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História You're My Dream - Por Outra Percepção


Escrita por: lady_ellye

Capítulo 15 - Por Outra Percepção


Fanfic / Fanfiction You're My Dream - Por Outra Percepção

Eu quero esconder a verdade

Eu quero proteger você

Mas com a fera dentro

Não há onde nos escondermos

~ Imagine Dragons. Demons.


Acordo ouvindo um alto “Ho, Ho, Ho”, do lado de fora do quarto e suspiro aliviada por ter conseguido dormir depois de longa tentativa pelo desconforto da peça no meu corpo e a presença de Zain ao meu lado logo depois de ele ter meio que tentado me beijar ontem. 

— Venham! Venham abrir os presentes! — a voz de alguém passava batendo nas portas do corredor e eu sorrio assim que ouço o grito animado de Aisha do lado de fora. Me sento na cama instantaneamente e observo Zain ao meu lado que estava com os olhos abertos encarando a porta e quase babo na cena. Como alguém consegue ficar tão lindo assim quando acorda? Eu mesmo devo estar horrível. Mas os seus cabelos castanhos bagunçados junto com seus olhos levemente puxadinhos nos cantos me fazem controlar um sorriso pela beleza daquele garoto. Zain suspira e seus olhos que estavam um castanho bem clarinho – talvez pela claridade do dia que entrava pela janela de vidro ou porque era mais uma de suas peculiaridades perfeitas –, encontram os meus. Desvio rápido me levantando da cama e caminho até minha mala e involuntariamente enquanto a abria encaro o moreno que se senta na cama e passa a mão pela nuca apoiando o cotovelo no joelho. 

Ele precisa colocar uma camisa urgentemente. 

— Zayn, Barbara, venham rápido! — a voz de Safaa aparece do outro lado da porta e eu jogo um casaco por cima do meu corpo cobrindo o pijama curto antes de sair do quarto e deixar Zain lá. Eu realmente não entendia porque ele estava me deixando tão nervosa, mas assim que saio do quarto minhas preocupações somem ao ver a animação da família inteira em frente a árvore cheia de presentes na parte de baixo e isso me faz pensar quem da família que colocou todos ali. Me sento no braço do sofá observando a entrega de presentes acontecer e Doniya mandando Aisha ficar calma que aqueles presentes não eram todos para ela, o que faz os olhos da garotinha encherem de lágrimas me causando uma súbita vontade de abraçá-la, mas logo tudo muda quando ela recebe o presente dos avós e dos tios. 

Zain entra na sala ainda sem a maldita camisa no corpo e sorri passando a mão nos cabelos, porém logo é interrompido de dar qualquer passo pois Safaa se coloca a frente dele com uma caixa de presentes o que faz o moreno encarar a irmã e soltar um sorriso abrindo-o. Não consegui ver o que era porque logo Trisha aparece a minha frente e me coloco de pé. 

— Feliz natal, querida! — diz e me da um abraço apertado. — Desculpa não termos um presente pra você, se Zain tivesse nos avisado teríamos…

— Não. Imagina, estar aqui  com vocês já está sendo simplesmente incrível, eu que deveria trazer um presente, mas não fazia ideia do que vocês gostariam. — Trisha sorri antes de começar a falar. 

— Ah, querida. Você nos trouxe o maior presente e nem sabe. 

— O que? — franzo o cenho não entendendo e ela olha por entre as pessoas até seus olhos focarem no filho. — Você nos trouxe ele. — continuo confusa, no entanto sorrio vendo Zain rindo animadamente para a família enquanto abria alguns presentes e entregava outros. Desde que o encontrei em Los Angeles, esse é o momento que mais estou vendo-o sorrir assim. — Fazia quatro natais que ele não passava com a gente. 

— Porque? — pergunto arregalarando os olhos surpresa. Porque ele passaria tanto tempo assim longe deles? 

