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História You're My Dream - Estrelas e Anjos


Escrita por: lady_ellye

Capítulo 52 - Estrelas e Anjos


Fanfic / Fanfiction You're My Dream - Estrelas e Anjos

Quando nuvens de trovões começarem uma tempestade

Acenda um fogo que elas não consigam apagar

E escreva o seu nome nessas estrelas brilhantes

~ The Nights. Avicii


Zayn Malik


"Na manhã anterior…

— Como está se sentindo hoje, Em? — pergunto ao entrar no quarto de hóspedes a qual Emma e Charlie estavam ocupando enquanto ficariam aqui em casa. Era encantador o quão próximos eles eram. E doloroso também, pensando em como Lie vai lidar com tudo quando…

Não pense!

Ela abaixa os olhos, apertando as mãozinhas uma na outra.

— Em? — insisto e ela me encara. 

— Se eu disser que não, vai me mandar para o orfanato? — é como um soco no estômago. 

Sorrio nervoso.

— É claro que não, pequena. — aperto seu joelho delicadamente — Eu disse que você ficaria comigo, não disse? — ela assente — Pode ser sincera, então.

— Tá… Eu… Eu não sei. Eu estou me sentindo meio cansada. Acho que brinquei muito ontem. — Não. 

Não, minha princesa. 

"É o corpo dela avisando que está chegando ao limite" A voz do médico ecoa em minha cabeça.

— Quer descansar hoje? Ou está sentindo mais alguma coisa? Podemos ficar por aqui mesmo e… 

— Não. Charlie quer ir. E eu também. Não cancele, Zayn, por favor. — suplica com as sobrancelhas franzidas e uma leve ruguinha de preocupação no rosto. 

— Tudo bem. — me rendo — Vamos em um parque hoje. Mas se sentir qualquer coisa promete que vai me dizer? — ela concorda e estendo meu mindinho para ela, que cruza com o seu."


Eu não sabia o que estava enxergando. 

Era como se fosse tudo. 

E nada.

Eu via as luzes, as sirenes no lado de fora, as pessoas à nossa volta no hospital e o desespero nos olhos de pessoas que eu nem sequer conhecia. Mas não conseguia digerir. 

Não conseguia assimilar e tomar alguma reação. 

Eu vi colocarem Emma em uma maca e checarem sua respiração. Desacordada. 

Mas viva

Por quanto tempo nenhum de nós sabia. 

E foi assim que passei boa parte da noite. 

Sem chão. 

Sem nada

Eu ouvia sua voz em minha cabeça. 

Estou bem.

Estou bem. 

Estou bem

Ela não estava. Não estava nada bem, e mesmo assim eu fui idiota o suficiente para não perceber. 

Era uma criança. Eu deveria ser maduro. 

Eu deveria ser responsável. E não fui. 

— Zayn Malik? — ouço meu nome e me levanto em um segundo. Era um homem, doutor Ryfh, eu o conhecia, mas levei mais que o tempo necessário para de fato reconhecê-lo. Não estava funcionando. Não quando minha cabeça parecia carregar um metal pesado que a estava dilacerando. 

Não depois de passar a noite na sala de espera do hospital ansioso por uma notícia. 

— Me acompanhe, por favor. — pede e eu faço. 

Assim que chego à sua sala, me aproximo da mesa, mas diferente da outra vez não pergunto. Não grito. Não forço uma resposta. 

Eu estava com medo de obtê-la. Porque talvez no fundo eu estivesse apavorado por saber, de fato, qual seria. 

— Bom… O senhor aceita alguma coisa? — pergunta apontando para uma garrafa de café. Com um gesto de cabeça nego e o silêncio continua. 

— Ela está… Viva? — pergunto. 

Para ter uma confirmação, na verdade, porque se não estivesse sei que já teria me dito. 

— Sim, ela está estável agora. Mas não bem. — travo a mandíbula — Eu realmente sinto muito, senhor Malik. Mas o tempo está acabando. 

— Você disse três meses. — murmuro tentando me controlar. Me acalmar — Disse três e passou um. 

Ele assente. 

— Era uma estatística. Mas ela está piorando muito rápido. 

— Mas… Mas é temporário, certo? Ela vai ficar bem de novo por mais um tempo e… — ele abaixa a cabeça, e então entendo. 

Não. 

Não ficaria. 

Não teria mais chances. 

Não teria mais dias como os últimos dois. 

— Eu sinto muito. Mas nessa circunstância, de acordo com os exames, Emma não sairá mais daqui. — ou melhor, sairá. Em um caixão. 

O pensamento me faz querer vomitar na mesma hora. 

— O que acelerou o processo? Foi algum passeio? Brincadeira? — foi minha culpa? 

— Era inevitável, senhor. — afirma — Claro que algumas atividades a deixaram mais cansada mais rapidamente, mas isso aconteceria de qualquer modo.

— Não existe nada nesse mundo que eu possa fazer? — pergunto. Por favor, diga sim. 

Eu sinto muito. — repete. Não há nada. 

Não há mais tempo. 


"— Você vai se casar com a Barbie? — pergunta afastando o mindinho do meu. 

— O que? — solto uma risada. Se eu vou… — Não. Quer dizer, nós não falamos nada disso. 

— Você ama ela? — sua pergunta me deixa sem reação. Ela tem mesmo cinco anos? 

— Porque você está falando isso? 

— Não ama? — franze as sobrancelhas e então sorrio, engolindo em seco. 

— Amo. — respondo baixinho, esperando que ninguém além dela soubesse. Eu amo. E como amo. 

