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História You're My Home - Recomeçar


Escrita por: anagranger

Notas do Autor


Boa noite meu povo!!!!
Desculpem a demora na postagem do capítulo!!! Meu plano era ter postado ele no domingo passado, mas como vocês vão ver ele ficou ENOOOORME e não consegui digitar tudo no domingo!! Eu iria postar durante a semana mas a faculdade me consumiu de tal maneira que eu não tive tempo também de digitar e só consegui hoje!!! Me desculpem novamente pela demora!!!
Eu quero tbm avisar que a fic está realmente na fase final!!! :(
Depois desse serão apenas mais dois capítulos, então peço que vocês aproveitem bem esse que é, de longe, o maior capítulo que eu já escrevi na vida, e espero que valha a pena e vocês curtam muito, porque eu adorei escrever cada parte dele!!!
Espero que vocês gostem de coração!!!
Para quem estava com saudade de POV da Camila... aqui está...

Capítulo 43 - Recomeçar


Fanfic / Fanfiction You're My Home - Recomeçar

Camila’s POV

 

Eu escutei vozes à distância. Mas estavam longe demais para que eu pudesse identificar de quem eram e o que diziam.

Senti uma mão fria tocar a minha e tentei alcançá-la, mesmo sem saber a quem pertencia.

Tudo ainda estava uma confusão. Eu não conseguia pensar direito.

- O que está acontecendo? – Consegui identificar a voz da minha mãe, agora bem mais perto de mim, mas entrecruzada com um barulho muito acelerado de bipes. – Alejandro chame uma enfermeira.

Enfermeira? Por que raios meu pai chamaria uma enfermeira? Eu tinha medo de abrir meus olhos e descobrir onde eu estava. Até que a voz de Lauren foi ouvida e meu corpo respondeu instintivamente ao seu chamado.

- Camila?

Meus olhos se abriram lentamente, enquanto eu ainda tentava me adaptar à luz do ambiente.

Tudo aconteceu muito rápido e me deixou confusa.

Um grupo de pessoas entrou no quarto, todos agitados.

- O que aconteceu? – Perguntou um homem de jaleco branco, enquanto dois enfermeiros se aproximavam de mim, checando dados em uma máquina.

Foi quando eu percebi que estava completamente presa, por uma quantia enorme de fios, àquela máquina que produzia um bipe incessante, que fazia doer minha cabeça.

- Ela acordou. – Meu pai respondeu, parecendo espantado e pela voz, um tanto choroso. Enquanto ele falava com o médico, eu tentei me pronunciar, mas percebi um tubo preso na minha garganta, que me fez engasgar.

O médico se aproximou de mim, me deixando ver meu sogro atrás dele, também de jaleco e com uma expressão aliviada, porém ainda séria.

Espera! Eu estou em Miami?

Minha cabeça ainda estava confusa e um tanto dolorida. E eu me debati ainda mais para tentar falar. O que me fez engasgar mais ainda.

- Calma, calma. – O médico que eu não conhecia se aproximou. – Eu vou tirar esse tudo de você. Com licença, Lauren.

Um tanto relutante, Lauren se afastou de mim. E, para a minha surpresa, ao invés de parar ao lado do pai, ela foi até a minha mãe e a abraçou. As duas também pareciam chorar.

O que está acontecendo aqui?

Minha cabeça não parava de trabalhar, mas eu não fazia a menor ideia do que havia acontecido.

- Você vai sentir um desconforto, mas será rápido. – O médico avisou.

Realmente eu senti um leve desconforto enquanto ele tirava o tubo da minha garganta, mas logo eu pude respirar novamente.

Logo uma sensação seca na garganta se fez presente e o homem ao meu lado pareceu perceber. Pegando um copo de água ao lado da minha cama, ele me ajudou a beber enquanto dispensava os enfermeiros que ainda estavam ali.

Eu bebi todo o conteúdo do copo e o homem sorriu para mim.

- Eu sei que tudo está um pouco confuso agora, mas antes de qualquer coisa eu preciso fazer alguns exames, ok? – O médico explicou.

Eu tentei concordar com a cabeça, mas ela ainda doía, então eu disse.

- Tudo bem. – Minha voz saiu fraca, como se eu não a usasse a algum tempo.

Ele se aproximou com uma pequena lanterna, lançando a luz primeiro sobre o meu olho direito e depois para o esquerdo.

- Você sente alguma dor na cabeça? – Ele perguntou.

- Sim. – Eu respondi.

- Ela é contínua ou você tem alguns picos de dor mais forte? – Ele voltou a perguntar.

- Contínua.

- Em uma escala de 0 a 10, qual é o grau dessa dor?

- 4. – Eu respondi depois de pensar um pouco.

- Ótimo. Eu vou receitar um remédio para que essa dor passe. Você sente mais algum tipo de dor. Em qualquer outra parte do corpo?

- Não. – Respondi novamente.

Ele se aproximou dos meus pés com uma espécie de caneta nas mãos. Com o instrumento ele testou a sensibilidade dos meus pés e parece ter ficado feliz com os resultados porque estava sorrindo quando voltou para o meu lado e se sentou na ponta da minha cama.

- Eu vou fazer mais algumas perguntas e, se sua cabeça tiver algum pico de dor mais aguda quando você pensar nas respostas, por favor, me avise.

- Certo. – Eu respondi, esperando pela rodada de perguntas.

- Desculpa, por não ter me apresentado antes. Eu sei que você está confusa, mas são os procedimentos padrões do hospital. Eu precisava ter certeza de que estava tudo bem. – Ele estendeu a mão para que eu apertasse e se apresentou: - Eu sou o Doutor Daniel Porter. Sou neurocirurgião aqui no Hospital de Miami. – Nós estamos mesmo em Miami, então. Pensei. – Você pode me dizer seu nome completo?

- Karla Camila Cabello Estrabao. – Respondi. – Mas eu prefiro que me chamem de Camila.

Minha resposta provocou uma risada nos presentes e eu percebi também um grande alívio em todos eles ao me verem responder ao médico de maneira correta.

Meus pais estão no mesmo cômodo que a Lauren sem eles se matarem? Como isso é possível? Pensei, antes de voltar minha atenção para o médico.

- Eu ouvi falar isso. – O Dr. Porter disse sorrindo. – E, me diga, Camila, quantos anos você tem?

- 18. – Foi a minha resposta.

- Você pode, por favor, nomear as pessoas que estão com a gente neste quarto? E me dizer qual o grau de parentesco que elas têm com você?

Eu encarei todos ali.

- Meu pai, Alejandro Cabello. – Disse olhando para o meu pai. – Minha mãe, Sinu Cabello. – Minha mãe sorriu para mim quando eu olhei para ela. – Lauren Jauregui, minha... namorada. – Eu hesitei um pouco ao falar, com medo da reação que meus pais poderiam ter, mas os dois sorriram para mim em resposta. Então eu me virei para o meu sogro, que também sorriu abertamente para mim. – Michael Jauregui, meu sogro.

- Ótimo! – O médico sentado ao meu lado disse, quando eu voltei minha atenção novamente para ele. – Agora, Camila, talvez essa última pergunta exija um pouco mais de você, e se você sentir qualquer tipo de dor, me avise. Qual a última lembrança que você tem antes de acordar aqui no hospital?

Eu me esforcei para lembrar. Uma luz forte no meu rosto, um carro vindo na nossa direção, um barulho de buzina e uma freada brusca. O impacto de um carro no nosso.

Com as lembranças veio uma dor mais aguda na cabeça.

- Não force tanto. – O Dr. Porter me advertiu.

- Eu estava no carro. Nós batemos de frente. O Austin tentou... – Eu parei ao meu lembrar que eu não estava sozinha no carro. Um desespero tomou conta de mim. – Como o Austin está? Ele ficou muito machucado? Ele está aqui em Miami também?

- Calma, Camila. Calma. – Novamente o médico me advertiu.

Como ele pedia para eu ter calma? Olhei para os demais em busca de resposta, e foi meu pai quem me esclareceu, porque minha mãe e Lauren pareciam mudas.

- Ele está bem. Está se recuperando em West Palm.

Uma sensação de alívio tomou conta de mim. Nós dois estávamos bem.

- Seu sogro me disse que você quer ser médica, Camila. – O doutor novamente chamou minha atenção para ele, e eu sorri para ele e para o pai da minha namorada, parado logo atrás dele. – E espero que esse desejo não mude a partir de agora. Eu sei que você quer saber o que aconteceu, e eu vou tentar ser o mais claro possível com a minha futura colega de profissão.

Eu sorri com o modo como ele falou e estava ansiosa para saber o que realmente havia acontecido, já que eu ainda não havia conseguido juntar sozinha, todas as peças do quebra-cabeça. Minha namorada, por outro lado, não parecia tão ansiosa assim.

- Isso é mesmo necessário? – Lauren perguntou, fazendo uma careta. Pela primeira vez eu reparei com mais atenção na morena. E me surpreendi. Lauren parecia vários quilos mais magra do que da última vez que nos vimos e olheiras profundas rodeavam seus olhos, como se ela não dormisse a dias. Olhando para os meus pais percebi que eles não estavam muito diferentes.

- Quer esperar lá fora, hija? – Minha mãe perguntou, interrompendo meus pensamentos.

Ela perguntou isso para a Lauren?

Deve ter sido. Porque minha namorada respondeu, sem nenhum sinal de estranheza pelo tratamento carinhoso da minha mãe:

- De jeito nenhum. Eu fico aqui.

O que deu nesses três? Não que eu esteja reclamando, afinal, é melhor eles assim do que tentando se matar, e minha mãe chamando a polícia para Lauren.

Novamente minha atenção foi direcionada ao médico.

- Como você se lembra, houve um acidente. Você e seu amigo foram atingidos por um outro carro. Vocês foram socorridos em West Palm e levados para o hospital mais próximo de lá. – Eu ouvia atentamente o que o Dr. Porter contava. – Os médicos que te atenderam identificaram a formação de um coagulo no seu cérebro. Você precisava ser operada com urgência e então você foi transferida aqui para Miami. Eu realizei a sua cirurgia e consegui remover o coagulo. Porém, o seu cérebro respondeu à retirada do coagulo de uma forma que nós não esperávamos. Ele diminuiu suas atividades de forma considerável. Nós não sabemos se por causa da batida prévia, ou se por causa da intervenção cirúrgica. E nós não conseguíamos prever quanto tempo ele levaria para voltar às suas atividades de forma normal. Embora tivéssemos boas razões para acreditar que isso aconteceria logo. Seu quadro era um tanto imprevisível para nós. – Ele admitiu.

Eu olhei assustada para todos ali. Eu fiquei em coma? Era isso que ele estava dizendo? Por quanto tempo? Quanto tempo eu havia dormido?

- Quanto... quanto tempo eu dormi? – Perguntei, com um pouco de medo da resposta.

- Cerca de dois meses. – O médico respondeu.

Dois meses? Como assim? Eu não podia ter dormido dois meses! Eu tinha que ir para a escola! Eu preciso me formar, ir para a faculdade! Como assim eu fiquei dois meses em coma?

Tudo ainda parecia impossível para mim.

- Eu sei que tudo ainda parece confuso e vai demorar para você se adaptar novamente, mas, pelos exames prévios que nós fizemos. Logo você poderá voltar à sua rotina normal. – O médico me tranquilizou. – Eu vou marcar alguns exames mais detalhados para amanhã logo pela manhã, mas eu tenho ótimas razões para acreditar que logo você estará fora do hospital. Sua memória está intacta, seus reflexos estão normais, você está falando bem. Com algumas sessões de fisioterapia para que você recupere sua massa muscular como se deve e acompanhamento médico nos próximos meses, logo você estará completamente liberada para retomar todas as suas atividades. De forma plena.

Depois de tirar mais algumas dúvidas com o médico, e ainda tentar me acostumar com tudo o que havia acontecido. Ele se despediu de nós, me deixando sozinha com meus pais, Lauren e Mike.

Lauren se aproximou cautelosamente como se tivesse medo de que eu quebrasse ou fosse de mentira.

