Ana120

Amor. Um sentimento comum, mas ainda sim rodeado de mistério por conta de suas diferentes facetas que atrai e fascina as mais distintas pessoas, que estudam e almejam tal sentimento.
Essa história é uma coletânea de pequenas histórias que giram em torno do amor, mostrando ele em ação em diferentes situações, pessoas e mundos.

História 1: A Mulher do Bosque: "Mas nem tudo andava pesaroso em sua vida. Toda noite, quando se deitava em sua cama e seus olhos se fechavam, embalando-a para o sono profundo e sonhos belos e cativantes, ela via uma figura, agora já recorrente. Uma mulher, mais alta do que ela, com cabelos negros levemente ondulados que caiam por suas costas como cascatas e mãos finas com dedos longos e delicados, provavelmente poupados de um vida de trabalho, tão diferentes dos dela."

Eles não eram mais quem costumavam ser.
Harry Potter agora era um renomado auror, chefe da Seção de Aurores. Sentia-se frustrado e cansado no trabalho, mas acreditava que estava indo bem, fazendo sua parte e protegendo a comunidade bruxa como sempre fez. Ele certamente havia mudado nos últimos anos, não sabia se para melhor ou pior, mas mudara.
Draco Malfoy compartilhava de situação parecida. Não se sentia frustrado com o trabalho, mas o sentimento certamente lhe possuía, e sentia-se cansado pelo contínuo lembrete de suas tolas ações quando mais jovem, mas acreditava estar indo bem, ou pelo menos queria acreditar que sim, mas o karma era impiedoso e lhe cobrou de forma dolorosa por todas as suas inconsequências.
Não esperava um ataque após tantos anos, e também não esperava uma cegueira aos 37 anos de idade, mas quem era ele para esperar gentileza? As pessoas nunca gostaram muito de si e ele sabia que tinha culpa nisso, talvez estivesse “pagando por seus pecados”, como os trouxas dizem.
Mas ele com certeza não esperava ser pego por Harry Potter, não esperava a compaixão de Potter por sua situação, nem as palavras gentis e as conversas amigáveis que vieram depois, ele definitivamente não esperava criar boas lembranças ao lado de seu antigo inimigo.

"A família Holmes, mesmo sendo antiga e sangue puro, mantinha-se na humildade; nada os faltava, mas também não demonstravam nenhum tipo de luxo ou exibicionismo. Poderiam ser antigos, mas de longe eram os mais comuns na comunidade bruxa, que certamente não se lembrava da existência deles."

Anthony Holmes, o filho mais velho da família, já estava acostumado com a reclusão. Por vinte e seis anos o rapaz se contentou apenas com a vida pacata, sem notícias do seu mundo.
Um dia, com o consentimento repentino de seu pai, o jovem vê a oportunidade de sair e conhecer o mundo mágico, e com o apoio dele, dos tios e do irmão, Anthony começa sua viagem pelo Beco Diagonal.
Ele apenas não contava com o fato de que poderia facilmente se perder, e com a família longe, aquilo seria um caos, porém Merlin parecia se compadecer com dele, que vê a ajuda aparecer em forma de um garotinho de cabelos azuis e um homem com uma cicatriz na testa.

Desde que se entendia por gente, Miguel nunca tivera grandes eventos em sua vida, vivia com tia no mesmo bairro do Rio de Janeiro há dezoito anos, se acostumara com a vida relativamente calma, com os mesmos rostos, os mesmos cheiros, a mesma rotina.
Quando uma fofoca chega até si, o jovem se vê encantado pelo filho de uma vizinha que chegara na cidade há pouco tempo, e em um piscar de olhos ele se encontra trocando olhares e sorrisos com o outro.
Após uma conversa com sua amiga, o jovem finalmente decide tornar uma iniciativa e passar de apenas olhares para verdadeiras ações.

Elis Collins, uma investigadora policial, se vê em uma situação preocupante quando um novo caso não lhe deixa pistas concretas, deixando-a em rotas sem saídas.
Diante desse problema, ela busca ajuda a seus parceiros de trabalho e vê a si mesma mergulhar em uma história de ódio e segredos.

"You stole it from me, I'm just taking back what is mine."

Porque mesmo com todas as coisas que poderiam dar erradas, eles ficariam sempre juntos, compartilhando os complexos passos e os belos momentos, afinal, estavam juntos graças a dança, e dela sempre lembrariam ao ver a despedida do sol e a chegada da lua.

Anamnese
substantivo feminino
1. lembrança pouco precisa; reminiscência, recordação.

Charlie definitivamente possuía muitas lembranças com Harry. Das noites em que ele engatinhava para a cama do irmão porque não queria dormir sozinho, das vezes em que ele tinha cuidado de seus machucados, os sorrisos calorosos e afagos carinhosos.

Porém, ele já não tinha certeza se elas aconteceram do jeito que ele lembrava. Ele pensa que talvez, durante aqueles momentos, o irmão não tenha expressado a verdade. Que em algum momento ele não havia demonstrado sua verdadeira natureza para Charlie.

Mesmo que já não tivesse mais certeza de que sua lembranças eram confiáveis, ele gosta de pensar que eram verdadeiras.

Ele gosta de pensar que a sua segurança e felicidade não foram apenas desculpas que Harry usava para cometer aqueles tais atos.

Ele gosta de pensar que Harry o amou, assim como ele amava o irmão.

"– Até quando pretende continuar chorando? Está começando a me preocupar.
Uma voz feminina soou no ambiente, fazendo com que Severus abrisse os olhos arregalados e assustados, o coração batendo rapidamente e um frio no estômago.
As orbes negras passaram lentamente pela sala, visualizando cada canto do ambiente, até seus olhos pararem perto de uma janela onde uma pequena mesa redonda estava, com duas cadeiras dispostas em cada extremidade e em cima da mesma, um bule de chá, duas xícaras e um prato com biscoitos repousavam.
Uma mulher de cabelos castanhos e longos, olhos dourados e um singelo sorriso estava sentada em uma das cadeiras e olhava diretamente para a figura do pobre rapaz.
Snape se levantou da melhor forma que pôde, se apoiando na porta, pois suas pernas ainda tremiam por conta da maldita azaração."