— Esse mundo de celebridades mudou ele completamente. — ela suspira — É a primeira vez depois de toda a fama que ele fica tão… — parece procurar as palavras certas — ele, com a gente. E é graças a você. 

— O que? Não, não.

— Você sempre foi o porto seguro que o mantinha em pé diante de uma tempestade. Não me surpreendo por isso não ter mudado. — ouço suas palavras atentamente e não encontro nenhuma resposta além de olhar Zain que quase se desequilibra quando Anthony o puxa pelo ombro para um abraço gritando um feliz natal. 

Solto um sorriso, e como se sentisse que estava sendo encarado ele olha para mim e eu desvio encarando qualquer coisa aleatória mas não tiro o sorriso do rosto e volto a olhá-lo. 

Safaa e Waliyha aparecem me desejando um feliz natal e eu faço o mesmo respondendo na mesma intensidade que elas. Eu acho que nunca vi uma família tão animada quanto todos estavam aqui e me surpreendo por não me sentir um peixe fora d’água. 

— Você não sabe o quanto estamos felizes por estar aqui. — Safaa diz e dou um passo para trás sorrindo alegre mas sinto meu corpo ser chocado contra outro e me viro rápido.

— Desculp… — paro de falar ao ver a risada estampada no rosto de Zain. — O que foi? 

— Feliz Natal, Barbie! — contorna seus braços por minha cintura me dando um abraço apertado. Mesmo um pouco surpresa passo meus braços por seu pescoço devolvendo o jesto.

— Feliz Natal, Zain. — respondo fechando os olhos sentindo o quanto seu abraço era bom.  Nunca passamos o natal juntos. Assim que ele se afasta percebo que segurava um pequeno embrulho de papel vermelho.

— Isso é pra você. — estende a mão.

— Não, Zain. Eu não comprei nada pra você. — nego com a cabeça e ele da um sorriso divertido.

— Eu não comprei. Quer dizer… não agora. — franzo as sobrancelhas e ele apenas indica o presente com a cabeça e mesmo relutante eu pego desembrulhando-o e encontrando uma caixinha de veludo branca. Familiar.

— Não acredito que você comprou uma joia cara. — abro a caixinha que revela um lindo pingente com uma pequena chave no centro. — É... linda, Zain. — tiro o pingente delicado da caixinha e observo que na parte de cima da chave há uma pedra azul brilhante encantadora. — A chave abre alguma coisa ou é só um pingente mesmo? — ele esboça um sorriso de canto e da de ombros de maneira suspeita. Seja lá o que ele esteja aprontando, eu amei. — Eu amei, mas, não posso aceitar. Não te dei nada. — ele revira os olhos como se eu fosse absolutamente a garota mais louca que ele conhecesse. — É sério, Malik. Não posso aceitar. — ele bufa me encarando e logo desvia o olhar para algo atrás de mim. 

— Safaa! — a garota de 13 anos olha pra ele enquanto para de mexer em alguns  dos presentes que ganhou — Que tal estrear o presente que te dei? — percebo os olhos da morena brilharem e ela assente pegando alguma coisa do sofá, logo percebo que se trata de uma câmera instantânea branca. — Pronto, esse é meu presente. 

— Você é impossível. — reviro os olhos. 

— Somos dois. — pisca para mim.

— Na frente da árvore. — Safaa manda e diante de seu tom autoritário nem ousaria discutir. 

— Podia pelo menos deixar eu me arrumar. — resmungo para Zain enquanto passo a mão no cabelo. 

— Não precisa, você está linda. — o olho procurando algum vestigio de irônia mas tudo que encontro são seus olhos me encarando.

— Dá pra olharem para a câmera? — diz Safaa perdendo a paciência nos causando risadas. Zain passa seu braço por minha cintura aproximando meu corpo de maneira exagerada ao dele, o que faz com que eu sem querer apóie a mão que estava segurando a caixinha de veludo contra seu peito desnudo. 

— Sua mão está gelada. — acusa.

