História Youth - Outro: Especial last year Kook

Era apenas a terceira caixa e Taehyung já estava exausto, querendo parar tudo por um chocolate quente. Ele não sabia que mudanças eram tão cansativas assim. Deveria ter perguntado aos hyungs e Kooks sobre isso.

 

Nem mesmo ouvir Hoseok cantarolando da onde ele arrumava a cozinha conseguia ser um energético para ele.

 

Quando o loiro ia finalmente se entregar a preguiça e deitar no chão, alguém bateu na porta. Visita? Eles não tinham terminado a mudança, e tinha certeza que os dois haviam prometido não contar pra ninguém ainda.

 

Mas era sua mãe e Taehyung se viu pulando e gritando de alegria, arrastando ela para dentro.

 

- Eomma!

 

A senhora Kim tentava acompanhar o filho, rindo pela atitude dele.

 

- Não importa quanto tempo passe, você continua o mesmo querido.

 

Taehyung havia se formado no colegial, finalmente recebendo permissão para morar com Hoseok. Demorou um pouco mais do que o previsto em acharem algo perto da faculdade e ter certeza que os dois dariam conta de morar sozinhos.

 

- Mas é claro! - Ele deu um sorriso orgulho. - Ah! Só que agora eu aprendi a cozinhar! Jin hyung está me ensinando para que a gente não morra de fome!

 

- Isso é ótimo!

 

- Escuto vozes! - O mais velho veio alegremente da cozinha, usando um avental e luvas combinando. - Olá, olá, olá!

 

- Hobi, querido! - A senhora Kim foi abraçar o genro. - Como está agora que finalmente eu deixei você ficar com meu bebê?

 

- Eomma!

 

- Muito mais feliz. - Respondeu com seu melhor sorriso. - Mas de alguma forma eu fico feliz que a Senhora tenha vetado essa ideia da primeira vez.

 

- Eu sei o que eu estava fazendo. Assim foi melhor para todos. - Ela colocou as mãos na cintura. - Agora quero um tour pela casa!

 

- Mas Eomma, não tem quase nada pronto ainda.

 

- Os cômodos estão feitos, Taehyungie. O que falta é vocês se desfazerem dessas caixas. E acredite em mim, demora um pouco pra isso.

 

Taehyung choramingou ao ouvir isso, ainda exausto e não tinha nem começado direito a desmontar as coisas.

 

Hoseok manteve a energia enquanto os seguia pela casa, não havia muito o que mostrar pois era um apartamento pequeno, mas a localização era ótima.

 

O quarto era relativamente grande, a sala provavelmente iria viver uma bagunça, a cozinha era estreita, mas era perfeita para duas pessoas, e no banheiro havia uma pequena banheira.

 

Pequenos confortos para pequenos apartamentos.

 

- Eu vou pedir comida. - Hoseok anunciou mexendo no celular.

 

- E vocês estão conseguindo balancear faculdade e trabalho? - A senhora Kim se ajeitou em um puff que Taehyung desembalou na hora.

 

- Não é como se não fosse cansativo, mas estamos sendo ótimos nisso!

 

A mãe dele os observava com orgulho enquanto o casal discutia o que iriam pedir. Ela sempre havia admirado como Hoseok cuidava do filho dela quando ela não podia, ajudando ele nas situações difíceis. E Taehyung parecia brilhar mais ao lado dele. Ela não poderia pedir mais nada para a felicidade deles.

 

-/-

 

Depois de dois anos trabalhando naquele restaurante, Seokjin finalmente ganhou permissão para fazer o jantar da noite. Ele estava nervoso e ansioso com isso. Uma coisa era ser auxiliar de cozinha. Outra era ser responsável pelo cardápio inteiro por seis horas.

 

Ele esperava que tudo que havia aprendido na faculdade se misturasse com a experiência como monitor da aula de economia doméstica e todas vezes que cozinhou para os amigos. Que ele não fizesse nenhum erro e todos apreciassem sua comida.

 

Jin realmente só queria uma boa noite no restaurante, aproveitar que era fim de semana e se jogar nos braços do namorado para aliviar o stress. Ele não esperava ser chamado por um cliente, torcendo mentalmente que fosse para um elogio.

 

Era sua mãe.

 

Desde sua formatura não havia visto ou falado com ela. Ele estava confuso com a aparição repentina dela e ela não parecia estar surpresa que ele era o cozinheiro. O que só apontava que ela sabia que ele trabalhava ali.

