História You're what I need - I don't deserve this!

P.O.V Charlotte

Entro em casa e subo direto para o quarto, escuto os protestos de May, mas a ignoro. Entro no quarto e me tranco no mesmo.

Tiro minhas roupas e entro no box, sinto a água em contato com minha pele e me arrepio com a sensação. Ao sair me olho no espelho e ainda é visível a marca em meu pescoço, ela está meio esverdeada e só de pensar nela sinto vergonha de me olhar ali no espelho. Coloco um pijama e vou direto para a cama.

Estou sem fome e mesmo que estivesse não conseguiria engolir nada. Me cubro e deito olhando para o teto, e ao repensar os acontecimentos do dia, adormeço. 

(...)

Acordo com batidas incessantes na pora, custo a abrir os olhos, e quando os abro já os reviro. Saio relutante do calor das cobertas e visto minha pantufa, caminho até a porta e a destranco, vendo minha tia devidamente arrumada,  ela me olha com pesar, olho pra suas mãos e lá há uma bandeja com muitas coisas, não consigo comer tudo isso nem em um dia inteiro! Dou-lhe espaço para passar e ela entra, em silêncio:

- bom dia Lottie - ela diz e deixa a bandeja sobre minha escrivaninha - está tudo bem com você querida? Você chegou mais tarde que o normal ontem...Não falou nada, subiu e se trancou no quarto...o que aconteceu? É alguma de suas crises de novo? - olho para meus pés, não estava nem um pouco afim de ouvir sermão.

- tia, eu só queria ficar sozinha, okay? E...eu estava com Harry - ela franze o cenho e já sei o que sua cabecinha deveria estar pensando - e sua irmã...Nós passamos a tarde juntos, foi só isso! - tento dizer de forma tranquilizadora. 

- você não está mentindo para mim, está Charlotte? - ela diz um pouco mais séria e nego com a cabeça - eu fico muito preocupada quando você age assim...

- você não deveria tia...eu só quero o meu espaço, só isso - eu digo e ela suspira.

- só quero que você saiba que eu vou estar aqui para o que quiser falar comigo, tudo bem? - eu assinto e ela me dá um beijo na bochecha - agora se arruma ou vai se atrasar para a aula -ela diz e fecha a porta.

Eu sei que tudo o que ela faz é para meu bem ou pensando em mim, mas as vezes eu só quero ficar na minha bolha e sofrer sozinha, não é como se alguém pudesse realmente me ajudar.

Tomo um banho rápido e me visto como todos os dias: calça preta; camiseta preta e uma jaqueta jeans felpuda, calço meus all stars e antes de sair do quarto pego minha mochila e minha touca, pelo que vejo está mais frio que o normal. Desço e dou um beijo rápido em May, já que Holly e Jason ainda estão tomando café, saio e suspiro aliviada.

Estremeço com o vento gelado que entra por minha jaqueta e me abraço para me aquecer. Ando calmamente pela calçada, já que sai de casa não tão atrasada quanto pensei que estivesse, até que escuto um som de motor chegando ao meu lado, não poderia ser...

- e ai Charlotte, quer uma carona? - eu conhecia a voz, me viro e vejo Niall em um carro preto, franzi o cenho para ele.

- não, obrigada - volto a caminhar, não me importo se sooei curta e grossa.

- qual é? Eu não vou te morder...aceita vai - me viro novamente e ele encara com seus grandes olhos azuis, quase impossíveis de se resistir.

- a troco de quê está fazendo isso? - pergunto impaciente.

- sou uma alma bondosa - chacoalha os ombros se gabando, eu reviro os olhos e ele ri - e não me custa nada...vai, também não te custa nada - eoe disse e riu novamente. 

- okay - eu cedi a ele - mas só dessa vez - eu digo enquanto ele abre a porta e eu entro.

Passado alguns minutos em silêncio gritante, o loiro se pronuncia:

- você anda sumida, quase não te vejo mais na escola - ela fala casualmente.

- e por que se importa? - digo ríspida.

- sei lá, eu gosto de conversar com você Charlotte e só me pareceu um pouco estranho - encolhe os ombros e o olho.