— Se você colocasse uma camisa. — rebato entredentes e começo a rir da sua reclamação e minha resposta áspera. Segundos depois da foto ser tirada é que percebo que todos nos olhavam. Alguns até tentavam ser mais discretos, mas os sorrisinhos no canto da boca revelavam tudo. Safaa se aproxima mostrando a foto já revelada com as bordas brancas. Ficou mais bonita do que imaginava. A árvore de natal que batia no teto nem coube na foto inteira, e a mesa toda decorada no fundo deu um ar ainda mais incrível e aconchegante para a fotografia. Mas, o que chamou mesmo minha atenção era que Zain não olhava para a lente, e, sim, pra mim com um sorriso mostrando seus dentes brancos, foi no exato momento que eu dei risada sobre “a mão gelada” o que deixou tudo mais espontâneo. 

— Da pra revelar outra? — pergunto e Safaa assente me entregando outra foto igualzinha a que Zain tinha nas mãos e percebo ele me olhar intrigado. — O que foi? 

— Vai querer mesmo uma foto minha? — zomba aproximando o rosto do meu e eu ergo a cabeça confiante. 

— É pra quando tiver raiva de você, assim posso fazer um voodoo mais fácil. — Zain gargalha com minha resposta antes de negar com a cabeça como se eu literalmente fosse louca.

— Nosso café da manhã está na mesa, família. — Trisha diz fazendo todos caminharem até lá.



Era quase hora do almoço e não parava de chegar pessoas na casa de campo dos Malik o que me fez ficar envergonhada por tantos rostos desconhecidos. Eu aproveitei que o dia não estava tão frio para usar apenas um vestido vermelho de mangas longas com a parte da frente cheia de botões, de cima a baixo que mantinham o vestido fechado, sendo que os últimos quatro estavam abertos revelando um pouco das minhas pernas. Confiro o cadarço do meu tênis preto antes de cruzar a porta da cozinha com um prato de lagostas na mão em direção a gigante mesa do jardim – que tinha mais de seis metros de comprimento – onde todos se serviriam e comeriam nas outras mesas redondas menores. Passo por entre as pessoas tendo total consciência que haviam mais de 70, o que me faz notar como a família Malik é grande. 

Apesar da quantidade de pessoas ninguém parecia prestar muito atenção em mim, portanto acho que ninguém me reconheceu. Assim que largo a bandeja de lagostas passo a mão no cabelo conferindo se a fita vermelha que eu usava como tiara ainda estava certa.

— Oi, viu Trisha? — Samira, esposa do irmão de Yaser, Rafiq, pergunta para mim. 

— Ela está na cozinha. — ela assente agradecendo e caminha em direção a casa. Minha atenção desvia dela para Zain que saía do campo de futebol onde alguns primos seus ainda estavam jogando, aparentemente vindo em minha direção. Sorrio de canto vendo o moreno que vestia uma calça jeans preta com uma camiseta branca de mangas longas arregaçada até a altura dos cotovelos encarando o céu azul acima de nós.

 Como consegue ser tão bonito fazendo coisas tão aleatórias? 

Coloco a mão na cintura esperando ele se aproximar mas antes que conseguisse uma garota de uns 20 anos aparece a sua frente gritando alto “Zayn”, em seguida joga os braços em torno dele que parece surpreso, mas retribui. 

Ela coloca as mãos no rosto dele como se estivesse admirando-o depois de tempos. Será que é prima dele?

Caminho de volta à cozinha ignorando os dois e encontro Trisha envolta de mulheres sorridentes.

— Posso ajudar em mais alguma coisa, Trish? — pergunto.

— Não, querida, você está desde ontem me ajudando. Vá se divertir. — manda com seu jeito sempre simpático e eu assinto saindo da cozinha. 

Me divertir? 