 

- Vai ficar apenas me encarando? Sente-se.

 

Ele obedeceu ela no automático, ainda atordoado e surpreso com a presença dela. Ficaram em silêncio enquanto ela apreciava a comida e tomava o vinho. Seokjin sentia a ansiedade intensificando. Ser aprovado pela mãe dele era outro patamar.

 

- Sabe, você é muito mais do que isso.

 

A expectativa dele se quebrou com isso, fazendo-o suspirar. Era óbvio que ela viria atrás dele apenas para tentar convencê-lo que ele errou e que ainda dava tempo de aceitar um convite para Oxford.

 

- Seu nível é superior desse restaurante. O que é este estabelecimento? Três estrelas? Filho meu deveria trabalhar com nota máxima.

 

- Que?!

 

Ela finalmente largou os talheres, encarando Seokjin.

 

- Eu não consigo mudar minha mente, Seokjin. Eu ainda acho que você podia ter seguido outro caminho e que seu discurso de formatura foi um tanto ofensivo, mas… Também não posso mais, como mãe, continuar negligenciando você. Mesmo que já more sozinho e tenha um emprego.

 

- Eu entendo que você desejava algo de diferente pra mim. Mas isso é o que eu sou. O que eu sempre quis ser. Você não deveria se incomodar com minha sexualidade. Isso não muda a qualidade da minha comida.

 

Ela desviou o olhar para o prato, torcendo os lábios.

 

- Eu não tenho ideia de quem você puxou esse talento na cozinha. Eu e seu pai mal conseguíamos segurar uma faca sem causar um acidente.

 

Seokjin sorriu com isso, relaxando na cadeira.

 

- Eu acho que sou uma raridade na família.

 

- Você realmente está feliz? Mesmo que esse lugar seja pequeno demais para sua comida?

 

- Sim. Eu gosto daqui. Eu gosto do meu chefe, dos meus colegas de trabalho. É próximo do apartamento e não atrapalha minhas aulas. Eu não preciso ser grande ainda.

 

Ela voltou a remexer a comida, tomar um gole do vinho. Alguns minutos passaram antes dela soltar um suspiro.

 

- Me promete que quando sentir que seu talento está sendo reprimido aqui, vai me pedir ajuda? Eu quero que tenha seu próprio negócio.

 

Seokjin engasgou com o que ouvia, não conseguindo acreditar. Mas ela estava ali, sincera e aberta. Nem se lembrava a última vez que a senhora Kim se deixou tão vulnerável assim.

 

- Eu não negaria seu apoio, Eomma. - Ela sorriu com isso.

 

Jin esperou ela terminar o jantar, o silêncio agora era confortável e ambos estavam com um sorriso pequeno no rosto. Decidiu acompanhar a mãe até a saída do restaurante, sendo surpreendido mais uma vez.

 

- E quem sabe um dia eu possa conhecer seu namorado?

 

- Claro. Quando você sentir que está pronta, a gente adoraria jantar com você.

 

- Ótimo. - A senhora Kim deu um abraço no filho antes de ir embora.

 

Seokjin não sabia se gritava ou chorava de felicidade, mas ele tinha uma cozinha para comandar e não podia. Não ainda. Ele teria muito o que contar a Namjoon aquela noite.

 

-/-

 

- Se eu estou feliz? Não, Namjoon, eu não estou. Se eu já sabia? Sim, eu sabia.

 

Namjoon não sabia o que fazer, apenas ficou passando a xícara de uma mão para outra, basicamente queimando as duas no processo.

 

- Eu queria dizer antes.

 

- Seu pai não vai aceitar. – Ela ignorou sua tentativa de pedido de desculpas. – Bom, eu estou basicamente nos Estados Unidos, você ainda tem que vir em alguma de suas férias.

 

- Eu não quero viajar sem o Jin... – Ele apertou a xícara na mão.

 

Ela suspirou.

 

- Traga o seu amigo.

 

- Não, mãe. Ele é meu namorado. – Ele encarou seu reflexo no café e não gostou do que viu. Ele não era mais uma criança.

 

- Você quer que eu diga isso ao seu pai? Ele vai bater em nós dois.

 

Ele viu uma criança assustada. A mesma criança que fingia que seu ambiente familiar era normal, conhecer Park Jimin foi a melhor coisa de sua vida, ter um quarto na casa dele, uma segunda mãe.

 

E agora um namorado, ele basicamente vivia com Jin.

