1. Spirit Fanfics >
  2. Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida. >
  3. Difícil decisão

História Yu Yu Hakusho: A Relíquia Perdida. - Difícil decisão


Escrita por: LuisaPoison e Ocarina

Capítulo 5 - Difícil decisão


— Droga! — Kurama exclamou ao ver a jovem desmaiada em seus braços.

Levantou-se do chão, acomodando-a melhor, e olhou a sua volta, percebendo o estrago resultante de sua luta com a kamaitachi. Frustrado, queria ter ido atrás da youkai, porém não podia largar aquela garota sozinha. Se fizesse isso, além de possivelmente deixá-la suscetível a um novo ataque, também não descobriria o porquê invadiram justamente o apartamento dela.

Ao olhar a jovem desacordada, ele suspirou fundo. Caminhou até o quarto e a depositou sobre a cama para, em seguida, a analisar por alguns instantes. Incapaz de sentir uma forte energia espiritual, Kurama não teve outra alternativa a não ser concluir que a mulher era apenas uma humana comum. Ainda confuso por não entender o motivo do ataque, ele ao menos se sentiu aliviado por ter chegado a tempo de impedir que a youkai atingisse o seu objetivo. Se ele não tivesse aparecido no momento certo, aquela garota já estaria morta.

De repente, o kitsune se deu conta de que em seu bolso o bracelete vibrava com mais força do que antes. Ele voltou a examiná-lo, percebendo que o brilho estava ainda mais intenso, envolvendo agora toda a relíquia. 

— Só pode ter sentindo a presença daquela kamaitachi. Parece até que está tentando chamá-la — ele ponderou, observando a jóia em estado hipnótico.

Praticamente confirmando as suas suspeitas, o bracelete então emitiu um som baixo, porém, ao mesmo tempo, estridente, o fazendo arquear as sobrancelhas. Ele o depositou sobre a cabeceira da cama onde a jovem permanecia desacordada e voltou a se concentrar nela, fechando os olhos em seguida para novamente conferir o status de sua energia espiritual. No entanto, mais uma vez não conseguiu sentir nada além do trivial.

Estranhando toda aquela situação, Kurama sabia que não podia entregar a relíquia a Koenma, principalmente se realmente aquela reação era um chamado para os kamaitachi. O Reikai não saberia lidar com eles, e o bracelete colocaria todos os habitantes do mundo espiritual em perigo. Antes de tudo, ele sabia que precisava investigar se o ressoar da jóia realmente se justificava pela presença dos youkais-doninha na cidade. Mas, tão importante quanto isso, precisaria se manter por perto daquela mulher para descobrir se o ataque havia sido aleatório, ou se o inimigo tinha alguma outra intenção. 

De repente, absorto em seus pensamentos, Kurama ouviu uma voz conhecida vinda da sala, chamando pelo seu nome. Apressado, recuperou a jóia, e foi de encontro a Yusuke e Kuwabara, que já examinavam o cômodo, impressionados com a destruição que havia sido provocada ali.

— Sentimos um youki e viemos correndo para cá — Yusuke disse ao se aproximar do amigo — Mas já percebi que chegamos atrasados. Vocês fizeram um belo estrago aqui, hein?!

— Era um kamaitachi? — Kuwabara questionou.

Kurama assentiu.

— Então quer dizer que eles estão mesmo querendo briga? — o detetive espiritual fechou o punho num soco, unindo-o a sua outra mão aberta — Vamos dar a eles o que procuram.

— Isso aí, Urameshi! Esses imbecis vão sentir o poder do grande Kuwabara! — ele dobrou os braços, forçando a proeminência dos músculos.

— Acalmem-se. Não podemos nos precipitar. Se fizermos algo impensado, podemos pôr tudo a perder — Kurama disse com seriedade.

Yusuke murchou os ombros, desanimado. Embora estivesse com muita vontade de extravasar a sua raiva, principalmente depois do que fizeram à Keiko, ele sabia que o kitsune estava certo.