Observo pela janela da sala as inúmeras pessoas e procuro com os olhos as conhecidas. Waliyha estava em um banco do jardim sentada com um rapaz de uns 20 anos que eu suponho ser seu namorado. Eu não atrapalharia eles. Doniya estava cercada de pessoas enquanto conversava animadamente e nem sinal de Safaa. Suspiro observando de relance Zayn em uma das mesas do jardim conversando com a garota morena que vi a pouco e saio da casa caminhando pelo caminho de pedra e chegando a um tipo de sala ao ar livre, com um sofá grande, um médio e duas poltronas. 

No centro estava uma fogueira apagada dentro de um armazenamento de pedra muito bonito feito exatamente para isso. Me sento em um dos sofás olhando para a grande cobertura de madeira que ficava acima dessa sala de jardim com flores rosa circulando as colunas de canto que sustentavam o teto amadeirado e ouvindo a música alta que soava por todo o lugar. Desde que cheguei, nesse momento estou sim me sentindo um peixe meio perdido diante de tantos rostos desconhecidos. Mas o que mais está me incomodando é aquela garota com quem Zain está, eu não conheço ela, mas pela maneira que o olhou e o tocou não parece ser uma prima. 

Não sei quantos minutos passei sozinha mas logo Zain surgiu de trás de mim tocando meus ombros – talvez com intenção de me dar um susto –, mas falhou miseravelmente. 

— Não foi dessa vez. — digo e em um único pulo ele sai de trás do sofá se sentando ao meu lado. 

— O que faz aqui sozinha? — pergunta e eu observo minhas mãos sobre meu colo que eram sustentadas pelas pernas cruzadas. 

— Sua mãe tem bastante mulheres ajudando, disse que posso descansar. — explico encarando as pessoas no jardim.

— Isso não significa que precisa descansar sozinha. — comenta empurrando meus cabelos para trás dos ombros de uma maneira delicada, e esse pequeno toque me arrepia, me fazendo engolir em seco. 

— Achei que estava ocupado com aquela garota. — tento soar o mais natural possível e ele franze a sobrancelha. 

— Kyra? É uma velha amiga. 

— Amiga? — dessa vez não consegui esconder o desdém em meu tom de voz — Isso explica muito. Com certeza mais uma das garotas apaixonadas por Zayn Malik. — Zain solta uma risada fraca.

— Sabe, Barbie, se não te conhecesse diria que está com ciúmes. — fala convencido. 

— É claro que não. — aliás, é óbvio que não, primeiro porque eu tenho um noivo e segundo porque não teria sentido algum sentir ciúmes de Zain. Ele não responde nada e depois de alguns segundos leva a mão ao meu pescoço tocando o pingente que ele me deu a poucas horas. Porque essa insistência em me tocar? 

Preciso quase segurar uma arfada com seu toque em uma área tão sensível e quase me amaldiçoou por isso.

— Eu sabia que ficaria lindo em você. Você fica linda com tudo, ou sem nada. — abro a boca com sua tamanha cara de pau e pego a almofada ao lado jogando com força em sua direção. 

— Como se tivesse me visto sem nada pra falar isso. — reviro os olhos o encarando que - descaradamente - me olha de cima a baixo ficando tempo em excesso em minhas coxas a mostra. Ele passa a língua entre os lábios antes de morder o inferior de uma maneira maliciosa que me soa estranhamente sensual. 

— Nem preciso. — sua voz rouca me causa um arrepio enorme dos pés a cabeça enquanto ele encara meus olhos. Merda, Zain. Você também não colabora nenhum pouco comigo. Sou obrigada a apertar minhas coxas uma contra a outra tentando controlar o calor que senti de repente. Para minha sorte, ou azar, uma voz soa perto de nós.

— Até que enfim te achei, Zayn. — era a tal Kyra, que parece perder um pouco as palavras ao nos ver ali e se senta em uma das poltronas.

— É, eu vim… — Zain continuava sentado de lado, meio que de frente para mim com a mão esquerda apoiada atrás do sofá. — Enfim, Barbie essa é Kyra, uma amiga minha desde…

— Desde sempre, não é, Zayn? — interrompe e percebo um quê de orgulho na voz. Nunca ouvi falar nessa garota e se ouvi não lembro. Zain assente antes de continuar.

