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História Youth Generation - Classroom One: the beginning of something new


Escrita por: wonkicore

Notas do Autor


Bom dia boa tarde boa noite muitas muitas muitas coisas para explicar aqui

- Essa fanfic na verdade começou sendo do x1, depois passou pro treasure em 2021 e agora chegou ao seu (provavelmente) final com o en-, tive essa ideia em 2019 assistindo o clube dos cinco (muitas, muitas referências) mas acabou que deu um giro 360 de mudanças porque teve muitas

- Como eu já disse, já postei ela uma vez com o treasure na minha outra conta @softlalisa, mas excluí e reescrevi ela e cá estamos nós

- Não é a minha primeira, nem segunda, nem terceira fic mt menos a décima MAS eu estou muito nervosa a ponto de crises de choro porque é meu plot favorito

- As chances de eu surtar e excluir ela pela segunda vez e agir como se nada tivesse acontecido são ENORMES, então estão avisados

- Jake, Sunoo, Sunghoon e Seeseung: terceiro ano; Ni-ki: primeiro ano

- Agradecimento especial á Marianne, Camilinha e Leticia que me aguentaram de chororô, crises, inseguranças e surtos na rant e no wpp durante todo o processo de reescrever os capítulos e aprimorar o plot. Muito obrigada meninas, sem vocês eu provavelmente não estaria aqui

vou parar de falar e é isso, boa leitura

Capítulo 1 - Classroom One: the beginning of something new


Heeseung encarou a porta de madeira e suspirou. Eram oito da manhã de um sábado frio com um céu cinzento com uma grande possibilidade de nevar, onde ele poderia estar debaixo das cobertas em sua confortável cama, aproveitando o clima de inverno, mas estava ali. Em sua escola, parado na frente da última sala do corredor do segundo ano para passar duas horas na detenção.

Detenção.

Lee Heeseung não conseguia sequer lembrar da última vez em que havia pego detenção. Ou melhor, em todos os seus anos escolares, ele nunca havia pego detenção — o apelido de certinho que ele tanto odiava, era real, afinal de contas —, e só de lembrar que agora ele iria ter seu impecável histórico escolar manchado por uma detenção que nem era sua culpa, pelo menos não diretamente, lhe fazia revirar os olhos à medida que sua mente repassava o que havia acontecido.

Aquele garoto era absurdamente irritante ao ponto de lhe fazer levantar o tom de voz na aula do professor mais rígido da escola.

Suspirando mais uma vez, o Lee finalmente teve coragem para colocar a mão na maçaneta da porta e abri-la enquanto se convencia de que, com certeza ele não estaria ali e poderia passar as quatro horas em paz. E, claro, como ele era Lee Heeseung, o ser mais azarado do mundo, Jake estava sentado na primeira mesa da fileira do meio, e agora lhe olhava com um sorrisinho irônico no rosto.

— Mais alguns minutos e você se atrasa para sua primeira detenção, Seung.

Jake Sim era seu completo oposto. Mesmo sendo um ano mais novo ele matava aulas, se metia em brigas e parecia ter um enorme prazer em encher a paciência alheia, tendo Heeseung como seu alvo favorito. Não chegava a ser algo perigoso, apenas algumas provocações aqui e ali sobre como Lee Heeseung era a personificação de anjo na terra. 

Não tinha amigos e ninguém nunca soube ao certo o porquê de ter voltado do exterior ou qual o motivo por trás de suas atitudes inconsequentes e comportamento duvidoso. E para ser sincero, Heeseung acreditava que Jake tinha mais presença na sala do diretor e da detenção do que em suas aulas.

Ignorando a presença do outro na sala, Heeseung fez questão de se sentar na ponta oposta a ele. Jake riu e Heeseung revirou os olhos, se perguntando qual tipo de sacrilégio havia cometido na sua vida passada para ter Jake Sim em sua vida.

— O que foi? O gato comeu sua língua, Seung?

Heeseung o olhou por cima do ombro, no entanto, antes que pudesse responder àquela provocaçãozinha barata, a porta da sala se abriu mais uma vez para que Park Sunghoon pudesse passar por ela.