- Hey, você ouviu o médico, eu não vou quebrar. – Eu disse para ela.

- Eu fiquei com tanto medo. – Ela disse quando se aproximou. – Com tanto medo de nunca mais te ouvir falar, de nunca mais poder olhar nos seus olhos.

- Calma, amor! Eu estou aqui! – Eu deixei um selinho nos seus lábios, sem me importar com a presença dos meus pais ou o que eles poderiam falar. Eu só queria tranquilizar Lauren. Nosso beijo se tornou mais profundo, enquanto nós duas íamos tranquilizando a saudade que estava em nossos corações. Eu senti Lauren começar a chorar durante o beijo e me afastei, enxugando suas lágrimas.

- Vai ficar tudo bem agora! Vai ficar tudo bem! – Eu dizia.

Quando Lauren se afastou eu abracei meu pai que também se desmanchou em lágrimas nos meus ombros. O processo se repetiu com a minha mãe e até mesmo com Mike.

Eu começava a perceber o quanto aqueles dois meses haviam afetado as pessoas que me amavam. O quanto devia ter sido difícil para eles.

- E a Sofia? – Perguntei, quando todos já estavam mais calmos, sentindo um aperto no coração ao lembrar da minha irmã.

- Está com a Patricia. – Minha mãe avisou. – Amanhã nós trazemos ela para te visitar.

Nesse momento uma enfermeira entrou, trazendo um medicamento.

- O Dr. Porter receitou alguns comprimidos para dor de cabeça. – Ela disse. Eu tomei rapidamente o comprimido e a moça se afastou. Antes de sair ela disse: - Vocês sabem se eu posso deixar a Senhorita Brooke entrar. Ela está um pouco impaciente já que o Dr. Porter impediu a entrada de novos visitantes no quarto.

Ally? Meu coração deu um salto ao pensar na minha amiga. E na saudade que eu sentia dela.

- Acho que não terá problema se ela entrar agora. – Meu sogro avisou.

A mulher saiu e logo uma figura loira muito pequena e apressada estava entrando pela porta.

Ally tomou um susto ao me ver sentada na cama.

- Camila?! – Ela gritou. – Camila! Camila! Você acordou!

Ela correu até mim e me abraçou. Aquele seu abraço de sempre, acolhedor e familiar.

- Eu não acredito que você acordou! Eu rezei tanto por esse momento!

Fiquei mais um bom tempo abraçada com Ally. Ela tremia, ainda sem acreditar no que estava acontecendo. E eu só a soltei quando senti que ela estava mais calma.

- Nunca mais faça isso com a gente, por favor! – Ela chorava e foi impossível que eu não chorasse também.

- Eu não vou, Ally. Nunca mais vou assustar vocês assim. Eu prometo. – Eu respondi.

A impressão que eu tinha era que ninguém queria sair de perto de mim, já que todos ficaram um bom tempo parados ao lado da minha cama e era ótimo sentir isso. Sentir as pessoas que eu amava, embora nem todas estivessem ali, perto de mim.

Logo ouvimos o bipe incessante do pager do meu sogro, avisando que alguma emergência havia chego ao hospital.

- Eu vou ter que ir, Camila. – Ele deixou um beijo na minha testa. – É ótimo te ver bem, hija. Eu venho te ver quando meu plantão acabar.

Ele saiu apressado. E nós continuamos a nossa conversa dentro do quarto.

- Então, não que eu esteja reclamando nem nada, mas, porque vocês três não estão brigando como usualmente fariam após tanto tempo no mesmo cômodo? – Apontei de Lauren para os meus pais. – Ou melhor, como vocês estão no mesmo cômodo?

Ally caiu na gargalhada. Era bom ver minha amiga sorrindo assim novamente.

- Muita coisa mudou nos últimos meses. – Ally disse ainda rindo.

- Digamos que, – minha mãe tomou a palavra – eu e seu pai percebemos o quanto estávamos errados ao tentar separar vocês. Nós finalmente nos acertamos.

Olhei para Lauren espantada, mas minha namorada sorria genuinamente para os meus pais.

- Sem brigas – Lauren respondeu quando se voltou para mim. – Nós somos uma família.

Eu sorri verdadeiramente ao ouvir isso. Era o meu sonho se realizando. Minha família junta e feliz. Todo mundo se dando bem. Eu não poderia estar mais feliz.

- Eu amo vocês. – Falei, emocionada.

- Nós também te amamos. – Os quatro responderam.

- Você disse que muita coisa mudou. – Eu falei para Ally. – Me atualize, por favor.

- Seus pais e a Lauren não se matam mais. – Ally disse, divertida. – O Shawn e a Selena, finalmente começaram a namorar. A Ariana agora anda com a gente. – Eu arregalei os meus olhos, sem acreditar no que a minha amiga falava. – Não me olha assim. Ela é muito legal e, acredite ou não, é uma das pessoas mais preocupadas com você lá na escola.

Novamente eu a olhei espantada.

- Se você está falando. – Eu ainda estava atordoada com essa informação.

- Ah, bem, o Shawn e a Sel sabem de você e da Lauren. Eu tive que contar porque seria meio estranho a nossa professora de Literatura estar sempre aqui quando eles vêm visitar.

- Como eles reagiram? – Perguntei preocupada.

- O normal de quando você descobre que sua amiga beija a professora. – Ally riu, sendo acompanhada pelos meus pais, enquanto eu e Lauren a olhávamos tentando ser sérias, mas acabamos rindo também. – Tem mais namoros também, além de várias outras coisas que eu tenho que te contar depois. Mas a Mani e a Dinah finalmente pararam de enrolar e assumiram o namoro. E, bem, pode ser chocante para você, mas a Taylor e a Keana também estão namorando.

Agora eu estava mesmo chocada. Como assim produção?

- Taylor? Minha cunhada Taylor? – Perguntei, aumentando um pouco a minha voz, por conta da surpresa.

- Sim. – Lauren respondeu de mau humor. – Minha irmã mais nova, de 16 anos.

- A Lauren ainda não aceitou muito bem. – Ally disse, debochada.

- Você brigou com a Keana, não foi? – Olhei feio para a minha namorada.

- É claro. Camila, eu brigaria com qualquer um que namorasse a minha irmã. E a Keana tem é que agradecer que eu não briguei mais com ela.

- Verdade. O Chris ficou mais irritado do que a Lauren. – Ally comentou.

- Mas você sabe que não é certo se meter na vida da sua irmã assim. E você nem pode falar muita coisa da Keana, porque...

- Camila, não discuta com a Lauren. – Minha mãe ralhou comigo, me fazendo olhar indignada para ela.

- Agora é assim? – Perguntei.

- Lembra quando você me dizia que eu tinha a mania chata de defender a Laur quando ela estava errada? – Ally perguntou e eu concordei com a cabeça. – Sua mãe é pior, muito pior do que eu.

Nossa conversa foi interrompida quando ouvimos uma batida na porta e a voz da minha sogra perguntando:

- Eu posso entrar?

- É claro. – Minha mãe respondeu.

Clara entrou sorrindo no quarto e logo veio me abraçar.

- Camila, eu estou tão feliz! Tão feliz, hija! Quando o Mike me contou eu quase não acreditei.

Quando eu pensava na minha sogra me vinham duas versões na cabeça. A médica que eu havia encontrado quando Sofia machucara o pulso, séria e extremamente concentrada em seu trabalho. E também a mãezona que sempre tinha um comentário divertido e era a primeira a tirar sarro dos filhos quando eles aprontavam alguma coisa. Eu nunca pensava em Clara chorando ou emocionada, e muito menos que ela teria essa reação ao me ver. Mas era exatamente assim que minha sogra se encontrava.

- Desculpa. – Ela pediu, enxugando suas lágrimas. – Eu não consegui segurar. É tão bom ter você de volta.

Logo que Clara chegou Ally se despediu, já que o horário de visitas estava acabando e ela queria chegar em casa para contar as novidades para os pais e para Niall. Meu pai disse que iria com ela, para pegar Sofia, que estava na casa dos Brooke. Assim, ficamos apenas eu, minha mãe, minha sogra e Lauren no quarto.

- Lauren, hija. Está na hora de ir também. – Minha mãe disse. – Sou eu quem fico essa noite.

- Boa sorte em tentar tirar essa daí daqui agora. – Clara debochou.

- Escuta minha mãe, Sinu. Ela me conhece. – Lauren disse, divertida.

- É o acordo que nós fizemos. – Dona Sinu devolveu.

- Sim. Foi o acordo que nós fizemos... Antes da Camila acordar. Agora tudo mudou de figura. – Minha namorada disse. – Eu fico aqui essa noite. Amanhã a senhora fica. Prometo.

- Mas, Lauren... – Minha mãe ainda tentou.

- Não adianta discutir, Sinu. Essa daí é teimosa mesmo. – Clara interrompeu. – Eu vou ter que deixar vocês porque tenho que checar alguns pacientes. Mais tarde eu volto para te ver.

Me deixando mais um abraço, minha sogra saiu, ralhando com a filha que pelo menos ela teria que jantar se quisesse passar mais uma noite aqui. E eu me perguntei quantas noites mais Lauren teria passado aqui.

- Que dia da semana é hoje? – Perguntei, percebendo que talvez Lauren precisasse trabalhar na manhã seguinte.

- Segunda. – Minha mãe respondeu.

- Lauren, amanhã você tem que dar aula cedo. Deixa que minha mãe fica comigo. – Eu não queria atrapalhar a rotina da morena, e sabia que para minha mãe e para o meu pai era bem mais fácil rearranjar os horários do trabalho.

Lauren pareceu ficar um pouco sem jeito.

- Na verdade... eu não preciso. – Ela disse por fim.

- Como não? – Eu perguntei assustada.

- Eu... pedi licença da escola. Por... tempo indeterminado. – Eu fiquei chocada quando ela me disse isso. – Eu queria ficar aqui com você. Cuidar de você. E também... eu não teria cabeça para dar aula. Foi a melhor decisão que eu poderia tomar naquele momento.

- Mas... – Eu comecei, mas Lauren me interrompeu.

- Camila, eu não me arrependo de ter feito isso. Muito pelo contrário. E meu acordo com a Moralez é de que eu posso voltar quando quiser. Então... está tudo certo.

- Não está, não. – Eu retruquei. Não achava certo Lauren tomar uma decisão que afetasse tanto a carreira dela por minha causa.

- Camila, não vale a pena discutir isso agora. – Minha mãe interviu. – As decisões já foram tomadas.

- Vocês têm razão. – Eu cedi. – Mas eu não acho isso certo.

- Eu sempre vou escolher o que for melhor para você. – Lauren disse, me dando um selinho.

- Lauren, se você estiver enrolando para não ir comer não adianta. Se você não for eu te mando embora daqui agora mesmo. Você vai ter que dormir em casa.

- Eu não quero comer. – Lauren disse, birrenta.

- Vai continuar com essa? De que adianta a Camila sair do hospital se você for ficar internada aqui no lugar dela? Vai comer alguma coisa. Anda.

Minha mãe praticamente expulsou Lauren do quarto. Antes de sair, a morena se aproximou de mim.

- Você está vendo, não é? Eu não queria sair daqui ela é que está me expulsando.

- Vai comer, amor. Antes que ela te expulse do hospital. Isso sim. – Eu disse, divertida.

Me deixando um beijo suave nos lábios Lauren se aproximou da porta. Quando ela ia saindo minha mãe a chamou.

- Sabe, Lauren, das minhas três filhas... você é de longe a mais teimosa.

Meu coração pulou de alegria dentro do meu peito ao ouvir essas palavras vindo da minha mãe. Como eu esperei por isso. E agora, poder presenciar esse momento, me deixava verdadeiramente emocionada. Minha namorada olhou para a minha mãe e sorriu:

- E você me ama mesmo assim sogrinha.

Sorrindo ela fechou a porta e me deixou sozinha com a minha mãe.