 

- Me desculpe.

 

- Eu sei que você quase não volta para casa, você já quase não voltava, não com os Park do outro lado. – Ela acendeu um cigarro.

 

Namjoon escondia o cabelo colorido do pai, escondia o fato de ter um namorado. Era difícil ser livre, era mais difícil ainda viver sem a aprovação dos pais. Ele não precisava, mas ele queria.

 

- Eu não me mudei, ainda é a minha casa.

 

- É uma casa, mas nunca foi a sua casa. – Ela bateu as cinzas para dentro do copo. – Casa é onde o seu coração está.

 

O reflexo de Namjoon ficou espalhado pelo café, no líquido pequenas ondas se formavam a medida que as lágrimas caiam na bebida.

 

-/-

 

Jungkook se sentou na enorme cadeira do escritório, quando criança suas pernas não alcançavam o chão e ele gostava de brincar de girar, depois de um tempo ele passou a sentar e fazer uma pose séria, fingindo que era um grande empresário, depois ele simplesmente começou a sentar na beirada da mesa e seu pai o repreendia.

 

Seus dedos tamborilavam na madeira, ele tinha um sorriso forçado e ele sabia que seu pai não estava comprando sua falsa segurança. Era seu último ano no colégio e ultimamente eles vinham conversando bastante, mas era a primeira vez que ele iria revelar algo.

 

- Eu tenho dois namorados. – Disparou sem fazer cerimônia.

 

O pai ergueu a sobrancelha e então franziu o cenho.

 

- Você não acha um pouco injusto?

 

- Não, eu quis dizer que nós 3 somos um casal. Nós namoramos juntos. – Ele começou a apontar para tentar explicar, seu rosto estava vermelho, era horrível.

 

- Há quanto tempo?

 

- 3 anos.

 

Ele deu um longo suspiro.

 

- Você decidiu me contar agora...

 

- Eu tenho 18, estou me graduando...

 

- Você achou que nós iríamos interferir, você viu como sua mãe ficou quando Jin decidiu seguir Gastronomia e depois se expondo no discurso da formatura, e imaginou que seria pior com você e seus dois namorados.

 

- Basicamente...

 

- Quem são?

 

- Jimin.

 

- Jimin? Achei que fosse Taehyung.

 

- O que? Não! Ele é meu melhor amigo.

 

- O garoto tailandês?

 

- Bambam? Não, durou um tempo, mas... somos só amigos.

 

- Então quem é o outro?

 

- Yoongi Hyung.

 

- Hmm...

 

- Você não parece surpreso. – E ele odiava isso, não conseguia interpretar seu pai, ele estava em algum modo operando que usava no trabalho, um maldito poker face.

 

- Filho, você sabe que o jardim tem câmeras de segurança? Meu escritório? – O rosto de Jungkook teve a decência de ficar escarlate. – Eu vi muitas coisas, algumas meses depois e outras tarde demais.

 

- Eu sinto muito. – Ele abaixou a cabeça.

 

- Eu  também e eu acho que você deveria ver um psicólogo.

 

- O que!?

 

- Não... Não pela razão que você está pensando, mas por tudo. Eu te negligenciei por muito tempo e eu sei que sobrecarreguei o Jin.

 

- Isso só nos deixou mais próximos.

 

- Você passou por uma fase ruim e com quem você falou a respeito? – Jungkook deu de ombros. – Eu acho que isso afeta a sua auto estima e confiança, você cresceu, mas eu sinto que você duvida da sua capacidade, eu acho que tem a ver com os excessos desse passado que você não quer falar. Fora que... dois namorados? Kookie, você precisa falar com alguém.

 

- Por que? Eles me fazem bem, nós estamos juntos há 3 anos!

 

- Eu não disse que era um problema, é só... a pressão a sua volta, ser aceito, se encaixar, seus amigos estão seguindo as suas vidas, eu acho que você precisa conversar com alguém, com um profissional.

 

- Você tem menos orgulho de mim?

 

- Não. Não, ok? – Ele esticou a mão para segurar a do filho. – Seria bem hipócrita da minha parte, eu tenho colegas gays. Eu tenho colegas que se casaram, que adotaram, meu chefe de Hong Kong tem uma obsessão pelo Jackie Chan, eu tenho quase certeza que ele é gay...

 

- Qualquer chinês tem uma obsessão pelo Jackie Chan. – Jungkook riu, mas estava se sentindo um pouco mais leve. – Nós estamos bem então?