Os dois sabiam quem era Park Sunghoon. A escola toda sabia. Alto, bonito, gentil com todos, líder do clube de patinação artística, competia em campeonatos estaduais de patinação e trazendo muitos troféus para casa. E popular. Muito popular. No dia dos namorados, sua mesa sempre estava cheia de doces e cartinhas de garotas tímidas demais para conseguir confessar seus sentimentos. Algumas delas eram corajosas o suficiente para confessá-los pessoalmente, mas tudo o que recebia era um infelizmente eu não correspondo seus sentimentos acompanhado de um sorriso doce. O Park era gentil até para dar um fora em alguém.

Sunghoon era uma pessoa amável e simpática, e nenhum dos dois ali presentes conseguia pensar em um motivo plausível para a sua presença na detenção.

— Você não me parece alguém que faz coisas erradas. — Jake comentou. — Pelo menos não que as pessoas saibam.

— Bom dia para você também, Jake. — Sunghoon disse, ignorando a fala do mais velho. — O Heeseung também não me parece alguém que fica em detenções, mas olhe onde ele está agora.

A risada de Jake soou um pouco mais alta dentro da sala com poucas pessoas, que foi seguida de uma risadinha curta e debochada de Heeseung. Sunghoon franziu as sobrancelhas, tentando entender o que estava acontecendo.

— Acredite, eu não sou uma pessoa de ficar em detenções. — Heeseung falou. — Isso tudo é culpa dele.

Rapidamente, o sorrisinho de Jake se desfez e logo ele estava endireitando a postura, ficando na defensiva mas mascarando-a como uma ação para revidar qualquer coisa que viesse de Heeseung.

— Ah, com certeza eu estava falando sozinho e quem gritou fui eu, claro. — Jake retrucou. — Eu só queria saber qual palavra estava escrita no quadro, Heeseung, foi você quem começou a gritar. Tem certeza de que eu sou o errado?

Sunghoon pode jurar que viu faíscas saindo dos olhos do Lee, e arregalou os próprios quando o viu se levantar da mesa e andar em direção a Jake, que também se levantou. Heeseung era alguns bons centímetros maior que Jake, mais corpulento e forte, entretanto, isso não parecia intimidar Jake. Mesmo que precisasse levantar um pouco a cabeça para conseguir encarar os olhos irritados de Heeseung, não parecia ter medo ou qualquer outro sentimento derivado deste. E se tinha, não demonstrava.

As mãos do maior começaram a se fechar em punhos ao lado de seu corpo, em um claro sinal de que, se fosse preciso, chegaria as vias de fato com Jake, e Sunghoon, com medo do que podia acontecer, já que nenhum dos dois pareciam terminar aquela discussão besta e sim prontos para deixarem olhos roxos e hematomas um no outro, se levantou de seu lugar e se meteu no meio dos dois, separando-os. 

— Vamos manter a calma, por favor. — Disse. — Nenhum de nós quer ficar mais do que as quatro horas aqui dentro, certo?

Por longos segundos, nenhum dos dois falaram algo. Nem mesmo o próprio Sunghoon, que conseguia sentir o ar pesado cheio de tensão na sala, com medo de falar algo errado e apenas piorar a situação. No entanto, Jake pareceu compreender e concordar com o pedido quase desesperado do outro, já que foi o primeiro a voltar a se sentar em seu lugar murmurando um tanto faz e, sem sequer olhar para os dois que ainda estavam de pé, juntou os braços sobre a mesa e deitou sua cabeça entre eles.

Já Sunghoon, só voltou a se sentar quando Heeseung o fez. Não mentiria dizendo que não estava assustado com a possibilidade do Lee voltar e começar uma briga que iria além de gritos e discussões.

Não conhecia muito de Lee Heeseung, apenas o que todos sabiam: era estudioso, o primeiro da turma e extremamente educado. Mas também sabia que Jake lhe fazia mostrar seu “lado feio” e por isso estava sendo cauteloso com ele em relação aquele conflito sem pé nem cabeça sobre de quem era a culpa por estarem na detenção.

 

Faltando cinco minutos para as oito da manhã, a porta da sala se abriu mais uma vez, assustando Sunghoon que estava quase dormindo sentado em sua cadeira pelo silêncio mortal que estava a sala. Heeseung apenas levantou o olhar do caderno aberto sobre sua mesa para encarar as pessoas que estavam na sala, assim como Sunghoon; Jake ao menos se moveu de sua posição.