— Então você quer casar com ela? — é minha vez de baixar os olhos encarando seu belo par de tênis branco. Sem dúvidas o convite de casamento de Harry com Taylor ontem chamou sua atenção.

Eu nunca falei disso, mas claro, já pensei. 

Muitas vezes. 

E sem dúvidas eu sempre soube que a queria comigo. Do meu lado. Entre meus braços. 

Que a queria para beijar, amar, abraçar, ser tudo que ela precisasse que eu fosse todos os dias da minha vida. 

Então… 

— Quero. — confesso — Um dia eu quero. — seus olhos se arregalam em surpresa, como se não esperasse que eu dissesse isso. 

— E eu vou poder ser a daminha de vocês? — em uma outra hora eu soltaria uma risada por ela estar sendo tão precipitada, mas sua pergunta me deixa com medo. 

Será que teríamos essa oportunidade? 

Esse tempo? 

Sem dúvidas Emma seria minha escolha quando eu me casasse com Barbara, porque é claro que eu me casaria apenas com ela. 

*Três meses.*

Foi o que o médico nos deu. E eu sei que não nos casaríamos nesse tempo. 

A verdade é que tivermos oportunidade, se eu me casar e Emma estiver aqui… 

— Sim. Você vai poder. — as palavras me dilaceram. Era uma promessa que eu não tinha autoridade alguma para fazer. Mas como eu contaria isso para uma criança de cinco anos? 

Ela joga os braços por meu pescoço. 

— Eu te amo, Zayn. — a aperto contra mim, sentindo uma lágrima descer por meu rosto. 

— Eu te amo, Emma. Muito. Demais." 


Rifh se levanta, caminhando até mim e pousa sua mão em meu ombro. 

— Esteja com ela, Zayn. É o que pode fazer. — engulo em seco sem forças para devolver qualquer tipo de reação



Caminho por entre os corredores do hospital até um quarto na UTI. Ela estava desacordada, mas eu ganhei permissão para entrar e alguma coisa dentro de mim se quebrou ainda mais ao vê-la tão frágil conectada a dezenas de aparelhos e tubos. 

Parecia ser a primeira vez. 


"— Essa é minha irmã. — diz o pequeno garotinho que conheci a poucos minutos no corredor apontando para uma menina deitada em uma cama repleta de aparelhos. 

Ela não devia ter mais que dois anos e dormia. 

Eu não entendia como alguém poderia querer afastar dois irmãos quando estava claro que o menino se importava com ela. 

Dou alguns passos relutantes, os cabelinhos loiros estavam esparramados no travesseiro. 

— Ela é bonita. — sou sincero."


Passos relutantes. 

Respiração entrecortada. 

Me aproximo de Emma o suficiente para vê-la sem a peruca que ela tanto usava. 

Parecia que foi ontem quando a vi pela primeira vez. Mas três anos se passaram e todo o tempo que nos foi dado está chegando ao fim. E eu não posso fazer nada para impedir isso. 

Seguro sua pequena mão levemente com a minha e meu corpo se rende às lágrimas. 

— Olá, Em. — sussurro e minha visão embaça. Me agacho ao seu lado e apoio a mão na cama. Destruído. — Me desculpe. — suplico deixando que o choro saísse. Deixando que me aliviasse mesmo quando eu sabia que não merecia alívio. — Me perdoe, meu pequeno anjo. — minha garganta trava e aperto seus dedos nos meus. 

Minha pequena. 

Minha garotinha. 

Eu a amo tanto. 

— Eu te amo, Em. Não me deixe. — imploro — Não me deixe, Em. — soluço. — Fique comigo! 



Assim que estaciono em frente à mansão, Barbara sai, com o semblante tão cansado quanto o meu. Ela provavelmente não dormiu mesmo que o sol já esteja nascendo, e espero que pelo menos Charlie tenha.

Caminho até ela e então ela me observa, procurando algum vestígio. Alguma resposta. Alguma reação. 

— Ela está bem. — afirmo e ela suspira aliviada. Mais aliviada do que se permitiria se soubesse de toda a verdade. 

— Ela vai ficar bem? Quando ganha alta? — pergunta e apenas encaro seu olhos. Eu não conseguiria falar em voz alta. Não conseguiria deixar que as palavras saíssem da minha boca sem que eu fosse ao chão com elas. 

Nego com a cabeça e sua expressão empalidece. 

Ela entendeu. 

Eu sabia que entenderia. 

Nem sempre precisávamos de palavras. 

Passo por ela subindo as escadas até meu quarto e ouço  seus passos à me seguir. 

— Cadê o Charlie? — pergunto ao entrar.

— Dormindo. — responde estática. Como se tudo que estivesse aqui fosse seu corpo. 

Apóio as mãos em uma mesinha redonda e tenho vontade de fazer a mesma coisa que fiz uma vez. 

Destruir tudo. 

O ódio estava me corroendo. 

— Como você está? — pergunta. Solto uma risada sem qualquer gota de humor. 

— Como eu estou? — repito e então responde — Eu estou aqui. Vivo. Completamente bem quando deveria estar no lugar dela. — minha voz sai grave, baixa, entredentes. Não me importo. 

— Não diga isso. — pede.

— Não dizer? E porque? Ela não vai sair daquele hospital com vida e a culpa é minha! — vocifero me rendendo ao ódio e jogando um vaso de vidro com força em direção a uma das paredes. 

Me viro a tempo de ver Barbara ter um sobressalto e por isso caminho até a varanda enorme, cruzando uma pequena ponte suspensa no ar para chegar nela. Tiro um masso de cigarro do bolso e o acendo, levando até a boca. 

Até a porcaria do nascer do sol estava me irritando. 

— Porque está se culpando? — pergunta parando a certa distância. 