 

- Claro que sim, eu conheço Yoongi, eu lembro como você era obcecado com tudo que ele fazia, e ele é um bom garoto.

 

- Mas...?

 

- Jimin e Yoongi? Um dançarino e um compositor, o que você vai fazer? Nós conversamos durante esse período, achei que você quisesse seguir com Relações Internacionais.

 

- Eu quero, mas eu não quero deixar a Coréia.

 

- Você precisa expandir as asas e parar de voar baixo. Ou você acha que Jimin não vai ter a oportunidade de dançar em outros países? Yoongi pode querer seguir para o Japão.

 

- Eu não pensei nisso...

 

- Além disso, você precisa melhorar o seu inglês e levar mais a sério o Japonês.

 

- Obrigado.

 

- Vá estudar, converse com eles e lembre-se, relacionamentos não acabam pela distância, mas pela insegurança. Me ligue quando você quiser marcar uma consulta com a psicóloga, eu acho que vai te fazer bem.

 

Jungkook assentiu e deixou o escritório.

 

-/-

 

Em algum momento da semana todos visualizaram uma mensagem no chat do grupo sobre o housewarm party de Taehyung e Hoseok, seguido do endereço e o horário, anexado com uma foto dos dois segurando uma chave.

 

Jungkook saiu da casa dos pais e foi direto para o novo endereço dos amigos, ele não queria falar com Tae na hora da festa, ele precisava de seu melhor amigo. Por isso, horas antes do combinado, ele estava tocando a campainha.

 

Hoseok abriu a porta, felizmente ele estava completamente vestido, Jungkook detestaria ser uma dessas pessoas que interrompe algo.

 

- Hey. - O mais velho o abraçou. - Eu estou indo ao mercado, Tae está no quarto, precisa de alguma coisa?

 

- Apenas dele. - Disse jogando os sapatos de qualquer jeito.

 

Hoseok bagunçou seus cabelos e lhe deu um beijo no rosto antes de sair. Jungkook percebeu que não fazia ideia de onde ficava o quarto, mas saiu entrando assim mesmo, não havia muitas portas, então ele conseguiu achar o loiro rapidamente.

 

- 'Sup bro. - O cumprimentou só para se fazer ser notado.

 

Taehyung estava largado na cama com seu DS, ainda de pijama. Levou um susto ao ver o melhor amigo ali.

 

- Kookie! - Saltou da cama para dar um abraço de coala no outro. - Você sabe que a festa é bem mais tarde, né?

 

- Eu queria te ver. - Respondeu basicamente se enterrando no amigo.

 

- Huuun... - Taehyung ficou mais um tempo apenas abraçando ele. - O que é tão sério? Fazia tempo que você não me procurava assim.

 

- Não me chame de interesseiro. - Mas ele sabia que não era o caso, ele só odiava se sentir tão vulnerável. - ... contei pro meu pai.

 

- Que?! - Taehyung segurou os braços do mais novo, se afastando dele com olhos arregalados e o sacudindo. - Como assim?! E o que ele falou?!

 

- Ele não se importa... ele achou que eu namorava você. - Riu abaixando o rosto. - Ele também quer que eu procure alguém pra conversar, um especialista...

 

- Ok... - Taehyung tentou rir junto com ele. - Isso é bom? Tipo...Ele não é contra, mas querer um especialista também não parece ser super a favor?

 

- Não acho que ele seja 100% a favor, mas... ele acha que é muita pressão, fora que ele sabe tudo que eu já aprontei... então ele acha que eu estou acumulando muita coisa, mas eu tenho você.

 

- Bom... Eu acho que você deveria aceitar a oferta. - Taehyung deu de ombros, movendo as mãos para segurar as de Jungkook e brincar com os dedos dele. - Você me tem, mas você não fala das festas e da angústia que passou naquela época. E mesmo que já tenha se passado dois anos, seria bom colocar pra fora.

 

- Quanto menos eu penso a respeito, dói menos, mas... Eu não quero falar com vocês sobre isso porque eu estava com raiva de todo mundo. - Ficou se distraindo olhando para as mãos deles juntas. - Eu não quero dizer o que me magoou, quando não era necessariamente culpa de ninguém ou que agora todos vocês se formaram e eu estou sozinho, eu me sinto sozinho...

