História You're my Fallen Angel - A promessa

POV – Jett

Thomas estava falando alguma merda no meu ouvido sobre uma festa na piscina com meninas gostosas e muita bebida, mas minha atenção estava naquela garota. Naquela mulher de cabelos e olhos escuros que estava no meio do refeitório com o olhar perdido.

Ao lado dela estava aquele babaca pretencioso esperando qualquer brecha pra atacar. Desviei o olhar para rir das besteiras que Thomas falava enquanto me segurava para não tirar a perna de Hannah do meio das minhas.

Hoje ela apareceu saltitante como se não tivesse acontecido nada. Como se eu não tivesse lhe dado um belo fora.

- Ora ora, Kirsten. Quanto tempo! – Thomas disse, puxando Kirsten para um abraço enquanto segurava uma loira no meio de suas pernas.

- Oi Tommy, como você está? – Ela sorriu. Meu coração bateu mais forte.

- Estou bem. E aí, Maven? Tudo tranquilo? – Olhei para Maven, que colocou o braço em volta da cintura de Kirsten. Meu sangue ferveu.

Em minha imaginação eu cortava a mão dele fora e fazia ele engolir. Comecei a bater mexer a perna sob a mesa. Inquieto.

- Tudo certo, cara. E aí, Jett.

Não respondi. Não parava de encarar a sua maldita mão tocando Kirsten. Eu precisava parar antes que me jogasse sobre ele e arrebentasse sua cara.

- Nós estávamos falando sobre a festa de casais daqui duas semanas. – Hannah disse e tive vontade de gritar com ela. - Você poderia levar Maven.

Meu estômago se apertou só de imaginar Maven sendo par de Kirsten na festa. Eu quem acompanhava Kirsten nas festas, sempre foi dessa forma.

- Eu não... – Kirsten começou a balançar a cabeça, mas foi interrompida por Maven, que abraçou sua cintura sorrindo como um completo idiota, dizendo que a festa era uma ótima ideia.

A festa seria maravilhosa, para eu ter uma conversa com ele.

- Seria mesmo.

Kirsten olhou para mim, confusa.

Eu queria dizer a ela meus planos, queria dizer o quanto doeu ter que sair de seu quarto ontem de noite após o ocorrido. Queria dizer que ela não precisava fingir estar forte porque eu sabia que ela estava quebrada.

Ela tinha presenciado um assassinato, tinha assassinado aquele homem estranho disfarçado de policial, ela não estava sob controle.

Mas ela fingia muito bem.

- Ótimo! – Thomas disse, arrumando a garota no seu colo.

Kirsten arregalou os olhos, tendo um ataque de risos.

- Puta que pariu, Thomas.

Olhei para Thomas e depois para Kirsten sem entender.

- Argh, que nojo cara. – Maven disse, beijando o pescoço de Kirsten. Quase perdi o controle. Quase. – Jett, ele tá... bem. Digamos que eles estão fazendo um sexo diferenciado aí do seu lado.

Senti meu rosto queimar e empurrei Thomas. Filho da puta.

Ele riu, tirando os dedos que tinham sumido na barra do vestido da garota e os levou a boca. Meus olhos foram direto para Kirsten, lembrando da noite anterior.

Os olhos dela já estavam procurando os meus bem antes de eu olhar para ela. Entreabri os lábios para poder respirar direito.

- Vou pra sala. A gente se vê por aí.

Observei enquanto ela andava rapidamente em direção as salas de aula. Soltei a respiração, limpando o suor que tinha brotado na minha testa.

- Também vou andando. Te vejo na sala, Jett. – Hannah falou, descendo da mesa.

Ela tentou me beijar, mas me inclinei para longe. Mordendo o lábio em frustração ela correu para o corredor.

Thomas já tinha dispensado a garota que estava em seu colo e estava olhando enquanto Kirsten sumia na curva do corredor.

- Porra, ela tem uma bunda maravilhosa.

- Vai se foder, Thomas. – Falei, irritado.

Maven ainda estava parado na mesa, apoiado olhando na mesma direção que Thomas.

- Nem fale em foder. – Thomas disse arrumando a calça. – Estou desesperado pra comer alguém.

