Acordo com batidas contínuas na minha porta.
- mana abre logo. Você vai ter o resto da vida pra dormir.
Minha doce irmãzinha. Que felicidade. Abro a porta e dou de cara com uma Yotsuha vermelha e irritada.
- O quê?
- Você sabe que dia é hoje? - ela pergunta me empurrando e entrando no meu apartamento a passos largos. - Você será a senhora Tachibana daqui há algumas horas e olha pra você - ela me analisou e balançou a cabeça negativamente - ainda de pijama como se fosse um dia qualquer, não está nervosa?
Praguejei mentalmente. Era essa palavra que eu não queria ouvir. Respirei fundo, fechei os olhos e passei a mão nos cabelos tentando manter a calma. Já era.
- Yo-Yotsuha... Eu estou muito nervosa!!!
Eu despejei aquelas palavras tão alto que fiquei até com medo do meu noivo escutar.
"Noivo"
Custei a dormir porque mil coisas invadiram os meus pensamentos ontem. Eu amo o Taki com todas as minhas forças, mas não consigo conter a ansiedade e um certo medo ao pensar no casamento.
- Está pensando em desistir?
Voltei a mim quando escutei aquilo. Mas que pergunta era aquela?
- Nunca.
Ela riu e mandou eu me arrumar. Fiz o que ela pediu. Obedecer minha irmã mais nova era tortura, mas sabia que ela estava bem intencionada.
Partimos em direção ao cabeleireiro e ele deu início ao seu trabalho imediatamente. Me disse coisas como "Você será a noiva mais linda que Tóquio já teve" e "Não vai usar esse laço de jeito nenhum". Eu bati o pé e retruquei de todas as formas, não tem chances de Mitsuha Miyamizu casar sem seu kumihimo. Ele suspirou derrotado e aceitou meu pedido.
Afinal, era o laço da minha mãe e eu o usaria com muito orgulho porque sei que ela estará comigo nesse dia tão especial.
A maquiadora chegou bem na hora, seguida da minha avó. Com muita delicadeza ela começou a fazer o seu trabalho e eu estava morrendo de curiosidade para me olhar no espelho, mas todos me negaram isso alegando que eu só veria quando estivesse com o vestido de noiva.
Terminada a maquiagem eu tinha certeza de duas coisas. Primeira: o resultado devia ser algo bom, porque minha avó, irmã e todos os demais presentes me olhavam bobos e sorridentes. Segunda: Eu deveria está completamente vermelha de tão envergonhada.
Era chegada a hora do vestido enfim. O nervosismo me tomou novamente e esqueci por um momento até como se andava.
Saya-chin segurava o vestido com todo o cuidado e me olhava com os olhos brilhando.
- Minha melhor amiga vai se casar. Você não sabe o quanto estou feliz por você, Mitsuha. - ela sorriu para mim e algumas lágrimas desceram pelo seu rosto.
Abracei Saya-chin e um coral de "Ooowwnn" se formou.
- Vamos, não estraguem meu trabalho. - disse Naomi - a maquiadora - enquanto apontava para o provador.
Olhei pra Saya-chin e ela acenou sorrindo enquanto acariciava sua barriga de grávida de 5 meses. Logo teríamos mais uma alegria em nossas vidas.
Ao sair do provador todos os olhares caíram sobre mim, mas ninguém dizia nada.
- O-o quê? Algo de errado? - perguntei receosa.
Eles riram.
- Longe disso - respondeu Yotsuha - Você está linda, mana. Veja.
Eu finalmente pude ver. Meus cabelos ondulados soltos com duas tranças na parte de cima que se uniam pelo kumihimo, e duas mechas caídas nas laterais do meu rosto. Uma maquiagem leve com o destaque total para os meus lábios vermelhos. E o principal: o vestido que demorei tanto pra escolher e que agora parece a coisa mais linda que já vi na vida.
- Você está tão linda - disse minha avó enquanto segurava minhas mãos - Sua mãe ficaria tão feliz.
- Obrigada vovó - agradeci a abraçando.
Ouvi a buzina do carro lá fora. Tinha chegado a hora. Respirei fundo e andei até ele acompanhada da minha irmã e avó.
Esse dia parecia mais um sonho. Um sonho muito bom. E eu só me convenci de que era mesmo realidade quando me vi parada em frente à igreja de braços dados com meu pai. Meu estômago revirou e minhas pernas bambearam. Me agarrei mais firmemente ao braço dele.
