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História You're My Home - "Juntas"


Escrita por: anagranger

Notas do Autor


Boa noite galerinha!!!
Mais um capítulo da madrugada para vocês!!!
Espero que vocês gostem!!
Lembrete: Não me matem, se me matarem não irão saber o final da história hahaha

Capítulo 27 - "Juntas"


Fanfic / Fanfiction You're My Home - "Juntas"

Camila's POV

 

Eu deixei a casa de Lauren, na segunda, com o coração apertado, mas sem me arrepender das coisas que havia dito.

Nós já havíamos tido aquela discussão na quinta e Lauren havia me convencido de que eu estava errada e apesar de ter ficado magoada com as suas palavras na nossa discussão anterior nós duas havíamos conversado e nos acertado. Mas eu ficara remoendo aquilo tudo durante a semana toda.

A gota d'água foi no sábado, quando eu passara o dia inteiro sendo obrigada a assistir outra mulher dando em cima da minha namorada descaradamente e ver que ela não tinha reação nenhuma. Pelo contrário, parecia gostar da atenção que recebia. Aquilo me fazia questionar se o que nós tínhamos era sério mesmo para a morena.

Quando ela me falou que a Senhorita Evans estava mesmo dando em cima dela e que fora preciso a mulher chamá-la para sair para que ela percebesse o que estava acontecendo, eu simplesmente não aguentei mais e disse tudo o que estava preso na minha garganta.

Ao ver que Lauren não tinha reação para as coisas que eu havia dito eu havia saído de lá e pedido que ela me procurasse quando tivesse as respostas que eu precisava.

Hoje, quinta-feira, nós ainda não havíamos conversado, exceto por uma mensagem que Lauren me mandou na terça, perguntando se eu voltaria para casa com ela. Eu neguei, afirmando que iria embora com Ally e ela pareceu entender já que disse que só me procuraria quando pudéssemos conversar pessoalmente e resolver todos os nossos problemas.

A saudade dela me corroía por dentro e toda vez que nos víamos na escola eu tinha vontade de deixar tudo para trás que correr para os braços dela, mas sabia que não podia. Eu precisava que o próximo passo fosse dela.

Quando Ally me buscou na quinta ela logo perguntou:

- Vocês ainda não conversaram?

- Não. – Eu respondi, triste. – Eu estou tentando dar o tempo dela, Ally. Mas é difícil. Eu tenho medo do que pode acontecer quando a gente sentar para conversar.

- Mila, a Lauren te ama. Não há dúvidas disso. E eu tenho certeza que ela está lutando por vocês. Ela ainda tem muitos fantasmas para se livrar. Ela é mais fechada por conta de tudo o que ela viveu no passado. Mas ela está se esforçando. Por você.

- Quando foi que você virou a maior defensora da Lauren? – Perguntei, rindo um pouco ao ver o quanto minha amiga e Lauren tinham ficado próximas.

- Eu sei o que estou falando, Mila. – Ela falou simplesmente. – A Lauren te ama. Eu vejo isso só de olhar para ela. Não sei nem como nenhum outro aluno ou professor nunca desconfiou de vocês.

- Nem brinca com uma coisa dessas.

Nós chegamos na escola e Ally estacionou o carro, porém quando eu fui descer ela me impediu.

- Mila, eu quero falar com você. Em particular.

- Pode falar, Ally. – Disse apesar de estar com um pouco de medo do que minha amiga poderia falar.

- Ontem eu saí com o Niall. Ele me pediu em namoro. – Ela sorriu e eu não consegui conter o meu próprio sorriso. Ver minha amiga feliz me fazia feliz.

- Ally! Isso é incrível! – Eu disse animada a abraçando de lado. – Você e o Niall ficam tão fofos juntos. Fico tão feliz por vocês. Mas eu ainda vou ter uma conversinha com o Senhor Horan. Pode deixar.

Ally riu, mas me olhou de um modo sério e eu retomei a minha pose.

- Tem uma coisa. – Ela falou. – Nós decidimos contar para os meus pais sobre o namoro. O Niall vai conhecê-los amanhã. Ele disse que não quer dar margens para comentários sobre a nossa diferença de idade ou que meus pais pensem que ele está brincando comigo ou coisa do tipo.

Eu não pude deixar de invejar um pouco o fato de que Ally não tinha impedimentos para assumir seu relacionamento. Mas logo me recompus e me permiti novamente ser feliz pela minha amiga.

- Isso é bom, não é? – Eu não entendia porque minha amiga parecia tão preocupada com a minha reação, mas logo me toquei o porquê, quando ela me falou:

- Meus pais vão querer saber como nós nos conhecemos. – Eu fiquei pálida de repente. Ally e Niall haviam se conhecido por meio de Lauren. – Calma, Mila. – Ally disse assim que percebeu minha reação. – Era isso que eu queria te falar. Nós nunca meteríamos vocês duas em encrenca. Eu vou inventar uma história para os meus pais. Falar que eu andei pesquisando sobre algumas construtoras e que acabei conhecendo Niall quando fui visitar a empresa dele e de Liam. De nenhuma forma nós vamos te envolver ou envolver a Lauren nisso.

- Vai mesmo mentir para os seus pais? – Perguntei espantada, afinal, Ally odiava mentir, ainda mais para os pais.

- Vou. Eu não vou causar problemas para vocês. Depois, quando você e a Lauren assumirem o relacionamento de vocês, eu conto para os meus pais.

- Isso se ainda existir um relacionamento para ser assumido.

- Vocês duas vão se acertar. Logo, logo meu casal favorito vai estar de volta e mais forte do que nunca. – Ally disse em seu tom positivo de sempre e eu desejei fervorosamente que minha amiga estivesse certa. – Vamos descer que a Selena e o Shawn já chegaram.

Nós duas descemos e seguimos para nos encontrar com os nossos amigos que conversavam próximos ao carro do rapaz. Os dois sorriam largamente um para o outro e eu falei para Ally:

- Só eu estou vendo o clima entre os dois?