A primeira pessoa que seus olhos curiosos encontraram fora outro aluno de sua sala — a essa altura, Heeseung e Sunghoon estavam começando a achar que a turma inteira do terceiro ano b havia ficado de detenção juntos e no mesmo dia —. Kim Sunoo era um garoto quieto e tímido com um par de óculos de armação redonda e cabelo cor de rosa que não falava durante o dia, nem mesmo para responder a chamada, onde apenas levantava timidamente o braço para que o professor conseguisse lhe ver e marcar sua presença. 

Atrás de si, vinha um garoto alto, bonito e com um rosto de traços firmes e acentuados. De longe, era alguém que chamava atenção; entretanto, Heeseung não sabia quem ele era e Sunghoon se lembrava vagamente de tê-lo visto sentando em uma mesa no refeitório, acompanhado de muitos alunos.

Ele serpenteou o olhar pela sala, atrás de algum lugar para se sentar, mas acabou sentando-se atrás de Sunghoon, que controlava a vontade de se virar para trás e perguntar seu nome. Já Sunoo, como esperado, se esgueirou entre as mesas até que estivesse sentado na última mesa ao lado da grande janela, longe dos outros quatro garotos presentes na sala e esperando que ninguém notasse sua presença.

E por último, vinha o professor carrancudo e rígido de biologia do terceiro ano; aparentemente ele seria o responsável pela turma da detenção daquele sábado e, até mesmo Heeseung revirou os olhos quando percebeu isso. Não gostava dele e sabia que o sentimento era recíproco, porque o modo como o rosto do professor se transformou em um sorriso sarcástico quando o viu era prova o suficiente.

— Olha só quem está aqui! O ilustre Lee Heeseung — Disse alto, a ironia e sarcasmo pingando em seu tom de voz. — Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você estaria aqui.

Heeseung precisou de todo o autocontrole existente em seu corpo para não respondê-lo com algo tão sarcástico quanto porque sabia que era exatamente isso que ele queria para colocá-lo em mais um sábado de detenção e Heeseung não lhe daria esse prazer. E, ao não obter a reação que queria, o professor desfez o sorriso e voltou seu olhar para o resto dos garotos presentes. 

— Vejo mais rostos novos do que apenas meu bom e velho amigo, Jake Sim. — Comentou, virando as costas e andando até a frente da sala. Quando voltou a olhar para frente, segurava uma caixa de papelão. — Por favor, todos os celulares, fones de ouvido e qualquer outro aparelho que lhe tragam diversão dentro desta caixa.

Primeiro, passou pela mesa de Jake onde apenas enfiou a mão no espaço debaixo da mesa que era utilizado para guardar materiais e de lá puxou o celular e fones de ouvidos dele; Heeseung assistia tudo e se perguntou se ele podia ser tão invasivo assim. Mesmo que ali fosse Jake Sim, aquilo ainda era ser intrusivo.

Logo depois foi até a mesa de Sunghoon, onde ele rapidamente colocou seu celular lá, sem os fones de ouvido, aparentemente ele não os tinha; sem se mover, esticou a caixa até o garoto sentado atrás dele para que ele pudesse colocar não só o celular dentro da caixa, mas também um nintendo switch lite e seus fones de ouvido. Rapidamente andou até onde Sunoo se sentava e ao menos precisou pedir, já que o aparelho estava sobre a mesa e apenas o pegou. E por fim, foi até Heeseung, que sem hesitar colocou seu aparelho lá dentro e sustentou o olhar do professor até o fim.

Com um último olhar para o Lee, o professor deu as costas e voltou até a frente da sala, virando-se para observar os alunos da detenção uma última vez antes de deixá-los sozinhos torcendo para eles não destruírem a sala. Ou se matarem.

— São oito horas em ponto, a detenção vai até o meio-dia. — Comunicou. — Nada de dormir, bagunçar ou sair desta sala para qualquer coisa que não seja me pedir para ir ao banheiro. Minha sala fica ao final do corredor e eu consigo ver tudo. Entenderam?

Os quatro assentiram e assim o professor deu as costas e saiu da sala, deixando a porta aberta. Todos ali pareceram soltar o ar de seus pulmões com a saída do educador, apenas sua presença era o suficiente para deixar todo o clima ainda mais pesado. E por longos minutos a sala caiu em um silêncio, ninguém se atrevia a abrir a boca, já que eram apenas estranhos em um dia de sábado pela manhã na detenção; não eram amigos, muito menos tinham assuntos em comum. 

