de longe os melhores pais que poderia pedir.
Alguns pais acham que porque o filho já tem dezessete anos, ele não quer a atenção deles e nem que eles fiquem mimando mas... Todo mundo quer, não é mesmo?
—Eu não! Meus pais são insuportáveis! Minha mãe só vive falando de trabalho, trabalho e mais trabalho! Papai só xinga todo mundo enquanto bebe e vê televisão! - gritei com Ryaio.
—Os pais são difíceis de se entender, Ryo. Eles não são heróis, nem são perfeitos. Eles são como a a gentem... - disse com o mesmo semblante calmo de sempre.
—Não! Quando eu for mais velho eu irei ter um filho e cuidar dele como se ele fosse a jóia mais preciosa do mundo nessa porra.
—Irmão, nossa mãe trabalha muito pra sustentar a casa, é difícil ela ter tempo...
—E por que o Tahiro não faz nada? Fica o dia todo coçando o saco e bebendo birita.
—Fale baixo, sabe o que acontece quando o desrespeita.
—Tô pouco me fodendo pra isso!
—Ryo. - soou sério - Enquanto morar aqui, respeite-os. Eles podem não ser os melhores país, mas é o que temos.
—Não vejo a hora de conseguir me sustentar sozinho e sair desse inferno.
—Bom, - respirou fundo - você faz dezoito logo, tenho certeza que vai conseguir. - comeu um pouco de sua yakisoba.
Eu precisando do auxílio e ele ainda continua tomando seu desjejum normalmente, fancamente...
—Não queria que eles me mimassem, - me joguei sobre a cadeira - mas pelo menos poderiam vir a mesa dizer bom dia! E não somente passar reto quando estivem saindo e bater a porta.
-Ryo, você não intende... - me encarou.
-Não entendo mesmo! - bati na mesa - Quer saber? Perdi a fome. - me levantei e fui para meu quarto ignorando alguns dos resmungos de meu irmão.
Ele não entende! Ryaio já tem vinte anos, é claro que ele não vai me entender...
Ahhh! Quer saber?! Eu não ligo!
Me joguei sobre minha cama, minha cabeça latejando. Isso sempre acontece quando me estresso
Droga...
Eu só queria que eles me entendessem, só queria que alguém me apoiasse, alguém ficasse ao meu lado, independentemente de tudo... Eu queria ter outra vida! Uma onde os pais o amem e dêem atenção! Talvez assim, eu seja feliz!
Eu acho que vou esperar mais um pouco, ainda está cedo para descer até a cabana e preparar café da manhã...
Eu vou...
Eu vou...
Dormir só mais um pouco...
...
Eu acordei com algumas gotas de orvalho que escorriam lentas de algumas folhas e caiam em meu rosto. Fazia frio...
Espera...
Me levantei.
Papai e mamãe ainda estão dormindo?
Aquela hora em que fui deitar eram seis horas...
Peguei meu celular. Agora são seis horas?! Como isso é possível, devo estar sonhando...
Me deitei novamente a fim de tentar pegar no sono...
É eu devo estar delirando...
Eu acordei com meu despertador que tocava incessantemente um som totalmente irritante, minha mãe o selecionar certamente para que eu acordasse e não tivesse oportunidade de dar outro cochilo. Seis horas, hora de tirar a sujeira...
Mas, de novo?
Não me lembro do despertador tocar outro horário além das seis. Quantas horas? Encarei-o e os ponteiros apontavam: seis.
Eu dormi o dia inteiro e acordei no outro?! Não... Impossível! Me lembro de ter brigado com meu irmão e depois eu vim dormir... Eu ainda devo estar dormindo... É, deve ser isso...
Deitei novamente afim de que quando acordasse tudo voltasse ao normal.
Eu acordei outra vez...
Olhei para o lado e me deparei com um enorme monte de roupas no chão... Estava em um quarto, cheirava mal. Ao canto tinha uma guitarra e uma escrivaninha bagunçada. O quarto era cheio de posters quadros o enfeitando. Ao meu lado um despertador tocava, seis horas
—Mãe? Pai? - sentei e coçei os olhos - O que você está... Ham?! - olhei em volta e pude ver com mais clareza o quão bagunçado estava o quanto.