 

- Mais um motivo pelo qual você deveria aceitar. Você não está sozinho! Hey, agora eu tenho minha casa e você pode vir sempre que tiver de saco cheio do hyung e seu irmão! - Tentou sorrir mesmo que se sentisse machucado com a confissão do melhor amigo. - Ter alguém profissional para desabafar vai te ajudar a ser uma pessoa ainda mais incrível, Kookie.

 

- Eu vou ficar aqui até o Hobi hyung me expulsar. - Sorriu de volta, embora não totalmente confortável. - Eu vou considerar  a ajuda. - Meio que deu de ombros. - Agora... eu posso ficar aqui até a festa ou eu tenho que voltar pra casa? - Perguntou se jogando na cama.

 

Taehyung ergueu as sobrancelhas como resposta, mãos no quadril.

 

- Vou fingir que sou surdo. Sua pergunta me ofende.

 

Jungkook fez uma careta e pegou o DS que estava ali largado.

 

- É bom você não ter deletado o meu save. - Disse se fazendo todo confortável na cama.

 

Taehyung se manteve ocupado atacando Jungkook, tentando pegar o DS de volta ou simplesmente ficar largado em cima dele na cama, que não ajudou Hoseok a arrumar as coisas. Jimin, como o bom gêmeo de Tae que era, foi o primeiro a chegar, um prato de doces nas mãos.

 

- Hyung!

 

- Jimin! - Hoseok foi abraçá-lo mesmo que ele estivesse com o prato na mão. - Eu sabia que podia contar com o seu bom coração!

 

Jimin tentou abraçar o mais velho de volta, rindo.

 

- O que houve pra esse desespero, hyung?

 

- Meu namorado, seu namorado. - Acabou rindo e finalmente recuou um pouco para poder pegar o prato de doce. - Eu já estava achando que teria que conversar com as paredes, é bom ter você aqui.

 

- Namorado? Qual deles? - Jimin estava curioso já que não havia recebido mensagem de nenhum deles.

 

- Ah é verdade, os seus dois namorados vem aqui pra roubar o meu, mas foi o Kook. - Deixou o prato em algum lugar seguro e voltou a se apoiar nele. - Eu pensei em fazer um jantar, mas como eu sei que vai acabar em pizza mesmo...

 

- Podemos não acabar em competições de novo? Só comer a pizza, como pessoas normais? - Jimin voltou a rir.

 

- Ei, eu nunca mais quero participar de competições, eu cumpri minha palavra. - Se sentiu meio enjoado só de pensar. - Além disso, estou quebrando a dieta hoje, também não posso exagerar, como você tem estado pros treinos?

 

- Exausto. Corrido. Levando bronca da minha mãe quando esqueço de comer. Por que você mudou de time, hyung? - Jimin choramingou.

 

- Vou me juntar ao clube, nunca se esqueça de comer. - Bagunçou os cabelos dele. - Uma vez eu dormi com comida na boca. - Acabou rindo. - Propostas diferentes, rotina um pouco diferente, mas tão cansativo quanto, eu saio pra correr todos os dias antes do sol nascer, acha que eu consigo enfiar uma esteira aqui dentro?

 

Com isso Jimin acabou rindo alto, tentando imaginar Hoseok enfiando uma esteira dentro do apartamento e o caos que seria. Principalmente se Taehyung decidisse usar o aparelho para ideias de fanfics.

 

O mesmo apareceu na sala gritando ao reconhecer a risada do melhor amigo.

 

- Jiminnieeeeee! - E se jogou em cima dele.

 

Jungkook apareceu encostado na porta do quarto, Hoseok ergueu a sobrancelha num questionamento silencioso, o mais novo apenas balançou a cabeça negativamente.

 

- Acha que eu consigo te convencer a treinar comigo? - Perguntou puxando Jungkook para um meio abraço.

 

- Hyung, você consegue convencer qualquer pessoa a qualquer coisa.

 

Jimin estava tentando se soltar de Taehyung e ir cumprimentar o namorado, quando a porta se abriu novamente, um tanto brusca.

 

- Eu não sei o que é pior. Você ajudar a carregar as caixas e quase amassar meu bolo ou quase quebrar a porta do novo apartamento deles. - Jin suspirou.

 

- Eu tropecei, eu não queria quebrar nada. - Namjoon estava com as orelhas vermelhas. - E o bolo sobreviveu.

 

Yoongi girou os olhos ao fundo.

 

- Hyung!! - Jimin fez um bico para Yoongi, esticando os braços. - Me ajuda. - Taehyung apertou ainda mais forte o melhor amigo.