- Não perca a postura, Mitsuha. - disse meu pai me olhando de canto. - Você… Você está muito linda. Lembra muito sua mãe.
Esse era o jeito do meu pai me acalmar. Apesar de não demonstrar muita emoção eu sabia que cada palavra sua era verdadeira. Respirei fundo e subimos os primeiros degraus da igreja.
A marcha nupcial ecoou por todo o lugar e as portas se abriram. O cheiro das rosas invadiu minhas narinas e todos os olhares estavam em mim me deixando mais nervosa ainda, mas lá na frente, em um terno elegante e preto estava ele. Nossos olhos se encontraram e uma grande felicidade me invadiu. Como podia ser tão perfeito?
Continuei caminhando até ele sem quebrar a conexão dos nossos olhos.
Parada na sua frente eu só conseguia pensar em como eu o amava e queria passar a minha vida ao seu lado.
Meu pai depositou um beijo em minha testa e acenou com a cabeça para Taki.
Demos as mãos e o pastor deu início a cerimônia. Falou sobre honra, amor, compromisso, fidelidade e várias outras coisas que eu não consegui prestar muita atenção já que meus olhos estavam fixos no do Taki.
Era hora dos votos.
- Mitsuha… a sua chegada virou meu mundo de cabeça para baixo. Sua teimosia, coragem e bondade ganharam meu coração.
Eu sou o que sou graças a você Mitsu, você encheu a minha vida de felicidade e eu quero retribuir tudo isso.
Eu te amarei não importa o lugar, não importa quão longe fiquemos porque palavras como destino e futuro…estão completamente ao nosso alcance...
A esta altura não consegui segurar algumas lágrimas. Tesshi entregou a aliança para Taki ele a posicionou no meu dedo anelar.
- Eu, Taki Tachibana, tomo você, Mitsuha Miyamizu, para ser o minha esposa fiel, para ter e manter, deste dia em diante, para melhor, para pior, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, para amar e respeitar, até que a morte nos separe; de acordo com a santa vontade de Deus e do presente regulamento, me comprometo a você.
Eu queria muito pular no colo dele, abraça-lo e dizer que o amava, mas tive que deixar pra depois, era a minha vez.
- Taki… nossa história começou de um jeito muito diferente. Muitos achariam loucura se contassemos tudo, mas quem precisa saber além de nós dois e nossos filhos antes de dormirem?
Você me viu menina e me fez mulher, me mostrou o sentimento mais maravilhoso do mundo. Algo que eu acreditava existir apenas em contos de fadas e sonhos, você me provou ser real.
Eu esperei você por bastante tempo, foi difícil, mas você me encontrou… você sempre me encontra… essa é nossa promessa.
Eu tenho tanto a te dizer meu amor, tudo o que eu sinto não dá para ser falado somente aqui neste momento, mas sei que terei muitas outras oportunidades porque hoje eu estou me tornando sua e você meu, para sempre...
Olhei para Saya-chin e ela me entregou a aliança e eu a posicionei no dedo anelar de Taki. Respirei fundo e olhei em seus olhos novamente.
- Eu, Mitsuha Miyamizu, tomo você, Taki Tachibana, para ser o meu marido fiel, para ter e manter, deste dia em diante, para melhor, para pior, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, para amar e respeitar, até que a morte nos separe; de acordo com a santa vontade de Deus e do presente regulamento, me comprometo a você.
- Eu vos declaro marido e mulher…
Não foi preciso continuar, eu simplesmente pulei nos braços do meu marido e o beijei selando nossa união.
**2 anos depois**
- Alô? Saya-chin? Já estou à caminho.
Peguei as chaves do carro e segui para a casa de Saya-chin e Tesshi. Hoje era o aniversário da minha afilhada, Sakura. Cheguei e nem precisei apertar a campainha, pois Yotsuha abriu a porta na hora.
- Atrasada, mana!!!
- Desculpa, acabei de voltar de uma consulta médica.
Yotsuha cruzou os braços e me observou de olhos semicerrados. Agora com 19 anos ela já é uma mulher e mudou muito. Seus cabelos negros e longos a deixavam muito parecida com nossa mãe, menos no humor é claro. Ela continua a mesma Yotsuha intimidadora de sempre, mas uma ótima garota e muito bonita. Está fazendo faculdade de astrofísica e é muito dedicada. Sinto muito orgulho dela.