Nenhum deles queria realmente estar ali.

O primeiro a se entediar de verdade fora Sunghoon, que bufou jogando sua cabeça para trás e acidentalmente batendo-a na testa do garoto sentado atrás dele ouvindo um ai! baixo mas que ainda assim conseguiu ser ouvido por toda a sala. Virou-se rapidamente para pedir desculpas vendo o garoto com a mão na testa e uma expressão dolorosa no rosto.

— Me desculpe! — Sunghoon falou, desesperado. — Foi sem querer!

O garoto apenas riu, negando com a cabeça, achando engraçado a preocupação do outro. Riki conhecia Sunghoon — mais uma vez, quem não o conhecia? —, o garoto simpático com uma voz tão doce quanto sua personalidade; mas duvidava que ele sequer sabia sua série já que, apesar de popular entre os alunos do primeiro ano, o japonês tentava passar despercebido pelo resto da escola. Não era muito fã de ser o centro das atenções, mas sua altura e beleza não lhe ajudavam nenhum pouco.

— Sem problemas, ‘tá tudo bem. — Riki disse, sorrindo. — Você é Sunghoon, não é? O líder do clube de patinação.

— Sim, como você sabe?

Ao ouvirem a pergunta inocente que Sunghoon fizera, com exceção de Jake que ainda mantinha sua cabeça baixa na mesa, todos os garotos na sala riram; até mesmo Sunoo que estava no fundo da sala segurou sua risada, no entanto, ainda deixou um ruído muito semelhante a um engasgo escapar. 

— Você não está falando sério, está? — Heeseung questionou.

E mesmo sabendo que era uma pergunta retórica, Sunghoon ainda assentiu, sem entender muito bem o porquê dos risos.

— Todos na aqui sabem quem é você, Sunghoon hyung. — Riki explicou. — Você é Park Sunghoon, o galã número um da escola, líder do clube de patinação e vice-campeão por três anos seguidos da competição estadual de patinação artística. É quase um idol aqui.

Sunghoon piscou algumas vezes, um pouco surpreso com o que Riki falara. De fato, o garoto não estava mentindo e não seria hipócrita em negar isso; sabia que todos naquela escola lhe conheciam, até mesmo os que não faziam parte do clube de patinação ou eram do terceiro ano. Na época das competições municipais e estaduais, seu rosto era frequentemente visto em alguns programas sobre esportes.

E como se uma lâmpada se acendesse em sua mente, Sunghoon recordou-se de onde conhecia aquele garoto e quem ele era. Ele era Nishimura Riki e o Park se lembrava bem de vê-lo várias vezes em alguma mesa do refeitório, sempre rodeado de muitos alunos do primeiro ano. Claramente popular. 

— Por favor, eu já te vi no refeitório. — Sunghoon apontou. — Sua mesa está sempre lotada, você é tão popular quanto eu. 

Riki encolheu os ombros, porque apesar de sim, ele ser popular, Riki não se sentia tão à vontade assim com aquele título; ele estava sempre rodeado de pessoas, mas, ainda assim, parecia que ele estava sozinho. Aquela observação apenas confirmava o que Riki havia dito, sobre Sunghoon ser mais popular que os populares. 

— Mas esse é o ponto, hyung. Poucas pessoas sabem quem Nishimura Riki é, mas todos sabem quem você é. 

Mais uma vez, nenhum deles se atreveu a falar algo, Heeseung voltou sua atenção para o caderno aberto sobre sua mesa, Sunghoon ainda encarou por curtos segundos o japonês sentado atrás de si antes de virar-se de volta para frente; e Riki soltou todo o seu peso de volta na cadeira, esticando suas longas pernas para a frente. Seria questão de minutos até que o tédio voltasse a se fazer presente.

Disfarçadamente, Riki olhou por cima de seu ombro, a fim de observar o garoto sentado no final da sala. Em uma mão, ele segurava algo pequeno, que o mais novo acreditava ser um espelho enquanto espalhava pelas bochechas o que provavelmente seria pó compacto. Não entendia o porquê do garoto usá-lo, sua pele não parecia ter cravos ou espinhas para esconder.