— E onde está o kamaitachi, afinal? — o detetive espiritual perguntou.

— Infelizmente escapou. Não pude ir atrás dele.

— Por que não? — Kazuma indagou confuso.

Antes que Kurama pudesse responder, porém, um barulho vindo do quarto ao lado fez com que os três se voltassem naquela direção. Juntos, foram até o local, onde encontraram Yue sentada na cama. 

~*~*~

Após saltar pela janela do apartamento, a kamaitachi se embrenhou em um beco escuro e olhou para os lados para ter certeza de que não estava sendo seguida. Ao se dar conta de que estava segura, pressionou os ferimentos em seu corpo, dominada pela dor excruciante. A doninha sabia que precisava urgentemente estancar a hemorragia e, por isso, mesmo com dificuldade, saltou para o terraço de um prédio. Pulando de edifício em edifício, amaldiçoou a si mesma por ser tão descuidada.

Ao chegar no antigo depósito que servia de esconderijo para os kamaitachi, deparou-se com dois de seus companheiros aguardando por sua chegada.

— O que aconteceu com você, Yami? — o mais jovem perguntou, visivelmente preocupado.

Ofegante e sem forças, ela caiu ao chão sangrando incessantemente.

— P-preciso de ajuda. Eu fui atrás da garota — disse com dificuldade.

— Você o quê?! Onde ela está? — o outro perguntou.

— Não consegui capturá-la.

Por detrás de Yami, um terceiro kamaitachi chegou, enfurecido com o que havia acabado de ouvir.

— E quem disse para você agir sozinha?! — nervoso, ele exclamou ao se aproximar — Você me desobedeceu?!

— M-me desculpe, senhor Shinohara. Há dias venho monitorando aquela mulher e hoje cheguei à conclusão de que é a pessoa certa. Como nós temos urgência em retomarmos o nosso poder, decidi agir por conta própria, mas...

— Mas o quê?! — ele a agarrou pelas roupas de maneira ameaçadora — Por que deixou que escapasse?!

— Aquele maldito kitsune...— ela estremeceu —... ele também está aqui.

O líder a soltou, espantado com o relato.

— Foi ele que fez isso com você? 

Ela assentiu.

— Ele é muito forte. Conseguiu lutar de igual para igual comigo. Me pegou de surpresa. Não tive outra alternativa a não ser fugir de lá!

— Desgraçado! Como ele ousa atacar uma raça superior? — um dos colega a respondeu, furioso.

— Percebe o que fez, Yami? Sua atitude precipitada custou caro. Agora o kitsune tem, não somente o bracelete, mas também a garota — Shinohara a repreendeu.

— Me perdoe! Prometo que os recuperarei, ainda que custe minha vida! — ela gritou, envergonhada pelo própria fracasso.

— Dessa vez deixarei passar, somente porque toda essa situação nos beneficiou de alguma forma. Mas não irei tolerar mais erros.

— Do que está falando, senhor Shinohara? Nós os perdemos! — exaltado, o mais velho dos kamaitachi exclamou.

— Não é óbvio, Ban? Apesar de tudo, manter a garota próxima ao bracelete é a melhor coisa que nos aconteceu. Se antes faríamos duas caçadas, agora podemos nos preocupar somente com uma. O kitsune não faz ideia de que, graças a isso, ele nos devolverá de uma só vez todo o poder que um dia nos roubou. É possível que nossos dias de glória retornem antes do que eu havia planejado.

~*~*~

Ao chegar no quarto, Yusuke estancou os passos de repente, fazendo com que, acidentalmente, Kuwabara trombasse com ele.

— Ei, Urameshi! Vê se toma mais cuidado! — ele reclamou irritado, mas desistiu de levar a briga adiante ao notar que o amigo estava imóvel, concentrando-se na jovem sentada na cama.