- É a primeira vez que eu a vejo sorrir. – Dona Sinu suspirou. – Sabe, de verdade. Nos outros dias, mesmo quando ela sorria, dava para ver que não era um sorriso de verdade. Que era apenas uma forma de fazer com que eu e a Clara não pegássemos tanto no pé dela. Uma máscara que ela colocava para fingir que estava bem.

Era surreal ouvir minha mãe falando isso da minha namorada. Saber que as duas se davam bem. Aparentemente muito bem.

- Eu ainda não me acostumei com vocês se dando bem. – Admiti, mas sorri para a minha mãe quando ela me olhou. – Mas eu estou imensamente feliz com isso.

- Não foi um processo fácil, Camila. Foi complicado para mim aceitar tudo o que estava acontecendo com você e ter que conviver com a Lauren todos os dias. Eventualmente, no entanto, eu acabei percebendo que ela é uma pessoa excelente. Teimosa feito uma mula e mais marrenta do que qualquer outro ser humano no mundo. – Nós duas rimos. – Mas tem um coração enorme. É trabalhadora, inteligente. E acima de tudo: te ama incondicionalmente. Isso é tudo o que eu sempre quis para você, Camila. Alguém que se importe e te ame mais do que qualquer coisa no mundo. Que te trate como você merece ser tratada. E que te apoie sempre, apesar de todas as adversidades. E foi isso que a Lauren sempre fez. Mesmo quando a adversidade era eu. Ela não pensou duas vezes ao deixar a escola para ficar aqui. Todos os dias, todos os dias, Camila, era uma luta para fazer essa mulher comer ou dormir, ou mesmo ir para casa. Ela criou pânico do próprio apartamento. Foi quando eu percebi que meu preconceito estúpido não nos levaria a lugar algum, e passei a ver a Lauren como a pessoa que ama a minha filha. E, inconscientemente, eu passei a amá-la também. E a acolhi como minha filha. Por que é isso que ela é. A minha terceira filha.

Eu já estava chorando com tudo o que minha mãe havia dito. Obviamente eu sabia que Lauren me amava, e eu a amava também, mas saber que ela havia abdicado de tanto enquanto eu estava desacordada, me fez amá-la ainda mais. Me fez entender que o que nós temos é muito mais forte do que eu mesma pensava que era. Que o que sentimos uma pela outra é capaz de superar qualquer coisa.

- Obrigada, mama. Por me fazer perceber isso também.

Minha mãe se aproximou da minha cama e se sentou ali, de frente para mim.

- Tem mais uma coisa. – Dona Sinu começou. – Eu preciso me desculpar com você. Por tudo o que eu fiz e por todas as coisas que eu te disse.

- Mama, você não precisa...

- É claro que eu preciso, Camila. – Minha mãe me interrompeu. – Eu preciso me desculpar por todas as atrocidades que eu te disse. Por ter te mandado embora. Por não ter tentado te entender. Eu me desculpei com a Lauren, e ela me perdoou. Agora eu preciso me desculpar com você. Eu esperei muito para me desculpar, não me tire isso. Por favor, hija. Me perdoe. Perdoe tudo o que eu te fiz passar, simplesmente por não conseguir entender que sua felicidade é ao lado de uma mulher.

Minha mãe chorava e eu não estava muito diferente. Eu sempre esperei que meus pais enxergassem que o meu amor por Lauren não era uma abominação como eles diziam e, ouvir isso da minha mãe, me enchia de felicidade. É óbvio que eu a perdoaria.

- É claro que eu te perdoo, mama. – Eu disse a abraçando. Durante o abraço eu disse: - Eu também tenho que me desculpar por algumas coisas que eu disse. Várias vezes eu perdi a razão nas minhas palavras e no modo como eu te tratei ou ao papa. Eu te amo.

- Eu também te amo, hija. – Minha mãe disse. Me deixando vários beijos na bochecha.

- Eu senti falta disso. – Admiti.

Nesse momento a porta se abriu e uma Lauren um tanto tímida entrou:

- Atrapalho? – Ela perguntou.

- Nunca, Lauren. Você nunca atrapalha. – Minha mãe disse, se levantando da minha cama. – Eu tenho que ir embora, ou logo vão vir me expulsar. O horário de visitas já terminou a uns cinco minutos.

- Acho que minha mãe pediu para relevarem um pouco o horário hoje. – Lauren disse.

- Mas eles não vão relevar tanto assim. – Minha mãe apontou. – Boa noite, hija. – Ela beijou minha testa quando eu respondi seu cumprimento e depois se aproximou de Lauren, a abraçando. – Boa noite, Lauren. Se cuidem vocês duas.

Ela pegou sua bolsa e saiu dali me deixando sozinha com Lauren.

- Você está bem? Está sentindo alguma coisa? – Minha namorada perguntou quando se aproximou de mim.

- Eu estou bem, amor. O remédio fez com que a dor de cabeça parasse.

Lauren tocou o meu rosto.

- Eu nem acredito que isso é real. Que nós estamos mesmo conversando. Eu senti tanto a sua falta. Tanto.

Nós duas nos abraçamos. Ficamos ali, em silêncio, apenas ouvindo as batidas do coração uma da outra. Não eram necessárias palavras. Nós duas sabíamos o que aquele momento significava.

Quando dei por mim, Lauren estava chorando novamente. Ela soluçava nos meus braços.

- Eu... – Ela começou a falar em meio aos soluços. – Eu... achei que... eu n-nunca ia... te ab-abraçar de... novo. Eu t-tinha... medo... todos os... dias.

- Calma, meu amor. Eu estou aqui agora. Está tudo bem. Logo nós vamos sair desse hospital. Tudo vai voltar ao normal.

- Eu... eu sei... mas...

- Não vamos falar do passado, Lo.

- Na verdade... tem... tem uma coisa... que eu queria... te falar... – Ela disse, se afastando um pouco de mim e procurando enxugar as lágrimas. – Eu queria... me desculpar...

- Se desculpar? – Perguntei sem entender.

- Nossa conversa.... no dia do acidente...

Então eu me lembrei. A nossa discussão. Por causa da faculdade. Minha mudança para Nova York. Lauren dizendo que estava incerta sobre o nosso futuro.

- Eu não... você sabe... – Ela começou. – Eu não queria ter dito aquilo. Eu estava frustrada... com tudo o que estava acontecendo... Eu acredito em nós duas, Camila... Eu acredito no nosso amor...

- Lauren, eu não sei se agora é um bom momento...

- Eu só quero que você me desculpe... Eu passei dois meses com esse maldito fantasma me perseguindo... Essa conversa horrível que nós tivemos... E tudo o que eu pensava... O tempo todo... Era me desculpar com você... Eu preciso que você me perdoe...

Lauren e minha mãe. Eu podia ver que nos últimos meses elas tinham lidado com mais coisas do que as outras pessoas. Elas conviveram sempre com as, até então, “últimas palavras” que eu havia dito a elas. E eu precisava aliviá-las daquele peso.

- Lauren, essa discussão ficou no passado. Vamos pensar só no agora, ok? É óbvio que eu te desculpo. Eu também disse coisas naquela conversa que eu não deveria ter dito. Nós duas estávamos de cabeça quente. Eu também estava frustrada com a nossa situação. Vamos deixar tudo aquilo para trás. Vamos só curtir esse recomeço.

Lauren sorriu para mim. O meu sorriso. Aquele que ela só dava para mim. E se aproximando colou nossos lábios de forma suave. Eu conseguia sentir no beijo que ela tinha medo de aprofundar mais as coisas.

- Lauren – eu disse quando nos afastamos – eu já te disse, eu não vou quebrar.

- Mesmo assim. – Ela disse. – Eu não quero te machucar por um descuido meu.

Eu revirei os olhos, mas procurei relevar. Afinal, se fosse eu no lugar dela, teria a mesma preocupação.

- Você pode, pelo menos, deitar um pouquinho comigo? – Perguntei, fazendo uma cara de gato do Shrek para ver se ela cedia.

- Acho que posso. – Ela disse. – Mas antes eu vou tomar um banho, ok? É rápido. Prometo. É só que, você não vai me querer fedidinha do seu lado, vai?

- Não. – Eu disse rindo e a afastando de mim, fingindo não querer ela por perto. – Vai tomar banho, vai! Porquinha!

Ela me beijou e tirando uma mochila do lado da poltrona do quarto, entrou no banheiro do lugar.

Ela realmente não demorou muito, mas enquanto escutava o barulho do chuveiro no banheiro eu comecei a olhar tudo ao meu redor.

Eu estava num quarto privado. Ao meu redor alguns dos aparelhos mais modernos que a medicina podia oferecer. Eu era monitorada 24 horas por dia. Eu tinha o melhor tratamento disponível no hospital. Fui operada por um dos melhores especialistas do estado. Estava internada a dois meses no hospital mais caro da cidade. Minha família não era má de vida. A loja do meu pai tem um bom rendimento e minha mãe é uma excelente arquiteta, uma das mais requisitadas do escritório onde ela trabalha. Eles mantinham um plano de saúde até muito bom, para o nosso padrão de vida. Mesmo assim, meus pais nunca conseguiriam pagar um hospital assim.

- Camila! Camila! – Lauren havia saído do banheiro e chamava minha atenção, já um pouco preocupada com a demora da minha resposta. – Está tudo bem?

- Está sim, amor. – Disse quando me virei para ela, a vendo respirar aliviada. – Desculpa. Eu só estava pensando... Lauren, quem está pagando o meu tratamento?

Lauren ficou um pouco desnorteada com a minha pergunta e eu percebi que ela evitou responde-la.

- Esqueci minha escova de dentes no banheiro. – Ela disse, voltando até o pequeno cômodo.

Ok! Deliberadamente ela evitou responder a minha pergunta.

- Lauren, quem está pagando o meu tratamento? – Eu tornei a perguntar quando ela saiu do banheiro.

- Você não precisa se preocupar com isso, Camz. – Ela tentou desconversar novamente.

Cruzei meus braços em cima do meu peito e disse, em um tom que não deixaria dúvidas de que ela deveria me responder:

- Lauren!

- Meus pais estão dando uma ajuda, ok?

- Dando uma ajuda ou pagando tudo? – Eu pressionei.

- Pagando uma parte. Seu pai não deixaria eles arcarem com tudo.

- Pagando uma parte ou a maior parte? – Eu tornei a pressionar.

- Eu não sei ao certo qual foi o acordo que nossos pais fizeram, ok? Eu não estava com cabeça para pensar em dinheiro. Eu sei que meus pais pagaram a cirurgia. Esse foi o acordo que o meu pai fez comigo. Depois disso. Eu não sei mais.

- Seus pais não precisavam fazer isso. – Eu disse.

- É claro que precisavam. Você precisava ser operada. Precisava de cuidados. Ainda precisa. Você é da família, Camila. Meus pais fariam qualquer coisa para te ver bem. – Lauren se sentou ao meu lado, novamente. – Eu sei que você não se sente bem com isso. Que sente que deve alguma coisa para os meus pais. Mas não é verdade. Nós somos uma família e ajudamos uns aos outros. Esse é o nosso dever. Por favor, não pense mais nisso. O que nossos pais decidiram é o que vai valer. Eu não quero que você se preocupe.

Lauren me deixou um selinho nos lábios e quando ela se afastou, nós ouvimos uma batida na porta.

- Pode entrar. – Lauren disse, se levantando da minha cama.

- Eu acabei de chegar e sua mãe me contou que a Camila finalmente acordou. – Uma moça, com uniforme de enfermeira entrou. Ela era um pouco mais alta do que eu, cabelos negros como a noite e olhos verdes, alguns tons mais escuros do que o de Lauren, quase já chegando no castanho. Ela parecia ter quase a idade de Lauren também.

Lauren sorriu para ela, genuinamente feliz em vê-la.

- Que bom que você veio.

- Eu não poderia deixar de finalmente conhecer sua namorada. – A mulher devolveu.

- Bom, então me deixe apresentá-las. Rose, essa e a Camila, minha namorada. Camila, essa é a Rose, uma amiga minha e uma das enfermeiras aqui no hospital responsáveis pelo seu andar.