Ele tinha pequenos olhos castanhos. Não quase pretos, como o de Riki. Eles eram em um tom mais claro que parecia combinar perfeitamente com o pálido da pele dele, o tom róseos dos fios de seu cabelo e até mesmo com seus óculos. Quase como um príncipe saído de algum filme da Disney. Antes que Sunoo o conseguisse flagrar Riki lhe observando, o mais novo se virou para frente, procurando outra coisa para focar sua atenção.

E, em meio a aquele total silêncio, onde apenas se ouvia os ruídos das respirações, no fundo da sala pôde-se ouvir um espirro. Seguido de outro, e outro e em questão de segundos, três cabeças se viraram na direção de onde Sunoo espirrava. Era engraçado porque parecia ser um complô contra o silêncio, quase como se o universo não estivesse deixando-os se fecharem em suas bolhas. Sempre fazendo algo que os fizessem se comunicar.

Ao notar que os três lhe olhavam, Sunoo pigarreou, arrumando com a ponta dos dedos os óculos no nariz. Sentiu as bochechas esquentarem, não era a primeira vez que espirrava graças ao pó de maquiagem que usava, mas, com certeza, era a primeira vez em que lhe viam fazendo isso; na maioria das vezes ele tinha essa pequena reação alérgica em seu quarto, enquanto ainda se arrumava para sair. Mas dessa vez não havia antialérgicos para diminuir os espirros.

Parecendo entender perfeitamente o que acontecia, Riki perguntou:

— Isso é algum tipo de alergia?

Ainda espirrando, Sunoo assentiu e logo Riki estava enfiando as mãos na mochila e se levantando de seu lugar para caminhar até o fim da sala, estendendo uma cartela de comprimidos da direção do mais velho. Sunoo lhe encarou por baixo dos cílios e depois olhou para o remédio antes de, timidamente, aceitá-lo.

— Eu tenho rinite alérgica, então sempre tenho alguns antialérgicos comigo. — Explicou Riki, puxando a cadeira na frente do outro garoto para se sentar. — Espero que ajude.

Antes que percebessem, Heeseung também havia saído de seu lugar e agora estava se sentando na mesa ao lado de Sunoo, oferecendo-lhe uma garrafinha de água junto de um sorriso amigável, o que Sunoo aceitou com gentileza e o retribuiu com um sorriso tímido e um obrigado baixinho.

Sunghoon, que observava de longe a movimentação, também se pôs de pé, levando seu corpo até o final da sala para se sentar à frente de Heeseung. Sunoo ainda espirrava mas agora era apenas uma vez e com um intervalo maior entre eles; tudo o que lhe restara foi um nariz avermelhado e algumas fungadas.

— Ele ainda está vivo? — Riki criou coragem para descontrair o clima esquisito que ficaria, apontando com o queixo para Jake, que depois de todo esse tempo, ainda estava de cabeça baixa deixando a vista apenas seus cabelos loiros e seu corpo.

Ele só não queria que o silêncio voltasse a se fazer presente, a atmosfera entre eles estava confortável, mesmo com as poucas trocas de palavras.

Os três só pareceram se lembrar da presença de Jake ainda na sala, e que permanecia na mesma posição desde a quase discussão com Heeseung, depois da fala de Riki. Os quatro agora tinham sua atenção para o garoto de cabeça baixa. O Park soltou uma lufada de ar que mais se pareceu com um riso irônico quando seus olhos se fixaram na imagem de Jake sobre a mesa.

— Oh, eu não tenho tanta sorte assim, Riki. — Heeseung disse em uma falsa empolgação. 

— Eu quem não tenho tanta sorte de nunca mais olhar para sua cara, nerd! 

A voz levemente sonolenta de Jake retrucou rispidamente a fala de Heeseung, que apenas deu de ombros, desviando o olhar. Esfregando os olhos em uma tentativa de se livrar da sonolência, Jake examinou ao seu redor, notando como todos estavam agora juntos no fundo da sala e franziu o cenho ao ver que Riki e Sunoo também estavam ali.

Parado para observar, Jake percebeu como tudo naquela sala parecia o mais puro caos. Toda a hierarquia da escola estava de detenção juntos. Sunghoon, que era quase como um príncipe; depois tinha Riki, que seguia muito bem os passos do Park; em seguida ele próprio, Jake era o vilão, ninguém o queria por perto; Heeseung ficava um pouco mais embaixo daquela pirâmide porque era careta. E por fim, na base e o mais fraco, era Kim Sunoo, o garoto de cabelo estranhamente colorido que não falava com ninguém.