— Porquê? — rio em escárnio — Porque acelerei a porra do processo! — resmungo. 

— Eu… Eu não entendi. 

— Ela poderia estar bem se eu não tivesse criado passeios idiotas para nós. Cansou ela! — o silêncio perpetua. 

Não o silêncio bom entre nós que eu gostava 

Era um silêncio tosquiador. Ruim. 

— Não fale besteiras, você criou memórias… 

Eu matei Emma. Eu acelerei isso. 

— Zain pare! — manda. 

A culpa é minha ela estar assim! — grito de volta jogando o cigarro longe e ao olhar para ela toda minha vulnerabilidade retornar. As lágrimas brotam nos meus olhos assim como já estavam nos dela. — A culpa é minha! — reafirmo sentindo as lágrimas descerem e me viro, apertando as grades da varanda com força e abaixando a cabeça. 

Choro.

Pela primeira vez não me importo de chorar. 

— Eu fiz que ela piorasse. — meu corpo despenca, fazendo um baque ao bater os joelhos no chão e então as mãos dela envolvem meu corpo por trás. 

— Não foi. Você sabe que não foi. — afirma — Emma estava mal, Zain. E pioraria de qualquer forma. — nego com a cabeça escorando meu corpo no vidro e me sentando. — Hey! Olha aqui! — pede tocando meu rosto, me forçando a olhar para ela — Você fez Emma ter memórias, Zain! Se não, ela poderia passar todo o tempo que ela tinha em uma cama e mesmo assim nada mudaria o final. Você criou uma história linda para ela e o Charlie. Para nós! Você fez eles se sentirem amados! Zain, por favor, entenda isso. 

— Eu nunca vou me perdoar. — suas mãos tocam meu rosto.

— Ei, ei, por favor! Por favor, me escute! Você não fez nada. Se Emma está aqui agora foi por você. Por tudo que já fez por ela. Não inverta as coisas, Zain. — ela se aproxima mais, passando os braços por meu pescoço e em hipótese alguma eu recusaria. A aperto mais contra mim em desespero. — Nós vamos passar por isso. Você vai ver, vamos passar. 

Eu parecia não conseguir raciocinar. 

Estava tudo um caos dentro de mim, mas eu sabia que ela era tudo que eu precisava para ser forte. 

Um barulho ecoa e ela afasta o corpo do meu para checar uma mensagem no celular. 

Não me importo com o que seja, apenas observo sua reação parando de chorar e vejo suas sobrancelhas se franzirem. 

— Está tudo bem? — ela parece surpresa que eu ainda esteja aqui, ou sei lá, então ela apenas assente com a cabeça e passa a mão nas bochechas secando o excesso de lágrimas. 

— Sim. — concorda — Olha, Zain, eu… Eu preciso sair um pouco. Tenho umas coisas pra resolver e… E depois eu… — se perde nas palavras — Tá? — dito isso ela me encara, nervosa, preocupada. Eu não poderia culpá-la com tudo que está acontecendo. — Por favor, não esqueça o que eu falei. — pede e simplesmente sai. 

Eu não entendi absolutamente nada. 

Mas eu também não estava bem. E talvez precisasse de espaço para absorver isso mesmo que tudo que eu quisesse é que ela estivesse comigo. 


Barbara Palvin


"Preciso falar com você. E é agora e urgente! Estou do lado de fora da casa de Zayn"


Dizia a mensagem. 

Eu queria amaldiçoá-la e amaldiçoar quem mandou, no entanto, eu simplesmente engoli o desespero e chequei se Charlie ainda dormia antes de sair pela porta dos fundos da mansão e caminhar até o lado de fora. 

Do outro lado, escorado no carro estava ele. 

Aperto as mãos em punhos. 

— O que você quer? — sou rude. 

— Eu não sou um vilão, não precisa agir assim — Simon lembra e eu não digo nada, apenas deixo que diga o que tem para dizer. Ele inclina o rosto, guardando seu celular no bolso do casaco antes de, finalmente, começar — Já pensou no que eu te falei? 

Eu sabia que era isso. 

— Já. E eu ía

— E porque não vai mais? — travo o maxilar. 

— Porque Emma passou mal. Porque Em está no hospital e os médicos disseram que ela não tem chance alguma de sair de lá. Porque Zain… — engulo em seco lembrando do quão mal ele estava a alguns minutos, provavelmente ainda está — Porque ele precisa de mim. — afirmo. Simon assente com a cabeça. 

— Sinto muito pela menina Emma. — diz ele, e parece sincero. — Garota, por Deus, não ache que estou feliz fazendo isso, ok? Eu não estou. Mas depois das notícias a Puma está buzinando na minha orelha e disse que, apesar de tudo, vai fechar o contrato amanhã comigo se eu garantir que posso melhorar a imagem dele. E sei como fazer, mas preciso de você fora de cena!

Parece outro soco no estômago. 

— Que notícias são essas? 

— Você não viu?

— Com Emma no hospital? Só pode estar brincando. — ironizo e ele não responde, ao invés disso apenas pega o celular e me mostra as notícias. Várias e várias delas.

As fotos que me ameaçaram no dia do campeonato europeu estava entre elas. E havia mais algumas. 

Havia uma foto nossa na fogueira no dia que acampamos. 

Apenas eu e Zain, abraçados na madrugada. 

Isso me desperta um pensamento, e eu nem sequer li a reportagem.

— A empresa, os fãs, todos estão falando nada mais que coisas ruins. Eu preciso que se afaste dele, Barbara! — as lágrimas surgem. Elas nem tinham se afastado completamente.

