viouwu

vivíamos indefinidamente sustentados por memórias picotadas, nem sabíamos mais quem fomos, quem somos ou quem seríamos. como pensávamos, quem nós éramos?
um momento, um segundo, um terço de uma vida, um ano ou dois, mal-entendidos.
entre ventos e nuvens, nós viemos e nós fomos. nós voltamos e partimos. em que momento saberíamos que tudo iria acabar?
escorrendo como chuva no retrovisor, acabou. sumiu dentre as milhares de gotas que caíram do céu. sumindo, sumindo, su-min-do.

Eu me agarro à solidão sempre que ela chega perto, porque às vezes é a única companhia capaz de bastar o vazio existencial que nunca se sacia por nada

por um momento achei ter encontrado meu destino, mas olhei pra trás e percebi que era tarde demais.
incluir pessoas nos planos não é um caminho correto a se seguir. não sei, uma hora todo mundo vai embora.
queria ter achado uma coleção de coisas que valessem a pena. mas só achei um punhado de lembranças que me destroem sempre que as visito.

solitude necessária, necessidade de ficar sozinho, consigo mesmo - e com as vozes de sua cabeça.
talvez eu acabe doente, mas melhor sozinha do que mal acompanhada.
ah, é. eu sozinha já estou mal acompanhada.

talvez eu morra amanhã. tomara deus que sim, ou não. ainda tenho uma coisa ou outra pra fazer; uma delas é acabar de vez com a saúde dos meus rins com excesso de coca-cola e com a minha constante inspiração baseada em fatos cotidianos.
quem dera eu morresse amanhã. sem peso, sem conflito. baseiam o significado da vida em buscar um sentido por ela inteira, chegando no leito de morte e se arrependendo de tudo que fizera e que não.
se eu morresse amanhã, que sorte a minha.

quebre meu nariz e meu braço. me faça sentir algo que não seja vazio ou vontade de passar três dias bêbado numa sarjeta. me faça ter vontade de outras coisas a não ser escrever textos incrivelmente ruins.
me faça um favor e me faça sentir eu novamente.

katakuri sonhava acordado com ela. com sua voz, com seu corpo pequeno em comparação ao seu deitado entre as flores, num dia tão bonito.

quem dera eu fosse uma estátua; parada, de pedra. puro mármore entalhado. vazio de sensação, sem cicatriz ou sequer uma dor.
quem dera eu morresse amanhã. quem sabe, assim, sumissem meus males e memórias. dor momentânea de cicatriz eterna.
quem dera eu tivesse ouvido quem me avisou.