espelhar

O mal assume várias formas, e na pequena Ilha do Marfim ele anda lado a lado com o medo. Pacato e praticamente intocável, o lugar aparenta ser apenas mais um vilarejo no sudoeste da Inglaterra, mas esconde uma história sangrenta marcada pela fúria e intolerância de seus moradores. Quando fenômenos sobrenaturais se tornam rotineiros e uma sequência aparentemente inexplicável de desaparecimentos começa a aterrorizar a comunidade local, é preciso buscar algo ao que se apegar: a fé, a ira ou a descrença. Indiferente aos meios de contenção, o perigo anda à espreita, escondido na floresta e se alimentando dos destroços de crimes prévios que nunca deixaram de assolar a mente de seus executores. É chegada a hora de prestar contas com o passado, e enfrentar os próprios demônios torna-se uma tarefa inevitável quando as memórias que por muito tempo tentamos enterrar, começam a percorrer o seu caminho tortuoso de volta à superfície.

A cidade de Worden, localizada ao norte da Irlanda, nem sequer ocupa um lugar no mapa, mas guarda, em seu interior, segredos muito maiores a serem desvendados. Formada quase que integralmente por criaturas sobrenaturais, o lugar fora criado no ano de 1985 com a promessa de pôr fim a uma guerra que se estendia por anos e oferecer um lar para esses seres que sobreviveram a tanta coisa. Em partes, isso realmente aconteceu.
Negligenciados e vivendo à base das migalhas de uma sociedade que não estava pronta para os aceitar, os cidadãos de Worden eram "protegidos" pelas leis do Conselho, uma espécie de órgão formado por um membro de cada raça remanescente que visava garantir direitos, condições básicas de vida e auxílio na contenção de seus poderes. Tudo parecia correr perfeitamente bem, mas, como nos filmes, a calmaria anunciava a tempestade.
Quando o avião que deveria trazer os membros do Conselho vivos para a cidade revela os seus cadáveres em seu interior, uma onda de insatisfação e terror se alastra pelos quatro cantos da cidade. Vítimas daqueles que um dia juraram protegê-los, só os resta uma única alternativa: a revolta. Munidos de uma ânsia de liberdade, cabe à essas criaturas virarem à seu favor o tabuleiro que nunca os beneficiou e, pela primeira vez, assumirem o controle da situação. A cidade de papel é levada pelos ventos da mudança e "sobreviver", ao que parece, continuará sendo o lema de quem está à beira da extinção.