— Eu não posso. — sibilo — Ele está mal. Emma está para morrer. Eu não posso deixá-lo! Ele vai ficar sem chão! — gruno. 

— Seja sincera. Está fazendo por você ou por ele?

Por ele! — gruno entredentes — Por Deus, eu juro que tomaria toda a dor pra mim se pudesse! — e é verdade. Eu aceitaria lidar com a minha e a dele se isso significasse que ele estaria bem. — Não posso abandoná-lo agora, Simon. É o pior momento. Isso seria cruel. Desumano. Como vou poder olhar nos olhos dele e dizer coisas cruéis porque, é a única coisa que vai fazer com que ele acredite em mim, sabendo que só vou estar piorando tudo?

— Acontece que se não fizer, vai piorar de qualquer modo. Sem o patrocínio, a África vai estar morta também. E acha que ele vai colocar a culpa em quem?

Nele mesmo. 

Logo depois de perder Emma, outro sonho que ele tanto quer morreria com ela.

Porque tudo tem que ser tão difícil?!

— Depois de Emma. — aviso. 

— Não. Hoje. Vou fechar com a Puma amanhã! — abaixo a cabeça não sustentando a mim mesma.

Não tenho escolha. 

Não tenho escolha. 

Assinto. 

Assinto com a cabeça. 

Eu faria. 

Eu destruiria a mim

Eu pioraria tudo para ele. 

— Que bom que… 

— Eu vou fazer, Simon. — corto — Mas quero algo de você também. 

— O que? 

— Um número. 



Eu não sabia se estava raciocinando direito, mas gostaria de pensar que sim. 

No entanto, ao ver as fotos no celular do empresário de Zain, mais especificamente a da fogueira, eu tive certeza de uma coisa. 

Havia alguém que sabia que estaríamos lá. 

Aperto a campainha de seu apartamento e depois da terceira tentativa a porta se abre. 

— Barbara? Está tudo bem? O que aconteceu? — ela pergunta. 

— Preciso falar com você, Taylor. — sou ríspida e entro dentro da gigantesca cobertura londrina. 

— Tá. É… Pode falar. — me viro para ela. 

Minha amiga. 

Minha melhor amiga. 

E mal consigo acreditar.

— Você está me deixando nervosa. O que aconteceu? 

— É você que está ameaçando eu e o Zain, não é?

— O que? — solta uma risada. 

— É você não é, Taylor?! — grito e sinto a presença de mais alguém na sala. Era Harry, parado ao lado da escada. 

— Você está brincando comigo, né? Saiba que é cedo pra isso. 

— Confessa, Taylor! Eu sei que foi você! 

— Você não pode estar falando sério! — grita de volta — Você veio até aqui para me acusar de ameaçar você? De roubar seus patins e sair como uma louca atrás de fotos para vender pra mídia? 

— É! É isso mesmo! 

— Você enlouqueceu? Da onde tirou um absurdo desses?

— É. É um absurdo, Taylor! É um absurdo saber que minha melhor amiga está envolvida nisso!

— Mas eu não estou envolvida nisso! 

Ah, não? — ironizo — Você é a única pessoa que sabia para onde fomos acampar! Ninguém mais sabia. E as fotos vieram de lá! Vieram do campeonato europeu a qual você estava. Vieram de momentos nossos íntimos de mais que você sabia. 

— Você literalmente perdeu a cabeça! Eu estava com você no campeonato. E estava com você vendo você chorar o tempo todo por ter que terminar com o Zain! Não me acuse disso! 

— Não tem outra alternativa, Taylor! É você! 

Ela não grita. 

Não devolve. 

Não retruca. 

Apenas me observa incrédula demais para qualquer coisa do gênero até que sua voz ecoa, baixa e grave. 

— Você não podia fazer isso, Barbara. — aperto as mãos em punhos — Mesmo que todas as provas apontem contra mim. Você deveria acreditar em mim. Deveria confiar! Eu sou sua amiga! Ou melhor, era sua amiga. 

— Você…

— Eu confiaria em você, Barbara! — grita — Porque sei que esse mundo é sujo o suficiente pra estragar as pessoas, as amizades e os relacionamentos. 

— Você nunca gostou de Zain. 

— É claro! Ele abandonou você! E como uma pessoa que te ama eu tive medo que fizesse de novo! Mas você me vê como? Como uma inimiga? Como alguém tão baixa, capaz de namorar o melhor amigo dela e prejudicá-lo? Ou pior, prejudicar a minha melhor amiga. Eu não consigo acreditar. — eu estava, mais uma vez, em desespero. Sem saber o que pensar ou dizer. Eu queria uma solução. Uma resposta. Estava em busca de algo que me impedisse de fazer o que tinha que fazer, e foi a alternativa que eu quis acreditar.  — E para sua informação, Barbara Palvin, tinha mais uma pessoa que sabia da localização daquele acampamento. 

Engulo em seco. 

— Quem?

— A amiga a qual você não acusou, e se beneficiaria muito mais do que eu. — franzo as sobrancelhas — Agora sai da minha casa! 

A amiga que eu… 

Sarah. 

Não. 

Não pode ser Sarah. Não teve nenhum indício.

Mas Taylor também não teve até esse momento.

Sai da minha casa! — grita, e então eu obedeço. 



Alô? — ouço a voz tranquila do outro lado assim como eu me lembrava. Pelo menos algo de bom Simon conseguiu. O número da mãe de Zain. 

— Olá, Trish. Sou eu, Barbara. Lembra de mim? 

—  Barbara! Oh, meu Deus! Que saudade menina. Como você está?

Bem. Quer dizer, mais ou menos. Na verdade Trish… — me perco nas palavras — Estou te ligando porque queria saber se você não consegue vir para Londres. 