- É um prazer, Camila. – A moça se aproximou sorridente e estendeu sua mão para mim. – Eu fico realmente feliz em vê-la acordada. Eu acompanhei seu caso desde que você chegou. E sabia que esse dia iria chegar.

- Obrigada. – Eu disse, um pouco tímida.

- Aliás, tem uma coisa que eu preciso muito te perguntar. – Rose disse.

- O que? – Eu perguntei ainda timidamente.

- O Sol é para Todos! – Eu olhei para ela confusa, mas Lauren pareceu entender porque soltou uma gargalhada ao meu lado. – Você gosta?

- Faz um tempo que eu li. – Respondi, ainda confusa. – Mas eu gostei sim. Por quê?

- Eu te disse que ela gostava! – Lauren disse um pouco convencida. – Eu conheço a minha namorada.

- Eu ainda não terminei! – Rose disse, e se voltou para mim. – Romeu e Julieta? – Eu concordei com a cabeça. – O Nome da Rosa?

- Nunca li, mas tenho vontade. – Respondi, me perguntando o motivo de todas essas perguntas.

- Orgulho e Preconceito?

- É um dos meus favoritos. – Respondi.

- Viu! – Lauren provocou novamente.

- Moby Dick? – Eu concordei novamente. Rose continuou com a sua lista: - O Pequeno Príncipe? Madame Bovary? Os Miseráveis? Os Três Mosqueteiros? A Dama das Camélias?

Eu concordei com todos.

- Eu te disse. Ela gosta. – Lauren decretou.

- Por que tudo isso? – Eu voltei a perguntar.

- Sua namorada leu todos esses para você, nesses dois meses. – Eu olhei para Lauren, um pouco admirada. – E eu me perguntava se ela não estava te torturando com livros que você não gostava. Então eu disse que perguntaria assim que você acordasse. Só para confirmar.

Eu acabei rindo com as duas.

- Agora você viu que ela gosta. – Lauren disse.

- Tem gosto estranho para tudo nesse mundo. – Rose disse, debochando.

- Hey! – Lauren retrucou, em tom divertido. – Assim você me ofende.

- Esqueci que não posso falar mal dos seus preciosos livros. – Rose devolveu.

- Pode falar mal. Seu castigo vai ser que ou a Vick ou o Ben vão ser iguaizinhos a mim. Devoradores de livros.

- Não é muito difícil. Do jeito que a Victoria só anda falando da “tia Lauren do vestido de princesa”. Ela vai querer ser uma cópia sua. – Eu fiquei sem entender a conversa das duas até que Rose me explicou. – Victoria é minha filha. E, bem, algum tempo atrás a Lauren nos deu uma mãozinha para comprar uma fantasia para ela. A garota virou sua fã número um.

- Eu fiz o que eu precisava fazer. – Lauren disse um pouco tímida.

A conversa seguiu com Rose me contando mais sobre a sua família. Mas ela logo teve que sair, já que precisava começar a ronda nos corredores.

- Eu volto no horário de sempre. – Avisou para Lauren, que concordou com a cabeça.

- Agora você vai deitar comigo? – Perguntei, quando a moça já não estava mais no quarto.

- Acho que não vai ter problema se eu deitar um pouco, até você dormir. Depois eu passo para a poltrona.

- Eu não quero dormir. – Falei. – Eu já dormi demais.

- Mas você precisa descansar.

Lauren tirou os sapatos e se deitou na cama, ao meu lado, me trazendo para os seus braços.

Como previsto eu não consegui dormir. Já havia passado tempo demais “dormindo”. Lauren, por outro lado, não demorou para empacotar ao meu lado. Com suas mãos segurando firmemente a minha cintura.

Eu a admirei dormindo e não tive coragem de acordá-la. Algo me dizia que aquela era a primeira vez que ela dormia tranquila em dois meses.

 

 

 

Os dias seguintes no hospital foram revigorantes para mim.

Na terça-feira pela manhã meus pais levaram Sofia para me ver.

Que saudade eu estava daquela pequena. Ela me encheu de perguntas sobre o tempo que eu fiquei dormindo e porque eu nunca tinha dito que a tia Lauren era minha namorada. Me doeu no coração quando ela me disse que tinha ficado triste por eu não ter acordado para o aniversário de 8 anos dela, mas que ela tinha entendido os meus pais por não fazerem uma festa esse ano.

- Não teria graça se você não estivesse lá. – Ela disse, o que partiu o meu coração e quase me fez chorar na frente dela.

Várias outras pessoas vieram me visitar nos dias seguintes. Meus amigos e cunhados. Até mesmo Ariana foi me ver, acompanhada de Ally, Selena e Shawn. Foi realmente um choque ver Taylor e Keana entrando de mãos dadas no quarto. Mas elas formavam um casal muito fofo. E dava para ver que elas se amavam de verdade.

Eu conversei com Dinah e com os meus amigos da Roosevelt High por Skype e tranquilizei a todos quanto ao meu estado. Na terça-feira, quando Lauren foi embora, eu liguei para Austin e nós dois conversamos sobre o que havia acontecido. Foi uma conversa um tanto difícil. Nós dois admitimos nossa parcela de culpa pelo que havia acontecido e acabamos chorando no telefone. Mas sabíamos que agora nós dois ficaríamos bem. E não cometeríamos os mesmos erros.

Na quinta-feira minha mãe conversou comigo sobre a minha volta definitiva para Miami. O que me deixou plenamente feliz. Ela disse que não fazia sentido eu continuar em West Palm e que havia conversado com a Diretora Moralez naquela manhã para garantir minha volta para a Miami High assim que os médicos me liberassem.

O que pelo visto não demoraria a acontecer. Os resultados dos exames que eu fiz durante a semana foram excelentes. E já na quarta-feira eu não me queixava de dores de cabeça.

No começo eu me admirei de muitos funcionários do hospital, não apenas Rose, me conhecerem. Isso pelo fato de quase todos conhecerem Lauren. Não por ela ser filha de dois médicos que trabalhavam aqui, mas sim por ser uma figura frequente naqueles corredores nos últimos dois meses. Confesso que isso me deixou um pouco mal, já que Lauren praticamente estava morando no hospital, mas eu estava começando a entender suas atitudes. Eu sabia que se fosse eu em seu lugar teria feito a mesma coisa.

Na sexta-feira, Lauren chegou um pouco antes do horário de visitas da manhã terminar. Ela ficaria comigo naquele dia.

- E aí, como foi? – Perguntei quando ela cumprimentou a mim e aos meus pais. Ela havia ido conversar com a diretora Moralez sobre a sua volta para a escola.

- A Moralez disse que eu posso voltar quando eu quiser. E que eu vou dar aulas junto com a Keana nesse final de ano letivo. – Nós franzimos a testa, sem entender sua colocação. – Como ela vai manter a Kea como professora de Inglês no ano que vem não faz sentido demitir a garota agora para recontratá-la em quatro meses. Mas também não vai deixar ela recebendo sem trabalhar. Então nós vamos dar aula juntas.

Eu concordei com a cabeça, mas havia acabado de perceber uma coisa.

- Lauren, eu também vou voltar para a Miami High. Você vai voltar a ser minha professora. – Eu apontei. – Droga! Vamos ter que nos esconder de novo.

- Eu já tinha percebido isso. – Lauren disse. – E a Moralez também percebeu.

- O quê? – Eu perguntei espantada. – A Moralez sabe sobre a gente?

- Ela meio que percebeu quando eu fui pedir minha licença. Mas relaxa! – Lauren tratou de me tranquilizar quando viu que eu iria falar alguma coisa. – Ela disse que consegue fazer vista grossa por dois meses. Seus pais estão de acordo com o nosso relacionamento e você já é maior de idade. Tecnicamente não é crime, só falta de ética. Foi o que a Moralez disse. Ela consegue fazer vista grossa para isso. Com tanto que nós duas nem nos encostemos dentro da escola. Novamente: palavras dela.

Nesse momento o Dr. Porter entrou no quarto.

- Que ótimo encontrar todos ainda aqui. – Ele disse. – Eu tenho ótimas notícias.

- O que foi, Doutor? – Meu pai perguntou.

- Eu estou com os resultados dos últimos exames da Camila. Tudo está perfeito. Nós não temos nada nas tomografias que mostrem alguma alteração. Todos os exames estão limpos. Sendo assim... eu posso te dar alta ainda hoje.

Eu, meus pais e Lauren comemoramos nos abraçando. Eu não cabia em mim de felicidade.

- Mais do que isso. – O médico continuou quando nós nos acalmamos. – Eu vou também liberar a sua volta para a escola. Você pode voltar já na próxima segunda-feira às suas atividades escolares. – Era muita notícia boa em um dia só. – Claro que eu não posso te liberar completamente. Nós ainda teremos algumas consultas periódicas nos próximos meses e você tem algumas sessões de fisioterapia. Mas, tirando isso você pode voltar para todas as suas atividades normais. Obviamente, se você sentir qualquer tipo de dor você deve interromper imediatamente o que estiver fazendo e nunca forçar sua cabeça a continuar em uma atividade que esteja exigindo demais de você. Sim, isso inclui sexo.

Lauren ficou vermelha no mesmo instante. Parecia tomate. Eu sabia que não devia estar muito diferente. Meu pai, que estava sorridente, fechou a cara na mesma hora. E minha mãe olhava para todo lado, menos para alguém presente naquela sala.

- Eu vou assinar a sua alta no final da tarde. Você ainda vai passar o dia aqui, já que tem uma sessão de fisioterapia marcada. – O Dr. Porter continuou, como se não tivesse percebido o clima no quarto. – Nós nos vemos depois, Camila.

O médico cumprimentou os meus pais, que novamente o agradeceram por ter salvo a minha vida, e depois saiu.

Meu pai ainda olhava feio para Lauren, como se ela fosse a representação de tudo que havia me desvirtuado no mundo. Isso porque ele nem imaginava que nós já havíamos transado até na antiga cama dele.

- Eu te espero no carro, Sinu. – Ele disse, saindo logo em seguida, depois de me abraçar de forma rápida e dizer um até depois um tanto seco para Lauren.

Minha mãe deu uma risadinha meio sarcástica com a atitude do meu pai e disse:

- Pais! Sempre acham que suas filhas são inocentes. – Depois se voltou para Lauren. – Hija, você se importa em levar a Camila para casa? Eu vou ficar presa no escritório até mais tarde e o Ale vai para a loja a tarde também.

- Sem problemas, Sinu. Eu levo ela. – Minha namorada respondeu, agora já recuperada da vergonha que tinha passado.

Minha mãe nos cumprimentou também, sem ouvir muito as minhas reclamações de que eu queria ela em casa quando saísse do hospital e que ela não estava me dando o valor necessário.

Meu dia no hospital passou de forma lenta. A expectativa de ir embora parecia fazer o tempo passar mais devagar. A sessão de fisioterapia à tarde fez com que o tempo passasse um pouco mais rápido, mas assim que voltamos para o quarto a calmaria voltou a me irritar.

- Sua mãe não vai passar por aqui hoje? – Perguntei para Lauren, estranhando o fato de a minha sogra ainda não ter passado por ali.

- Acho que ela está na clínica hoje. – Lauren foi sucinta, enquanto digitava no celular, que ela não havia largado a tarde inteira, por sinal.

- Você vai me dar atenção ou vai ficar conversando com sei lá quem aí? – Eu disse emburrada.

- Calma, bravinha! Eu estou respondendo a Lucy. – Ela disse jogando o celular para o lado.

Foi um alivio quando o Dr. Porter voltou com a minha alta assinada. E eu e Lauren finalmente saímos dali. Nos despedimos de alguns funcionários no caminho e logo eu me vi no estacionamento, caminhando de mãos dadas com Lauren.

Quando chegamos à porta do carro dela, porém, eu estanquei.

- Camila? – Lauren perguntou. – Está tudo bem?