- conversamos o que? Duas vezes no máximo? - eu rio - você só é curioso.

- eu sou mesmo - ele ri de forma gostosa - mas gosto também de conversar com você... - ele pisca rapidamente para mim e eu rio.

- é assim que conquista as garotas? - pergunto rindo.

- geralmente funciona - nós rimos.

Ele ainda tentou tocar no assunto do Harry, mas eu não dei muita chance e o cortei algumas vezes. Nós dois não somos um assunto que eu goste muito de falar, apesar de gostar muito do Harry, mais até do que eu gostaria! Mas isso é muito complicado, porque Harry tem toda a sua vida e garotas muito melhores do que eu, sei que ele não sente o mesmo em relacao a mim, e isso é um fato, afinal, o que uma garota como eu, cheia de problemas e paranóias, poderia oferecer a ele?

Chegamos na escola e peço para Niall me deixar um pouco antes da entrada, não quero ninguém comentando sobre como cada dia eu chego com um garoto diferente, não que eu me importe, mas o melhor é não dar assunto pra essa gente falar.

Nem sinal de Harry, ou não acordou ou está fazendo algo melhor do que perder seu tempo comigo.

Pego meu material rapidamente no armário e vejo ao longe Niall conversando com Zayn, Liam e Louis, acho que esse é seu nome, sei que ele e Harry são grandes amigos, mas nunca troquei uma única palavra com ele.

É quando sou surpreendida e meu corpo é chocado contra o armário, por um instante minha visão fica turva e eu não vejo nada além de sombras e borrões, até que a recupero e vejo longos cabelos castanhos claros e olhos azuis quase me fuzilando: Violet!

- o que pensa que está fazendo? - suas mãos apertavam meus braços e aquilo latejava, já tirando minha dor de cabeça lancinante. 

- como é...? - minha cabeça demora a processar suas inúteis palavras. 

- você é burra? Não entendeu o que eu disse? - me pressiona mais uma vez com força contra o armário - o que você pensa que está fazendo? - repete contra meu rosto.

- eu...eu estou apenas pegando meu material...

- não é isso que estou falando idiota - vocifera - está rodeando meu namorado, acha que vai conseguir o que dando em cima do Harry? - ela faka de maneira dura, o ar quente de sua boca batendo contra meu rosto.

- eu não sei do que está falando - nego mentindo, e olho cabisbaixa para seus olhos azuis enfurecidos.

- para de se fazer de sonsa garota, a escola toda já os viu juntos, quer enganar a quem? - ela diz como se estivesses realmente convencida de suas palavras, eu balanço a cabeça não acreditando no que eu ouço - você quer atenção não é? - ri sarcasticamente - alguém que goste de você, não é? - ela diz e suas amigas a acompanham nas risadas - deixa eu te falar uma coisinha - ela põe sua mão cheia de anéis e unhas grotescamente pintadas de um rosa néon e alisa minha jaqueta - ninguém aqui gosta de você realmente, todos sentem pena - ela sorri - você é como uma bactéria, algo que não deveria estar aqui...qualquer demonstração de afeto não quer dizer gostem de você - ela ri novamente - isso é uma fantasia de sua cabecinha, algo que você mesma cria...

- Violet já chega! - ela se assusta e vira-se para ver quem proferiu tais palavras, e como uma suspeita óbvia Harry apareceu bem no meio daquele monte de gente a nossa volta.

- o que Harry? Essa vagabunda tirou você de mim...

- hey, olha como fala - ele diz secamente e a olha com desprezo, como se fosse um inseto, sinto a humilhação invadindo Violet - e ela não me tirou de ninguém, eu nunca fui seu e nem de ninguém - ele diz como se fosse óbvio - e foi eu que não quis mais nada com você - ele diz apontando para si próprio - agora recolha o resto de sua dignidade, se é que a tem ainda, e saia da minha frente - Violet olha para ele boquiaberta e por um breve momento parece estar sem palavras.

- isso aqui ainda não acabou - ela aponta para mim e fala entre dentes, eka sai bufando de nariz empinado, enquanto seu salto ressoa pelo corredor, a roda de pessoas a nossa volta começa a dispersar, já que é quase dado e sinal e a qualquer momento o diretor pode aparecer. 