O silêncio perpetua pode longos segundos. 

Aconteceu alguma coisa? 

— Não. Mas vai acontecer. — minha voz começa a embargar, no entanto, me controlo, passando a mão no rosto — A Emma está muito mal e o Zain precisa de você. 

Tudo bem. Tudo bem, querida. Eu vou, não se preocupe! 

— Obrigada. — sussurro em um fio de voz. Era um alívio na verdade saber que ele não estaria sozinho quando tudo ficasse impossível de lidar. 

Barbie… Você está bem? — pergunta. 

— Estou. — minto — Estou sim. Obrigado, de novo, Trish. Muito mesmo. Eu… Eu preciso desligar. Ah, e pode… Por favor não dizer a ele que foi eu que pedi para chamar você?

Tá… Tudo bem, querida. Um beijo, logo estarei aí. 

— Ok. — encerro a ligação. 

Era a última coisa que eu tinha que fazer antes de, enfim, estragar tudo.



Eu não sabia o que dizer. 

O que falar. 

O que mentir. 

Não sabia sequer como entrar em sua casa novamente, mas fiz. Por ele. Por Zain. 

Vivian estava no andar de baixo, e o dia estava terrivelmente nublado. Cinzento. Choroso. Eu tinha a impressão que iria chover a qualquer momento. Estava escuro. Muito escuro para as dez horas da manhã. Podia facilmente dizer que era seis. 

Charlie estava com ela, ela entreteu ele na sala de jogos e eu agradeci mentalmente por isso. Eu não precisava que ele presenciasse ou ouvisse nada.

Assim que cruzei a porta, vi Zain sentado em uma poltrona da sua sacada. Ainda lá. 

Pelo menos, sem chorar. Sem expressão alguma também e não sei dizer se era bom.

Caminho pela pequena ponte mais devagar do que o necessário e estralo os dedos das mãos em ansiedade. Ele sorri fraco ao me ver. 

— Oi. — murmuro. 

— Oi. — responde — Que bom que voltou. 

Me sento em um sofá distante. Não sei se ele reparou, não o encarei nos olhos. Tive a impressão que um trovão estourou ao longe, mas nem certeza tive também. 

— Você está bem? — concordo com a cabeça. — Bem… Eu vou ficar com Emma no hospital. Não quero que ela fique sozinha.

— Você não dormiu a noite toda. Eu vou. — ele nega. Talvez porque eu também não dormi. 

— Não. Eu vou. Eu passo o dia com ela e você descansa. Depois você vai e eu volto. A gente reveza, sei lá. — murmura inclinando o corpo para frente. 

Concordo com a cabeça e ele se levanta. Meu coração mostra indícios de vida, palpitando dentro de mim e então ele se senta ao meu lado. Passando os braços por meus ombros e trazendo seu rosto para perto.

Me levanto. 

Me afasto dele. 

Mantendo distância.

— Eu preciso falar com você. — confesso encarando qualquer coisa ao longe. 

— Ok. O que foi? — minha mente parece parar de funcionar. 

Tento usar uma máscara.

Tento entrar na bolha. 

Tento usar qualquer coisa que pudesse me dar coragem. No entanto, a única coisa que funcionou foi pensar que seria o melhor para ele. Em todos os aspectos. 

Me viro, encarando seu rosto. Ele tinha as sobrancelhas franzidas em confusão e ainda estava sentado.

Seria agora ou nunca.

— Eu… Eu acho que deveríamos terminar com isso. — mais confuso ele parece. Seja mais clara, Barbara. Seja mais clara. — Nós dois. 

— O que? 

— Acho que já foi o suficiente. 

— Já foi o suficiente? Do que você está falando? — se levanta, mas não se aproxima. 

— Nós dois. Acho que podemos parar com isso. Com o que estamos tendo. — ele nega com a cabeça. 

— Parar com o que estamos tendo? Nós estamos… Juntos

Seja fria. 

Pareça sincera. 

— Vamos falar a verdade. Estamos nos enganando. Nós dois. Fingindo que voltamos no tempo. É apenas um dejavu de algo que vivemos. Mas nós sabemos que não é duradouro. 

— Não é duradouro? Do que está falando? Você… Qual é? Eu gosto de você. Muito mais que isso. E você…

— Nos aproximamos pelas crianças e por causa de um sentimento do passado. Mas está claro que não passa disso. E eu… eu nunca disse que estava apaixonada por você. – as palavras parecem me rasgarem a garganta, no entanto, mantenho a frieza. 

É a única coisa que eu poderia usar. 

No entanto encarando seus olhos completamente confusos, o ar me falta e por isso dou as costas, como se fosse o ponto final.

Sua voz me para. Exaltada.

– É, você nunca disse. E nunca precisou. – o que? Do que ele está falando? Mordo os lábios tentando conter o choro.

Me viro, voltando a encará-lo e esperando que se explique. Que continue. Eu nem deveria ter parado.

– Eu sabia que estava apaixonada e nem precisava dizer. – solto uma risada irônica, mas na verdade, nervosa. 

– O que…

– Você nunca se entregaria a alguém que não ama. – sua voz é firme, como se tivesse toda a certeza do mundo no que estava dizendo – É por isso que nunca se entregou a Dylan. Até gostava dele, mas no fundo, sabia que não era o amor da sua vida. Porque eu sou. – eu estava estática, e ainda tentava manter a frieza, porém sem dúvidas não estava funcionando. 

– Você está louco…

– Não, não estou. Posso ter muitas dúvidas na vida, mas conheço você. Conheço você mais do que conheço futebol. E você sempre esteve apaixonada por mim, então se quer terminar a porra do que temos, use a porra de uma desculpa mais convincente do que essa.