- Acho que todo mundo já percebeu, menos eles. – Ally riu. – Eles trocam olhares desde que a Selena chegou, mas no dia do passeio foi que começaram a conversar de verdade.

- Quando eu resolver os meus próprios problemas amorosos eu vou ajudar os dois a enxergarem isso.

- Porque vai ajudar os dois?

- Ally, o Shawn demorou seis anos para se declarar para mim. Nós só temos seis meses até a formatura. Ele não dispõe de tanto tempo dessa vez. E nosso amigo é um tantinho lerdo.

- É verdade. – Ally concordou, rindo. – Eu vou te ajudar nessa.

Nós nos aproximamos dos dois ainda rindo e após os cumprimentarmos eu arrastei Selena comigo até o ginásio para nos aprontarmos para a Educação Física. Minha amiga não entendeu porque eu insisti para usar o caminho mais longo até o local, mas eu não queria arriscar passar na frente da sala dos professores outra vez.

A aula de Educação Física correu normalmente, incluindo o fato de eu ter sido um desastre no jogo de vôlei que o professor havia organizado. Logo eu e Selena estávamos livres para voltar para o prédio principal da escola e seguimos direto para a aula de Francês.

Ao chegarmos lá, no entanto, recebemos uma notícia nem um pouco agradável. Haviam rumores de que o Senhor Donovan estava se despedindo da escola e logo no começo da aula ele nos confirmou isso.

- Bom dia, turma. – Meu professor de Francês cumprimentou a todos e se posicionou no meio da sala. – Antes de iniciarmos a aula de hoje eu tenho um aviso para dar. Talvez vocês já tenham ouvido de outros alunos, mas eu gostaria de confirmar diretamente com vocês: eu estou indo embora de Miami e consequentemente deixando a escola. Essa é nossa última aula juntos.

O sentimento de tristeza foi geral em toda a sala. O Senhor Donovan era um dos nossos professores mais queridos, que realmente se importava com o fato de estarmos aprendendo e não apenas nos enchendo de trabalhos. Ele nos dava aula a quatro anos, desde que passamos a ter aula de Francês, quando entramos no ensino médio, e era muito difícil saber que ele não estaria mais aqui, mesmo que faltassem apenas seis meses para nos formarmos.

- Eu gostaria de agradecer a vocês por tudo o que me ensinaram nos últimos quatro anos. Sim. Vocês me ensinaram muito. Me ensinaram a ser um professor melhor e a ser uma pessoa melhor também.

- Para onde o senhor vai, Senhor Donovan? – Ariana perguntou.

- Eu vou morar dois anos em Paris. Eu passei em um mestrado na universidade de lá e vou passar esses dois anos me dedicando completamente aos meus estudos. É provável que eu volte para cá depois de finalizado o mestrado. Se a diretora Moralez me permitir, é claro. Mas vocês se formam esse ano e nós não iremos mais nos encontrar em sala de aula. Isso não significa que eu não espero encontrá-los por aí. Eu espero sim. E espero muito. Espero vê-los realizados como profissionais e como pessoas. Espero vê-los alcançarem os seus sonhos, por mais impossíveis que eles possam parecer no momento. Nada faz um professor mais feliz do que ver seus alunos realizados. E eu boto fé em todos e em cada um de vocês, dentro desta sala. Nunca deixem alguém falar que seus sonhos são impossíveis, pois não são. E digo mais, aproveitem cada momento desses próximos seis meses aqui na escola, os seus últimos seis. Os últimos meses da adolescência de vocês. Ela passa rápido, e pode parecer absurdo, mas vocês irão sentir saudades. E caso precisem, vocês sempre vão encontrar um amigo nesse velho professor. Basta procurarem por mim aqui que, mesmo se eu não continuar lecionando nessa escola, alguém aqui vai saber informá-los sobre como me encontrar. Obrigada por tudo, pessoal.

Alguns alunos, entre eles eu, seguravam as lágrimas e nosso professor não estava muito diferente. Alguém puxou uma salva de palmas para o professor que finalmente se deixou levar pelas lágrimas. Eu realmente iria sentir falta das aulas do Senhor Donovan e do modo como ele tratava os alunos.

A aula passou rápido. Nós nos divertimos. O professor não parecia tão interessado no conteúdo, mas sim em ver o que cada um de nós iria levar dali. Das experiências que ele nos proporcionou. Foi com aperto no coração que ouvimos o sinal bater e enquanto guardávamos nossos materiais ouvimos o professor falar:

- Foi um prazer, pessoal. Nos vemos por aí. Até logo.

O fato de ele ter dito “Até logo” e não “Adeus” fez com que nós não ficássemos com a sensação de despedida. Mas era disso que se tratava o momento. Nós demoramos um pouco para sair da sala, já que todos queriam dar um último abraço no Senhor Donovan.

Quando finalmente saímos para o corredor, Shawn que andava entre Selena e Ally, disse:

- Não sei porque são sempre os melhores professores que vão embora. Nunca se livram do Coleman e da González, por exemplo. Não duvido nada que as próximas a sair são a Jauregui ou a Kordei, ou até mesmo a Evans.

Eu gelei ao ouvir aquelas palavras, mas mantive a expressão neutra para que meus amigos não percebessem. A Lauren não sairia daqui a não ser que fosse demitida. O único jeito de ser demitida era se fizesse algo grave, tipo dormir com uma aluna. O que ela já fizera. Comigo.

Eu ouvi Ally responder alguma coisa para Shawn, mas realmente não processei a conversa. Seguimos direto para a próxima aula enquanto meus amigos conversavam e eu apenas caminhava ao lado deles.

 

 

O restante do dia de quinta-feira correu normal na escola e novamente eu não tive notícias de Lauren, além do fato de tê-la visto conversando com a Senhora González e com a diretora Moralez no corredor, mas ela não me viu e eu segui apresada o meu caminho.

