História Yui, cadê o chinelo? - O maldito Usagi

"Pode parecer clichê (e é) mas ele realmente é mágico. Qual o poder dele?

O poder que todo otaku gostaria de ter: o de me teleportar para diferentes mundos de diferentes animes."

...

É o que eu gostaria de dizer, mas desde que ele se foi, passei a acreditar que não podemos usar um mesmo chinelo de borracha para sempre. Mudanças são necessárias, e por isso eu não sou mais a mesma idiota de antes. Agora, eu sou...

Três vezes mais idiota!

Não só eu, como todos nós... Até mesmo um coelho misterioso. Desde que o vi na rua, não consigo tirá-lo da cabeça. O rosto dele é irritantemente...familiar. Às vezes, sonho com ele. No sonho, nós dançamos juntos, uma música interminável no meio de uma galáxia infinita.

Meu nome é Yui, e eu sou uma otaku que venera animes, principalmente yaoi! E eu...Tinha um chinelo mágico. Não que isso importe, agora.

(Yui): Juri, avisa a Senhorita Kyara que eu estou saindo, ok?

(Juri): Por que não pode simplesmente chamá-la de mãe? - Ele riu. - Tudo bem, para onde vai?

(Yui): Vou comprar uns sapatos. - Falei, me despedindo.

Eu estava precisando de um tempo para mim, estava precisando respirar o meu próprio ar. Por isso, decidi sair sozinha.

Me arrependo profundamente. Não gostei de nenhum, até porque nenhum deles era um simples chinelo falante. Mas esse não foi o problema.

O problema começa quando já está anoitecendo, quando você é uma garota sozinha, quando está longe de casa.

(Joe): Ei, gatinha! Que tal vir com a gente?

(Bonba): Vai ter que dividir, Joe!

Dois caras exageradamente feios vieram me atormentar. E vai saber do que eles são capazes de fazer se você recusar.

(Yui): São estrangeiros?

Seus cabelos loiros oxigenados e a pele num bronzeado falso e exagerado denunciava sua verdadeira identidade: dois porcos asiáticos querendo fazer parte das gangues que rodam NY.

(Joe): Oh, parece mesmo que somos, não é? - Ele colocou o braço em torno de mim. - Gostei de você, vamos...

(Yui): Com licença, Porco-san, mas, com todo respeito, poderia retirar esse braço extremamente pesado pelo excesso de gordura de cima de mim?

(Bonba): Quem você pensa que é, sua vadia?! - Ele elevou o tom de voz e me empurrou, fazendo eu me afastar do tal de Joe.

(Yui): Sou alguém melhor do que você. - Sorri ironicamente.

(Joe): Você se acha tão boa assim? - Ele riu, como um javali. - Vamos levar, Bonba. - Ele fez um sinal e os dois me pegaram pelos braços.

Usei toda minha coragem momentos atrás. Agora, eu estava realmente tremendo. Eu estava realmente com medo.

Não estava em um anime, dessa vez. Não havia quem me salvar, não havia super-poderes, não havia saída. E eu apenas fechei meus olhos e desejei que o Hiro-chi aparecesse...Ou até mesmo que a Mi-chan aparecesse. Pela primeira vez, eu devia, e queria, ser salva.

(??¿¿): Ei! - Meus olhos estavam cerrados, mas eu escutava muito bem. Uma voz doce fez com que todo o pânico que eu sentia se tornasse apenas um pouco de estresse do dia a dia.

Se eu pudesse, me casaria com essa voz.

(??¿¿): O que estão fazendo com a minha namorada? - Mãos quentes me agarraram, mãos diferentes das de antes. E então, elas me puxaram para perto de um homem com um cheiro estranhamente familiar. Hiro-chi? 

Não...

Abri lentamente meus olhos, com medo de quem poderia ser. Mas, que eu saiba, eu só sou namorada de uma pessoa.

(Joe): Ei, ei...Vamos ter que acabar com você antes, então?

Quando abri meus olhos, a realidade era incrivelmente engraçada.

Aquele cara, com o qual eu nunca havia falado, estava botando os falsos gangsters pra correr. Aquele cara, com o qual eu nunca havia falado...Mas era extremamente familiar.

(Yui): ...Usagi!!! - Exclamei. Na verdade, pensei alto.

(Usagi): Hum...? Como sabe o meu nome?

Aquele cara de cabelos brancos e olhos vermelhos, como um personagem de anime, me salvou. Mesmo que, com aquela jaqueta preta de couro, ele parecesse mais um vilão.

(Yui): S-Sério?! É mesmo o seu nome? Entendo...Isso é que é gostar do próprio nome...

(Usagi): Bom, agora, é o meu nome. - Ele passou a mão no meu cabelo. - Tome cuidado. Esses caras não sabem o que é respeito...

(Yui): ...Obrigada...- Agradeci, me curvando. - Agora, tenho que ir...Com licença...