Caótico.

— Acho que essa sala nunca esteve tão cheia como hoje. — Comentou. — Oi, Riki.

O japonês respondeu com um tímido manear de cabeça. Jake se levantou de onde estava para se juntar aos demais e puxou uma cadeira para se sentar, fazendo questão colocá-la perto de Heeseung, abrindo um pequeno sorriso pretensioso quando ele revirou os olhos. 

Seriam quatro longas horas.

 

Nenhum deles sabia exatamente quanto tempo havia se passado, mas, seja lá quanto tempo foi, parecia uma eternidade. Quando parecia ser lá pelas dez da manhã, o estômago de Riki fez um barulho de fome levando todos presentes a rirem, achando levemente adorável como o garoto do primeiro ano era. Quase como uma criança. Foi ideia dele também que juntassem o que haviam levado para comer e de repente eles eram como crianças dividindo e misturando suas comidas.

Mas depois disso o tédio começou a consumir lentamente cada um. Heeseung já havia terminado todas as tarefas que tinha levado para fazer enquanto estava lá e agora tinha que lidar com o barulho irritante que Jake fazia a cada vez que acertava uma bolinha de papel no cesto de lixo na frente da sala; Riki e Sunoo perderam as contas de quantas vezes partidas de jogo da velha elas já tinham jogado em uma folha de caderno cedida pelo Lee; e Sunghoon parecia bem concentrado em arrancar todas as cutículas de suas unhas, mesmo que isso resultasse em pequenos machucados.

— Não aguento mais ficar aqui. — Heeseung disse, exasperado. — Jake eu juro por deus que se você fizer esse barulho mais uma vez eu vou te sufocar com todas aquelas bolinhas de papel!

— Então vamos sair daqui. — Jake sugeriu, ignorando a ameaça de Heeseung.

Sunghoon levantou o olhar para encarar o loiro, que se levantava de sua cadeira enquanto arrumava a jaqueta de couro, claramente alguns números maiores, sobre os ombros. O típico estilo de bad boy.

— Eu conheço um lugar legal aqui. — Continuou. — Mas temos que voltar antes do meio-dia.

O primeiro concordar sem precisar de uma resposta verbal fora Sunghoon, que se levantou de seu lugar; os botões da jaqueta jeans tintilando a cada movimento brusco que ele fazia até estar ao lado de Jake. Se entreolhando, Sunoo e Riki deram de ombros e logo estavam passando entre as cadeiras até, também estarem na porta. O único que faltava era Heeseung. Como sempre.

— Você não está falando sério, está? — Perguntou de forma desacreditada.

Jake deu de ombros.

— Foi você mesmo quem disse que não aguentava mais ficar aqui, apenas apontei uma solução. — Retrucou. — Além do mais, o professor nunca vai saber, ele fica muito ocupado na sala dos professores assistindo futebol porque a wi-fi pega melhor lá.

Um misto de confusão e surpresa e instalou na sala, todos se perguntando como Jake sabia disso tudo. Já Heeseung, apenas revirou os olhos, sabendo muito bem como ele sabia dessas coisas. Aquela sala nos sábados era quase sua segunda casa.

Os quatro já estavam na porta da sala e Heeseung queria gritar como aquilo poderia dar errado, porque ele não tinha falado tão sério assim. Mas agora era tarde para retirar o que havia dito porque eles lhe encaravam, esperando sua resposta.

Suspirando pesadamente, o Lee deixou sua mochila para trás e enfiou as mãos dentro dos bolsos de seu sobretudo, andando em passos fortes até estar de frente para Jake, precisando manter as pupilas baixas para que pudesse encarar seu rosto completamente. Aquele sorriso vencedor idiota estava estampado para quem quisesse ver no rosto do outro.

— Já basta uma detenção, se você me conseguir uma suspensão eu mato você. — Ameaçou, apontando o dedo para o peito do menor. — E eu não estou blefando, Sim.

E, mais uma vez, tudo o que Jake estava lhe oferecendo um sorriso pretensioso. Heeseung queria arrancá-lo de seu rosto aos tapas.

— Acredite, Heeseung, eu vou te mostrar como quebrar algumas regras é bom.

