Por detrás aquela árvore de limoeiro eu via o seu cabelo loiro, queria ir correndo até ele para estar perante aqueles seus olhos atraentes e atormentadores por vezes. No entanto, eu só conseguia ouvir o som do meu coração bater e o som da chuva cair sobre mim.
Um acidente que envolveu seu namorado, Katsuki Bakugou, muda terrivelmente o quotidiano e estilo de vida de Ochako Uraraka, e ela não pode deixar de se culpar por isso.
Bakugou odiava o fato de precisar tanto estar em um dos clubes da faculdade, por conta das malditas horas complementares que lhe eram exigidas, porém, odiava ainda mais se prestar ao desserviço de ir ao clube de teatro, por conta do desafio tosco daquele professor debochado, Keigo Takami.
Seu orgulho o leva a entrar nisso de cabeça, contudo, por vezes a ficção, se iguala à realidade. Até demais, em sua atual situação.
Dabi possui um interesse em Katsuki, o herói, mas ser um vilão não lhe ajudava em nada em sua conquista; todavia, Toga namorava a heroína Uraraka, então... Se ela conseguiu, ele também consegue, né?
— Ochako, você quer ser beijada?
Ela olhou para ele, um olhar perplexo em seu rosto bonito.
— Claro — disse, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Katsuki olhou para os tênis, e disse baixinho:
— E se eu te beijasse?
Uraraka piscou algumas vezes. Ela ouviu certo?
Shinsou Hitoshi revirou os olhos ao se sentar na cadeira. Odiava que, mesmo já estando próximo da maioridade, sua mãe ainda insistia em lhe obrigar a pisar na igreja todo Natal. Naquele ano, porém, haviam se mudado, e tudo era novo — incluindo o coral natalino. Os sinos badalando lhe davam sono, as rezas lhe deixavam entediado e, por Deus, a nuvem espessa de neve no chão e caindo dos céus lhe lembrava do quanto preferia estar com seus pais, Aizawa e Yamada, e sua irmã, Eri, comendo biscoitos e panetones em volta de uma lareira. Mas, claro que estava ali, e só poderia vê-los quando a mãe decidisse que ele estava santificado o suficiente. Em meio a tudo, enquanto olhava para o palco de maneira tediosa, as pessoas se ajeitando lhe chamaram a atenção. Seus olhos quase saltaram para fora quando um garoto de cabelos loiros e face ranzinza abriu a boca para cantar as músicas natalinas. Ali, o seu mundo parou, seus sentidos se prenderam em admirar o loiro e nada mais importava, nem mesmo o badalar do relógio anunciando ser Natal.
Hoje, foi um daqueles dias para Katsuki. Um daqueles onde nada dá certo mesmo. O cabelo não arruma; a roupa favorita parece apertar; o chuveiro queima no meio do banho e o sapato rasga quando a gente está na rua. Tudo o que ele queria fazer era sentar em seu sofá, enrolado em seu cobertor felpudo de zebrinha, com um pote de sorvete de flocos, e fingir que aquele dia não havia nem mesmo começado.
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