À noite, quando desci para o jantar, encontrei Sofia contando animada para o meu pai sobre o seu dia na escolinha e sobre as brincadeiras que havia feito com as amigas. Eu deixei um beijo na bochecha do meu pai antes de me sentar e logo minha mãe saiu da cozinha, trazendo uma travessa de lasanha. O que fez com que eu e Sofi comemorássemos.

- Mila, hija, eu posso te pedir um favor? – Minha mãe falou após se sentar.

- Claro, mama.  –Eu falei.

- Amanhã à tarde eu tenho uma reunião importante no escritório e vou precisar de ajuda para transportar as maquetes do projeto. Você me ajuda?

Ocasionalmente minha mãe pedia a minha ajuda para algumas reuniões, quando ela precisava levar muitas coisas, como maquetes e pastas de projetos. Óbvio que ela não me deixava nem encostar nas maquetes, mas eu a ajudava a carregar as plantas dos imóveis e as pastas com os contratos.

Sexta normalmente era o meu dia de ficar com Lauren, mas nós não havíamos nos falado a semana toda e presumi que continuaríamos assim. E também não poderia me negar a ajudar minha mãe. Ela poderia desconfiar já que, teoricamente, eu ficaria em casa a tarde toda.

- Ajudo sim, mama.

- Vou te buscar na escola então, para almoçarmos juntas. – Minha mãe avisou.

Nós prosseguimos com o jantar. Sofi contou mais algumas de suas histórias da escola, eu comentei sobre a despedida do Senhor Donovan e minha mãe falou sobre as confusões no escritório de arquitetura em que trabalhava. Logo meu pai tomou a palavra.

- O Jerry me contou hoje que a Ally está namorando. O rapaz vai jantar com eles amanhã. – Até ali nenhuma novidade para mim.

- Já vai conhecê-los? – Minha mãe perguntou.

- Sim. O rapaz é bem mais velho. Tem 26 anos pelo que o Jerry falou. – Meu pai disse.

- Nossa. E o Jerry e a Patricia permitiram? – Minha mãe novamente questionou, curiosa.

Agora eu estava interessada na conversa.

- Eu falei sobre isso com o Jerry. Não é certo uma moça tão nova se envolver com alguém mais velho. – Eu quase engasguei com a frase do meu pai, mas disfarcei tomando um gole de suco. – Mas o Jerry disse que isso não tem nada a ver, que é melhor ela estar com ele e confiar nos pais para contar do que ficar saindo às escondidas com o rapaz. – Eu quase engasguei novamente, mas dessa vez meu pai se voltou para mim. – Você conhece esse novo namorado da Ally, hija?

- N-não, papa. – Achei melhor mentir quando me recuperei. – Apenas por fotos.

- Bom, a filha é deles, Alejandro. Se eles querem permitir esse tipo de coisa nós não podemos fazer nada. Mas se fosse com Camila ou Sofia...

Minha mãe não precisou terminar a frase. Eu entendi muito bem. Namorados mais velhos não passarão. Eu fiquei nervosa com isso. Se meus pais eram contra pessoas de idades diferentes namorando o que diriam se soubesse que além de namorar alguém mais velho, essa pessoa era ainda uma mulher e minha professora. Eu não queria nem pensar. E previ que teria muitos problemas para assumir Lauren quando chegasse a hora. Isso é. Se ainda existisse um eu e Lauren.

Parecendo adivinhar meus pensamentos, minha namorada me mandou uma mensagem naquele momento, que, no entanto, eu só consegui ler quando retornei ao meu quarto depois do jantar.

 

Olá, Camila. Tudo bem? Você pode vir aqui em casa amanhã? Para conversarmos.

 

Era perceptível que o clima entre nós estava pesado. Até por mensagem. Eu não demorei a responder.

 

Olá, Lauren. Minha mãe pediu que eu fosse trabalhar com ela amanhã. Ela tem uma reunião importante e precisa que eu ajude em algumas coisas. Podemos no encontrar no final de semana. O que acha?

 

A resposta dela foi quase instantânea:

 

É claro que eu topo. Podemos nos encontrar sábado depois do almoço, no parque?

 

Eu logo confirmei:

 

Nos encontramos às 14 no mesmo lugar de sempre.

 

Ela respondeu:

 

Tudo bem. Já que não vamos nos ver amanhã eu vou para a escola no fim da tarde. Estão preparando uma festa surpresa de despedida para o Miles Donovan. Vou passar dar um abraço nele.

 

Eu fiquei surpresa com a mensagem de Lauren. Ela não era do tipo que compartilhava os seus planos para o dia, a não ser é claro, os que diziam respeito a mim, ou quando eu perguntava seus planos com os seus amigos. Mas definitivamente não os seus planos que envolviam a escola. Dessa parte eu ficava de fora. Eu me perguntei o que isso queria dizer. Por fim respondi:

 

Tudo bem. Nos vemos no sábado e conversamos com calma.

 

Ela respondeu:

 

Nos vemos no sábado. Me desculpa ter demorado tanto para aparecer, mas eu realmente quero conversar pessoalmente com você e não no meio do caos que a gente vive.

 

Eu encerrei a conversa logo para não prolongarmos a discussão por mensagem de texto:

 

Eu falei que não precisava ter pressa, Lauren, contanto que tivesse certeza da resposta. Mas conversamos melhor no sábado. Boa noite.

 

Ela me respondeu um boa noite e eu logo me deitei na cama para poder conversar com Ally e contar sobre as novidades da noite, ou seja, meus pais falando do seu namoro.

 

 

 

A sexta-feira passou rápido. Ajudando minha mãe no escritório parecia que meu tempo voava. Era muita coisa para fazer ao mesmo tempo.

À noite eu ainda passei horas no telefone com Ally para saber como havia sido o jantar com Niall e seus pais e minha amiga estava super feliz com o fato dos três terem se dado bem.