A presença dele me deixava confusa. Eu realmente não sabia o que fazer.

(Usagi): Claro. - Ele sorriu. - Até mais! - Quando levantou o braço para acenar, vi um desenho em sua camiseta, sob o coração. Era um chinelo.

Um chinelo...Como aquele que eu tinha.

Aquilo me fez pensar pelo resto do dia, e só me deixou mais perdida do que já estava.

[...]

Como estou de férias, acordei bem tarde. Esse ano, será o 3° Colegial... e o Juri já vai para a faculdade.

(Yui): Mãe, o Juri já acord---

Eu terminaria de falar o que queria sem problemas, se não houvesse um coelho humano sentado no sofá da sala, enquanto minha mãe cozinhava.

(Yui): O...O QUE ELE TÁ FAZENDO AQUI?

(Kyara): Ora, Yui...- Ela sorriu. - Ele vai morar aqui agora.

(Yui): ...Ficou louca?

(Kyara): Ele alugou o quarto que estava vazio!

(Yui): E DESDE QUANDO ALUGAMOS AQUELE QUARTO PARA AS PESSOAS?!

(Kyara): É que...Ele é tão bonito. - Ela sorriu como uma jovem vendo seu primeiro amor.

(Yui): Eu...vou contar pro papai.

(Kyara): Não se preocupe, ele também achou ele lindo!

(Yui): ...Fala sério...

(Kyara): O Juri saiu, então...Ajude o Usagi-kun a desfazer as malas, certo?

(Yui): Por que eu tenho q---

(Kyara): Estou fazendo curry, então...

(Yui): Certo, estou indo!!!

Me aproximei lentamente de Usagi, que estava concentrado em um programa de TV.

(Yui): Bem...Eu vou te ajudar, então...

(Usagi): Hum? - Ele se virou. - Oh...Certo! - E abriu um sorriso largo.

Sinto que ele vai bagunçar minha vida.

[...]

(Yui): Certo, o que preciso fazer?

(Usagi): Bom...Me ajude a guardar essas roupas.

Quando eu abri a mala, uma coisa me surpreendeu. 

Não, não eram as cuecas inconvenientes. Por algum motivo, todas as blusas dele possuíam um chinelo estampado do lado onde fica o coração. E, o par de chinelos formava mesmo um coração.

(Yui): Você... Só tem dessas? 

(Usagi): Sim. Algum problema? - Ele me fitou.

(Yui): Não, é que...

(Usagi): Se eu não usar isso, nós teremos problemas. - Ele pegou as blusas e começou a guardar na gaveta.

(Yui): O que quer dizer...?

Ele tirou aquela jaqueta de couro aparentemente quente e jogou na cama.

(Usagi): Você não mudou nada, Yui...- Ele sorriu maliciosamente.

(Yui): D-Do que está falando? Minha mãe te contou alguma história constrangedora?! 

Ele se aproximou de mim, me olhando com aqueles olhos penetrantes, e eu ia me afastando, até não conseguir mais. Até que eu me encontrasse encostada numa parede, sem saída. Até ele me prender na parede, encostando o rosto ao meu, com nossos lábios prestes a se encostar.

(Yui): O que...O-O QUE TÁ FAZENDO?! Eu...Eu tenho namorado e...- Tentei empurrá-lo.

(Usagi): Hiroshi. Eu sei. Não pense que eu quero fazer isso...- Ele passou a mão pelo meu cabelo e desceu até o rosto. - Por que cortou? 

Nossos rostos estavam tão colados que era fisicamente impossível que ainda não tenhamos encostado nossos lábios.

(Yui): E-Eu...Queria...Mudar um pouco...- Virei o rosto e desviei o olhar.

(Usagi): Está bonita assim. - Ele sorriu e se afastou.

Logo que nos distanciamos, Hiro-chi entrou no quarto.

(Hiroshi): Yui!

É como se...O Usagi tivesse sentido o Hiro-chi se aproximando.

(Hiroshi): Yui, o que foi? - Eu estava com o rosto queimando e estava ofegante, como se tivesse acabado de correr uma maratona.

(Yui): N-Nada...

(Usagi): Olá. - Ele sorriu para o Hiro-chi.

(Hiroshi): O-Oi...- Ele pareceu um pouco desconfortável.

(Usagi): Pode ir, Yui. Eu termino sozinho.

Eu não consegui responder, apenas assenti com a cabeça.

Como eu suspeitava...A presença dele é totalmente desconfortante. E também...Ele tinha algo.

Suas camisetas não podem podem simplesmente não significar nada. Esses nossos encontros ocasionais não podem simplesmente ser mesmo ocasionais.

Usagi, quem é você? 

Por que quando estou com você, tenho a estranha sensação de...Estar com o Chinelo?

Por que você não me diz onde comprou aquela jaqueta?! POR QUE NÃO ME VENDE ELA PELA METADE DO PREÇO?

São muitas perguntas, mas nenhuma resposta.