Ele estava certo. 

Em toda a droga de suas palavras ele tinha razão. E eu precisava jogar algo contra ele. Qualquer coisa. Do contrário, me desesperaria em lágrimas derrotada.

– Então, se tem tanta certeza que eu amo você, porque todas aquelas inseguranças? – vocifero e seus olhos se arregalaram levemente. Me lembro da primeira noite em seu quarto, a preocupação em seus olhos para saber se eu estava me sentindo bem. O medo neles em frente a fogueira quando perguntou se eu sentia falta de Dylan. Detalhes. Detalhes importantes para passarem despercebidos – É, Zain. Eu também conheço você. 

Ele engole em seco antes de responder. 

– Porque o problema no nosso relacionamento nunca se tratou de sentimentos. 

É a minha vez de perder as palavras. 

É verdade. 

Nunca tive dúvidas do que sentia. 

Nem ele. 

Não foi por isso que terminamos antes e não é por isso que estamos acabando agora. 

Não é sobre sentimentos. 

Desisto de criar qualquer justificativa e tento caminhar para longe.

– Vai mesmo fazer isso, Barbara? – ele grita – Sabe que nunca encontraremos alguém nessa vida! – eu sei.Sabe que é nós dois. Porque está fazendo isso agora? Porque está agindo como se fosse assim que…

— Porque é a verdade. Eu não amo você. — encaro seus olhos. É a maior mentira que já pude contar — Eu amava o antigo Zain. Ou talvez achei que amasse. Mas não amo você.

Mas eu amo você. — grita e eu congelo. Eu sem dúvidas não esperava isso. Ele não disse isso antes... Desde o ensino médio. — Eu amo você. Sempre amei. E eu faria qualquer coisa por você, então porque está fazendo isso comigo agora? 

— Po...porque… — eu queria dizer que eu não o amava. Mas as palavras não saíam. — Eu não… 

Ele se aproxima, parando a poucos centímetros de mim e eu estava parada, estática, congelada, e permaneci assim. 

— Eu sei o que sentiu. Eu sei o que fiz você sentir. Eu conheço cada mínima reação sua e sei que está mentindo agora. Sei que se preocupa comigo. Está na sua cara toda vez que eu fico mal. 

— Eu me preocupo com todos. Não se ache especial. — tenho certeza que minhas mãos estavam tremendo. 

— Dorme com todos também? — não faça isso, Zain… 

— Foi apenas sexo. Você me ensinou isso. — mentira. Mais uma dentre tantas que eu já dei hoje. — Não teve nada haver com sentimentos. Estou abrindo o jogo com você. Não quero que se machuque lá na frente. Eu percebi… Percebi que não amo você assim.

Eu não sei se foi algo do que eu disse. 

Ou minha insistência nas palavras.

Ou se pareceram verdadeiras. 

Mas sei que suas armaduras foram ao chão. Partiram. Percebi na forma como seus olhos me encararam. 

Umedeceram. 

Eu não conseguiria olhar isso sem deixar a verdade saltar de mim. Me virei, no entanto seu braço agarrou o meu. 

Esperei que gritasse. 

Que brigasse comigo. 

Que fizesse qualquer coisa transtornada. No entanto, tudo que ouvi foi sua voz, fraca e trêmula.

— Não faça isso comigo. — pede, e o tom de voz suplicante me fez encará-lo. Havia água ali. Humidade. Lágrimas. — Por favor. — implora — Não me deixe. 

Zain estava implorando. 

Me implorando para não deixá-lo.

Zain se coloca de joelhos, abraçando minha cintura e acho que nunca fiquei tão chocada com alguma coisa. 

Ele estava de joelhos à minha frente. 

Zayn Malik. 

Implorando para eu não deixá-lo. 

— Não me importo de parecer um idiota agora. Mas por favor, não faça isso. Não agora. — sua voz saiu abafada. Contra minha barriga enquanto seus braços envolviam minha cintura. 

Não. 

Eu não queria que fizesse isso.

Nunca. 

Eu não o queria vulnerável assim. 

Não queria vê-lo desse jeito. 

Se fosse verdade… Se alguma palavra ridícula que eu disse tivesse sido mesmo verdade… Ele não deveria agir assim. Não deveria se humilhar para mim. 

Isso não é certo.

— Levanta, Zain! — ordeno e as lágrimas caem. Eu precisava que ficasse em pé. Eu não conseguiria dar as costas e deixá-lo assim. — Não é certo, Zain. Pare! 

— Eu não ligo para o certo. Eu estou perdendo você de novo. — as lágrimas caem. 

Não. 

Não meu amor. 

Eu estou perdendo você. 

— Me desculpe. — imploro e minhas mãos pousam em sua cabeça. Meus dedos deslizam como o consolo que eu não posso dar — Me desculpe, Zain. Me desculpe. — então amaldiçoou. 

Amaldiçoou a patinação. 

O futebol. 

A fama. 

Os holofotes. 

Amaldiçoou a mídia e me amaldiçoou por ter escolhido isso. 

— Vou para o hospital ficar com Emma. — aviso e saio. Fujo





Havia se passado dois dias desde tudo. 

E assim como havíamos dito, nós estávamos revezando. Um ficava durante o dia, outro durante a noite. E na realidade acho que nenhum de nós dormia e descansava de verdade quando não estávamos aqui.

Apesar de tudo, da minha idiotice, Taylor e Harry ficaram com Charlie na maioria do tempo quando não podíamos, até que eu soube pelo Harry que Trisha havia vindo passar uns dias na casa de Zain, então ela também fez amizade rapidamente com Lie.