No sábado eu acordei ansiosa. Ver Lauren depois de tanto tempo, ainda mais sem saber o que seria dessa nossa conversa, me deixava nervosa.

Eu me despedi de Sofia de manhã. Ela iria passar o restante do fim de semana da casa de uma amiguinha da escola que fazia aniversário amanhã e sua mãe havia concordado em levar duas ou três amigas para passar o fim de semana com ela. Minha irmã estava entusiasmada. Era a primeira vez que nossa mãe a deixava passar tanto tempo fora de casa.

Almocei então com os meus pais e perto do horário combinado, saí de casa dizendo que iria estudar no parque, aproveitando o solzinho raro de inverno que havia saído naquela tarde.

Eu segui apressada para o parque, ansiosa para encontrar com a morena de olhos verdes que tanto rondava os meus pensamentos.

Cheguei no parque e segui direto para o local onde Lauren e eu ficávamos, mais afastado no agito habitual do parque. Ela já estava ali, sentada em baixo de uma árvore, mas se levantou rapidamente quando me viu chegar.

Antes que eu pudesse falar alguma coisa ela disse:

- Eu te amo. Em todos os lugares. No meu apartamento ou na casa dos meus amigos. Aqui no parque ou na escola. Nos Estados Unidos ou na China. Eu te amo. Eu te amo desde o momento em que eu te vi pela primeira vez. Eu amo o modo como você responde as minhas perguntas dentro da sala e a sua expressão concentrada quando eu estou explicando alguma coisa. Eu amo quando você morde a tampa da caneta quando está pensando e como suas pernas sobem e descem em baixo da carteira quando você está nervosa. Eu amo quando você sussurra alguma coisa para um dos seus amigos e o modo como você e Ally conseguem conversar apenas pelo olhar. Eu me apaixonei por você assim. Na escola. Observando todos os seus gestos e cada detalhe ao seu respeito. Você tem razão. Desde o começo estava tudo misturado. Foi estupidez minha querer manter as duas coisas separadas. Me desculpe pelo modo como eu falei com você. Pelo modo como eu te tratei. Por não ter conseguido enxergar o que estava na minha frente. Por ter te magoado e por ter te afastado de mim. – Eu tentei interrompê-la, mas ela fez um sinal para que eu esperasse. – Por favor, eu ainda tenho duas perguntas para responder. – Eu acenei para que ela continuasse. – Você estava certa quando disse que em um relacionamento as pessoas devem compartilhar tudo, cada nuance das suas vidas. Eu não estava fazendo isso. Eu não conseguia me livrar desse fantasma e nem ao menos havia percebido isso antes de você falar. Eu estou disposta a compartilhar tudo com você, Camila. Cada aspecto da minha vida. Compartilhar o meu mundo, as minhas alegrias, as minhas tristezas, as minhas conquistas, os meus problemas. Te contar como foi o meu dia sem fugir do assunto do meu trabalho. Te contar os meus planos, todos eles, inclusive os que envolvem a escola. Ouvir as suas alegrias, as suas tristezas, as suas conquistas e os seus problemas. Ouvir sobre o seu dia e sobre os planos que você faz. Te amar por completo e viver o nosso relacionamento por completo. Você merece tudo de mim e eu vou te dar tudo de mim.

Eu percebi as lágrimas descendo pelos seus olhos e sentia o gosto salgado das minhas próprias lágrimas no meu rosto.

- Me desculpe. – Ela repetiu.

Eu não deixei que ela falasse mais nada. Me aproximei e a tomei para mim, atacando seus lábios de uma forma desesperada. Assim que percebeu o meu ato ela o correspondeu, invadindo minha boca com a sua língua e demonstrando assim toda a saudade que ela também sentia. O beijo continuou intenso até que a necessidade de ar fez com que nos afastássemos. Mas Lauren manteve meu corpo junto ao seu, me abraçando.

- Você me perdoa? – Ela perguntou.

- É claro que eu te perdoo, meu amor. – Eu selei nossos lábios novamente, dessa vez de uma forma mais calma.

Depois que nós nos acertamos sentamos embaixo da árvore que Lauren estava. Apesar do frio o sol estava forte o que nos permitia sentar na grama sem congelar. Foi o que fizemos. Lauren se sentou com as pernas esticadas e depois me puxou, passando seu braço sobre o meu ombro e me trazendo para perto dela.

Durante alguns minutos nós não falamos nada. Aproveitamos apenas para matar a saudade que nossos lábios sentiam. Depois ela me perguntou como havia sido a minha semana e me contou um pouco sobre os dias dela. Enquanto conversávamos eu falei sobre Ally e Niall estarem namorando e Lauren disse que o loiro havia conversado com ela sobre isso. Eu disse então:

- Meus pais falaram sobre o namoro deles comigo.

- Ah é? – Lauren perguntou. – O que eles falaram?

- Eles falaram que não concordam com namoros entre pessoas com muita diferença de idade.

Lauren me encarou:

- Teremos problemas então. Quando resolvermos contar. – Eu concordei, abaixando minha cabeça. Minha namorada, no entanto, segurou o meu queixo e o ergueu até que eu a olhasse. – Eu vou estar com você, amor. Vou estar do seu lado para tudo. Seja lá o que acontecer nós vamos passar por tudo juntas. Eu nunca vou te abandonar.

- Eu sei disso. Mas fiquei com medo da reação deles. – Eu respondi.

- Vamos deixar para pensar nisso quando chegar a hora. – Lauren falou. – Por enquanto eu só quero curtir a minha namorada.

Nós nos beijamos novamente. Um beijo quente. Nós duas estávamos envolvidas demais no momento. Talvez por isso não tenhamos ouvido os passos que se aproximavam de nós. E só nos separamos quando ouvimos um grito:

- KARLA CAMILA! – Eu me assustei ao ouvir a voz do meu pai e soltei Lauren que também estava assustada.