Murmurando algo inaudível, provavelmente algum xingamento direcionado à Jake, Heeseung passou na frente de todos, sendo o primeiro a sair da sala; sendo seguido pelo próprio Sim e os outros. Jake logo tomou a frente da fuga, andando em passos cautelosos e silenciosos para que não fossem descobertos, precisando engatinhar quando passaram pelas janelas da sala do professor de biologia.

Algumas vezes olhava por cima do ombro para ver se todos o seguiam e não conseguia evitar de sentir uma pontinha de orgulho ao ver Heeseung atrás de si com algo diferente em seu olhar. Mesmo que o mais puro desprezo pelo loiro ainda estivesse presente.

Depois de subir o que Sunghoon pensou ser todas as escadas da escola, Jake empurrou uma grande porta de metal que dava para o telhado da escola. Tudo o que seus olhos conseguiam enxergar era o branco da neve cobrindo absolutamente tudo e um leve frio na barriga se apossou do Park quando seus olhos encontraram o parapeito de lá. Foi inevitável que um arrepio ruim subisse por sua coluna.

— Eu não acredito que você nos trouxe para o telhado, Jake! — Heeseung exclamou, irritado. — Fazendo um frio do caralho e você nos trouxe aqui, eu vou…

Antes que pudesse continuar a despejar toda sua pseudo-irritação sobre o loiro, uma bola de neve acertou suas costas. Surpreendentemente, ela não veio de Jake Sim, e sim de Sunoo, que sorria diante de sua própria ação.

— Você reclama demais.

Heeseung piscou lentamente, ainda processando o que havia acontecido, completamente desconcertado. Aquela era a primeira vez que ouvia Sunoo falar desde do início do ano letivo; e ele não estava exagerando. Sunghoon e Jake compartilhavam do mesmo pensamento, as sobrancelhas levantadas mostravam tal surpresa. 

Dessa vez, uma bola de neve vinda de Riki acertou o ombro de Sunoo, que rapidamente desfez o sorriso e logo estava juntando mais neve para revidar.

Foi apenas questão de segundos para Heeseung se ver parado no meio de uma guerra de bola de neve onde, ao mesmo tempo que eles eram diferentes, nunca pareceram tão iguais. E o que era para ser uma saída silenciosa, agora estava cheia de risadas esganiçadas vindas de Riki e Sunghoon a cada vez que uma bola de neve acertava alguma parte de pele descoberta.

Uma sensação esquisita e pesada de uma euforia bizarra apareceu na barriga do Lee. Não se lembrava da última vez em que havia brincado na neve. Sim, brincado, não havia outra palavra para usar. E se sentia quase inseguro porque talvez não soubesse como fazer isso.

Mais uma vez, uma bola de neve lhe acertou atrás da cabeça, com força. Ele sabia que era Jake e se virou apenas para encontrá-lo sorrindo com mais neve em mãos, preparando sua próxima bola.

— Uma trégua só por hoje? — Jake indagou, divertido. — Ou resolver nossas diferenças com uma saudável guerra de bola de neve?

Por mais que a última opção lhe parecesse tão convidativa, Heeseung escolheu a primeira. Uma trégua só por hoje. Só naquele momento tentaria não deixar todo seu asco por aquele projeto insignificante de bad boy americano transparecer para que eles pudessem se divertir por sabe-se lá quantas horas até o meio-dia.

Em algum momento, nenhum deles sabiam mais quem estava atirando bolas de neve em quem, apenas jogavam sem ter realmente algum alvo. E, por mais que nenhum deles quisessem admitir, estavam se divertindo. Era legal correr e atirar bolas de neve como se eles tivessem dez anos novamente, sem se importar quais eram seus rótulos.

 

Quando Jake se jogou no chão, claramente cansado, eles sabiam que estava na hora de voltar

— Já temos que ir? — Riki perguntou, deixando os ombros caírem quando Jake assentiu.

O leve tom de desânimo em sua voz foi notado por todos ali. Nenhum deles queria realmente voltar, não agora. Não queriam ter que voltar a ser hostis uns com os outros por causa de uma hierarquia bizarra que a escola impunha a todos. No entanto, uma hora as coisas voltariam ao normal. Elas precisavam voltar ao normal, o ambiente escolar era um lugar onde mudanças eram quase inaceitáveis.

Qualquer coisa que ameaçasse a perturbar as “classes sociais” definidas ali precisavam ser extintas. Mesmo que aquela fosse  justamente a fase de fazer mudanças. De experimentar tudo e decidir o que era bom ou não para si.