Um dia depois de eu terminar com Zain, completamente contra minha vontade, o médico avisou que os órgãos de Emma estavam começando a parar. Apesar de tudo, ela acordava as vezes, meio grogue e delirando, mas acordava. E falava algumas coisas sem sentido. Então eu chorava. 

E chorava. 

E chorava. 

Chorava até que uma enfermeira aparecesse dizendo que era a troca de acompanhante e eu fosse embora. 

Tudo que eu sabia era que simplesmente tínhamos que esperar o corpo da menina parar por completo. Era desumano.

As doenças são cruéis.

Não encontrei Zain nos últimos dias, mas me consolei pensando que ele estava bem com sua mãe. Pelo menos não sozinho. 

Já eu… Eu estava sozinha. 

E isso estava me matando. 


"— Quando é a copa do mundo, Z? — Lie pergunta fazendo Harry para de tocar violão. 

— Daqui um mês, Charlie. 

— Você vai levar a gente? 

— Vocês gostariam de ir? — eles assentem gritando em euforia. 

— Seria tudo! É meu sonho! Nós quatro juntos! — Emma comemora. 

— Então nós vamos. Todos nós — Zain promete e meu olhar encontra o dele. 

Eu não tinha a menor ideia como isso seria possível.

Talvez fosse apenas os três, sem eu. 

— Promete? — Sorrio de canto, Emma sempre fazia Zain prometer, e pelo menos essa,  ele provavelmente conseguiria manter.

— Prometo."


— Você deveria comer alguma coisa. — tenho um sobressalto da cadeira do quarto de Emma a tempo de ver Harry escorado na porta. 

Eu estava com a cabeça apoiada na cama da menina, e acho que quem estava delirando era eu. 

— Estou bem. — afirmo. 

— Está sem dormir direito há três dias. — ajeito meu cabelo já aceitando que minha aparência deveria estar péssima. 

— Não estou não. As vezes eu vou pra casa e Zain vem…

— Zayn também está sem dormir há três dias. — engulo em seco desviando o olhar dele. 

Ele deveria estar tão mal quanto eu. 

Harry entra, colocando um pacotinho de alguma coisa comestível sobre uma das mesas. 

— Pra você. 

— Eu não estou com fome. — e era verdade — Mas obrigada. 

Ele assente. 

— Como a Taylor está? 

— Não muito bem, também. Acho que ninguém está. 

— E eu ainda piorei tudo. — dou um sorriso sem graça — Não deveria ter desconfiado dela. Nossa, como eu fui idiota. — me auto acuso. 

— Ela vai perdoar você. Você não estava no melhor dos seus juízos também. — nem um pouco, aliás — Terminou com Zain logo depois, realmente não estava. 

Não respondo nada e ele se aproxima. 

— Ei, não estou acusando você. Eu me preocupo. Com vocês dois. Além do mais, eu estava na sala quando Taylor disse que você estava chorando porque teria que terminar com ele. Eu sinceramente nem quero saber qual o real motivo, mas espero que tenha. De verdade. Porque se você não o ama então amor não existe. 

— Como assim?

— Você o ama mais que qualquer um. — ele se aproxima, se escorando na cama de Em — Foi a pessoa das fotos? — olho para ele e então percebo, ele sabe que estou sendo ameaçada, ou algo do gênero.

— Você não pode contar a ele, Harry!

— Se eu fosse, já teria. Você que tem que contar. 

Eu provavelmente começaria a dizer meus motivos, mas então vi movimento. Vi um movimento das mãos de Emma. 

Ela começou a se mexer, os médicos disseram que ela poderia acordar de vez em quando, no entanto, eu sabia que a qualquer reação Zain tinha o direito de saber. 

— Harry, chame o Zain! 

— O que? — me levanto apertando o botão para chamar algum médico e ele então entende. 

— Chame ele, Harry! Agora! — mando novamente e ele sai do quarto. Acaricio a cabeça de Emma e sussurro em seu ouvido. 

— Hey, oi, pequena. Eu estou aqui. — ela não tinha acordado ainda, aliás demorou muito. 

Foi quase uns vinte minutos até que seus olhos abrissem, e então, diferente das outras vezes ela me encarou. Parecia… Lúcida

Bab… — murmura em um fio de voz. 

— Sou eu. Sou eu, Em. Estou aqui! Vai ficar tudo bem! — ela murmura mais alguma coisa inaudita. 

— Você está bem? Sabe quem eu sou?  — sussurro segurando sua mão.

— Barbie… — novamente, e sua fraqueza faz meus olhos embaçar. 

— Isso. Isso, sou eu. Estou aqui. 

— Onde eu estou? 

— No hospital, Em. 

— No hospital? — assinto. 

— Eu não consigo levantar. — murmura — Não consigo me mexer.

— Não precisa. Descanse. Vai ficar tudo bem!

— Você promete? — passo a mão nos olhos. 

Prometo. Logo isso vai passar. — era doloroso fazer essas promessas.

— Cadê… Cadê o Zayn? 

— Está vindo. — aviso. 

Ela estava mais magra. 

Não sei se era possível alguém emagrecer tanto em três dias, mas ela estava. 

— Eu vou morrer? — dessa vez não consigo responder. Minha garganta se fecha, travando. 

O que eu poderia responder? 

O que eu poderia dizer? 

Mentir? Como poderia? 

Sorrio para ela, se é que adiantava alguma coisa e viro o rosto. Não queria que me visse chorar tanto. Na mesma hora meu olhar cai na porta. 

Zain estava lá. 

E seus olhos encontraram os meus. 

Ele parecia tão mal quanto eu, mas ao perceber que eu o vi, ele entra, aproximando-se de Emma. 

