Fehnn

Lembrou-se também de quando Rosalie nasceu. Estava confuso, tinha apenas 11 anos; não sabia se estava interessado em dividir a atenção dos pais com um irmão. Mas lembrava-se exatamente do que sentiu quando ela agarrou seu dedo e sorriu. Era tão pequena, tão inocente, tão frágil. Era sua eterna irmãzinha. Naquele momento, já havia decidido que ele a protegeria pelo resto da vida, não importava como.

De repente, notou que havia um garoto ― de não mais que dezessete anos ― parado à porta. Vestia as mesmas roupas que ela; no entanto, as dele encontravam-se ensanguentadas. Sua aparência era cadavérica; sua expressão, triste. Sua pele era pálida como papel, desenhada por profundos hematomas roxo-esverdeados.
E seus olhos, completamente negros.
E então Liana percebeu que ele não os tinha.
E apesar de sua aparência perturbadora, estranhamente sua presença trazia cheiro de rosas.

E, quando percebemos, tudo se acaba.

one || feita em momento de reflexão || pode ser gatilho

Absorto em pensamentos desconexos, atravesso o recinto prestes a fechar a porta da sacada, quando vejo uma silhueta contra o céu negro em meio à neve que caía. Encontrava-se sentada no beiral do prédio à frente, imóvel, os olhos fixos na lua prateada. Curioso, cruzo meus braços sobre o peito e, envolvendo-me em fumaça negra, desloco-me para lá.
-Amélie? – perguntei ao reconhecê-la.

Sabe, eu te amo mãe. Sinto muito não ter dito isso quando você se foi... em todas as vezes.

Não entendia porque ainda se lembrava; afinal, aquilo já fazia muito tempo. Gabriel acreditava que as feridas estavam curadas, até precisar tocá-las.

Angela olhou nos olhos de Genji e se perdeu por um instante no castanho intenso deles. Sentiu seu rosto esquentar ainda mais. Genji sustentava o olhar, e como ela, ficava cada vez mais corado. De repente, ele virou o rosto e bebeu mais um pouco do café.

No fundo, ele não se importava. Estaria pronto para atirar, se fosse preciso. Mas, primeiro, ele precisava desabafar. As palavras saíam de sua boca uma atrás da outra, um pouco embaralhadas, mas em um tom profundamente nostálgico.