wabi-sabi

Num inverno frio e chuvoso, ela conheceu-o. Numa primavera morna e florida, ela beijou-o. O seu coração batia e batia e batia e ela sorria e sentia e vivia. O seu coração ansiava e ansiava e ansiava e ela sentia e sentia e sentia.

Houve algo de peculiar naquele momento. Não percebeu bem se foi o seu cachecol verde hediondo que lhe tinham oferecido no natal. Ou a mala cheia de trabalho para terminar em casa. Ou o frio gélido da noite. Apenas soube que não seria uma noite normal assim que meteu os pés fora do escritório.

Há algo de majestoso na forma com o seu cabelo liso repousa nas almofadas sarapintadas com constelações inventadas. Os seus fios claros tornam-se direções ou pontes entre elas.

O café era amargo como os nossos beijos de despedida. O cheiro do after shave era intenso como os nossos reencontros. Há algo de especial quando falo contigo, algo demasiado eu, para achar que irá durar para sempre.

O frio da madrugada ladeia-me o corpo. Quero ver o sol nascer para que entenda que os dias também passam na tua ausência.
A pele nua dos meus ombros, a brisa fresca do mar que me atravessa pela alma e se perde na paisagem marcada por arbustos selvagens, areia fina e branca, e resquícios do mar.