Era a primeira vez que eu entrava em um carro desde o acidente. Eu vi novamente aquela luz forte no meu rosto. Escutei novamente o som da buzina e dos freios acionados de última hora.

- Camz? – Lauren voltou a me chamar. – Fala comigo.

- Eu... eu... – Gaguejei um pouco antes de conseguir formular uma frase. – Lauren me promete que vai dirigir com cuidado.

Eu sabia que Lauren era boa motorista, mas também sabia que ela era um tanto adepta da velocidade.

- Camz, eu vou tomar todo o cuidado do mundo, ok? Eu prometo. Nada vai acontecer.

Ela me beijou, me passando segurança no que ela dizia. E nós duas entramos no carro.

Lauren dirigiu com toda a calma do mundo. Coisa que eu sabia que ela não tinha. O trajeto entre o hospital e minha casa, que normalmente ela faria em 15 minutos, durou pouco mais de meia hora. Cada carro que se aproximava era um espasmo no meu corpo. Um grito que eu continha. E Lauren sempre que podia tomava minha mão na sua para me acalmar.

Quando estacionamos na frente da minha casa, o alívio tomou conta do meu corpo. E Lauren percebeu isso, já que quando descemos do carro ela me abraçou com força.

- Está tudo bem, meu amor! – Ela disse no meu ouvido.

Por sobre o ombro dela eu olhei para a casa. A casa onde eu havia crescido e na qual eu não botava os pés a quase quatro meses. Parecia uma eternidade.

Eu e Lauren fomos seguindo até a porta e minha namorada tirou uma chave do bolso.

- Sua mãe me deu a chave. Ela não sabe que horas vai chegar.

Eu novamente fiquei chateada por meus pais não estarem ali para me receber. Mas entrei com Lauren mesmo assim.

Assim que botamos o pé para dentro a barulheira foi indescritível. Uma faixa enorme dizia BEM-VINDA DE VOLTA CAMILA e todo mundo gritava. Chris, Louis e Liam assopravam sem parar algumas cornetas; Keana e Vero jogavam papel picado para cima; Stella e Normani pulavam animadas; Até a Diretora Moralez está aqui? Pensei, ao vê-la perto das duas professoras, parecendo um tanto deslocada; Olivia acompanhava Sofia em uma dança da vitória um tanto desajeitada e muito, muito fofa. Meus pais e meus sogros batiam palmas animados entrando na festa. Meus amigos de West Palm, com exceção de Austin, também estavam ali, participando da comemoração. Meus avós pareciam emocionamos ao lado dos pais de Ally. Shawn e Selena estavam ali e eu não deixei de sorrir para os dois que estavam de mãos dadas.

- Bem-vinda de volta, meu amor. – Lauren falou no meu ouvido. Eu não precisava olhar para ela para saber que seu sorriso nesse momento poderia iluminar o mundo. Eu simplesmente o sentia.

Foi uma festa enorme. Todo mundo veio falar comigo, me abraçar e me cumprimentar. Mesmo os que haviam me visto no hospital durante a semana. Minha avó disse que nunca mais iria me soltar. Dinah desabou nos meus ombros em um choro soluçante. Shay a imitou, o que me causou um pouco de espanto, já que a morena não costumava demonstrar tantas emoções.

Depois que havia cumprimentado a todos me aproximei das últimas pessoas que faltava cumprimentar. Stella e a Diretora Moralez, que conversavam com Lauren.

- Então você resolveu aproveitar a festa da minha namorada. – Lauren ia falando quando eu me aproximei.

- Quase isso. – Stella respondeu. Então ela me viu e me cumprimentou animada: - Camila, é muito bom te ver. Eu fico realmente feliz que esteja tudo bem com você.

- Obrigada, Senhorita Evans. – Eu disse. Já que não tinha lá muita intimidade com ela e, bem, ela já havia dado em cima da minha namorada.

- Fora da escola você pode me chamar de Stella. – A morena disse.

- É um prazer te ver, Camila. – A Diretora Moralez disse. – Estava torcendo muito pela sua recuperação.

- Obrigada, Diretora.

Deu para ver que a mulher iria ficar quieta, mas Stella a interrompeu.

- Pode chamar ela de Carmen, sem essa de formalidades fora da escola.

Eu a olhei confusa e a Diretora a olhou um pouco contrariada.

- Se nós vamos fazer isso, vamos fazer direito. – Stella falou. – A Camila namora a Lauren. A Lauren é minha amiga. Nós não vamos ficar nos chamando por nomes formais que se usam naquela instituição retrógrada que chamam de escola, meu amor.

Eu olhei para as duas um pouco confusa e Lauren me explicou.

- Você lembra que eu te disse uma vez que a Stella estava saindo com alguém? – Minha namorada perguntou, o que eu respondi afirmativamente. – Então, a Carmen e a Stella estão namorando.

Nem que eu quisesse eu poderia esconder o meu espanto com a informação. Meus olhos se arregalaram e eu não conseguia para de encarar as duas, imaginando como raios ela haviam terminado juntas.

- Acredite, eu sei exatamente o que você está pensando. – Stella disse. – E a história é longa demais para ser contada agora. Mas envolve muitos anos de crush silencioso e o fim de um casamento. Pode ter certeza.

As duas formavam um casal engraçado. O espírito extrovertido e sempre animado de Stella contrastavam com o jeito sério e contido de Carmen, mas as duas pareciam se dar muito bem. E no decorrer da conversa com todos ali, Carmen também foi se soltando mais.

A conversa estava animada e todos interagiam com muita naturalidade, mesmo aqueles que haviam se conhecido a poucos minutos. O que me deixava muito feliz.

O jantar, em uma mesa enorme montada no quintal de casa, ocorreu da mesma forma, e eu não pude deixar de agradecer a oportunidade de estar entre aquelas pessoas novamente.

Depois que terminamos de comer minha mãe surgiu da cozinha com um bolo de aniversário enorme.

- Nós precisamos comemorar o seu novo aniversário, não é? – Ela disse, beijando minha testa logo em seguida.

Todos cantaram parabéns para mim e ao final eu até mesmo apaguei uma vela que enfeitava o meio do bolo.

- Eu quero agradecer a todos vocês. – Eu disse quando todos se silenciaram. – Por não terem desistido de mim. Por me esperarem. E por acreditarem que um dia eu estaria novamente aqui. Com certeza, sem o apoio, o amor e o pensamento positivo de todos vocês, eu não teria tido forças para me recuperar. Obrigada.

Todos me aplaudiram e começaram a se movimentar para sentar novamente em seus lugares, quando Ally disse:

- Tem mais uma coisa, Camila. Antes de todos continuarem a comemoração. – Ela saiu do seu lugar, entre seu pai e Niall, e se aproximou de mim. Eu pude ver que ela trazia algumas cartas na mão. – Elas chegaram essa semana.

- Isso é o que eu estou pensando? – Perguntei.

- As respostas das universidades. – Ela respondeu. – Nós duas prometemos abrir juntas. Eu estava te esperando.

Aquilo me emocionou. Eu sei que nós havíamos prometido, mas Ally poderia muito bem ter aberto as suas cartas. Ela não sabia quando eu iria acordar, ou nem mesmo SE eu iria acordar. Mas ela havia acreditado, e havia escolhido esperar por mim.

Eu a abracei de forma demorada e quando nos soltamos nós duas já trazíamos lágrimas nos olhos.

- Primeiro a de NYU? – Ela perguntou.

Eu concordei. NYU era a nossa segunda opção. Saberíamos primeiro se havíamos sido aceitas nela, para depois seguir para o plano A: Columbia.

Ally me estendeu a minha carta e pegou a dela. Nós duas abrimos os envelopes um tanto tremulas. O olhar de todos estava sobre nós.

Eu desdobrei a minha carta e a li rapidamente. Não havia muita coisa a dizer. Ao final estava a informação:

 

Inscrição negada.

 

Eu não havia entrado. Meu corpo ficou um tanto mole. Eu não havia entrado. Eu não tinha mais um plano B. Toda a minha esperança tinha que ser depositada no plano A.

Antes de olhar para Ally eu busquei o olhar de Lauren, que estava ao meu lado. E ela me entendeu apenas pelo olhar. Me abraçou pela cintura e esperou que eu informasse Ally.

Minha amiga levantou a cabeça animada e eu sabia que ela havia entrado. Mas assim que seu olhar cruzou o meu seu sorriso morreu. Os demais presentes já haviam entendido também.

- Parabéns, Ally! – Eu disse animada e, saindo dos braços de Lauren a abracei. E os demais presentes me seguiram. Eu não queria que o momento da minha amiga fosse apagado pelo meu tropeço.

Quando todos haviam cumprimentado a baixinha nós nos voltamos para as duas cartas que restavam em cima da mesa.

Columbia.

O nosso plano A.

- Calma, amor! – Lauren disse no meu ouvido antes que eu pegasse o envelope. – Vai dar tudo certo!

Se nossas mãos tremiam antes, agora nem se fala. Nós duas mal conseguíamos rasgar os envelopes.

Nas minhas mãos estava a minha única chance de ir para Nova York. E se eu não tivesse sido aceita? O que eu iria fazer?

Finalmente consegui tirar a carta do envelope e a abri devagar. Temendo o seu conteúdo.

Li rapidamente as informações iniciais até chegar na parte que mais me interessava. Meu corpo ficou mole novamente. Minhas mãos tremiam. Dessa vez eu busquei a confirmação com Ally primeiro.

Nós duas nos olhamos e sorrimos. Não era preciso mais nada para que a mensagem fosse trocada.

- AHHHHHHH!!!!! – Nós duas gritamos animadas e nos abraçamos, dançando sem parar. As pessoas ao nosso redor também comemoravam. Nós até mesmo imitamos a dancinha da vitória que Sofia e Olivia faziam mais cedo. Dessa vez de uma forma não tão fofa, só desajeitada mesmo. E gritávamos: – Nós vamos para Nova York! Nós vamos para Nova York!

Lauren e Niall nos abraçaram forte, nos erguendo do chão, quase ao mesmo tempo.

- Parabéns, meu amor! – Lauren disse no meu ouvido. – Eu estou tão orgulhosa de você!

Lauren beijou meus lábios de forma apaixonada e eu sabia, com aquele beijo, que ela me apoiaria em qualquer situação, mesmo que essa situação estivesse a 2.055 km.

Aí foi que a comemoração começou de verdade. Todo mundo falando ao mesmo tempo, rindo, cantando, dançando, celebrando a vida e tudo de bom que ela traz.

Já passava das duas da manhã quando Ally e Niall, os últimos convidados que ainda estavam ali, foram embora. Sofia já estava dormindo a muito tempo. Desde que Lucy e Vero haviam ido embora e levado com elas a única companhia infantil que minha irmã tinha. E meus avós também já tinham se recolhido. Eu e Lauren estávamos deitadas no sofá, enquanto meus pais conversavam na cozinha.

- Seu pai não vai deixar, Camila! Ele ficou quase a noite toda me olhando torto. – Lauren insistia.

Eu não queria que ela fosse embora, mas ela achava que meu pai nunca a deixaria dormir ali.

- Eu acabei de voltar para casa. Meu pai não vai me negar nada. – Eu disse.

Fomos interrompidas pelos meus pais que entravam na sala.

- Ainda está aqui, Lauren? – Meu pai perguntou, ainda um pouco seco.

- Papa – eu levantei – a Lauren pode dormir aqui? Está meio tarde para ela ir dirigindo para casa sozinha.

- Dormir aqui? – Meu pai parecia um pouco indignado.

- Se for um problema eu posso muito bem voltar para casa. – Lauren se manifestou, aparentemente com medo, o que me fez olhar feio para ela.

- Sem problemas, Lauren. – Minha mãe tomou a frente da discussão. – Você é sempre muito bem-vinda aqui, hija.

- Meus pais estão no quarto de hóspedes. – Meu pai apontou.

- E daí? – Minha mãe devolveu. – A cama do quarto da Camila é de casal. As duas podem dormir lá.

- Dormir juntas? – Meu pai quase gritou. – Aqui em casa?