Aproveito e me levanto, dando alguns passos para trás e seco as lágrimas apenas para dar lugar às novas. 

— Oi, Em. Sou eu, Zayn. 

Zayn! — sorri — Você está aqui. 

— É claro que estou. Estive com você o tempo todo. Eu e… A Barbie. — A maneira como sua voz travou no meu nome me dilacerou ainda mais. — Como está se sentindo? 

— Mal. — confessa — Cadê o Charlie? 

— Está em casa. 

— Ele não quis vir? 

— Quis. Quis muito. Mas crianças não podem entrar aqui. Mas ele gravou um vídeo para você. — Zain tira o celular do bolso e abre a tela, virando para Em. Então a voz de Charlie ecoa.

"— Tá gravando? Já posso falar?"

"— Pode. " ouço a voz de Trisha no fundo. 

"— Oi, Em. Sou eu. O Charlie. Eu… Eu só queria dizer que espero que melhore logo pra podermos brincar de pique esconde de novo. A avó Trish está aqui, ela é… É mãe do Zain e faz doces ótimos. Você vai gostar. —" sua voz parecia nervosa, e eu quase podia vê-lo esfregando as mãozinhas umas nas outras. "Eu… Eu amo você, Em. E estou cuidando do seu ursinho pra você. Aquele do parque. Fique tranquila e… E fique bem, tá? Tchau, eu… Eu amo você."

Emma sorriu. E uma lágrima caiu de seus olhos. 

— Está tudo bem? — Zain pergunta. 

— Está doendo. — sussurra de volta. 

— O que está doendo? 

Tudo está doendo. Eu… Eu vou morrer, não vou? — um soluço escapa de mim e me amaldiçoou por isso. 

— Olha só, não importa o que aconteça. Estaremos juntos! — Zain promete. — Todos nós. Não se preocupe. — Zain inclina o rosto levemente, como se pedisse para eu me aproximar e assim eu faço. Parando ao seu lado e ao lado de Emma. Na mesma hora a garotinha solta uma tosse aguda e dolorosa. 

— Vão ficar comigo? — pergunta. 

— Até o fim. — Zain promete. 

— Não deixaremos você nunca, Em. — prometo e seus olhos caem sobre mim, e ficam intercalando entre nós dois antes de ela finalmente dizer algo. 

Eu sei agora, Barbie. — sussurra. 

— Sabe o que? — pergunto acariciando sua perna por cima do lençol. 

— Uma coisa boa das doenças. — minhas sobrancelhas se franzem. Não existe nada de bom nas doenças. 

— E o que é? — pergunto mesmo assim. 

O amor. — sorri — Você veja quem ama você e… Se não fosse por ela, eu nunca teria conhecido vocês. Eu pertenci a alguém. — seu olhos lacrimejam. — Eu pertenci… — ela tosse novamente e os beeps no monitor começam a ficarem mais lentos. 

Espera… O que…

Está doendo. — ela repete de novo e então entendo. Ela não consegue respirar. 

Soluço entrando em desespero e olho para Zain. Ele também estava estático. 

— Está doendo… — repete e Zain se debruça mais contra ela, apertando o mesmo botão que apertei a algum tempo. 

— Vai passar Em. 

— Estou com medo, Zayn! — confessa chorando — Estou com muito medo. 

— Não tenha medo, Em. Estamos aqui. — seguro sua mão — Estamos com você. 

A sala é invadida por médicos que caminham até os monitores e até Emma. 

— Vamos levá-la para a sala da UTI. — o médico avisa e puxa a cama de Em pelas rodinhas, solto sua mão e ela grita, se desesperando. 

Não! Eu não quero morrer sozinha! — grita com a única força que resta — Zayn! Não me deixe! — implora — Barbie! Por favor, não! Zayn! 

Parem! — Zain ordena e eu o encaro. Eu não sabia o que ele estava fazendo. — Deixem ela aqui. — manda ele. 

— Mas senhor… 

— Não vai fazer diferença alguma. — me encara, me explicando. Sim. Sim ele tem razão. Eles não curariam Emma e sequer poderiam salvá-la. Ela apenas vai estar sozinha

Ele caminha até ela, e o monitor se torna mais lento. 

Emma agarra a mão de Zain com força e puxa o ar com muito mais. 

— Não vai estar sozinha. Eu prometi, lembra? — Os médicos apenas encaram. Zain estende a outra mão, a que não estava segurando a de Em para mim, e eu a seguro completamente tremula, me aproximando. Ele me coloca ao seu lado, depositando minha mão sobre a deles e passa um dos braços em volta do meu corpo. — Estamos aqui. 

A cama estava no meio do quarto, completamente torta, mas ninguém se importaria com isso.

Ela encara Zain nos olhos e então, simplesmente, murmura:

Diga ao Charlie que serei sua estrelinha. — aperto a mão de Zain na mesma hora. Em desespero. 

Ela estava acordada.

Emma estava ouvindo. 

O monitor se torna lento. Lento demais. Lento ao ponto de eu perceber que na verdade, ele não estava trabalhando. Os médicos desligaram o som para não ouvirmos o momento em que os beeps se tornariam um zunido insuportável que demarcava o fim da vida da menina.

A mão de Emma se afrouxa. 

E seus olhos azuis tornam-se sem vida. 

Emma está morta!





Notas Finais


Meu coração foi quebrado em mil pedacinhos com esse capítulo e eu chorei demais... POR FAVOR ME DIGAM O QUE ACHARAM PRECISO CONVERSAR💔💔

Estou depressiva... Apenas se cuidem e aguardo vocês no próximo😥❤


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