Confusa, ela os observava assustada.

— Olá, tudo bem? — Kurama, perguntou a ela — Você mora aqui?

Ao vê-lo fazer menção de entrar no quarto, Yue se encolheu amedrontada. Kurama então recuou, com o intuito de tranquiliza-la.

— Não se preocupe. Não vamos te machucar — ele disse em seguida.

— Q-quem são vocês? — ainda em pânico, ela perguntou com a voz trêmula.

— Meu nome é Shuuichi Minamino. Esses são Kazuma Kuwabara e Yusuke Urameshi — disse gesticulando em direção aos amigos — Você está bem?

— O que querem comigo?! Onde está aquela coisa?!

— Fique calma — Kurama pediu — Ele já foi embora.

kitsune tentou mais uma vez se aproximar, mas Yue novamente se afastou.

— O que você é?!

Num primeiro momento, Kurama não compreendeu a pergunta, mas depois percebeu que ela se referia à luta. Um humano comum não seria capaz de fazer tudo o que ele havia feito.

— Sei que está assustada, mas posso te garantir que não lhe farei mal algum. Sou apenas alguém querendo te ajudar. Você se lembra que te salvei, não é?

Pensativa, ela assentiu, deixando que ele se aproximasse em seguida.

— Qual o seu nome? — Kurama perguntou.

— Yue Takeuchi.

— Você mora aqui? — ele repetiu a pergunta feita anteriormente.

— Sim...

— Consegue se lembrar de tudo o que aconteceu?

Ela emudeceu, fixando o olhar apavorado em um ponto qualquer do cômodo.

— Aquele monstro...— disse enfim — Ele estava me seguindo! Eu saí do trabalho e, quando me dei conta de que estava atrás de mim, corri o mais rápido que pude. Mas ele me encontrou! Invadiu a minha casa e...

Amedrontada, ela estremeceu com a lembrança, derramando lágrimas sobre o colchão em que estava, enquanto soluçava incontrolavelmente.

— Fique calma — Kurama ajoelhou diante dela — O perigo já passou.

Yue o encarou diretamente nos olhos, deixando-se levar pelas suas palavras. Somente então percebeu que o braço do kitsune estava sangrando.

— Você está ferido! 

— Não se preocupe. Isso não é nada. E você? Te machucaram?

A forma excessivamente preocupada como ele a fitava fez com que, num reflexo, Yue desviasse o olhar encabulada.

— Não. Estou bem.

— Quem te atacou te disse o porquê fez isso? — Yusuke a questionou.

— Não...eu não sei o que aquela coisa queria comigo. Sabem me explicar o que ela era, afinal?

Os três se encararam por alguns instantes. Eles sabiam que, se quisessem a cooperação da garota para entender o porquê estavam atrás dela, precisariam primeiro lhe contar toda a verdade. Assim, de maneira resumida os três esclareceram toda a situação, explicando-lhe o essencial.

Após ouvir cada palavra, Yue ficou ainda mais chocada. Havia recebido muita informação, e precisaria de tempo para assimilar tudo. Justamente por isso, pediu licença aos três, para que pudesse ficar sozinha por um momento. Ao verem que Yue precisava de privacidade, eles a deixaram no quarto, dando a ela o tempo que necessitava. Ela então se dirigiu ao banheiro, onde tentou lavar o rosto com água fria, somente para ter certeza de que estava acordada. Enquanto isso, na sala, os três discutiam o que fariam a seguir.

— Kurama, você acha que a atacaram só por não gostarem de humanos ou por algum outro motivo? — Yusuke perguntou a ele, enquanto esperavam Yue se recuperar do susto.

Encostado na janela quebrada pela kamaitachi, Kurama refletiu sobre a pergunta.

— Não sei ainda, mas não acredito que a tenham atacado por acaso. Não faz sentido.

— E o que devemos fazer? Deixá-la sozinha é perigoso, não é? — Kuwabara questionou.

