archiven

Naquela noite fria de outono, nos declaramos e nos despedimos, desde então nunca mais nos falamos e eu nunca mais fui o mesmo.

Em um final de noite tomado pelo calor do verão, a solitude que se abate sobre Heeseung torna-se quase insuportável, o queimando de dentro para fora lenta e tortuosamente com as chamas de um desespero apático. Felizmente, seu preguiçoso anjo da guarda resolveu fazer hora extra naquela encalorada quase-madrugada e, com a sua presença acolhedora, transforma os espinhos da solidão que se emaranham ao redor d’alma cansada de Heeseung em viçosas flores, coloridas e perfumadas.

Jake e Sunghoon eram os tais soulmates, inseparáveis, e tudo na cabeça do Shim não passava de uma grande amizade. Mas bom, a verdade era que Sunghoon nutria sentimentos profundos por Jake desde a festa de aniversário de 14 anos do dito cujo, desde aquele selinho inocente, porém já estava demorando muito tempo para se declarar. E quando menos espera, um de seus amigos – o mais novo do "Grupo dos Tontos" –, Niki, revela o segredo da paixão de Sunghoon para Jake, deixando toda aquela semana um completo azar e caos no pequeno coraçãozinho confuso do Shim.

Naquele momento era apenas eles, trocando juras silenciosas sob as estrelas, a brisa leve que fazia seus pêlos arrepiarem; a Lua que contemplava os sentimentos entre dois jovens, sonhando em algum dia poder viver um romance parecido com seu amado Sol.

Heeseung não conseguia se abrir para novas amizades, não se permitia viver um amor... Isso até Park Jongseong entrar em sua vida e o mostrar que amar é a melhor coisa do mundo.

O clima estava agradável, como de costume em Seul. O céu se encontrava azul e sem nuvens, porém ainda era predominante um leve frio de fim de inverno.

Muitos estavam animados com a ideia de sair para as ruas, agora que o rigoroso inverno já havia acabado.

As crianças pegavam aquele resto de neve, e jogavam umas nas outras, ou, então, para o alto. Não que isso fosse mágico. Era somente divertido, poder tocar aquele material fofo e gélido, que fazia com que as mãos desprotegidas de crianças arteiras ardessem um pouco. De toda forma, isso era único.

A intensidade do olhar fazia o seu redor desaparecer e entregar um mundo inteiramente belo que esbanjava amor; algo deles.

Ela tentava entender o motivo pelo qual sua intuição a levava até o bosque — ou aquele que parecia puxá-la para lá como o sopro suave da solidão.