- Quer que elas durmam juntas na rua? – Minha mãe desafiou. Eu percebi que ela estava querendo dar uma lição no papa por ter olhado torto para Lauren a noite toda. Ally não havia brincado quando disse que minha mãe defendia a nora em qualquer situação.

- Claro que não. – Meu pai balbuciou contrariado.

- Então deixe de ser ranzinza e quadrado e deixe as meninas dormirem juntas no quarto da Camila.

- Tudo bem, tudo bem. – Meu pai cedeu. – Mas eu não quero ouvir o mínimo barulhinho vindo daquele quarto.

Ainda resmungando ele subiu as escadas rumo ao seu quarto. Quando percebi que ele já tinha subido, eu disse sussurrando:

- É agora que a gente conta para ele que nós transamos na cama dele!

- CAMILA! – Lauren praticamente gritou, para me lembrar da presença da minha mãe ali, que nos olhava completamente sem graça.

- Por Deus, Camila. Não é por que eu sou mais liberal que o seu pai que eu preciso saber dos detalhes. Isso vocês guardam para vocês. – Ela foi seguindo em direção às escadas, mas se voltou para nós. – Por via das dúvidas, vocês estão falando da casa da sua avó, não é? – Nós duas concordamos. – Eu nunca mais durmo naquela cama. – Minha mãe resmungou. – Não demorem para dormir, vocês duas, e por favor, sem barulho, não quero ter que ouvir sermão do Alejandro.

Quando minha mãe subiu pela escada, Lauren se voltou para mim e perguntou:

- Está doida de falar essas coisas na frente da sua mãe?

- Minha mãe não é idiota, Lauren. Obviamente ele sabe que nós duas não somos assim tão inocentes. – Eu respondi. E sorri de forma travessa antes de continuar: - E foi legal ver a cara dela.

Lauren negou com a cabeça enquanto sorria para mim.

Nós duas subimos rapidamente para o meu quarto. Foi estranho entrar ali pela primeira vez em tanto tempo. As coisas ainda estavam como eu deixei. Meu notebook e o meu antigo celular estavam na minha escrivaninha, os livros na prateleira, minha cama arrumada. Nada tinha mudado.

Percebi Lauren rindo ao meu lado.

- O que foi? – Perguntei.

- Era exatamente assim que eu imaginava o seu quarto, menina dos laços. – Ela respondeu, fazendo referência aos laços que eu gostava de usar quando nos conhecemos.

Eu dei um tapa leve no seu ombro para repreendê-la, mas não pude deixar de rir também.

Eu e Lauren nos organizamos para dormir. Enquanto ela tomava banho eu arrumei a cama e procurei uma roupa para dormir. Percebi em uma olhada rápida que as coisas que eu havia levado para West Palm já haviam sido trazidas pelos meus avós. E isso incluía a minha foto com Lauren, que havia sido colocada no porta-retrato em cima da escrivaninha.

Assim que Lauren saiu do banheiro foi a minha vez de tomar banho. Eu deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, levando tudo de ruim que havia acontecido nos últimos meses. Minha mudança para West Palm, o acidente. Tudo isso era passado. Agora eu devia pensar no meu futuro. No meu futuro em Nova York. No meu futuro com Lauren.

Eu saí do banheiro e encontrei Lauren olhando minha prateleira de livros.

- Não é tão grande quanto a sua. – Eu comentei, chamando sua atenção.

- Mas é ótima também. – Ela disse. – E você ainda tem muito tempo para melhorá-la.

- Quem sabe. – Eu disse. – Eu tenho uma especialista para me ajudar.

Eu me virei para a minha cama, mas Lauren me chamou:

- Eu tenho uma coisa para te entregar antes de nós deitarmos. – Ela se aproximou de mim e estendeu sua mão. Minha aliança estava ali. – Eles entregaram os seus pertences para os seus pais depois do acidente. Sua mãe me entregou a aliança pouco depois. Na primeira conversa civilizada que nós tivemos. Eu a guardei comigo para te entregar quando você acordasse. É sua, meu amor. É o sinal de que eu te amo acima de todas as coisas. E de que eu sempre vou estar do seu lado, mesmo quando eu estiver longe.

Ela devolveu a aliança para o meu dedo e beijou minha mão, antes de selar nossos lábios de forma delicada.

- Eu te amo. – Eu disse a abraçando.

- Eu também te amo.

Nós duas nos deitamos e Lauren me puxou para perto, entrelaçando as nossas pernas e me abraçando, de modo que minha cabeça se encaixasse na curva do seu pescoço.

- É tão bom estar aqui com você. – Eu comentei.

- É maravilhoso. – Lauren devolveu, beijando o topo da minha cabeça.

Nós ficamos algum tempo em silêncio, até que Lauren o quebrou:

- Eu estou tão orgulhosa de você. – Ela disse. – Você vai realizar todos os seus sonhos, Camz.

Eu suspirei, sabendo onde ela queria chegar.

- Esse é aquele momento em que nós temos uma conversa sobre o futuro, não é? – Perguntei.

Eu percebi que Lauren também suspirou ao meu lado.

- Sim. – Ela respondeu. – Mas, muita coisa mudou desde que nós conversamos sobre isso pela última vez, Camila. Eu mudei. Você mudou. Tudo isso que nós passamos nos mudou de uma forma profunda. Eu não penso mais como antes. Eu sei que nós duas vamos resolver tudo da melhor forma possível. Sabe, eu estava pensando e, talvez me mudar para Nova York não seja uma má...

- Não! – Eu a interrompi, me sentando e colocando meu dedo sobre seus lábios. – Não termine essa frase!

- Por que não? – Lauren me perguntou indignada, se sentando também.

Eu precisava olhar para ela para ter essa conversa, então acendi a luz do abajur ao lado da minha cama. A luz baixa ajudou que eu visse o rosto da minha namorada. E eu me expliquei:

- Você mesma disse, Lauren. Tudo o que nós passamos nos mudou de uma forma profunda. E me fez perceber algumas coisas. Lauren você desistiu de praticamente tudo para poder cuidar de mim. Você arriscou perder o seu emprego para ficar comigo. Isso poderia mesmo ter acontecido se a Moralez não tivesse feito vista grossa para o que ela descobriu. Você sabe disso tanto quanto eu. – Eu me aproximei dela e segurei seu rosto entre as minhas mãos, para poder olhá-la no fundo dos olhos. – Eu te amo. Eu sei que você me ama também. Você sacrificou muitas coisas nos últimos meses. Eu percebi isso. Não foi preciso ninguém me falar. Você praticamente morava no hospital, Lauren. Você deixou de comer e de dormir. Você só saía de lá quando as pessoas te expulsavam. Você fez o seu sacrifício para cuidar de mim. Para ficar perto de mim. Está na hora de eu fazer o meu sacrifício por você.

- Como assim? – Ela perguntou.

Se eu queria Lauren comigo em Nova York? É óbvio que eu queria. Depois de tudo o que nós passamos tudo o que eu queria era ficar perto dela. Não sair do seu lado jamais. Mas eu não podia, simplesmente não podia, pedir para ela desistir de tudo e se mudar comigo.

- Lauren você tem uma vida em Miami. Você tem um bom emprego, estável. Você tem um apartamento que é SEU. Seus amigos moram aqui. Sua família mora aqui. – Eu expliquei. – Você precisa ficar aqui. Eu não posso ser egoísta e pedir para você ir comigo, sabendo que você vai ser infeliz lá. Nós duas sabemos que não importa o quão feliz você esteja comigo lá, você sempre vai querer estar aqui. Você sempre vai se preocupar com os seus pais, com os seus irmãos. Você vai se preocupar com a Olivia e com os seus amigos. Sem contar no seu emprego. Você ama dar aula e sei que adora a Miami High, as amigas que você fez lá. Eu não posso te pedir para começar de novo em um lugar desconhecido. Por mais que eu queira você comigo. Eu sei que o seu lugar é aqui, em Miami.

- E se eu não me importar com nada disso? – Lauren perguntou.

- Eu me importo. Eu me importo se você não estiver feliz. Não existe nenhuma maneira de eu conseguir realizar o meu sonho plenamente se eu olhar para o lado e te ver triste.

- E como eu vou ser feliz se você estiver lá? – Ela voltou a perguntar, com algumas lágrimas nos olhos que eu tratei de enxugar.

- Meu amor, eu vou estar em Nova York. Não é outro planeta. Nós vamos dar um jeito. Eu vou vir para cá nas férias. Você pode me visitar nos feriados. Nós sempre vamos dar um jeito. Sempre. Nós duas sabemos que o nosso amor é muito maior do que a distância que vai estar entre nós. Vão ser 5 anos. Eu vou voltar para fazer residência em Miami, ok? Prometo tentar de tudo para conseguir ser aceita no programa daqui. Em 5 anos eu vou estar de volta. E eu prometo, eu nunca mais vou ficar longe de você.

Eu podia ver nos olhos de Lauren que ela havia entendido o que eu disse. Ela podia ainda não ter aceitado, mas ela havia entendido. Ela sabia que eu estava certa. E logo ela começaria a aceitar o fato de que, não importa onde no mundo nós duas estivéssemos, juntas ou separadas, nós ainda seriamos uma da outra da maneira mais plena possível.

Percebendo que Lauren não iria falar mais nada eu voltei a me deitar. Dessa vez fui eu quem a abracei, fazendo com que ela descansasse a cabeça no meu peito e beijando o topo da sua cabeça. Eu sabia que ela estava chorando. Por isso eu disse, acariciando seus cabelos:

- Nós vamos ficar bem, eu prometo!

 

 

Meu primeiro final de semana em casa foi animado. No sábado, após um café da manhã regado a panquecas preparadas pela minha namorada, eu e Lauren saímos para levar Sofia para o parque. Devo dizer que o fato de Lauren ter feito o café da manhã, animou muito o meu pai para o fato dela dormir lá em casa, afinal, minha namorada podia não ser versada na arte culinária, mas fazia panquecas maravilhosas.

No domingo eu me reuni novamente com os meus amigos de West Palm, que iriam voltar à noite para a cidade. Nós passamos a tarde toda conversando, o que me ajudou a esquecer um pouco a ansiedade para a volta as aulas que aconteceria no dia seguinte.

A segunda-feira amanheceu ensolarada e, surpreendentemente, eu não estava atrasada. Felizmente não vou precisar ver a Moralez logo no primeiro dia, pensei, comemorando internamente.

A surpresa dos meus pais e de Sofia foi enorme quando me viram descer no horário certo para tomar café. E Ally seguiu pelo mesmo caminho quando estacionou o carro na frente da minha casa e me viu parada na calçada.

- Vai chover hoje. – Ela disse olhando para o céu, como se esperasse os pingos de chuva começarem a cair.

- Eu estou ansiosa. – Comentei.

- Estou vendo. Nem reclamou de eu vir mais cedo.

O caminho até a escola foi silencioso. Estar em um carro ainda me deixava um pouco tensa, obviamente. Eu me assustava com facilidade com os barulhos do trânsito. Mas ter Ally no volante era reconfortante. Minha amiga dirigiu com tranquilidade e a todo momento quando percebia o meu olhar aterrorizado buscava me acalmar.

No estacionamento da escola encontramos com Shawn, Selena e Ariana, que me esperavam com uma pequena surpresa de boas-vindas, que consistia em uma montanha de doces, que nós comemos quase de uma vez ali mesmo. Ainda era estranho para mim ter a presença de Ariana por perto, mas eu confesso que ela é mais legal do que o monstro que eu pintei nos últimos anos.

Estávamos ali conversando quando meu celular vibrou no meu bolso, anunciando uma mensagem nova da minha namorada:

 

Boa sorte, no seu primeiro dia de volta, meu amor.

 

Sorrindo, eu respondi imediatamente:

 

Boa sorte para você também, Lolo. Nos encontramos na sala. ;)

 

- Vamos entrar? – A voz de Selena me chamou de volta para a realidade. – Eu ainda quero que você corrija os meus exercícios antes da Kordei ver, Ally.