Revirei meus olhos, alcançando minha mochila para olhar o horário. Senti o olhar de Maven sobre mim. Meu corpo ficou tenso.

- Vou andar por aí. – Thomas se levantou. – Quem sabe não tem uma garota abandonada por esses corredores precisando de carinho.

Observei enquanto meu amigo desmiolado caminhava pelas mesas.

- Eu te ofendi de alguma forma? – A voz de Maven foi o suficiente para me irritar muito mais do que eu já estava.

- Por que a pergunta?

- Bem, - Maven sentou-se na minha frente – você parece não suportar minha presença. Você me socou sem dó nem piedade porque eu estava beijando a Kirsten...

- O que você quer com ela, Maven?

Ele me olhou como se eu fosse maluco.

- Eu gosto dela, cara. Não se preocupe. Eu sei que você é um tipo de irmão mais velho pra ela, mas eu tenho certeza de que ela pode lidar com isso sozinha.

Eu odiava aquilo. Odiava totalmente.

As pessoas só me enxergavam como o irmão mais velho de Kirsten, uma sombra. Ninguém me via como alguém que poderia fazê-la feliz. Mais feliz que qualquer pessoa poderia fazer.

- Eu tenho certeza de que ela poderia arrancar suas bolas sozinha, mas espero que você entenda, Maven. – me levantei, colocando a mochila nas costas – Kirsten não está disponível.

Maven piscou, incrédulo quando passei por ele, caminhando pelo corredor.

Kirsten estava quase gritando por socorro, encolhida na carteira olhando para o professor de arte contemporânea.

Parei na porta.

- Olá, Sr. Cipriano. Posso ajudar?

- Oi, Sr. Robin. Eu esqueci umas coisas na mochila da Kirsten...

Ele olhou para mim e sorriu.

- Por ir com ele, Srta. Hernandez. Só a sua presença nessa aula já me deixou muito feliz.

Kirsten me ofereceu um sorriso de agradecimento e pegou a mochila, saindo da sala.

Agarrei seu braço, caminhando até o laboratório de química inutilizado no fim do corredor.

Fechei a porta e me apoiei nela, olhando para Kirsten.

- Não me olhe com essa cara. – Ela apontou um dedo para o meu peito.

- O que foi que eu fiz? – Eu perguntei, cruzando os braços.

- Sua namorada veio tirar satisfação comigo. – Ela disse com um sorriso debochado.

- Minha namorada?

- Aquela palhaça do cabelo parecendo água de salsicha, sr. virgem. – A sensação foi de receber um soco no estômago.

- Você disse que não ia me achar patético por causa disso, Kirsten.

- Sua namoradinha me parou no corredor pra dizer que você come ela todo fim de semana, pelo amor de Deus! – Ela jogou as mãos para o ar. – Você é livre pra fazer o que quiser, Jett. Se você disse que é virgem, eu acredito em você, mas dê um jeito nessa vagabunda.

- Ela mentiu pra você, Kirsten. – Estendi as mãos, segurando as dela. Ela puxou-as contra o peito.

- Você sabe que por mim você faz o que quiser, não sabe? – Ela disse olhando para mim. – Eu não estou bem, Jett. Você mesmo disse que eu ia pisar no seu coração. E aconteceu aquilo ontem, eu...

Puxei Kirsten para mim, abraçando sua cintura e beijando sua clavícula e pescoço.

- O que foi que eu te disse? – Eu olhei para ela. – Eu amo você, Kirsten. Eu sei que não é o melhor momento, sei que está tudo uma baderna, sei que Maven está afim de você. Mas eu falei pra ele que você não está disponível e...

Ela me empurrou bruscamente, com a boca escancarada.

- Você falou o que?

- Eu falei que...

- Não acredito. – Ela passou o dedo pelos cabelos, - Você não tem o direito de sair dando aviso para os caras dessa faculdade, Jett! Você não é meu pai.

- Você disse que não gosta dele!

- Meus problemas eu resolvo, Jett. Que droga! – Ela pegou a mochila com raiva. – Eu odeio isso, odeio quem tenta se meter na minha vida, quem quer ditar as regras de como eu devo viver a minha vida.