- você está bem? Ela te machucou? - ele se aproxima com o semblante preocupado.

- eu estou bem Harry, chega desse show, vamos para a sala - eu digo saindo dos armarios e ele me segue, estou impaciente.

- você quer mesmo ter aula agora? - ele pergunta meio sorrindo, lá vem merda...

- pra falar a verdade não! Mas temos que entrar...

- nada nos impede de sairmos agora - ele diz com um sorriso malicioso.

- vão nos pegar Harry - eu reviro os olhos.

- deixa de ser pessimista...vem - ele me puxa pelas mãos e entramos em uma pequena salinha, a mesma que Jason me encurralou uma vez. Estávamos tão perto que eu praticamente sentia todas as paryes de seu corpo quente e forte em mim, ele.sorriu assim que me viu o encarando, seus lindos olhos verdes me analisando e me deixando cada vez mais nervosa. Sua boca se aproxima lentamente da minha e em segundos eatamos numa mistura de bocas, línguas, menta e canela, eu o abraço e fico na ponta dos pés, o que acaba sendo engraçado e ele ri durante nosso beijo. Eu o afasto delicadamente e sorrio sem mostrar os dentes, ele retribui e empurra meus cabelos para trás num gesto carinhoso. Ele também estava de touca e isso o deixava ainda mais fofo, até que ele quebra toda aquela atmosfera - acho que agora a barra está limpa - ele diz e abre a porta um pouco, saindo logo em seguida tranquilamente - quando eu disser "agora" nós corremos, okay? - ele diz me olhando com o semblante sério. 

- okay - digo exitante.

Andamos normalmente pelo corredor, devido ao sinal já batido, vazio! Harry entrelaça seus dedos aos meus e os aperta:

- pronta? - ele pergunta ancioso, eu afirmo e depois nego com a cabeça, ele sorri - agora!

E então corremos.

(...)

- vamos levar uma suspensão por isso - eu digo esbaforida e rindo - no mínimo! 

- não nos viram Gardner - ele ri e entra no carro.

- vamos pensar que não - entro sorrindo - você estava com medo, não estava? Sua mão estava gelada - eu rio e ele ergue as sombrancelhas.

- era adrenalina - ele revira os olhos e liga o motor - para onde vamos? 

- você quem teve a idéia - boto as mãos em rendição e então ele acelerou.

(...)

- poderíamos fazer como em "Curtindo a vida adoidado" - ele sugeriu sorrindo - cantar "Twist and Shout" em meio a Walt Street como o Ferris, ou ir em um restaurante e firgir que somos ricos e botar a conta no nome de algum otário...o que acha? - eu gargalhei balançando a cabeça. 

- ah tá, só que aqui não é Nova York e não sou capaz de fazer nenhuma dessas loucuras que você disse - eu rio - você é maluco! Já não basta ter fugido da escola? - perguntei sorrindo de lado.

- não seria a primeira vez - ele fala, se gabando.

- você é um delinquente - ele ri e pisa fundo no acelerador - pra onde vai nos levar Styles? Está um frio do caralho aí fora - digo olhando pela janela e logo depois para ele.

- meu pai tem um chalé em Cheshire, onde morávamos antes, só vamos para lá no natal e o resto do ano fica vazio - ele encolhe os ombros.

- Cheshire é longe não é? - pergunto impaciente. 

- a 1 hora daqui - ele sorri e me dá uma olhada - estamos chegando, não se preocupe.

Um tempo depois nós realmente chegamos. O que eu imaginei que fosse um chalé pequeno e aconchegante acabou se tornando uma grande casa de madeira, cercada de árvores, aquilo era mais do que lindo, era perfeito! 

Harry estacionou e saimos do carro. Ele andava como se conhecesse o lugar muito bem, e de fato devia conhecer. Ele procurou as chaves na varanda e a achou em um vaso com flores rosas, assim que entramos Harry cuidou de acender todas as luzes, o dia estava escuro e em um clique se iluminou como se o Sol tivesse aparecido. Nós entramos e por dentro não era tão grande quanto eu imaginei, muito aconchegante, devo dizer, mas um tanto frio, até Harry acender a lareira e tudo ficar quentinho:

- venho aqui desde que eu era criança, tenho ótimas lembranças do lugar - ele diz olhando em volta.