- Vamos sim. – Minha amiga concordou e todos nós seguimos na direção da entrada.

Era um pouco angustiante perceber vários olhares passando por mim enquanto nós caminhávamos, mas estar cercada pelos meus amigos me ajudava a me acalmar.

Quando nos aproximamos do portão eu pude avistar a figura já conhecida e mal-humorada do Senhor Jensen que, como sempre, vistoriava a entrada dos alunos.

Quando nos aproximamos ele me disse:

- Seja bem-vinda de volta, Senhorita Cabello. A Diretora Moralez te espera na sala dela.

O quê? Por quê? Eu nem cheguei atrasada. O que a Moralez pode querer comigo?

- Por quê? – Eu fiz a pergunta em voz alta. – Eu não estou atrasada. Ainda está super cedo.

Eu mostrei o relógio para ele para comprovar o que dizia.

- Ela não disse sobre o que quer conversar. – O homem respondeu. – Só me pediu para avisá-la, quando chegasse, de que sua primeira parada deve ser na sala dela.

Me despedindo dos meus amigos, que me olhavam tão confusos quanto eu, segui na direção da sala da diretora.

Chegando na porta, que estava fechada, eu bati suavemente. Com medo do que a mulher poderia falar para mim.

- Pode entrar. – Ouvi a autorização e abri a porta lentamente colocando minha cabeça para dentro. – Ah, Camila! Que bom te ver. Pode entrar.

Eu entrei timidamente a cumprimentando.

- Sente-se. – Ela me apontou a cadeira à sua frente e eu me sentei imediatamente. – Imagino que você esteja se perguntando o porquê de ter sido chamada aqui. – Eu assenti com a cabeça. – Nós duas precisamos conversar sobre a sua situação e da Lauren. – Eu a olhei assustada. – Não precisa se preocupar. Eu não vou denunciá-la ou nada do tipo. Como eu falei para a própria Lauren você agora é maior de idade e tecnicamente o namoro de vocês não configura um crime. Mas eu tenho o dever um tanto chato de pedi-las para tomarem cuidado aqui dentro da escola e não perderem de vista a relação extremamente profissional que vocês devem manter aqui dentro. Eu não quero ter que interferir na relação pessoal de vocês, então eu peço gentilmente que ela não atravesse o campo profissional. Estamos entendidas?

- Sim, diretora. – Eu respondi. – Pode deixar que nós não iremos misturar as coisas.

- Ótimo. – A mulher a minha frente sorriu genuinamente, enquanto ouvíamos o sinal do início das aulas tocar. – Você pode ir para sua sala. Eu não quero que você se atrase no seu primeiro dia. Seja bem-vinda de volta.

Eu deixei a sala e segui rapidamente para a aula de Normani. Mesmo andando rápido eu acabei chegando depois da morena que, como sempre, foi super pontual ao entrar na sala.

- Licença. – Eu disse para ela, que ainda não havia começado a aula, mas conversava com alguns alunos sobre a lição de casa que havia passado.

- Pode entrar, Senhorita Cabello. – Ela disse sorrindo discretamente. – E seja bem-vinda de volta.

A aula de Normani seguiu seu curso habitual, mas eu me sentia muito mais perdida do que antes. Até mesmo para uma aula de Matemática. Obviamente ficar dois meses fora de uma sala de aula estava fazendo falta para que eu entendesse a matéria.

- Ally! – Eu cochichei para a minha amiga, enquanto o resto da turma resolvia os novos exercícios. Quando minha amiga me olhou eu disse: - Acho que eu vou precisar de umas aulas particulares. Eu estou muito atrasada.

- Relaxa, Mila. – Minha amiga disse. – Nós podemos nos revezar para ir na sua casa a tarde e te dar umas aulas. Cada um na matéria que domina mais para você não sair perdendo.

Eu sorri para ela, agradecendo. E continuei tentando entender aquela quantia de números que não fazia sentido nenhum para mim.

Foi um alívio quando o sinal tocou e eu finalmente sai dali, seguindo para a aula de Literatura que sem dúvida é muito mais a minha praia.

- Sua cabeça está doendo? – Ariana perguntou preocupada, ao perceber minhas caretas.

Eu sorri com a preocupação dela.

- Só o normal de uma aula de Matemática. – Eu respondi. – Nada com o que se preocupar.

Nós chegamos na sala de Literatura, já tão conhecida por mim. Mas dessa vez Lauren nos esperava conversando com Keana, as duas sentadas atrás da mesa dos professores.

Eu segui imediatamente para a minha carteira, junto com os meus amigos. E quando me sentei percebi o sorriso discreto de Lauren na minha direção e a cumprimentei.

- Eu não sabia que a Senhorita Jauregui também voltaria hoje. – Ariana comentou, surpresa.

A surpresa da minha nova amiga foi compartilhada pela maioria dos alunos da turma, à medida que iam chegando para a aula e encontravam a morena ali.

Eu quase pulei no pescoço da prima de Selena quando ela parou para conversar com Lauren, na mesa dos professores. Pelo que Ally me contara ela não ia muito com a cara de Keana, pois a outra nunca deu muita atenção para ela. Não como Lauren fazia. E era óbvio que ela gostaria de ter minha namorada de volta como professora. Eu tinha esquecido o quanto essa garota era irritante. E não pude deixar de fulminar Lauren com o olhar quando a girafa finalmente se sentou em sua carteira.

- Bom dia, pessoal! – Foi Keana quem começou a aula, quando viu que todos já estavam acomodados. – Como vocês podem ver, a partir de hoje nós teremos novamente a presença da Senhorita Jauregui nas nossas aulas. Até o final do ano nós duas iremos conduzir a disciplina de Literatura Inglesa e iremos manter as leituras já programadas. A Diretora Moralez achou melhor que nós duas déssemos aula juntas, para que vocês não sofram com outra mudança de professores a apenas dois meses da formatura, e a poucas semanas das provas semestrais.

Lauren se levantou sorrindo. O que a maioria da turma estranhou, já que quase nunca ela sorria assim na sala de aula.

- Acreditem em mim quando eu digo que estou muito feliz em estar de volta. – Ela disse. – E pelo que eu soube, eu não sou a única pessoa voltando às aulas no dia de hoje. – Ela olhou para mim. – Seja bem-vinda de volta, Senhorita Cabello. Espero que seu retorno seja tão satisfatório quanto o meu.  – Eu confirmei com a cabeça e ela logo voltou sua atenção para o resto da turma. – A Senhorita Issartel me informou das leituras que vocês fizeram na minha ausência e das discussões que foram conduzidas a partir delas. Nós iremos continuar, como ela disse, com este mesmo planejamento, que consiste na entrega de um trabalho escrito sobre o gênero fantástico na literatura inglesa contemporânea, que vocês entregarão nas próximas semanas. E também uma prova escrita no final do semestre, como a escola nos exige. Eu devo avisá-los que, como a Senhorita Issartel os acompanhou em grande parte das discussões do semestre, ela será a responsável pela elaboração da prova escrita. – Pude ouvir o suspiro de alívio da maioria dos meus colegas, e o meu próprio, afinal, todos sabíamos da fama de Lauren e de suas provas. Minha namorada também percebeu isso: - Não se animem, por favor. O nosso método de avaliação pode ser diferente em sala de aula, mas as provas escritas da Senhorita Issartel têm o mesmo grau de dificuldade que as minhas. – Lauren sorriu diabolicamente e eu percebi, com um pouco de temor, que a velha Lauren estava de volta. – Eu espero que vocês aproveitem a prova. E lembrem-se sempre que eu também sou responsável pela correção.

- Definitivamente eu vou precisar de aulas extras. – Falei para Ally, que concordou comigo.

As duas professoras retomaram o assunto das aulas, que por sorte era a série As Crônicas de Nárnia, livros que eu já havia lido e relido diversas vezes. O que me impediu de ficar mais perdida do que eu já estava.

Era interessante ver o contraste de Lauren e Keana dando aula juntas. Lauren era séria e amedrontava um pouco os alunos. Já Keana tinha sempre uma tirada espirituosa sobre alguma passagem do livro. Mas de alguma forma os comentários das duas sempre se encaixavam perfeitamente e a aula ficava muito mais interessante.

Eu também podia ver o quanto Lauren, mesmo com aquela máscara séria que ela vestia dentro da escola, estava feliz em estar de volta, fazendo aquilo que ela amava. E isso também me fazia feliz. Não poderia ser diferente.

Quando o sinal do final da aula tocou e nós nos levantamos para sair da sala eu percebi que Sarah havia se aproximado novamente de Lauren. Isso não vai prestar, meu subconsciente me avisou.

Quando nos aproximamos delas eu ouvi a mais alta falando:

- Como eu disse antes é muito bom ter a senhorita novamente nos dando aula, Senhorita Jauregui. – Eu vi Keana revirando os olhos ao lado das duas. – Parece que tudo fica mais claro na minha cabeça quando é a Senhorita quem explica.

Meu sangue ferveu e eu podia até me sentir ficando vermelha de raiva. Me irritou ainda mais o fato de que Lauren sorriu para ela. Antes que minha namorada pudesse responder, no entanto, Keana se intrometeu na conversa:

- Acho que o que a Senhorita Gomez está tentando dizer é que ela sentiu falta dos seus olhos verdes, Jauregui. Os meus castanhos não possuem o mesmo poder hipnótico que os seus. Eu só não entendi no que isso reflete a qualidade do ensino, mas para a Senhorita Gomez parece fazer sentido.

Eu já disse que eu amo essa característica da Keana de dizer as verdades na cara das pessoas? Se eu não disse foi um erro meu. Eu amo essa característica em específico da minha concunhada.

Sarah ficou vermelha no mesmo momento e meus amigos não conseguiram segurar a risada, fazendo com que a prima de Selena saísse dali sem nem olhar para os lados.

Nós passamos em frente à mesa dos professores e, ignorando Lauren completamente, eu pisquei discretamente para Keana que sorriu para mim.

Aproveitando que Shawn, Selena e Ariana ainda não haviam se recuperado o suficiente da crise de risos que haviam tido eu falei para Ally:

- Eu ainda não acredito que houve uma época na minha vida que eu não gostava da Keana. Ela é maravilhosa!

Ally concordou comigo ainda rindo e nós seguimos para a nossa próxima aula.

 

 

 

A minha primeira semana de volta às aulas foi extremamente corrida. Eu estava mais atrasada do que pensava na maioria das disciplinas e assim, desde segunda-feira meus amigos estavam se revezando para me dar algumas aulas particulares. Ally era responsável por Matemática, Física e Literatura Inglesa. Shawn por Inglês, Artes Visuais e Educação Física (a parte teórica obviamente, já que na prática eu era um completo desastre). Selena por História, Geografia, Espanhol e Estudos Sociológicos. E Ariana me ensinava Francês, Química e Biologia.

Entre as aulas extras à tarde, as sessões de fisioterapia que aconteciam as terças e quartas, e uma consulta com Erika, que Lauren e meus pais insistiram que eu tivesse ao perceberem meu recém-adquirido pânico de carros, minha semana passou voando. Quando vi a sexta-feira já havia chegado e com ela, a já tradicional folga de Lauren.

- Hoje à tarde a Ally vai vir aqui para me dar aula. – Eu avisava para Lauren, enquanto descia as escadas para tomar café da manhã, com o celular na mão.

- Eu posso ficar aí com vocês. – Ela dizia enquanto provavelmente fazia seu café, já que eu ouvia alguns barulhos de portas de armário e geladeira sendo fechadas. – Se não for te atrapalhar é claro.

- Você nunca atrapalha. – Eu respondi. – Vai ser ótimo ficar um pouquinho com você. Mesmo que eu tenha que estudar.

A agitação da minha rotina e da rotina de Lauren também impedia que nós duas ficássemos muito tempo juntas durante a semana, apesar de agora a presença dela na minha casa ser totalmente liberada. Sendo assim nosso maior contato continuava sendo por telefone.

- Sem telefone na mesa. – Minha mãe avisou quando eu me sentei com eles.