 

Jin encarou os dois no chão, rindo e balançando a cabeça, se aproximando de Hoseok e o irmão.

 

- Já peço desculpas por qualquer dano.

 

- Não estamos preocupados. - Hoseok riu pegando as coisas e lavando para a cozinha.

 

- Estou preocupado com as costas do meu namorado. - Yoongi estreitou os olhos para VMin.

 

- Você mandou várias mensagens choramingando, mas ficou tudo ótimo. - Namjoon foi atrás do amigo.

 

Jungkook ficou brincando com a manga da roupa de Jin.

 

Jimin voltou a tentar se soltar e Taehyung ria tentando apertar ele mais.

 

- Você veio mais cedo, está tudo bem? - Jin perguntou sem se mexer ou interromper o irmão.

 

- Nosso pai... eu conversei com ele. - Passou a segurar a mão de Jin. - Acho que estou me sentindo um pouco...

 

Yoongi estava distraído, agora tentando tirar o loiro de cima de Jimin, e fazendo cócegas nele.

 

- Um pouco? - Apertou de leve a mão dele.

 

A risada de Taehyung era escandalosa enquanto tentava ficar grudado em Jimin e fugir do ataque do mais velho, se contorcendo.

 

- Taehyung tem essa energia sempre?

 

Eles continuaram arrumando as coisas no espaço, sem precisar ir até lá para saber o que estava acontecendo.

 

Hoseok piscou em resposta e Namjoon o acertou com uma colher.

 

Jungkook deu um meio sorriso em resposta.

 

- Muito. - Se corrigiu. - É difícil porque eu não quero falar a respeito, mas ao mesmo tempo eu quero e...

 

- Você não precisa falar se ainda não estiver ok com isso. - Jin sorriu, assegurando o irmão. - Só me deixe saber se preciso intervir, se precisa de um abraço ou qualquer coisa assim.

 

Jimin tentou chutar Taehyung, mas errou acertando o namorado. O loiro aproveitou a deixa, rolando e colocando o amigo como alvo das cócegas.

 

- Tae!!!

 

Yoongi decidiu se vingar do chute, mesmo sabendo que o namorado tinha errado o alvo.

 

- É difícil, todos vocês estão trabalhando e na universidade e eu ainda estou no colégio, eu odeio isso, odeio ser o mais novo. - Ele olhou para baixo. - Eu não consigo ser independente como você ou como o hyung, eu preciso de vocês.

 

Jin fez uma careta. Ele odiava ver o irmão assim ou saber que ele se sentia desse jeito. Porque não era algo que ele poderia resolver em um estalar dos dedos. Ele observou com o canto dos olhos Jimin usar o corpo de dançarino dele a favor da situação e finalmente escapar de TaeGi.

 

- Eu queria poder dizer que entendo o que você sente ou alguma palavra mágica que fosse iluminar sua situação, mas eu estaria sendo hipócrita se fizesse isso. As vezes me sinto culpado de ter sufocado você demais e não ter deixado você crescer. - Jin aproveitou a mão que ainda segurava do irmão, puxando ele para um abraço. - Foi sobre isso que você conversou com seu pai?

 

- Sobre isso, sobre Jimin e o Yoongi Hyung... ele disse que tem câmeras pela casa. - Acabou rindo. - Você lembra disso?

 

- Ugh, ainda bem que eu nunca levei o Joon pra casa. - Jin se juntou ao irmão na risada. - Você contou a ele sobre os dois, hun... Devo me preocupar com a reação dele? Bater em alguém?

 

Jungkook deu um sorriso satisfeito com a resposta do irmão, ele se sentia melhor quando seus amigos eram protetores desse jeito.

 

- Não, mas aparentemente eu preciso conversar com alguém a respeito, e estou considerando a ideia.

 

- Eu acho que seria bom pra você. - Apertou mais ele nos seus braços. - As vezes falar com alguém de fora ajuda a enxergar as coisas de uma maneira diferente. E você pode aprender mais sobre você mesmo e se sentir menos sufocado com a gente. Dou meu apoio total se quiser aceitar a ideia.

 

- Vou falar com eles. - Disse abraçando o irmão. - Mas obrigado por apoiar, as vezes parece que eu estou ficando louco sozinho.

 

- O dia que eu parar de apoiar você, pode ligar pro manicômio porque isso significa que eu to completamente fora do eixo! - Jin sorriu, deixando um beijo na testa do irmão antes de se juntar a Namjoon e Hoseok na cozinha.