- Médico, hum? Entre. - me deu passagem e eu fui de encontro com a Saya-chin. A encontrei na cozinha cuidando dos últimos preparativos do bolo da pequena Sakura que inclusive estava na pontinha dos pés tentando ver cada detalhe do seu bolo. Ela estava com os olhos brilhando. Cheguei por trás dela e dei um beijo na sua bochecha gorda de bebê.
- Titia Mitsu!!! - a peguei no colo.
- Quem é a aniversariante mais linda? - perguntei enquanto abraçava aquela miniatura da Saya-chin. Como podia ser tão parecida com a mãe? Até o sinal no rosto ela tinha igual. Com excessão dos cabelos castanhos que eram bem grandes e ondulados.
- Amiga, achei que não viria mais. - disse Saya-chin enquanto lavava suas mãos na pia.
- Desculpa Saya-chin, do que precisa?
- Arruma a Sasa pra mim, por favor. As roupas dela estão no quarto. Ainda tenho que me arrumar também.
- Ok.
- Onde está o Taki?
- Já vem, tinha reunião hoje.
- Ah, sim. Fique à vontade.
Depois de vestir a Sakura com um vestido rosa de princesa e enfeitar seus cabelos com pequenos broches de flores e uma coroa, fui para a cozinha. Não havia ninguém por lá, aproveitei para beber um pouco de suco e dei de cara com uma panela de brigadeiro. Naquele momento pareceu a coisa mais divina do mundo e simplesmente não consegui resistir e ataquei. Estava tranquila comendo aquele doce incrível quando uma voz conhecida me interrompeu.
- Saya-chin, deveríamos ter contratado um segurança, estamos sendo assaltados.
Era Tesshi com Sakura no colo rindo e atrás dele havia um par de olhos azuis muito bem conhecidos e apreciados por mim.
- Uma mulher não pode comer em paz? - perguntei de boca cheia agarrando a panela e me levantando - Não vou dividir.
Eles riram e logo fomos chamados por Saya-chin, a festa já estava começando. Eu comi todos os tipos de doces que tinha lá e Taki perguntava a todo momento de onde tinha saído tanto apetite, pois comi os doces dele também. Na hora dos parabéns não consegui segurar a emoção de ver minha Sakura tão linda e feliz com seus 2 aninhos e deixei umas lágrimas escaparem, algo que foi percebido por Taki que segurou minha mão me confortando. Ele me apoia até nos meus momentos mais bobinhos.
Depois da festa ajudamos a limpar tudo. Padrinhos também são pra isso, não? Nos despedimos e fomos para nossa casa.
No carro eu não conseguia parar de sorrir e falar de como estava tudo perfeito e como eu tinha amado.
- Amou tanto que comeu até minha comida. - disse Taki rindo sem tirar a atenção da estrada.
- É que a sua comida pareceu mil vezes mais apetitosa. Desculpe.
Ao chegarmos em casa Taki foi direto pro banho e eu fui cuidar do jantar. Pensei em fazer algo, mas prefiri algo mais prático. Pizza!
Pedi e em 10 minutos chegou. Taki saiu do banheiro e me encontrou com duas caixas de pizza na mão.
- Com fome ainda? Pra onde vai toda essa comida?
- Não sei. - falei enquanto mordia um pedaço de pizza e colocava um filme.
Taki sentou ao meu lado eu apoiei minha cabeça em seu peito e ficamos assistindo filmes juntos enquanto comíamos. Eu queria permanecer assim por mais tempo, mas tínhamos que conversar.
- Taki… - o chamei e levantei para fitá-lo - eu fui no... médico hoje.
- Você está bem? - perguntou preocupado e se ajeitou no sofá para me ouvir melhor.
- Estou, bem… é… - como dizer? - bom..
- Mitsu, está me assustando… - ele segurou minhas mãos e depositou um beijo em minha testa - Fale… o que foi? O que o médico disse?
- Ah… bom, ele disse que estou muito bem…
- Então por que tanto suspense? - perguntou confuso.
- bom, ele disse que estou ótima - mordi os lábios e prossegui - O bebê também…
Taki ficou sem expressão por alguns segundos e eu já estava começando a ficar nervosa.