Eu me virei apenas para ver meus pais parados na nossa frente, meu pai com uma expressão furiosa e minha mãe que parecia em choque e horrorizada com o que estava vendo.

Eu senti todo o sangue do meu corpo se esvair. Lauren ficou ainda mais pálida ao meu lado e eu tinha certeza que eu não estava muito diferente:

- Eu posso saber o que você pensa que está fazendo? – Meu pai disse, descontrolado.

Eu e Lauren nos levantamos do chão para conversar com os dois. Lauren me segurou pela cintura, como quem diz que não iria sair do meu lado.

- Mama... Papa... – Foram as únicas coisas que eu consegui falar.

- Eu não acredito, Karla Camila! Você... Você... – Meu pai andava de um lado para o outro, uma típica atitude sua quando estava nervoso e que eu tinha herdado também. Minha mãe ainda não havia falado nada, mas a expressão de choque em seu rosto começava a ser substituída por uma expressão de nojo.

- Senhor Cabello – Lauren começou – nós podemos conversar com calma? Ir para um local mais reservado.

- CONVERSAR COM CALMA? – Meu pai gritou e Lauren me segurou mais forte.  – EU NÃO VOU CONVERSAR COM CALMA. Você vai se afastar da minha filha. Agora.

Lauren não se moveu.

- Eu insisto em conversar com os senhores. Explicar tudo.

- Explicar o que? – Minha mãe finalmente se manifestou. – Explicar que você levou minha filha para um mundo de pecado. Que você persuadiu minha filha menor de idade a ficar com você.

- Mama – eu defendi Lauren – ela não me persuadiu a nada. Eu tomei as minhas próprias decisões. Nós nos amamos.

- AMOR? – Minha mãe gritou. – Isso não é amor, Karla. Isso é depravação. Você não conhece o amor, minha filha. Duas mulheres não podem se amar de forma carnal.

- Como não? – Eu desafiei minha mãe e ela e meu pai me olharam assustados. Eu nunca havia feito isso. – Eu e Lauren nos amamos.

- Amor entre duas mulheres não existe, Camila. – Meu pai afirmou. – Esta mulher te enganou. Ela se utilizou do fato de ser sua professora para te convencer que isso era certo, mas não é, minha filha. Ela te usou para se aproveitar de você.

- Eu nunca usei a sua filha, Senhor Cabello. Eu a amo. Por favor, eu insisto para conversarmos. – Lauren pediu desesperada. Eu me toquei da situação. Eu sou menor de idade. Lauren é minha professora. Dependendo do que meus pais decidissem fazer ela poderia acabar presa.

- O que você vai fazer é soltar a minha filha. – Meu pai disse me puxando para longe de Lauren. – Você não vai mais procurá-la. Vocês não irão mais se encontrar. Nós iremos garantir isso. O que quer que vocês duas estavam vivendo, acaba aqui.

Sem deixar nem ao menos que nós nos olhássemos direito, meu pai saiu me puxando junto com ele e nossa mãe nos seguindo. Eu ouvi Lauren começar a chorar e me virei para olhá-la e vi ela falar apenas movendo os lábios: “Juntas”.

Era a confirmação que eu tinha de que ela não iria desistir de nós. E eu muito menos desistiria.

Antes mesmo de entrarmos no carro do meu pai, minha mãe tirou o meu celular do meu bolso e disse que ele estava confiscado até segunda ordem.

O caminho até a minha casa foi feito em silencio. Meus pais não diziam nada e eu chorava no banco de trás. Me assustava o que meus pais podiam fazer agora. Se eles denunciariam Lauren ou se apenas nos afastariam. Eu não fazia ideia do que eles poderiam fazer para me impedirem de ver a minha namorada, mas eu sabia que fariam alguma coisa.

Quando entramos em casa minha mãe foi a primeira a falar:

- Que desgosto de você, Camila. – Aquilo me atingiu em cheio. – Eu nunca imaginei... minha própria filha beijando... uma mulher... – ela disse a última palavra com nojo. – Isso é uma abominação. Eu nunca imaginei ter esse desgosto.

- Eu a amo, mama. – Eu repeti com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

- ISSO NÃO EXISTE, CAMILA! – Minha mãe gritou. – Que tipo de lavagem cerebral essa mulher te fez, minha filha?

- Ela não fez nada. Nós nos apaixonamos. Foi mais forte do que nós.

- PARE COM ISSO! – Meu pai gritou. – NUNCA MAIS REPITA ISSO! A quanto tempo isso vem acontecendo. A quanto tempo vem mentindo para nós?

- Desde o baile do início do ano. – Não fazia sentido mentir.

Os dois me olharam espantados.

- Vocês vêm fazendo isso desde o início do ano?

- Nós estamos namorando. – Eu falei.

- O QUÊ? – Minha mãe voltou a gritar. – Isso é um absurdo. Você está ouvindo, Alejandro? Isso já foi longe demais. Você vem mentindo para nós a meses, Camila. Por Deus, você deixou sua irmã se aproximar dessa mulher também! Dessa safadeza de vocês. Qual o exemplo que você quer dar para a sua irmã?

- O exemplo de alguém que sabe amar sem nenhum tipo de preconceito. – Eu falei em um surto súbito de coragem. – É isso que eu quero passar para a minha irmã.

- CHEGA! – Meu pai gritou. – Eu já disse. O que quer que vocês tinham já acabou. Vocês não irão mais se ver.

- O que vocês vão fazer? – Eu perguntei preocupada.

- Ainda não sabemos. – Meu pai admitiu. – Suba para o seu quarto, quando nós decidirmos o que fazer nós iremos te comunicar. Até lá você não sai do quarto.

- Traga o seu notebook para nós. – Minha mãe falou. – Você não vai ter nenhuma forma de contato com aquela mulher.

Eu subi para o meu quarto e trouxe meu notebook para minha mãe, enquanto subia as escadas para voltar para o meu quarto eu resolvi perguntar:

- Como... como vocês sabiam... que nós estávamos lá?

