witchoftime

— Você demorou muito.— Uma voz conhecida o fez arrepiar, ele não precisou de muito para saber quem era. Eddie olhou para cima e encarou-o, Chris tinha seus cabelos enormes como quando o conheceu em 1990 quando ainda estavam formando o Temple of the Dog, estava mais jovem e saudável também e um sorriso largo enorme que fez Eddie sorrir de volta sem desviar o olhar do amado.

"e se eu apenas a tivesse deixado para trás? E se eu não tivesse me importado? Talvez se eu não tivesse tentado a proteger tanto, acredito que ela estaria aqui agora. Eu não sei quando e nem como aconteceu...talvez no fundo eu saiba. Agora ela está longe de mim e eu não sei por onde começar. Ela chegou do nada e fez uma bagunça na minha vida inesperadamente e agora eu não sei por onde começar a arrumar..."

A sociedade, enfim, a sociedade, hipocrita, capitalista, desumana, era assim que as coisas eram e dali em diante, sempre seria o que conhecíamos, cruel, cascavel, assassina, apontando no nariz dos outros oque eles devem ou não ser ou fazer, determinando os pontos e julgando aqueles que não conhecem. Será que é preciso mesmo mais sangue inocente derramado de bos os lados, humano e mutante, para que isso seja mudado?
O gene x mal havia sido descoberto e já havia um número consideravel e enorme de mortes, tanto humano, como mutante, de forma desnecessária, de forma covarde, apenas porque a humanidade temia oque na conhecia e uma paixão naquela época entre lados opostos, era a última coisa que deveria acontecer, certo?

"All the love gone bad turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all I'll be yeah
I know someday you'll have a beautiful life
I know you'll be a star in somebody else's sky, but why
Why, why can't it be, oh can't it be mine?
Ooh, ah yeah, ah ooh"

E em direção a Seattle, seu coração continuava partido, mas ele precisava desabafar, Eddie tinha que arrumar um jeito de aliviar a dor, afinal, o show não pode parar.

Suas mãos fixaram-se ao rosto macio dela, acariciando e sentindo a textura macia que ali continha, matando parte da saudade que quase a matou nesses quase três dias por algo que aconteceu de forma inesperada por causa de um maldito desenho naquela maldita quinta feira de 18 de Abril de 1982.

Jean Elaine Preston, ou somente Jean, ou Jeannie, como ela gostava de ser chamada, como seu pai a chamava, era só mais uma garota rebelde, californiana do ensino médio, que havia se mudado para Boston e obrigada pela tia a frequentar uma escola aonde ela não conhecia ninguém, onde ela odiava quase todo mundo. Tinha um trabalho de história para terminar em uma semana e oque mais irritava era seu parceiro de trabalho, que insistia em fazer amizade com ela a todo custo. Será que isso daria certo?

Se não fosse por estar a quase 8 horas sóbrio, Lars podia dizer que estava drogado naquele momento, completamente entorpecido, completamente sob efeito do pó, mas estava limpo, não havia colocado na boca nem um pingo de cerveja, mas é como se estivesse observando uma obra, uma musa, um deus, uma das pinturas favoritas, expostas no Louvre, ou o Monet, no escritório de seu pai, que exalava paz e que sempre o prendia, mesmo que já havia visto aquela pintura desde seus oito anos.
Por um momento, Lars teve a impressão de que o garoto olhava pra ele, sorria para ele, revelando seus dentes tortos e que davam um charme para o moreno. Lars acreditava que o garoto era a coisa mais linda que já havia visto, completamente preso e hipnotizado por um desconhecido.

Não podia ser verdade. O sentimento de negação era enorme dentro dela, Wanda não saberia lidar, Wanda não conseguia aceitar, mas a dor era enorme, era como se tivessem arrancado seu coração sem anestesia, era como estar vivo e não poder tomar as rédeas do seu próprio corpo ou de seus sentimentos, e o vazio? O vazio, a angústia, a tristeza, o medo e a raiva, Wanda não sabia lidar com todos aqueles sentimentos, desde que perdeu seus pais e irmãos, mesmo que aquela dor tivesse sido um pouco aliviada com a presença de Natasha que conseguia arrancar sorrisos bobos e apaixonados dela, agora era como se aquela dor antes esquecida tivesse voltado em dobro.