—O que eu estou fazendo aqui? Onde eu estou? - murmurei.
—...
—...?
—...!
Não pude deixar de perceber algo de diferente entre minhas pernas.
—Ahhhh! - eu gritei impulsivamente.
Então escutei a porta do quarto ser aberta com certa brutalidade.
—Ryo! - um garoto alto de cabelos loiros apareceu - O que aconteceu?! - ele parecia assustado enquanto eu ficava sem reação o encarando boquiaberta.
—B-bom dia... - disse meio sem graça.
—Boam dia? Você está bem Ryo? - Ryo?
Eu estou sonhando e esse deve ser o nome do personagem que eu interpreto. Adoro peças, é minha hora de brilhar.
—Estou bem. - sorri.
—Okay... - ele sorriu falso - Eu preparei o café - Pode descer...- saiu e fechou a porta.
Olhei em volta, dse sonho está meio louco...
Bem, vou descer e ir tomar meu desjejum.
Ri um pouco de mim mesma enquanto abria o guarda roupas. Encontrei todas as roupas desdobradas, fora do cabide e amarrotadas. Uma barata passou correndo e dei um gemido.
Que horror! Vou ver o que faço nesse quarto depois porque está precário.
—...!
—P-preciso ir ao banheiro... - corei fortemente - Não deve ser tão difícil.
É IMPOSSÍVEL MIRAR MEU DEUS QUE HORROR EU QUERO ACORDAR!
Me belisquei, mas nada. Então decidei continuar, tirei o samba canção velho que estava usando, vesti uma camiseta e uma bermuda de pijama.
Desci as escadas e andei um pouco sem rumo procurando a cozinha.
—De pijama irmão? - o garoto de antes se sentou e me olhou surpreso - Você nunca desce de pijama.
—Oras... As todas as roupas estão amarrotadas ou sujas. Não dá pra usar nenhuma. - disse com descaso —Mas, vou resolver isso depois do café. - me sentei junto dele.
—Não vai voltar a dormir depois do café?! - seu olhar desmonstrava surpresa
—Não ué. - esbravejei - Meu quarto está uma bagunça! E essa casa também está precisando de uma limpeza. - olhei aí redor e escutei ele rir.
Havia porra por toda parte e muitas coisas estavam jogadas e fora de lugar.
-Você está falando sério Ryo? - arqueou uma sobrancelha.
-Por que não estaria? - arqueei de uma sobrancelha de volta.
-Hoje é um dia cheio de surpresas, irmão. Até aprendeu a mexer a sombrancelha. - riu.
-Hahaha! É,não é? - disfarcei minha tensão.
Não estou entendendo muito bem o que está acontecendo... Eu sou um garoto chamado Ryo e este é meu irmão? Até agora tenho apenas essa informações relevantes.
Terminei de comer minha Yakisoba e o chamei.
—Irmão... - ele parou de comer - Onde está mamãe e papai?
Se os pais deles estiverem mortos ferrou...
—Como assim? Estão trabalhando. - graças aos céus -Você acordou tarde e mamãe já saiu...
-Entendo. Ela sai antes das seis?
—Sim, e como papai trabalha a noite, só vai chegar às nove.
—Entendo, e porque meu despertador todca tão cedo?
-Por que você gosta de tomar café da manhã com o melhor irmão do mundo antes de e ir trabalhar. - disse rindo.
-É mesmo...
-Como?!
-...?
-Não vai discordar como sempre faz? Pé reclamar que os pais não estão nunca em casa? - me olhou com os olhos cerrados.
-Por que faria isso? Eu que acordei tarde... E talvez eles só não queriam me acordar. - sorri e me levantei - Bem, vou ir limpar aquele quarto. - lavei minha louça e vi meu irmão me encarando - Bom trabalho! - subi as escadas em direção ao meu quarto.
Tenho que fazer muitas coisas hoje, vai ser um domingo produtivo.
Eu acordei com gotas de alguma coisa que batiam no meu rosto...