Meus pais me olharam e por fim minha mãe me falou:

- Alguém me mandou uma mensagem. Uma foto de vocês duas e o local onde vocês estavam.

- Quem? – Eu perguntei surpresa.

- Um número desconhecido. – Minha mãe respondeu. Ela se levantou e me mostrou as mensagens.

Uma foto minha e de Lauren nos beijando e depois uma mensagem avisando que se meus pais quisessem ver pessoalmente o que a filha andava aprendendo com a professora de Literatura era só irem até o parque e procurarem no lugar menos movimentado, entre alguns arbustos. O número realmente era desconhecido.

Depois disso meus pais me mandaram subir novamente e eu os obedeci.

Eu deitei na cama e chorei. Pensava em Lauren e no que poderia acontecer com ela caso meus pais a denunciassem. Pensava em nós duas e em como seria a partir de agora. E pensava também na pessoa que havia mandado a mensagem para a minha mãe. Quem poderia ter sido? Poucas pessoas sabiam do nosso namoro. E nós confiávamos em todas elas.

Eu passei o resto da tarde no quarto. Na mesma posição. Quando eram quase cinco horas, meus pais entraram no meu quarto. Eu os encarei, mas eles já não pareciam meus pais. Não as pessoas amorosas que criaram a mim e a minha irmã. Eles estavam desapontados comigo e me tratavam com frieza.

- Nós conversamos sobre o que vamos fazer.

- Vocês vão denunciar a Lauren? – Eu perguntei aflita me sentando na cama.

- Não. – Minha mãe respondeu com desgosto ao ouvir o nome da minha namorada. Eu fiquei mais aliviada. – Nós poderíamos denunciá-la. Mas não vamos fazer isso. Não queremos escândalos. Decidimos apenas te afastar dela.

- C-como? – Perguntei com medo.

- Essa mulher não é uma boa influência para você, Camila! – Meu pai falou. – Você pode nos culpar agora pelo que iremos fazer. Mas nós só queremos o seu bem. Nós queremos te salvar, hija!

- Eu não preciso ser salva! – Falei com convicção.

- Precisa sim. E pelo visto precisa ser salva de você mesma. – Minha mãe falou. – Em todo caso, nós conversamos com a sua avó e decidimos que a melhor opção é mandar você para West Palm Beach, morar com os seus avós.

- O QUÊ? – Foi a minha vez de gritar. – Vocês não podem fazer isso!

- É claro que podemos. – Meu pai disse. – Arrume algumas malas com roupas. Eu irei te levar para lá ainda hoje. Seu computador e seu celular vão ficar aqui.

- Mas e a escola? É meu último ano. – Perguntei.

- Eu vou segunda pedir a sua transferência da Miami High. Você irá estudar na escola do bairro dos seus avós. É uma boa escola. – Minha mãe disse. – Essa sua escorregada com a professora ficará entre nós. Para o restante das pessoas nós diremos que seus avós precisam da sua ajuda em West Palm.

Eu sabia que não adiantava discutir. Eles estavam decididos. E se eu brigasse ainda seria capaz de desistirem da história de não denunciar Lauren. Seria complicado morar em West Palm. Não era longe de Miami, mas também não era como se Lauren pudesse ir sempre para lá. Nós realmente teríamos que nos afastar. Pelo menos até que eu me formasse. Eu me lembrei do que ela havia me dito mais cedo, apenas mexendo os lábios: “Juntas”. Eu sabia que ela também iria lutar por nós. Isso me deu forças.

- E a Sofi? – Eu me lembrei da minha irmã. Eu não queria ir embora e ter que deixá-la também. Nós duas somos muito apegadas uma à outra.

- Ela irá entender que seus avós precisam de você em West Palm. Mas é melhor que você não vá se despedir dela. Vai causar mais sofrimento na pequena. – Minha mãe falou.

- Eu não vou poder vê-la? – Perguntei com lágrimas voltando aos olhos.

- Não. Será melhor assim, Camila.

- Melhor para quem? – Eu perguntei.

- Para você. – Meu pai respondeu. – Nós estamos fazendo isso para o seu próprio bem, hija.

Eu olhei para o meu pai controlando a vontade de revirar os olhos. Uma atitude tão típica da minha namorada.

Por fim os dois me deixaram sozinha para que eu arrumasse minhas coisas. Meu pai disse que iriamos sair em torno das nove horas da noite. Eram cerca de duas horas e meia até a casa da minha avó. Nós chegaríamos quase meia noite. Meu pai dormiria lá também e retornaria no domingo.

Eu arrumei algumas malas com roupas e minhas coisas pessoais. Peguei também uns livros da minha prateleira. Um deles me chamou a atenção. Persuasão de Jane Austen. O livro que me conectava diretamente com Lauren. O primeiro livro que havíamos lido no começo do ano. O livro que ela utilizara para me pedir em namoro. A carta de Frederick para Anne. Era isso. Havia encontrado o meu modo de me comunicar com Lauren.

Eu olhei para a minha mochila e corri pegar o meu caderno. Rabisquei uma carta de despedida para Lauren explicando tudo e prometendo para ela que continuaríamos juntas mesmo com a distância e que daria um jeito de me comunicar com ela.

Coloquei a carta no bolso da calça e desci para a cozinha onde meus pais arrumavam o jantar. Parei na porta da cozinha e perguntei:

- Eu vou pelo menos poder me despedir da Ally?

- Não sei se é uma boa ideia. – Minha mãe falou. – Ela sabia desse seu... caso?

- Namoro. – Eu corrigi e os dois me olharam feio. Eu decidi não brincar mais com a sorte e falei: - Ela não sabia de nada. Eu nunca contei para ninguém.

- Não sei se acredito nisso. Você e a Ally contam tudo uma para a outra. – Minha mãe falou. – Mas em todo o caso você pode ir se despedir dela. Seu pai irá levá-la após o jantar.

