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Depois de uma decepção amorosa em torno de Chifuyu Matsuno, a garota vai para casa triste, determinada a esquecer e ignorar o maldito loiro. Porém, irritado e sem saber o que tinha feito, o loiro decide esperar todos saírem da casa dela e se trancar no quarto com ela até que a mesma abrisse a boca. E ela iria.

Que fique claro: essa não é uma história sobre Park Sunghoon. Embora comece entre as paredes achatadas de seu quarto, cujas pistas de uma sutil mania de limpeza estão por todo lado, sem demora empurra os verdadeiros protagonistas de uma narrativa com pinceladas de romance e camadas infinitas de sarcasmo. É o diabo e seu advogado, ou, em melhores nomenclaturas, Park Jongseong e Lee Heeseung. Não há a permissão para um “Leia e descubra”, mas há a beleza do mistério: eles foram abençoados pelo mangaká que deu uma de doido e por um cacho de bananas. De resto...

Em seu sorriso cintilante, vejo simpatia; em seu olhar minguado, expectativas.

No quarto miúdo, entre posters de bandas, pilhas de roupas e uma stratocaster velha de cordas arrebentadas largada em um canto, Jimin compartilha seus desejos com Minjeong, na esperança de que um dia se realizem. 

The Kinda Blues, segundo o Dicionário de Tristezas Obscuras, significa: “… a triste consciência de que o desenrolar do enredo de sua vida parece novo e profundo, mas não é único, apenas um de algumas dezenas de riffs possíveis na mesma progressão de acordes, enquanto as músicas que reverberam na jukebox em seu peito são todas covers de antigos padrões.”

Ou, Yoo Jimin, uma bicho-grilo introvertida e, abre aspas, jornalista, fecha aspas, pensa que sua vida é um eterno Quase Blues, pois vive na mesmice, escreve matérias chinfrins e padece num clichê de mocinha que foge de um lugar horrível para outro lugar mais horrível ainda; ela o-d-e-i-a o mar e seus mistérios, sobretudo, odeia as condições que vive, porém é conformista demais para esbravejar isso. Esse horror do cotidiano, no entanto, é desbotado por certa loira, cantora de Blues-e-mais-outras-coisas, a.k.a Kim Minjeong, equipada com sua guitarra rox’ocaso, que lhe dedica canções oitentistas, vez ou outra, na Pluto’s Laje, quando consegue fazer Jimin sair de sua crisálida para vivenciar A Epifania Nossa de Cada Dia.

Numa cidade quase fantasma, supostamente amaldiçoada, Sol e Lua tornavam-se um só na figura de escuras madeixas galácticas de Moon Chaesol, conhecida por seus sorrisos radiantes em comerciais enganosos de shampoo falsamente milagroso. Sobrevivendo na mediocridade de dias iguais e a chuva ácida que castiga as ruas durante as noites sombrias, encontra conforto no quarto miúdo e seu aconchegante aroma de café, e conversas com Jung Yeonjeong ao telefone.

Beomgyu sentia sua Vida como cacoépia, e épica também. E talvez fosse isso mesmo, a pensar nos dias-jururu e em como nada do que fazia era realmente importante — não quando se tornaram apenas mais alguns adendos infelizes, à beira da Rua Caronte, às 04:04 da manhã.

Numa tarde quente em que o Sol iluminava as ruas com seu fulgor intenso, brilhando imponente no céu sem nuvens, promessas e desejos são ditos ao céus, na janela de uma casinha pequena, ao som de New Order.