- Amor, eu vou precisar desligar. – Avisei.

- Eu ouvi sua mãe. – Ela disse rindo. – Nos vemos a tarde. Eu estou com saudade.

- Eu também estou. – Respondi. – Amo você.

- Eu também te amo. – Ela respondeu antes de desligar.

O tempo parecia estar de palhaçada comigo. Voou a semana toda, mas hoje, porque eu estava completamente ansiosa para ver Lauren ele parecia andar como uma tartaruga. Demorou séculos para que finalmente ouvíssemos o último sinal do dia, que sinalizava que estávamos livres para ir embora.

Eu e Ally seguimos para a minha casa, depois de passar na casa de Ariana, e eu juro, o intervalo de tempo entre eu e Ally entrarmos em casa e eu finalmente ouvir o carro de Lauren estacionando, pareceu muito mais longo do que os dez minutos que realmente se passaram.

Antes que Lauren pudesse tocar a campainha eu abri a porta e pulei no seu colo. Ela devolveu o movimento me abraçando e tomando meus lábios de forma apressada.

- Eu senti sua falta. – Eu disse quando nos afastamos e eu cheirei seus cabelos.

- Eu também. – Ela respondeu.

- Ei casal, eu ainda estou aqui. – Ally chamou nossa atenção, fazendo com que nós ríssemos e nos separássemos.

- Boa tarde, Ally. – Lauren disse abraçando nossa amiga.

Nós três almoçamos juntas, conversando animadas. E logo depois eu e Ally nos reunimos na sala para estudar, enquanto Lauren, sentada no sofá, se entretinha com alguns dos seus adorados livros.

Ally preferiu começar com Matemática, sua especialidade. Nós duas fizemos alguns exercícios e ela foi me corrigindo e tirando algumas dúvidas. O mesmo aconteceu com a matéria de Física. Com a diferença de que minha amiga precisou me explicar essa desde o começo. Ao contrário de Normani que me ajudava muito a entender o porquê de todas aquelas contas, o Senhor Coleman acabava era me confundindo mais ainda com suas explicações fajutas.

Quando eu finalmente terminei o exercício que Ally havia me mostrado eu falei, animada por finalmente poder estudar um assunto de que gostava:

- Agora Literatura.

Ally olhou aterrorizada para Lauren, que nos olhava com uma de suas sobrancelhas levantada.

- Eu não vou te ensinar Literatura com ela me olhando. – Ally finalmente disse, apontando para minha namorada, que não conseguiu manter a expressão séria e acabou rindo.

- Eu prometo não interferir em nada. – Lauren disse. – Vou ficar aqui, bem quietinha.

- Por favor, Ally. Eu preciso aprender a matéria. – Eu implorei, fazendo minha melhor cara de gato do Shrek para a minha amiga.

- Sua namorada não pode te ensinar? – Ally perguntou.

- Acredite, eu me ofereci, mas ela recusou. – Lauren lembrou.

- Eu me distraio muito rápido quando você está ensinando. Eu ainda consigo me concentrar quando tem mais gente por perto, mas só nós duas... não daria certo. – Eu tinha certeza que eu tinha ficado vermelha ao falar isso, porque Lauren me lançou um olhar malicioso e Ally falou:

- Definitivamente eu não preciso saber disso.

Ally se esforçou bastante para se concentrar e me ensinar a matéria que Keana havia passado para eles. Mais de uma vez eu vi Lauren desviar seu olhar do livro e tentar falar alguma coisa, mas a baixinha a mandava ficar quieta. Minha namorada não tinha jeito mesmo. Se tratando de Literatura ela sempre iria querer dar sua opinião.

Já passava das cinco da tarde quando meus pais e Sofia chegaram em casa. Eu e Ally já havíamos parado de estudar e conversávamos ali mesmo na sala. Minha amiga sentada no tapete e eu e Lauren dividindo o sofá, abraçadas.

- Está tudo certo por aqui? – Meu pai perguntou depois de ter cumprimentado todo mundo.

- Está sim. – Eu respondi.

- Ally, hija, seus pais vêm jantar aqui, então você já pode ficar direto. – Minha mãe avisou. – Se quiser tomar um banho e trocar esse uniforme da escola, fique à vontade. Acho que ainda tem alguma roupa sua no guarda-roupa da Camila. – Eu e Ally sempre mantivemos roupas uma na casa da outra, era um hábito que tínhamos desde pequenas. Dona Sinu continuou: - Ligue para o Niall também. Vai ser um prazer receber ele no jantar.

Várias vezes durante a semana eu parava para analisar os meus pais e me perguntava se não estava sonhando com esse novo comportamento dos dois, tão receptivos com coisas que antes eles abominariam. Eles haviam realmente mudado. E eu estava feliz demais com isso.

Quando Ally subiu para o meu quarto, falando que ligaria para o namorado, meu pai disse para Lauren:

- Ligue para os seus pais também, Lauren. Eles serão bem-vindos para o jantar.

Minha namorada pareceu um pouco tímida:

- Vocês têm certeza? Hoje é sexta-feira. Com certeza a Keana está na casa deles com a Taylor. Isso se o Chris e a Alice não estiverem por lá também.

- Isso seria ótimo. – Minha mãe apontou. – Chame seus irmãos e suas cunhadas também.

- Nós estamos comemorando alguma coisa? – Eu perguntei confusa.

- É claro que sim. – Meu pai respondeu. – Sua volta para casa.

- Eu achei que nós tínhamos comemorado isso semana passada. – Eu disse.

- Nunca é demais comemorarmos a vida, hija. – Seu Alejandro comentou. – E, além do mais, não são necessários muitos motivos quando queremos reunir a família.

Com esse argumento meu pai conseguiu convencer Lauren que não seria uma má ideia chamar todo mundo para jantar aqui. Ela ligou para sua mãe e eu me encarreguei de garantir que Alice e Chris viriam também, já que não tínhamos certeza se eles estavam realmente na casa dos Jauregui.

Depois de conseguir falar com o meu cunhado eu mesma subi para tomar um banho e me preparar para receber as visitas.

Foi um banho rápido e logo eu já estava de volta ao andar de baixo da casa.

Encontrei minha mãe tentando ensinar Lauren a fazer um típico Arroz Con Pollo cubano, enquanto Ally, que já conhecia os processos básicos da receita ajudava as duas. Minha namorada, também de origem cubana, já conhecia o prato, mas nunca havia tentado fazer. E devo dizer que as três estavam se dando bem demais na cozinha.

Enquanto isso meu pai e Sofia estavam encarregados de arrumar a mesa, mas estavam era fazendo uma grande festa para colocar todos os pratos e copos na mesa.

Novamente parecia um sonho estar vivendo aquele momento. E quando eu encontrei o olhar de Lauren eu percebi que minha namorada pensava o mesmo que eu.

Nossa atenção foi chamada pela campainha tocando e eu me manifestei:

- Deixa que eu atendo!

Me aproximei da porta e a abri, encontrando meus sogros, Taylor e Keana.

- Camila, hija. Tudo bem? – Clara disse, me abraçando.

- Está tudo bem. – Eu respondi. – Entrem.

Cumprimentei Mike e as meninas.

- Nós resolvemos vir um pouco mais cedo. – Minha sogra explicou. – Não achei justo deixar sua mãe cozinhando sozinha.

- Relaxa, Clara. Ela arranjou uma boa ajudante. – Eu disse divertida.

- Se você me disser que é a Lauren... – Keana começou, mas nossos olhares se encontraram e ela entendeu, caindo na risada logo depois.

- Essa eu preciso ver com os meus próprios olhos. – Taylor comentou.

Assim terminamos todos na cozinha. Taylor deu um jeito de fotografar Lauren cozinhando e mandar para Chris, assim, quando o rapaz e a namorada chegaram junto com Niall, as piadas já estavam prontas. O que irritou profundamente a morena de olhos verdes.

Os pais de Ally se juntaram a nós alguns minutos depois e a festa estava mais uma vez armada.

Quando nos sentamos para jantar a conversa se voltou para a faculdade.

- Nós podemos ir para Nova York durante o verão. – Ally disse. – Ver o apartamento e resolver tudo por lá.

- Será ótimo se vocês puderem resolver tudo isso antes. – Minha mãe devolveu. – Assim quando vocês começarem as aulas não terão mais com o que se preocupar.

- Vocês não vão ficar nos dormitórios da universidade? – Clara perguntou.

- Como nós duas recebemos bolsa integral e não vamos precisar pagar as mensalidades nós achamos melhor alugar um apartamento em Nova York para nós duas. – Eu expliquei. – E já que nós planejamos voltar para Miami depois da faculdade alugar um lugar para nós é a saída mais viável.

- Você vai voltar para cá? – Mike perguntou.

- Se eu for aceita no programa de residência cirúrgica do Hospital de Miami. – Eu disse timidamente.

- E é claro que você vai. – Meu sogro devolveu.

- PAI! – Lauren ralhou com o pai.

- O quê? – Mike disse, se fingindo de inocente. – Nós vamos fingir que não sou eu quem escolho quem entra no programa?

Todos na mesa caíram na risada com a tentativa de falsa inocência do meu sogro. Alice disse:

- É Keana, não adianta nem tentar. O posto de nora favorita do Dr. Jauregui já está ocupado.

- Uma advogada e uma pobre professora não têm nem chance perto da nora médica. – Keana entrou na brincadeira, causando outra crise de risos em todos.

- Isso é mentira. – O homem se defendeu. – Eu amo todas as minhas noras. E tenho orgulho de vocês três. Meus filhos sabem escolher muito bem.

- Vou fingir que acredito, sogrinho. – Alice cutucou.

- Mas eu disse a verdade. – Mike fez uma carinha perdida que chegou até a dar pena e fez com que todos rissem ainda mais.

- Então, Camila – Chris se manifestou – eu vou ajudar meu pai porque eu sei que ele está coçando para perguntar. Você já tem uma especialidade em vista?

- Nós vamos mesmo falar de medicina no meio do jantar? – Lauren perguntou. Eu sabia que ela não gostava do assunto.

- Deixa a menina responder, Lauren? – Mike perguntou, não escondendo a ansiedade.

- Bom, eu ainda não decidi. – Eu admiti, sabendo que decepcionaria meu sogro com a minha resposta. – Eu sempre pensei muito em pediatria, mas, depois do acidente, eu confesso que me fascinaria estudar um pouco mais sobre o cérebro.

Clara sorriu para mim orgulhosa e falou para o marido, de forma debochada:

- Eu te disse. Ela vai vir para o meu lado.

- É nada. – Ele revidou. – Eu ainda tenho tempo de convencê-la a vir para a cardiologia.

- Olha só, Alice! Ela pode dizer o que quiser que ele continua babando ovo para ela. – Keana disse de forma divertida.

- E agora ainda levou a sogra para o lado dela também. – Alice devolveu. – Perdemos de vez, Kea.

O jantar prosseguiu assim. Cheio de conversas e brincadeiras. E mesmo depois que terminamos a sobremesa, continuamos ali, conversando.

Se eu estava vivendo um sonho era, com certeza, o melhor sonho da minha vida.

Eu senti a mão de Lauren na minha perna e a olhei.

- Está tudo bem? – Ela perguntou.

- Está tudo ótimo. – Eu disse. – Eu estou tão feliz.

- Eu também estou. – Ela aproximou sua cabeça da minha. – Parece um sonho, não é? – Eu concordei com a cabeça. – É o melhor sonho da minha vida.

Lauren refletiu aquilo que eu pensava.

Minha única resposta foi colar nossos lábios.

Nada mais precisava ser dito.


Notas Finais


Espero que vocês tenham gostado pessoal!!!
Eu gostei muito de escrever esse capítulo!! Como eu disse agora só faltam mais dois capítulos para encerrar a história!!! Espero que vocês gostem do que está por vir.
Não vou conseguir escrever o próximo capítulo para amanhã, seria loucura prometer isso sabendo que não vou cumprir, mas vou fazer de tudo para postar ele no próximo final de semana!!!!
Bjão


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