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História You're bruning up, I'm cooling down. - We are scarred, but not dying.


Escrita por: thai_stark

Notas do Autor


Espero que gostem <3

Capítulo 31 - We are scarred, but not dying.


Medo. Era o que corria dentro de Bran como calafrios constantes. Era o temor que lhe enchia de tremores e uma sensação incessante de fim. Quando fugiram às pressas da torre, quando tiveram que deixar Jaime Lannister para trás, para a morte certa, Bran temeu não apenas pela própria vida, mas pela de Meera. Naquele ponto, tendo perdido tanto, ele não suportaria perdê-la. Mesmo que a garota Reed fosse extremamente capaz de cuidar de si sozinha, de cuidar dele, era quase impossível sufocar os sentimentos que lhe assolavam. Ela era responsável por tê-lo mantido esperançoso durante todo aquele tempo que se passou desde que as coisas começaram a ficar realmente ruins. Quando fugiu de Winterfell, quando abandonou Rickon, quando perdeu Hodor e Verão, ela sempre esteve lá. E ele sempre esteve lá por ela, mesmo quando quis vestir sua capa de indiferença, sabia que Meera estava sofrendo pela morte de Jojen. E eles eram assim, como colunas que mantinham um ao outro de pé. Foi aquele sentimento, mais do que qualquer outro, responsável por fazê-lo tomar uma boa dose de coragem quando quis ser o maior dos covardes. Quando as responsabilidades pesavam sobre seus ombros.

Brienne estava do lado de fora da cabana em que haviam parado, fazia sua vigia atenta para que não fossem surpreendidos novamente, mas pouco se via. A escuridão parecia engolir tudo o que tocava. O corpo de Arya havia sido colocado no ponto mais distante, a um alcance frio, Bran simplesmente não suportava olhá-lo. Mesmo assim, quando seus olhos pousaram sobre o corpo inerte coberto por uma manta negra como a noite em que estavam, ele imaginou Meera em seu lugar. Imaginou como seria a sensação de enfim perdê-la de verdade, como tantas vezes havia temido. E sentiu seu peito se encolher, sentiu vontade de chorar como uma criança e de ser acolhido por sua mãe. Quando olhou para a amiga, a viu com os olhos distantes, a face impassível de sempre, a casca dura que ela fazia questão de vestir. Uma armadura pesada demais para carregar.

— Meera... — ele murmurou.

— Sim? Precisa de algo? Está aquecido? — ela pareceu acordar de seu transe e se aproximou dele para arrumar a capa ao seu redor.

— Estou bem — falou, observando-a tão próxima de si, tão preocupada. — Não precisa fazer isso, pare. Apenas me escute — Bran segurou as mãos dela, tentando manter a força de seus braços, viu que ela poderia facilmente se desvencilhar de seu toque, mas não o fez. Meera o fitou, confusa. Acenou positivamente para que prosseguisse. — Tem sido uma longa jornada. Foram muitas perdas, muitas dores... E, no fim, só restamos nós dois. Eu sei que esse não é bem o fim ideal, mas queria agradecer por ter estado comigo. Espero não ter falhado com você. — baixou os olhos.

— Por que está dizendo isso? Não gosto do seu tom. — Meera questionou, forçando-o a voltar a encará-la. — Você viu algo?

— Não... — suspirou de forma pesada, exausto. — Eu só... — Bran não queria mais conter aquela vontade. Em um impulso, se inclinou para abraçá-la. Meera parecia rígida, um pouco desajeitada. Mas ela o envolveu em seus braços, o apertando contra si, tinha tanta força naquele gesto que ele pensou que ela realmente não sabia medir sua força, não tinha noção do quão frágil seus ossos eram. — Eu amo você. — disse, então, sem pensar muito.

Ela se afastou. Olhou para ele sob as sombras que devoravam sua face. Bran conseguiu sentir a pena que ela sentiu dele. Desviou seus olhos, envergonhado.

— Oh, Bran... — tinha a testa franzida em um gesto de compaixão. — Desculpe, eu...

— Tudo bem.

— Não... Sinto muito. — Meera tocou sua face então. — Não é que não o ame. Eu o amo muito, só não da maneira como espera. — parecia um lamento, como se ela estivesse realmente lutando para vê-lo da mesma forma que ele a via. Mas não era a verdade que habitada em seu coração. O amava, sim, com todas as suas forças, mas como um irmão.

— Eu entendo — e entendia, de fato, mesmo que fosse uma verdade dolorosa.

Ela então se inclinou para beijar sua testa. Demorou-se naquele gesto e cada segundo que se passou fez com que Bran sentisse seu coração se despedaçando. Ele não achava que pudesse encontrar outra garota como Meera, alguém que tivesse tanto cuidado com ele, que fosse tão forte e corajosa. Exceto, talvez, por Arya e Sansa, mas Arya estava morta e Sansa havia partido e não havia garantia alguma de seu retorno. Quando a amiga se afastou, ele deixou, enfim, que as lágrimas corressem. Ali, abraçado e acolhido pelo escuro, ele enfim deixou-se ser o garoto que era. Sem as responsabilidades, sem a obrigação constante de ser forte mesmo quando não se sentia assim.