- Então é isso? – Eu perguntei, dando uma risada sem nenhum pingo de humor. – Então você quer ir à festa de casais com ele?

- VOCÊ QUE CONCORDOU EM IR COM AQUELA... AQUELA...

- EU IRIA COM VOCÊ! – Eu berrei, socando a porta.

Kirsten fechou os olhos respirando fundo.

- Eu falei para mim mesma e agora vou falar para você. – Ela abriu os olhos. – Eu não vou permitir sua aproximação, Jett. Não desse jeito. Eu te machuquei e não vou permitir que isso aconteça de novo.

- Então você vai se aproximar de Maven? Vai ficar com ele pra me afastar? – Eu perguntei, sentindo um aperto no peito.

- Então afaste-se por si só. – Ela disse cruzando os braços, desviando o olhar. – Eu não posso fazer isso com você, Jett. Não posso fazer isso comigo. Já lido com culpa demais e te machucar pioraria as coisas.

- Você está me machucando de maneiras inimagináveis, Kirsten.

Ela se encolheu, voltando o olhar para mim.

- E vou continuar machucando se isso fizer você se afastar. Não sou boa pra você, Jetty.

Meu coração apertou no peito e me senti claustrofóbico. Me virei e apoiei a testa contra a madeira fria da porta.

- Então você vai namorar Maven.

Não foi uma pergunta, mas a afirmação mais dolorosa da minha vida.

- Eu não vou namorar ninguém, mas nós não podemos cruzar os limites, Jett. Para nosso próprio bem. – Ela suspirou. – Temos muitos problemas pra resolver. Eu tenho problemas pra resolver, perguntas para serem respondidas... não posso me deixar perder a cabeça por causa desse desejo louco de ficar com você. Isso iria foder com tudo.

Me virei e caminhei até ela, segurando seu rosto com minhas mãos. Olhei em seus olhos.

- Eu não quero mais ninguém, Kirsten. Eu não transei com Hannah, eu não quero Hannah, não quero ninguém.

Ela assentiu, fechando os olhos e descansando a testa na minha. Suas mãos agarraram minha camisa.

- Eu sei, Jett. Eu sei.

Envolvi seu corpo em meus braços, me acalmando. Muitas coisas estavam acontecendo e definitivamente qualquer possibilidade de relacionamento não estava em cogitação.

- Olhe pra mim. – Ela segurou meu rosto em suas mãos, olhando em meus olhos. – Não importa o que eu faça, ok?

- Kirsten... – Ela negou com a cabeça.

- Nós precisamos resolver essa merda, você está comigo nessa?

Mordi o lábio e assenti com a cabeça.

- Eu preciso me resolver, eu preciso descobrir o que está acontecendo comigo... conosco. Preciso saber que não estamos correndo perigo, que nossa família está protegida. – Seu olhar estava cheio de desespero. – Eu não parei de pensar no que eu fiz ontem, Jett. E se fosse com Trevor? Você sabe que ele pensa que é uma criança normal, mas ele já se sente diferente. Eu preciso ser a irmã mais velha, preciso proteger ele, preciso...

- Eu entendo, baby. Eu entendo.

Seus olhos dançaram por causa das lágrimas.

- Eu nunca tive a intensão de te machucar, Jett. – Ela continuou, piscando as lágrimas para longe. – Nem física, nem sentimentalmente. Mas se for preciso te machucar pra você se afastar... pra você ficar protegido, eu vou fazer isso. Eu vou beijar Maven, vou para a festa com ele e vou fingir que não estou apaixonada por você.

Meu coração batia com força contra meu peito.

- Você não precisa fazer isso, Kirsten.

- Eu preciso. Até isso se resolver. – Ela me soltou, limpando os resquícios de lágrimas que escaparam de seus olhos. – E eu prometo, Jett. Eu prometo que depois que tudo isso se resolver... que se sairmos vivos dessa...

- Você promete o que?

Ela segurou meu queixo com a ponta dos dedos, aproximando os lábios dos meus.

- Eu prometo que vou ser sua.

Nossos lábios se tocaram brevemente até o sinal tocar e ela se afastar, saindo do laboratório e me deixando sozinho.

“Eu também prometo, Kirsten.”