Cabisbaixo, todos seguiram Jake quando ele se levantou da neve e seguiu em direção a porta. Heeseung levantou uma das sobrancelhas quando o viu tirar do bolso de sua jaqueta de couro uma chave e usá-la para fechar a porta que dava acesso ao telhado, se perguntando como ele conseguiu ela.

Dessa vez, quem andava por último era Sunghoon. A empolgação da brincadeira de minutos atrás ainda corria por todo o seu corpo e graças a isso, ele não percebeu a mesa com alguns livros a sua frente cuja ele tinha certeza de que aquela não estava ali antes e Riki precisou segurá-lo para que não caísse e fizesse barulho mas foi inevitável.

O estrondo que os livros grossos fizeram quando foram ao chão não era para ser tão alto, mas quando se está fazendo algo errado, qualquer ruído parecia três vezes pior. De olhos arregalados e desesperados, os cinco se entreolharam antes de, silenciosamente, concordarem entre si que aquela era uma ótima hora para começar a correr para não serem pegos.

Os corredores da escola que sempre pareciam ameaçadores e silenciosos quando Jake estava sozinho em seus sábados de detenção, mas agora estavam cheios de risos contidos e passos apressados em uma tentativa quase falha de serem silenciosos.

Ao perceber que Sunoo ficava para trás, Heeseung segurou em seu pulso para puxá-lo, e mesmo que suas pernas dele mais curtas que a de Heeseung - ele era um dos mais baixo, ganhando apenas de Jake -, conseguiu acompanhá-lo em passos desajeitados até a sala.

Diferente de mais cedo, eles não voltaram a se sentar nas mesas, jogaram seus corpos cansados e quentes no chão da sala de aula; pernas esticadas e as costas apoiadas contra os armários e cadeiras no fundo da sala. As respirações pesadas pouco a pouco iam se acalmando, exceto a do Jake, que ainda respirava com um pouco de dificuldade; suas mãos tremiam levemente enquanto desesperadamente procurava por sua garrafinha de água, tomando grandes goles antes de respirar fundo, finalmente voltando a manter um ritmo calmo de respiração.

— Eu estou bem. — Assegurou aos outros quando percebeu os pares de olhos sobre si.

Sunoo o encarou por mais tempo que os outros, parecendo estudar o que havia acontecido antes de virar seu olhar para Sunghoon e Riki, que haviam começado a rir sem motivos aparentes. E foi apenas uma questão de segundos até que todos também estivessem rindo.

Não sabiam o porquê, mas também não conseguiam deixar de rir. Talvez fosse toda a situação cômica, quatro adolescentes de dezenove anos e um dezesseis que estavam brincando na neve e correndo pelos corredores temendo serem pegos pelo professor, como se tivessem doze anos novamente.

— Como vai ser?

A voz baixa de Riki fez com que as risadas fossem cessando aos poucos. Ele não precisava acrescentar mais palavras aquela simples pergunta porque todos sabiam que ele estava falando sobre como seria na segunda-feira.

— Não sei... — Sunghoon foi sincero ao responder.

Sunoo observou cada um. Primeiro Riki, que o encarou de volta, esperando obter alguma resposta; depois para Sunghoon ao seu lado, que tinha os lábios pressionados um contra o outro em uma linha e os olhos que não se focavam em um lugar só.

Em seguida focou seu olhar em Heeseung, mexendo de forma desinteressada em seus dedos. E por último, olhou para Jake, que encarava o chão de forma fixa e mantinha as mãos unidas, como se estivesse com medo.

Muito provavelmente, naquele momento medo fosse o único sentimento que eles compartilhavam.

Nenhum deles sabia responder a pergunta feita por Riki. Não sabia como iria ser a segunda-feira, talvez ainda fosse muito cedo para pensar sobre isso. Por ora, eles iriam apenas aproveitar o máximo que podiam até que seus rótulos dados pelo ambiente escolar voltassem a falar mais alto, lembrando-lhes de quem eles eram e quais eram seus lugares na pirâmide social daquela escola.

Onde, Sunghoon ocupava o topo, seguido por Riki e Jake, logo depois Heeseung e, por último, Sunoo.


Notas Finais


É isso ai meus amigos, chegamos até o fim.

Muito obrigada por lerem, espero que tenham gostado, se cuidem, bebam água e é isso, até a próxima.
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