- B- bebê? Que bebê? - o espanto dele era nítido.
- O nosso bebê, Taki - respondi mais confiante - eu estou grávida.
Ele quase caiu pra trás e o meu nervosismo foi substituído por medo.
- Quê? Espera, quando? C-como aconteceu? - ele tropeçou nas próprias palavras, foi ficando vermelho e pôs a mão atrás da cabeça envergonhado - Quero dizer… eu sei como aconteceu, mas… - agora eu é quem estava envergonhada - tem certeza?
- A-absoluta, estou com os papéis dos exames... Se você quiser ver…
Eu não sabia o que estava se passando na cabeça dele, eu também fiquei bem nervosa quando soube, mas depois uma grande alegria me invadiu. Eu serei mãe.
Nos encaramos por alguns instantes em silêncio. Até eu sentir um leve toque na minha barriga.
- Nosso filho - ele falou enquanto acariciava minha barriga com uma das mãos e com a outra subiu até minha nuca - Eu amo vocês dois.
Ele sorriu e encheu meu rosto de beijos.
- Eu nem acredito - disse alto em meio a risadas - eu vou ser pai!
Nossa sala ficou repleta de amor e alegria naquela tarde. Seríamos 3 daqui há alguns meses e eu não poderia está mais feliz.
**4 anos depois**
- Mamãe eu quero ir no carrossel!
- Não titia, eu quero ir no bate bate!
- Cavalinho!
- Bate Bate!
As crianças discutiam enquanto puxavam os dois braços de Mitsuha em direções opostas e faziam ela ficar igual um pêndulo. Eu só conseguia rir da situação.
- Vai ficar aí só rindo? É seu filho e afilhada também! - disse ela irritada. Resolvi ajudar.
- Takashi, vem aqui com o pai.
- Sim papai. Me pega! - o pequeno pulou no meu colo.
- Opa, Pesado! - falei enquanto tentava ajeitar seus cabelos negros e bagunçados, mas não tinha jeito, era sem dúvidas meu filho.
- Sim papai! Eu estou crescendo e ficando bem forte.
- Sei bem, você tem o apetite da sua mãe era de se imaginar. - disse e demos risada.
- Como é senhor Tachibana?? - Mitsu me olhava com os olhos semicerrados. Seus cabelos longos balançados pelo vento a deixavam incrivelmente mais linda.
- Nada, meu amor. Vamos no cavalinho, Takashi?
- Sim, vamos! - celebrou o pequeno que desceu do meu colo e correu em direção ao brinquedo.
- Carrossel é pra bebês. - afirmou Sakura de braços cruzados.
- Mas vocês são bebês. - rebateu Mitsu que fez a pequena bufar.
- Eu não sou bebê, titia! Tenho 7 anos! Ele é bebê! - apontou para o Takashi que a fuzilou com os grandes olhos azuis dele - Um bebê irritante!
- Você quem é irritante!
- Não, você!
- Pateta!
- Idiota!
Eu caí na gargalhada e a minha esposa que já ía intervir na briga me olhou totalmente confusa.
- Papai? Por que está rindo?
- Porque, filho. Isso parece até um amor florescendo.
Recebi um "O quê??" em uníssono.
- Taki, o que está falando para as crianças??
- É papai, isso é nojento.
- Não mesmo, titio. Ele me irrita!
E os dois começaram a se encarar e se provocarem com caretas.
- Sua tia também me irritava, Sakura. - olhei para Mitsu que estava começando a corar - E agora somos casados e temos uma linda família. Às vezes pode começar com um irritando o outro, mas no fim se torna um amor lindo e puro capaz de atravessar até mesmo o tempo.
- Vocês se amam muito? - perguntou a pequena com os olhinhos curiosos.
- Muito. - respondemos juntos. E ela completou:
- E quando você achar alguém precioso, Sakura - disse enquanto retirava de seus cabelos o seu tesouro e o amarrava em uma trança nos cabelos da pequena - Você saberá.
Sakura sorriu e foi em direção ao Takashi.
- Vamos no carrossel!
Os dois entraram em acordo e foram brincar juntos enfim.
- Bom trabalho, você é um ótimo pai. - ela disse e juntou nossos lábios.
- E não importa onde você esteja no mundo…
- Eu irei encontrar você…
Fim
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