 

Jimin ainda estava recuperando o fôlego de toda brincadeira, Taehyung do outro lado da sala choramingando sobre o ataque de Yoongi, o mais velho havia desistido da vida e estava no chão.

 

Jungkook se pendurou em Jimin.

 

- Nós vamos dormir aqui?

 

- Com ele a espreita para me matar?! - Jimin apontou para Taehyung, que mostrou os dentes pra eles.

 

- Hyung vai te defender.

 

Yoongi ergueu o braço, ainda no chão.

 

- Você não vai me defender? - Jimin passou os braços pelo pescoço dele, seu melhor bico.

 

Taehyung revirou os olhos, seguindo pra cozinha, antes fazendo um sinal de quem se vingaria mais tarde para Yoongi.

 

- Claro que sim, mas eu sou a retaguarda, hyung pode ser a linha de frente. - Jungkook abriu um sorriso.

 

- Eu me sacrifico primeiro, é? Não tenho idade para isso. - Yoongi finalmente se levantou. - Mas sim, vamos dormir aqui. Namjin no sofá e nós três no chão... em algum lugar.

 

- Hyung devia voltar a pintar o cabelo de cinza, já que vive reclamando de não ter mais idade pra isso!

 

Yoongi se aproximou com uma careta, mas apenas roubou um beijo de Jimin e outro de Jungkook.

 

- Então, o que houve? - Perguntou se virando para o mais novo.

 

- Ok, então... sabe como a sua mãe sabe sobre a gente? Eu decidi falar para o meu pai.

 

- Ele quer que você se mude? - Yoongi estreitou os olhos.

 

- Não, ele não estava surpreso, quer dizer, ele achou que eu tinha 2 namorados e não que nós éramos namorados. Enfim, tem câmeras lá em casa.

 

Yoongi caiu no chão para se esconder. Jimin ficou completamente vermelho com isso.

 

- Câmeras? - Ele gemeu baixinho, morrendo de vergonha.

 

Jungkook precisava de alguma coisa engraçada para se distrair, ele sabia que seu pai também havia usado as câmeras para amenizar o clima, embora estivesse indiretamente ligado a chegar em casa bêbado aos 15.

 

- Eu considerei falar com alguém sobre... a vida, sabe, profissionalmente.

 

- Sobre o que estudar no ano que vêm? - Yoongi perguntou quando se recuperou.

 

- Também, mas sobre tudo, acho. - Ele não parecia muito confiante ou confiável.

 

Yoongi sorriu, Jungkook costumava ser excessivo e expansivo, agora nem tanto, alguém poderia dizer que era coisa da idade, mas Yoongi o conhecia desde criança, ele sabia que Jimin também havia reparado.

 

- Qualquer coisa que você decidir e for te fazer se sentir melhor, eu apoio! - Jimin voltou a abraçar ele, virando um coala.

 

Jungkook riu e esticou uma mão para puxar Yoongi para perto. O mais velho ainda se pegava parado em algum lugar, só olhando para os dois, como tanta coisa e ao mesmo tempo tão pouca tinha mudado nesses anos.

 

Quando Taehyung teve certeza que o momento entre o trio já havia passado, ele voltou para a sala para arrastar eles até a cozinha, começar a parte da festa que envolvia comida e Jin discutia com Hoseok porque não podia ter outra competição de pizza.

 

- Você pode tocar? - Jungkook perguntou segurando a manga de Namjoon que estava passando por ele.

 

- Hmm. - Ele olhou curioso para o mais novo, o tempo havia feito bem a eles, deu a oportunidade deles brigarem e então virarem amigos, eles ainda giravam os olhos quando o outro falava e faziam algumas caretas. - Você quer cantar?

 

Era como uma amizade secreta sem ser secreta, mas eles passavam longas horas sozinhos no apartamento, às vezes Namjoon aparecia por lá mesmo sabendo que Jin não estaria em casa e ele fingia que tinha esquecido.

 

Jungkook sorria, Namjoon era seu choque de realidade, ele não era seu namorado para protegê-lo do mundo, não era Taehyung que era seu escudo e espada, Jin que era sua melhor metade ou Hoseok com sua suavidade para lidar e filtrar qualquer situação.

 

- Não, eu só quero te ouvir tocar.