***

Caos. Foi a palavra que Sansa encontrou para definir o que via. Quando chegou finalmente ao que havia restado de Castelo Negro e saltou de seu cavalo, tudo o que viu foi o mais puro caos. Viu morte, viu dor, ouviu gritos angustiados e finais enquanto o fogo se alastrava e consumia tudo. Havia tanto sangue derramado que a neve já não era mais branca. Um campo úmido e vermelho da cor da morte. Quis chorar, mas não o fez. Estava com medo, mas o medo não era suficiente para reprimir o seu desejo de encontrar Jon. Então correu, correu procurando por um vislumbre do Snow, porém pouco conseguia distinguir. As imagens eram como borrões e tudo acontecia tão rápido para que pudesse assimilar. Nymeria corria em seu encalço e aquela presença fazia com que Sansa se sentisse segura, mesmo que fosse uma falsa impressão. Desviava de duelos que aconteciam e corria para longe de qualquer ameaça, mesmo que cedo ou tarde tivesse que encarar aqueles perigos. Então sentiu o impacto contra seu corpo a impedindo de prosseguir. Quando ergueu os olhos, viu a confusão de cabelos acobreados e rugas ao redor dos olhos.

— Sansa? — seu tio Edmure segurou em seus ombros e a olhou nos olhos, ele mesmo pouco crente do que via. — O que faz aqui? Pensei que estivesse longe a essa altura.

— Preciso encontrar Jon — disse, desviando os olhos dele e olhando ao redor. — Cuidado! — ela o empurrou, tentando ser forte para conseguir fazê-lo desviar.

Sobre eles, havia caído a ameaça iminente. Um morto a atacou, fazendo-a cair no chão em um baque violento. Outro voou em direção ao seu tio. Sansa se esticou para pegar sua espada, mas não houve tempo. Sentiu a dor aguda e gelada que a perfurou na barriga. Quando mirou a criatura que estava sobre si, decidiu que aquela era a verdadeira face da morte. Sentia a vida fugindo de seu corpo, mesmo que lutasse contra com todas as suas forças. Apesar disso, continuou sua tentativa de alcançar Lamento da Viúva com as mãos fracas e a criatura a imprensando com força contra a neve. Antes que pudesse aceitar o fim, porém, Nymeria voou com agilidade sobre o morto e rasgou sua garganta. Sansa ignorou a dor que sentia e levantou-se em um salto habilidoso. Viu a loba de sua irmã lutar com quantos mais se aproximavam e sentiu que Arya estava a protegendo mesmo que não estivesse realmente ali. Então, correu até seu tio. Edmure estava no chão. Era um outro tipo de inimigo o seu. Era mais alto, mais habilidoso e, com certeza, muito mais forte. Edmure detinha um golpe e lutava para que sua força fosse capaz de manter a espada do Outro afastada, mas parecia ceder aos poucos. Sansa viu ali sua oportunidade. Nenhum dos dois havia notado sua presença. Sacou sua espada e, lembrando-se de todos os ensinamentos que teve com Arya, fincou-a na carne macia e pálida. A criatura gritou. Um grito gutural que Sansa nunca havia ouvido antes. Era como se toda a dor do mundo estivesse reunida naquele lamento.

— Você está bem? — Edmure se levantou rapidamente e a amparou. Sansa quase não podia sentir a dor do golpe que havia levado, mas sabia que estava ali. Deveria senti-lo, mas por que parecia anestesiada?

— Preciso encontrá-lo — insistiu.

— Você está sangrando, Sansa. — ele alertou como se ela não soubesse.

— Estou bem — disse. Uma meia verdade, ele sabia.

— Pode andar? — Sansa fez que sim com a cabeça e deu um passo para frente. Antes que pudesse cair, ele voltou a segurá-la. — Está muito fraca. Sei que o Meistre está envolvido nessa confusão, vamos encontrá-lo.

— Não! — ela se desvencilhou dos braços de seu tio. — Posso fazer isso. Sei que posso.

Ela voltou a dar um passo para frente. Sentiu então a dor que deveria estar sentido, mas a adrenalina lhe havia roubado a sensibilidade. Mesmo assim, se manteve de pé de maneira firme, reprimindo toda a fraqueza. Teria tempo para dores quando tivesse encontrado Jon. Era uma ferida, não era como não tivesse sido machucada antes. Podia suportar. Era aço, lembrou a si mesma. Então deu as costas para Edmure e se forçou a correr, se forçou a ignorar a angústia. Nymeria vinha logo atrás como uma guardiã atenta. Em meio ao caos, à confusão, Sansa viu-se lutando, mas não sabia com que forças. Não sabia de onde vinha aquela energia, aquela perseverança. Talvez, e só talvez, viesse do fato de que ela não se importava em morrer. Morrer na luta pela qual sua irmã havia morrido. Pela guerra em que Jon se consagraria um herói. Sua vida parecia insignificante diante de tudo aquilo.