- Eu não quero jantar. – Falei. – Não estou com fome.

- Mas vai jantar. Depois vocês terão uma viagem demorada para fazer. Se não comer irá ficar com fome no meio do caminho.

Eu me vi obrigada a aceitar o jantar, até porque meus pais não iriam me deixar sair sozinha para a casa de Ally e meu pai não sairia sem jantar. Enrolei com a comida no prato enquanto meus pais comiam em silêncio. Até que minha mãe disse:

- Já terminou de arrumar suas coisas?

- Ainda não.

- Então eu termino de arrumar para você. Quando terminarmos de comer você e seu pai vão com o seu carro para a casa de Ally e enquanto isso eu termino de arrumar suas coisas e vou ajeitando tudo no carro do seu pai. Assim que vocês voltarem para cá já poderão pegar a estrada.

Eu concordei não vendo muita escapatória.

Assim, quando meus pais terminaram de comer eu e meu pai saímos de casa em direção à casa da minha melhor amiga. Ao chegarmos lá percebi o carro de Niall estacionado. Acho que ele havia vindo encontrar com Ally ali.

Quando meu pai e eu tocamos a campainha, tia Patricia não demorou a nos atender:

- Ale, Camila, vocês por aqui? Aconteceu alguma coisa?

- A Camila veio conversar com a Ally. – Meu pai explicou.

- Entrem. A Ally está com o Niall e com o Jerry na sala, Mila. Pode ir até lá.

Eu entrei pela tão conhecida casa dos Brooke até a sala, onde Ally e Niall conversavam com o tio Jerry. Meu pai e tia Patricia me seguiram e meu pai parou na porta do cômodo como um guarda-costas. Assim que me viu minha amiga percebeu que havia alguma coisa errada e se levantou.

- O que aconteceu? – Ela perguntou olhando de mim para o meu pai.

- A Camila veio se despedir, Ally. – Meu pai falou.

- Como assim? – Tio Jerry perguntou também se levantando, no que foi seguido por Niall.

- Ela vai passar uma temporada na casa dos meus pais. – Meu pai novamente tomou a palavra.

- Por que, Ale? Seus pais estão bem? – Tia Patricia perguntou.

- Estão sim. Só precisam de um pouco de ajuda por lá e a Camila vai nos fazer esse favor.

Ally me olhou com cara de quem não acreditava nem um pouco naquilo. Por sorte seus pais convenceram o meu a ir até a cozinha com eles para explicar direito o que estava acontecendo e nos deixarem nos despedir à vontade. Era a oportunidade que eu precisava de conversar com a minha amiga.

- Eles descobriram tudo. – Sussurrei assim que nossos pais se afastaram, mas mantive o tom baixo porque a cozinha era logo ao lado da sala, separada apenas por um corredor.

- O quê? – Ally perguntou.

- Eles me pegaram com a Lauren no parque hoje à tarde. Fizeram um escândalo e decidiram me mandar para a casa dos meus avós. Eu e meu pai vamos ainda hoje à noite para lá. Minha mãe está terminando de arrumar minhas coisas. Assim que voltarmos para casa nós iremos pegar a estrada.

No cômodo ao lado eu conseguia ouvir tio Jerry e tia Patricia pressionando meu pai para contar a verdade. Tal como eu e Ally nossos pais também eram amigos a muito tempo e sabiam quando um deles estava mentindo.

Niall se pronunciou ao lado de Ally:

- Eu vou ligar para a Laur, talvez ainda dê tempo de ela ir até a sua casa e conversar com os seus pais.

Ele se afastou pegando o celular e eu falei para Ally:

- Eles tiraram o meu celular e o meu computador. Vai ser difícil eu conseguir contato. – Tirei a carta do meu bolso. – Você entrega para a Lauren? Foi o único jeito que encontrei de falar com ela.

- É claro, minha amiga. – Ally falou. – E a escola?

- Eles vão me transferir para outra, lá em West Palm.

- E a Lauren? Eles vão denunciar ela?

- Falaram que não. Que preferem deixar a minha “escorregada” – fiz aspas com a mão – com ela entre nós.

Niall retornou para o nosso lado e falou:

- Ela não atendeu, mas eu vou continuar tentando.

Eu o abracei e falei:

- Cuida das minhas meninas enquanto eu estiver longe.

- Pode deixar. – Ele respondeu. – Elas estão em boas mãos.

- Confio em você, loiro.

Eu me afastei e abracei Ally. Um abraço longo, onde nós deixamos as lágrimas virem à tona. Eu nunca pensei que um dia precisaria me despedir da minha amiga. Nós sempre planejamos tudo juntas. Nos formaríamos na mesma escola e iriamos para a mesma universidade. Nos despedir nunca fez parte dos planos.

Nós não conseguimos falar nada. Apenas ficamos ali abraçadas, chorando e soluçando, até nossos pais retornarem para a sala e meu pai falar:

- Vamos embora, Camila. Está na hora.

 

Ally’s POV

 

Foi uma surpresa para mim ver Camila entrando na minha sala naquele sábado à noite acompanhada pelo pai.

Mas aos poucos as coisas foram fazendo sentido.

Ela e Lauren haviam sido pegas. Seus pais estavam furiosos e ela teria que ir embora da cidade.

Eu nunca pensei que um dia teria que me despedir da minha melhor amiga. Dentre todos os planos que fizemos, nos separar nunca foi um deles. Eu não consegui falar nada. Ela muito menos. Nós apenas nos abraçamos e choramos. Até que seu pai nos interrompeu e os dois foram embora.

Eu fiquei na porta vendo os dois entrarem no carro e partirem com lágrimas escorrendo pelo meu rosto e um aperto profundo no coração. Quando entrei em casa vi Niall na sala com o celular no ouvido, provavelmente tentando falar com Lauren, então segui para a cozinha onde meus pais estavam.