 

Namjoon sorriu, nas festas tem sempre aquela pessoa com um violão acústico, é claro que havia um casa de VHope, não porque eles sabiam tocar, mas porque fora Jimin, Hoseok era o melhor amigo de Namjoon, e Namjoon tinha um violão acústico.

 

Como aquela peça de roupa que às vezes rodava o grupo inteiro e ninguém sabia mais de quem era. Ou como o moletom dois números maior que Yoongi que ele usava para ir trabalhar, mas Jimin usava para ensaiar e Jungkook para dormir.

 

Então Namjoon começou a tocar Wonderwall, porque ele era um ridículo apaixonado e ele passou o tempo todo olhando para Jin e Jungkook foi obrigado a fazer caretas, mas internamente ele estava feliz pelos dois, que atualmente estavam mais casados do que nunca.

 

Em algum momento Jungkook acabou cantando We don't talk anymore, só porque estava no repeat infinito e porque ele estava melhorando seu inglês através de música. E talvez porque ele fosse um fanboy de Charlie Puth.

 

Yoongi e Jimin estavam sentados juntos enquanto o namorado cantava e Namjoon ao lado de Jin, enquanto o acompanhava tocando.

 

Hoseok abraçou Taehyung por trás e o manteve preso em seus braços.

 

- Então, quem você acha que vai casar primeiro? Atualmente eu não entendo que mora naquela casa.

 

- Huuun! - Taehyung relaxou nos braços do namorado, brincando com os dedos dele na sua cintura. - Namjoon e Jin hyung já não são casados? Quer dizer, falta as alianças, mas eles são o casal mais casal desde sempre!

 

- Achei que fossemos nós? - Perguntou entre o ofendido e o surpreso.

 

- Hobi, se você quer me propor, tem que ser mais direto, e não perguntar quem eu acho que vai casar primeiro! - Jogou a cabeça pra trás para mostrar o bico que fazia para o namorado.

 

- Eu não tenho um anel... - Ele aproveitou a posição do namorado para roubar um beijo. - ...ainda.

 

- Nós estamos atrapalhando vocês? - Yoongi provocou de onde estava, com Jimin entre suas pernas.

 

Namjoon e Jungkook haviam parado de cantar momentaneamente.

 

- Sim! Meu pedido de casamento. Vocês! - Apontou para Namjoon e Jungkook. - Quem mandou parar a trilha sonora?

 

Jimin começou a rir com isso.

 

- Não que esse seja o momento mais romântico, mas eu apoio! - Jin levantou seu copo como se estivesse fazendo um brinde.

 

Namjoon e Jungkook trocaram um olhar rápido e Namjoon mudou os acordes para algo improvisado e mais calmo. Jungkook começou a cantar o OST de Goblin, Beautiful. Yoongi tacou uma almofada no casal quando Hoseok voltou a beijar o namorado.

 

Depois disso Jungkook caiu nos braços de Jimin e Namjoon foi deitar a cabeça no colo de Jin. Um pouco depois disso eles começaram uma guerra de almofada e um vizinho bateu na parede para que eles fizessem silêncio, o que resultou neles rindo e fazendo mais barulho do que antes.

 

Naquele grupo de amigos, tem sempre aqueles que são os melhores amigos, trios ou irmãos, todos se completam de alguma forma, brigam em algum momento depois fazem as pazes.

 

O mais novo do grupo, aprendeu bastante sobre si mesmo naquele ano, contar com o apoio de seu pai era algo que ele nunca pensou que faria tanta diferença em sua vida, mas sentia os ombros menos pesados. Ele havia carregado toda a bagagem a cada ano que se passava.

 

Agora, quase se formando, ele conseguia ver as coisas sob um olhar bem menos dramático e ele se perguntou se isso era deixar a juventude para trás, ou ao menos parte dela, porque algumas coisas não mudavam, não importava o tempo.

 

Ele ainda suspirava por Jimin e ficava admirando Yoongi fazer qualquer coisa, implicava e procurava conforto com Jin, Taehyung era a primeira pessoa que ele ligava -para qualquer coisa-, Hoseok era seu Hyung para falar sobre tudo e sobre nada e Namjoon era, depois de todos os problemas, um amigo confiável.

 

Passasse alguns anos ou a juventude, Jungkook só queria estar ao lado deles, todos os dias. Ainda que crescer significasse se ver com menos frequência, ele aceitava de bom grado essas reuniões, e perceber que nada mudava.

 

Eles continuavam sendo o apoio e sustento, eles continuavam sendo uma família.