***

Jon já tinha encarado diversos inimigos em sua vida. Tanto inimigos feitos de carne e osso, quanto inimigos psicológicos, que ele nutria em sua mente e o oprimiam constantemente. Nada, no entanto, se comparava ao que enfrentava naquele momento. A criatura diante de si não tinha ossos como os seus, eram gelo puro e brilhante. A carne era neve. O sangue era frio. E os olhos... Os olhos eram desoladores. Só aquilo, só a imagem, o fazia sentir-se ameaçado. Porém, como tinha um dever do qual não podia fugir, ele não fraquejou nem por um momento. Não questionou o que o levara até ali, não lutou contra. Apenas manteve-se de pé, mesmo quando foi derrubado, quando caiu sobre os joelhos e se manteve em uma posição submissa, ele sentiu-se grande e poderoso.

Deteve um golpe com sua espada flamejante. O choque entre aço e gelo era constante e ele sentia-se exausto. Já havia perdido a conta de quantos havia matado. Aquele, porém, seria o último. O Rei da Noite. Jon sabia. O encarava como se não o temesse. Mas deveria. Jon Snow havia se tornado uma força a ser temida. Destemido, com pouco a perder. Homens que tinham quase nada a perder eram os mais perigosos. A certeza de que Sansa estava longe o mantinha são e determinado. Ele gritou. Soltou um guincho que soou como um urro. Avançou contra o rei, ele era também um rei, afinal. Mas o subestimou. Um erro. O Rei da Noite arrastou sua espada de gelo contra garralonga e se livrou da repressão de Jon. Tentou acertá-lo, mas o Snow desviou, dando um passo para trás. O desequilíbrio veio quando suas botas escorregaram sobre a neve. O Outro chutou sua perna. Jon respondeu ao golpe com um novo grito, mas um grito de dor. Foi assim que caiu. Assistiu com um temor crescente quando sua espada foi arrancada de suas mãos com um golpe frio e mortal. Suas mãos doíam, suas articulações também. Era uma dor generalizada, que lhe percorria por todo o corpo. Fechou os olhos então, imaginando Sansa. Imaginou-a desolada, sozinha, triste. Imaginou-a recebendo a notícia de sua morte.

— Jon — julgou-se até capaz de ouvi-la dizer seu nome. Ele sorriu. — Jon! — ouviu-a novamente. Sua voz era tão real, tão próxima.

Quando abriu os olhos, levemente contrariado e confuso, a viu distante. Tinha Nymeria com ela e, de alguma forma, Fantasma também estava ali. Assistiu quando seu lobo gigante avançou, pulando sobre o Rei da Noite.

— Não! — quis impedir. Mas não houve tempo. Tudo aconteceu tão rápido...

Quando Fantasma caiu sobre o Rei da Noite, mesmo que fosse mais alto, mais forte e muito mais mortal, a surpresa o fez vacilar. O Caminhante Branco se assustou, o que deu a Jon margem para levantar-se novamente. Não questionou o que Sansa fazia ali porque se não estivesse, estaria morto naquele momento. Ela alcançou garralonga e a jogou para ele. Jon a segurou com habilidade e firmeza. Deu um assobio para que Fantasma se afastasse e, quando o fez, adiantou-se até o Outro e fincou sua espada de fogo na carne branca. A criatura guinchou. Jon viu o brilho de seus olhos morrer lentamente. Quando puxou sua espada, o fogo se apagou de repente. Como se enfim tivesse queimado tudo o que tinha para queimar. O Rei da Noite caiu no chão, inerte, sem vida, mesmo que nunca tivesse havido vida alguma correndo em suas veias.

— Jon — Sansa o chamou novamente.

Foi então que ele deu uma boa olhada nela, para ter certeza de que não era um devaneio de sua mente desequilibrada. Que não era uma peça, um truque de sua imaginação e que ele estava realmente morrendo.

— Sansa... — então ele viu a forma como ela caminhava de maneira desajeitada e a mancha de sangue escura em suas vestes. — Você está...

Mas não conseguiu completar sua sentença. Ela pulou em seus braços, o abraçando de maneira firme.

— Acabou — ele disse contra seu ouvido. Ele quase não foi capaz de acreditar. Mas, quando olhou para o céu, teve certeza de que vivia a realidade.

O negro já não existia mais. A neve caía, sim, mas o dia era claro tanto quanto poderia ser, com o sol voltando a brilhar sobre eles, encoberto por nuvens cinzentas. Era um dia comum no norte.

— Você está bem? — ele quis saber quando enfim se separaram.

— Ficarei bem, ficaremos bem. Todos nós. — ela sorriu. Um sorriso fraco e desolador em meio à sua face pálida.

Não estava bem. Nenhum deles ficaria bem depois daquilo.


Notas Finais


Enfim, a fic está acabando, o próximo capítulo será o último e depois teremos um epílogo, como vocês se sentem? haha
Não se preocupem porque eu estou cheia de ideias novas e pretendo postá-las quando as coisas acalmarem por aqui.


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