Colchonete.
Caverna.
Cabelo comprido.
Garota.
Peit....
É o quê?!
Onde eu estou?! O que estou fazendo aqui?!
Me sentei e vi que do meu lado tinha duas pessoas.
Um homem e uma mulher.
Ambos de cabelos escuros.
-Ei. - cutuquei o rosto da mesma.
O quê?! Minha voz!
Espera...
-...
-...!
Eu sou uma garota!?
Encarei algo de diferente que tinha no meio de minhas pernas.
-...!
Calma, Ryo...Calma...
Você deve estar sonhando...
É isso...
Lembra que quando foi dormir desejou ter uma família feliz? Bem, você deve ter desejado tanto que seu cérebro realizou.
-Ei, ei. - cutuquei novamente a moça que estava deitada.
Ela abriu os olhos vagarosamente.
-Bom dia, filha... - bocejou e se sentou - Dormiu bem? - me abraçou.
-Sim, mãe... - eu realmente devo estar sonhando.
Mesmo eu sendo uma garota, estou gostando disso.
-Oi, meus amores. - o homem que estava deitado também se sentou - Bom dia, filha. - me abraçou - Querida.- ele deu um beijo na testa de "minha mãe".
-Como sempre acordou cedo, Mika. - sorriu.
Como é estranho ser uma garota.
-Bom... Vamos até a cabana preparar algo para comer. - mãe disse se levantando - Vamos, Mika. - me estendeu a mão - E você Taki, pegar lenha.
-Amor você não quer deixar a Mika vir comigo? Porque... Bem, ela não é muito boa na cozinha.
-O que é isso, pai! Eu sou ótima! E quer saber? Pode ir você e mãe buscar lenha que eu vou preparar a comida sozinha. - disse orgulhoso.
-Olha não precisa fazer isso, filha. - minha mãe sorriu sem graça - Afinal, meio que será um desperdício de comida. - riu.
-Nossa, mãe. - fiz bico - Eu sei fazer, vai lá com o pai, que eu cuido da comida. - me levantei e sai da caverna.
-Se precisar de mim, me chame. - olhei em volta e já precisei chamá-la.
-Mãe, onde que fica a cabana? - perguntei passando a mão na nuca.
-Oras, filha. Como assim? - suspirou - Bem... É só você atravessar o rio e é bem naquela direção. - apontou.
-Entendi, então até daqui a pouco.
Andei um pouco até que avistei um rio.
-Não tem nenhuma ponte? - pensei um pouco alto demais.
-Não filha... Está se esquecendo que aqui é a divisa entre o nosso mundo e o submundo? - meu pai estava atrás de mim
-Ahh! Sim. Me lembrei. - ri sem graça tentando disfarçar.
Cara!
Eu não sei de nada!
-Então vamos? - mamãe apareceu do outro lado e então saiu andando no rio sem se importando em molhar suas roupasfiz o mesmo e depois nos separamos. Segui em direção a cabana, era um lugar bonito de madeira rústica. Abri a porta. As coisas estavam muito arrumadas. Então famílias estáveis são organizadas? Ru
Fui na direção da cozinha e comecei a preparar as coisas para fazer comida.
Eu não acredito que essa garota não sabe cozinhar!
Eu não acredito que esse garoto é tão desorganizado!
Que bom que eu/ eu dei um jeito nisso...
***
Eu acordei dentro da cabana. Será que meu pai me trouxe pra cá enquanto dormia? Me levantei e fui para o lado de fora.
-Filha! Bom dia! - meu pai gritou - A sua comida de ontem estava ótima! Quando aprendeu a cozinhar?
-Ontem?
Eu não me lembro muito bem de ontem...
O quê aconteceu?...
Eu acordei no sofá com meu irmão deitado no tapete.
-Babaca... - resmunguei e levantei.
O que eu estou fazendo aqui?
Pelo visto...
De volta a realidade.
Subi para meu quarto.
Abri a porta.
-O quê?! Está arrumado?!
- Eu cozinhei?!
- Eu arrumei?!
-O QUE ESTÁ ACONTECENDO?!
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