Quando me viram entrando, minha mãe perguntou:

- Você sabia? – Eu a olhei confusa e ela explicou: - Sobre a Camila. Nós pressionamos e o Ale acabou falando que eles pegaram ela aos beijos com uma professora de vocês. Você sabia?

Eu odiava mentir para os meus pais e para falar a verdade não fazia mais sentido mentir. Então falei:

- Sim. Eu sabia. – Nesse momento meu namorado entrou na cozinha e eu perguntei: - Conseguiu?

- Sim. Ela disse que está indo para lá.

- Espero que dê tempo. – Comentei.

Meus pais nos olhavam confusos. Era hora de contar mais uma verdade.

- O Niall é amigo da Lauren. Da professora que é namorada da Camila. Foi assim que nós nos conhecemos e não em uma pesquisa minha sobre as construtoras.

- Você mentiu para a gente? – Meu pai perguntou.

- Foi para proteger a Camila. – Eu falei. – Imagina se eu conto para vocês e vocês contam para o tio Ale e a tia Sinu.

- Bom, não adiantou nada porque eles descobriram do mesmo jeito. – Minha mãe falou. – E pode até ser que nós tivéssemos contado caso você tivesse dito, mas de modo algum eu concordo com as atitudes do Ale e da Sinu. Tirar a menina da cidade? Francamente, é uma decisão extrema.

- O Ale já tinha se mostrado contra quando eu falei do seu namoro para ele. – Meu pai falou. – Aí ele descobre que a filha dele está namorando escondida alguém mais velho e ainda com todos os agravantes da relação das duas. Eu também não concordo de eles proibirem o namoro por Camila estar se relacionando com uma mulher. Acho que foram tomadas decisões extremas, mas enfim, o que eu posso fazer é aconselhar. Se ele não quer ouvir já não é meu departamento.

Nós conversamos mais um pouco com os meus pais, que quiseram saber mais sobre Lauren e Camila e sobre como nós nos encaixávamos na história das duas. Por fim, Niall resolveu que iria embora e eu saí para me despedir do meu namorado. Quando chegamos na porta do carro dele ele falou:

- Acho que eu visitar a Lauren amanhã à tarde. Ver como ela está. Se a Camila vai mesmo embora ela deve estar arrasada.

- Posso ir com você? – Perguntei. Afinal, eu precisava entregar a carta que minha amiga havia deixado sob os meus cuidados.

- Claro. Eu passo aqui para te pegar depois do almoço. – Ele deixou um selinho nos meus lábios que logo se transformou em um beijo mais profundo.

Nos despedimos depois de algum tempo e eu retornei para casa. Estava com pena da minha amiga e me perguntava o que seria da minha vida sem ela por perto, mas não pude deixar de me sentir aliviada por meus pais terem aceito o meu namoro com Niall.

 

Camila’s POV

 

Nós saímos da casa dos Brooke e seguimos direto para casa. Quando chegamos minha mãe estava na garagem terminando de colocar minhas malas no carro do meu pai.

- Suba para ver se não está esquecendo nada. – Ela avisou.

Eu subi até o meu quarto. Tudo estava do mesmo jeito, exceto pela falta de um objeto ou outro que ficava à vista. Nem parecia que eu iria me mudar. Tentando evitar um momento nostálgico eu peguei minha mochila que ainda estava ali e apaguei as luzes, saindo rapidamente e fechando a porta. Mas ao fazer isso me deparei com a porta do quarto de Sofia.

Eu não consegui segurar. Um aperto no peito me tomou e lágrimas voltaram a cair. Eu nem sabia que se podia chorar tanto em um único dia e suas lágrimas não secarem todas. Não resisti e abri o quarto da minha irmã, que refletia sua personalidade extrovertida e brincalhona. O quarto de Sofia era bagunçado como o meu, com vários brinquedos espalhados e seus materiais escolares jogados em cima da cama, já que ela havia levado sua mochila com roupas para a casa da amiguinha. Eu nem teria a chance de me despedir dela.

Eu não teria a chance de me despedir de muitas pessoas. Shawn, Selena, Lucy, Vero, Normani, Erika, Harry, Louis, Liam, Keana, Olívia, Chris, Alice, Taylor. Lauren. Meu coração apertou novamente e eu pensava que já não seria possível aguentar tamanho sofrimento. Saí rapidamente do quarto da minha irmã e desci correndo as escadas.

Meus pais estavam na garagem enquanto minha mãe dava recomendações ao meu pai sobre o cuidado na estrada. Quando me viram, minha mãe se aproximou para se despedir de mim, mas eu desviei entrando no carro do meu pai, do lado do passageiro.

- Camila! Se despeça direito! – Ela disse em tom autoritário.

- Tchau, mama. – Eu disse simplesmente, sem descer do carro.

- Eu sou sua mãe e faço isso para o seu bem.

- O meu bem seria ficar aqui, com os meus amigos e com a mulher que eu amo.

- Não repita esse tipo de coisa. O seu bem é sair de perto dessa mulher e conseguir pensar com clareza novamente. Logo você irá nos agradecer por fazer isso.

- Eu duvido muito. – Falei, simplesmente.

Meu pai se despediu da minha mãe falando que estaria de volta no dia seguinte e assumiu o lugar de motorista.

Nós saímos com o carro enquanto minha mãe nos observava na calçada. Quando chegávamos perto da esquina eu ouvi um barulho de cantar de pneus na esquina contrária e olhei para trás a tempo de ver um carro preto parando na frente da minha casa e assustando minha mãe. Lauren. Minha namorada havia chegado para lutar pela gente. Pena que era tarde demais, porque neste momento meu pai fez a curva e eu só tive tempo de ver minha mãe e a mulher da minha vida se encarando na calçada.


Notas Finais


E aí, o que acharam? Como acham que a história vai continuar agora?
Espero que vocês tenham gostado e prometo voltar o mais rápido possível com o próximo
Bjão


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