— Kyra, essa é a Barbara, eu trouxe ela para passar o natal com a gente. — assinto em concordância dando um sorriso simpático a garota que me ignora completamente.

— Finalmente decidiu passar o natal com a gente, não é, Zayn?

— Na verdade, eu não viria. Mas tive meus motivos. — percebo de canto de olho Zain me olhar e por isso sorrio de canto. 

Levo a atenção a Kira que me observa de cima a baixo como se estivesse me analizando. 

— São amigos? — pergunta. 

— A gente namorou, mas por alguns motivos acabamos… hm, terminando. — digo achando completamente estranho usar a palavra “terminamos” quando eu sequer tive oportunidade de dizer algo sobre nossa relação. E porque eu tive que citar isso? Bastava dizer que somos amigos.

— Nos reencontramos a pouco tempo. — Zain termina de explicar e a garota assente olhando rapidamente para mim e juro ter visto um certo olhar de desgosto. 

— Entendo, o Zayn não é fácil. — encara o moreno com um sorriso malicioso nos lábios. 

— Como assim? — arrisco perguntar mesmo sabendo que não viria nada bom.

— Bom… é o Zayn, não é mesmo? É do feitio dele pegar e largar. — o sorriso simpático do meu rosto some imediatamente assim que ela disfere essas palavras.

— Kyra! — Zain repreende a garota e eu solto um sorriso forçado antes de me levantar.

— Bom te conhecer, Kyra. Mas preciso ir. — digo não dando tempo de ela dizer nada e caminho em direção a casa. Ignoro todos ao meu redor e entro no quarto que divido com Zain.

Ela tem razão, é do feitio do Zain pegar e largar. Mas eu sempre acreditei que isso fosse coisa do Zayn Malik, o homem corrompido pela fama, não do menino que passava horas debaixo da cerejeira comigo fazendo planos pro futuro. Eu nunca... admiti, sempre me achei melhor que todas as garotas que Zain se envolveu. Sempre achei que eu não fazia parte da coleção de pegas dele, mas na verdade eu fui, a primeira de todas as outras.

— Barbie? — Ouço sua voz entrando no quarto e as conversas do lado de fora se tornarem mais altas por conta da porta aberta, porém logo elas abaixam de novo. Sem perceber uma lágrima escorre dos meus olhos enquanto eu estava sentada na cama de costas para ele e para porta.

— Eu quero ficar sozinha, Malik. — aviso em tom ríspido. 

— Por favor, não escuta a Kyra. Ela fala umas bobagens de vez em quando. — solto uma risada completamente sem humor. 

— O problema é justamente esse; o fato de não ser uma bobagem. — disparo.

— O que? — pergunta, engulo em seco me colocando de pé e me virando.

— O problema é que ela tem razão. — digo simplista e ele franze ainda mais a sobrancelha — Não me olhe como se eu tivesse dizendo um absurdo. 

— Mas é um absurdo, Barbara. — altera a voz irritado.

— Não é! — grito ainda mais alto — Você sabe que não é um absurdo, Zain. Ela tem razão. — respiro algumas vezes antes de falar em tom mais baixo. — Você sabe que é verdade, você pega todas e joga fora. E eu sou mais uma da sua lista. 

— Você sabe que é diferente de todas as outras. — afirma gesticulando com a mão. 

— Ah, sou? — pergunto — Deixa eu ver — finjo pensar em alguma coisa — Você pega as garotas e quando não quer mais descarta, é isso que faz com elas? Ah, não! Desculpa, isso é o que fez comigo. 

Caminho pelo quarto fazendo com que a cama não fique mais entre nós e paro perto dele. 