- posso imaginar...aqui é lindo - ele sorri e me olha.

Nos aquecemos e logo depois Harry quis dar uma de chef e foi para a cozinha fazer algo para nós, o que não foi muito promissor, já que na casa não tinha quase nada. Nós comemos e ele foi me mostrar o resto da casa, e me surpreendi ao saber que tinha mais um andar, onde dois quartos se encontravam. Não sei por quê, mas eu comecei a ficar nervosa, o que eu estava pensando? Que Harry transaria comigo? Eu só poderia estar maluca!

Entranos em um dos quartos e bele havia duas camas, provavelmente era o quarto da Gemma e dele, ele sorriu assim que entrou, ele adorava o lugar. Nos sentamos em uma das camas e ficamos em silencio por alguns minutos:

- eu passei na sua casa hoje mais cedo, você não estava - ele diz calmamente e eu o olho. 

- sai um pouco mais cedo, ficar naquela casa estava me sufocando... - pauso pensando em como dizer - e Niall me deu uma carona - eu mordo o lábio e olho para o chão. 

- o Niall? Como...por que? - ele pergunta de cenho franzido.

- porque ele quis ser legal - ergo as sombrancelhas - ele quis ser legal comigo! - altero minha voz - algum problema com isso Harry?

- não, claro que não - ele responde incrédulo - eu só não entendi, vocês dois não têm...

- ninguém pode ser gentil comigo? - eu rio amargamente - como foi que ela disse? - digo tentando me lembrar - eu não deveria estar aqui? - ele parece chocado.

- eu não penso assim, sabe que não - eu me levanto e ele também. 

- por que terminou com ela Harry? Por que está aqui comigo? - sinto lágrimas brotarem em meus olhos - eu não entendo... me diz, me diz por que? Eu não tenho nada a oferecer, nada!

- Lottie...

- ela é linda - eu começo a chorar - e você também - ele para em minha frente e bota as maos em cada lado do meu rosto, eu o olho e mordo meu lábio com força, propositalmente para sentir dor - vocês têm que ficar juntos, vocês dois - ele balança a cabeça. 

- você é linda - ele diz olhando em meus olhos - ela não tem nada que você tem...

- eu não tenho nada Harry, o que você vê aqui que eu não vejo? - rio amargamente - Violet tem razão, Chloe tem razão, Holly tem razão - me desvencilho de suas mãos, mas ele me puxa para um abraço.

- elas nunca terão razão - eu balanço a cabeça - você é tudo o que elas nunca poderiam ser.

- o que? Um nada? - falo com desgosto.

- você é incrivel, não é nada superficial e tem uma personalidade forte - ele me solta de seu corpo e me olha - eu não quero que pense que é menos que isso...eu gosto de você Charlotte e vê-la sofrendo desse jeito me mata e não vou deixar ninguém fazer isso com você - ele sorri e seca com o polegar uma lágrima que escorre em minha bochecha. 

- você é um idiota - digo com a voz chorosa e ele sorri ainda mais - muito idiota - digo e ele me abraça outra vez.

A cama era pequena, mas mesmo assim nós nos deitamos, e ficamos perto demais para dizer o mínimo. Eu não estava mesmo bem, mas Harry faz, sempre, tudo ficar mais fácil. Eu realmente não entendia o que ele poderia querer comigo, mas eu não obtive respostas tão cedo.

- por que terminou com ela? - eu estava deitada em seu peito, perigosamente perto demais. 

- porque ela era idiota - ele falou como se fosse óbvio. 

- você também é - rimos - deviam ficar juntos - eu rio novamente - dois idiotas!

Eu ainda não sabia como iria contar para ele que eu estava apaixonada por ele, eu não tinha idéia de como dizer isso. Eu estava com medo, muito medo! Eu não queria e não podia perder meu único amigo.

Enquanto isso, em algum lugar nos arredores da Inglaterra:

- eu estou voltando para casa!