— Acredito que sim — o kitsune voltou a dizer — Mas não sei o que fazer, e também, se optarmos por levá-la para outro lugar, não sei se ela aceitaria. Para Yue, somos três estranhos.

— Nisso você tem razão — Yusuke concordou — Mas não custa tentar.

— E a levaríamos para onde? — Kuwabara perguntou

Yusuke e Kurama se entreolharam, refletindo sobre a pergunta.

— Eu até a levaria pra casa, mas não sei bem se Keiko concordaria. Além disso, não quero colocá-la em perigo de novo. 

— Digo o mesmo com relação à minha família — Kazuma respondeu — Além disso, Yukina também mora comigo. Não quero que corra perigo caso alguém venha atrás de Yue.

— Ela pode ficar na minha casa — Kurama concluiu dando de ombros — Eu moro sozinho, então não arriscarei a segurança de ninguém. Além disso, poderei ficar de olho nela o tempo inteiro.

— Ficar de olho, é? — Yusuke se aproximou do amigo — Você não perde tempo heim, Kurama? Sabia que seu jeito de bom moço era apenas fachada.

— Francamente, Yusuke! — Kuwabara o repreendeu antes que o kitsune pudesse respondê-lo — Isso é hora de fazer piadinha?! Não fale como se o Kurama fosse igual a você!

— Ah, e você fala como se fosse muito santo, não é Kuwabara?!

Kurama riu diante da discussão dos dois. Apesar de todas as suas preocupações, os seus amigos conseguiam fazê-lo sorrir.  De repente, com os longos cabelos negros completamente úmidos, Yue saiu do quarto, trajando roupas novas. Depois de praticamente ter colocado a cabeça inteira debaixo da torneira, e terminando por ficar ensopada, ela enfim se convenceu de que aquilo tudo era real. Kurama então sugeriu que a jovem morasse provisoriamente em a sua casa, onde poderia ficar em segurança. A princípio, ela recusou, incomodada com a ideia de ir para a casa de um completo desconhecido. No entanto, após a insistência dos três, cogitou a possibilidade, sabendo que realmente não estaria segura naquele apartamento. 

— Não tem como ficar aqui, Yue! Esse lugar foi destruído! Além disso, aqueles youkais podem voltar para procurá-la! — Kuwabara a alertou, fazendo com que ela franzisse o cenho preocupada.

— É, eu sei, mas… — ela interrompeu a fala, pensativa.

Ir para casa de um estranho contrariava todos os seus princípios, é claro, mas aquele não era o melhor momento para tomar uma decisão racional. Se não tivesse visto a luta com os seus próprios olhos, Yue duvidaria da sanidade dos três amigos ali presentes. No entanto, o que presenciou estava longe de ser algo normal. Se ficar na casa de um estranho não fazia sentido, se deixar sujeita a um novo ataque fazia menos ainda. 

Quando um conjunto de sirenes tocaram em uníssono do lado de fora, automaticamente os quatro correram para a janela a fim de descobrir do que se tratava, e observaram duas viaturas da polícia chegarem ao local. De dentro dela, homens uniformizados saíram armados, dirigindo-se à entrada do edifício.

— Essa não...chamaram a polícia! — Kuwabara exclamou desesperado.

— Devem ter sido os vizinhos...— Kurama respondeu — Eles não podem nos encontrar aqui. Simplesmente não tem como lhes explicar tudo o que aconteceu.

— Como vai ser, Yue? Vai sair daqui com a gente ou não?! Se decidir ficar, não terá volta — Yusuke perguntou, dando a ela um ultimato.

Yue observou os policiais entrarem no prédio para examinarem o local. Sabia que seria questão de segundos para chegarem até eles. Assustada, respondeu enfim.

— Tudo bem! Eu vou com vocês. 


Notas Finais


E aí, pessoal! Gostaram do capítulo? O que estão achando?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...