— Admita, Zain! Eu fui, sim, igual à todas as outras que você pegou e quando não quis mais jogou fora como se fossem lixo. — percebo seu maxilar travado se contrair ainda mais depois das minhas palavras. Suas mãos estavam fechadas em punhos e ele parecia tentar se controlar. — A única diferença, Malik — engulo em seco antes de continuar —, é que eu fui a primeira. — completo com desdém caminhando até a porta mas antes que pudesse abri-la Zain segura meu braço e me empurra contra ela, apoiando a outra mão ao lado da minha cabeça. Não foi forte pra mim machucar as costas mas foi o suficiente para levar um susto.

— Você não é como as outras. Você foi única pra mim. — engulo em seco por ele estar tão próximo e por suas palavras.

— Verdade. Devo ter sido a única que não levou pra cama. — a raiva era vista em todos seus traços, inclusive nos seus músculos contraídos e na sua mão fechada ao redor do meu punho. Ele estava apertando com um pouco de força mas não estava me machucando, ele parecia reunir todas suas forças pra manter seu auto controle. — Deve ter sido horrível, não é, Zain? Tantos meses perdidos comigo para no final nem ter o que realmente queria. Desculpa por ter sido tão ruim pra você pra nem sequer ter se dado ao trabalho de terminar comigo por você mesmo. Desculpa por ter sido tão horrível pra você mandar o Harry me ligar três meses depois de eu estar louca tentando falar com voce. Desculpa por eu ter sido tão péssima pra você nem ter se importado que eu tinha que fazer uma apresentação minutos depois daquela porcaria de mensagem com um pedido de desculpas idiota. — as lágrimas caíam dos meus olhos sem eu sequer dar permissão. Depois de tantos anos, era a primeira vez que falávamos disso e que eu me dei conta de tantas coisas — Demorei pra me dar conta que realmente fui só mais uma, talvez a menos importante por você não ter conseguido… 

— Eu te amava! — suas palavras me calam instantaneamente e tudo que faço é procurar em sua expressão vestígio de mentira enquanto tentava sufocar minhas lágrimas. — Você foi a única pra mim porque foi a única que eu amei. Você foi a única pra mim porque foi a única garota que eu queria que fosse pra sempre. Foi a única pra mim porque era você quem me mantinha na porra dos eixos. Foi a única pra mim porque por você eu estaria disposto a tudo. Você foi a única pra mim porque é a única por quem eu daria minha vida. — engulo em seco ouvindo atentamente suas palavras e mordo os lábios reprimindo que um suspiro pesado escapasse de mim.

— Eu percebi — sussurro —, percebi como você foi disposto a tudo por mim. — completo com uma grande irônia nas minhas palavras e ele fecha os olhos aparentemente não conseguindo sustentar o peso que era me encarar.

— Você não entende. — diz em tom baixo. 

— Então me explica, Zain. — peço, queria que minha voz mostrasse a raiva que sinto, mas ela sai mais fraca que o previsto carregada pela tristeza. Tudo que ele faz é permanecer em silêncio apertando ainda mais os olhos enquanto abaixa a cabeça e afrouxa sua mão em volta do meu pulso.

No fundo eu queria, eu suplicava para que ele me dissesse seus motivos, para que tivesse me convencido que eu não fui a única amá-lo tão intensamente.

Mas é como imaginei, seu silêncio mostra que ele não teve motivos, e por isso mordo os lábios inutilmente sentindo todas as lágrimas caindo. 

— Eu sabia. — digo sentindo toda a amargura presente no meu peito me machucar ainda mais. Achei que não seria possível doer tanto assim.

Empurro-o levemente que não reluta e saio do quarto o mais rápido possível.



Notas Finais


Bom dia, boa tarde, boa noite hehe
Então, não sei se me sinto querida por dar esse capítulo de presente na véspera de Natal ou se me sinto má por ter jogado a bomba bem no dia 24 haha
De todo modo, não me matem 🤭
Desejo uma ótima véspera de Natal a todos vocês❤
Nos vemos amanhã❤🤭


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