História You're so dark, babe - New neighbor

“O único paraíso para onde vou ser enviado

Vai ser quando eu estiver sozinho com você

Posso ter nascido doente, mas adoro isso

Me ordene sarar

Amém.”

A gente sempre espera que a vida nos surpreenda de alguma maneira. Acordamos todos os dias para nossas rotinas estressantes com a esperança de que naquele dia algo bom irá acontecer. Achar dinheiro na rua, sua banda preferida anunciar show na sua cidade, sua mãe cozinhar sua comida favorita ou aquele professor adiar a prova mais difícil do semestre. Ás vezes essas pequenas doses de felicidade podem vir também em forma humana.

A minha se chamava Min Yoongi.

Abri meu armário e peguei a blusa mais quente e aconchegante que encontrei, fazia frio em Seul e eu desejava mais que tudo poder fingir uma forte virose e ficar deitado na cama o dia todo, recebendo os cuidados (exagerados) da minha mãe, mas eu não fazia isso há anos e seria ridículo um rapaz da minha idade faltar aula por um sentimento fortíssimo chamado preguiça.

Desci as escadas rapidamente, encontrando minha família toda já sentada a mesa.

- Annyŏn haseyo! – eu disse abrindo um sorriso meigo, como fazia toda manhã. Todos me responderam com um bom dia forte e uníssono.

Eu definitivamente não podia reclamar da minha família. Nós éramos em cinco. Mamãe era atenciosa, carinhosa e compreensiva. Fazia de tudo pela gente, o que não é estranho vindo de uma mãe. Mas a nossa era diferente, ah se era... Antes de ser uma boa mãe, ela era uma ótima pessoa.

Papai sempre concentrado nos jornais que lia toda manhã. Nunca o vi trocar um domingo de passeio por um dia de trabalho. Atrás da cara fechada, guardava um coração imenso.

Hoseok é o palhaço da família. Dois anos mais velho que eu, mas por Deus, juro que em certas ocasiões eu – com minha dose maior de juízo – tinha vontade de soca-lo! Apesar de tudo, ele cuidava muito bem de nós.

Hyuna era fechada. Na dela. Misteriosa. Era durona, não dava mole pros meninos do colégio. Minha irmã gêmea e completamente o oposto de mim. Até hoje não sei como dividimos a mesma barriga por 9 meses.

E por fim eu, Taehyung, 17 anos, corpo atlético – Ok, não. – e terminando o terceiro ano do colegial. Assumido aos 15. Não despejado de casa. Ok, para muitos eu já teria zerado a vida com isso.

- Ei, vocês dois, podem se apressar por gentileza? Gostaria de chegar na faculdade ainda hoje. – Hoseok estava plantado ao lado do carro com as chaves na mão. – Será possível que justo nisso vocês tem que se parecer?

Peguei a mochila correndo, dei um beijo na minha mãe e outro no meu pai, minha irmã seguia atrás de mim fazendo o mesmo. Abri um dos meus cadernos enquanto saia pela porta a caminho do carro. Hyuna passou feito um foguete por mim, e eu, distraído, observando os horários de aula.

- Passo amanhã acertar o aluguel, boa mudança para vocês! – ouvi uma voz masculina gritar de longe. Ergui a cabeça a procurei atentamente de onde ela vinha. Um homem de aparentemente 40 anos abria a porta de um carro e nele mesmo entrava, se despedindo de alguém. Meus olhos percorreram mais uma vez, agora indo á porta da casa ao lado, onde um casal acenava para o carro, que já estava um pouco distante. No meio dessas duas distâncias – rua e casa – vinha um garoto com uma caixa, aparentemente pesada, não mãos. Ele aparentava ser um pouco mais baixo que eu, tinha cabelos vermelhos feito fogo, usava um jeans preto rasgado nos joelhos e uma camiseta qualquer que não consegui obter detalhes. Sua pele era branca feito leite. Analisei isso em segundos e numa fração de tempo seus olhos encontraram os meus.

- KIM TAEHYUNG, APRESSA ESSE PASSO MENINO! – Minha irmã gritou da janela do carro, e meu transe foi cortado ao meio. Acelerei o passo, abri a porta e sentei no banco do carona, ao lado de meu irmão, que já dava partida no carro. Enquanto o mesmo ainda não tinha saído do lugar, continuei a observar. Nesse momento minha mãe já estava na porta de casa conversando com a mulher que havia visto segundos antes, provavelmente dando boas vindas.

- Vizinhos novos? Finalmente alugaram essa casa. – Hoseok disse, despreocupado. – Mamãe vai ter uma amiga nova, pelo visto – ele abriu um breve sorriso e o carro saiu do lugar, me fazendo encarar a frente novamente.

Eu não sei qual será minha dose de felicidade hoje, ou se ela se quer vai existir. Mas caso ela já tenha acontecido e seja esse garoto bonito virando meu vizinho, estou contente pelo mês inteiro.