1. Spirit Fanfics >
  2. " As Long As We Are Together " >
  3. I Do

História " As Long As We Are Together " - I Do


Escrita por: itzandysrc

Capítulo 23 - I Do


Não choramos quando a levaram. Lexa suspirou e me puxou para um abraço. Éramos só nós duas, de novo. Meus braços em volta do seu pescoço e suas mãos em minha cintura.

—Você vai trabalhar? — A pergunta saiu mais manhosa do que eu esperava. 

—No momento, só estou interessada em uma escritora — Ela sorriu fraco e beijou meu nariz — E preciso ficar aqui e dar apoio para essa escritora — Balancei a cabeça negativamente enquanto ria — Mas sério Clarke. Tem outros funcionários. Aquele lugar não para quando eu saio. Ainda mais quando eu tenho um motivo com olhos azuis tão lindos. 

Se o objetivo dela era me deixar com vergonha, ela o alcançou. Abaixei a cabeça, sem graça, sentindo meu rosto queimar. Ouvi sua doce risada e sorri junto, involuntariamente. Sempre involuntariamente. Meu amor por aquela mulher era algo tão espontâneo, e isso o tornava tão bonito. Nós não fazíamos ideia do que aconteceria. Só queríamos estar juntas. 

Senti um incômodo no peito e logo soube o que era aquilo. Deitei a cabeça no ombro de Lexa e suspirei.

—Você acha que vai ficar tudo bem? 

—Sim, e eu vou te levar para sair — Ela respondeu, puxando minha mão para que eu a seguisse pelo corredor.

—Você o que? Lexa, você é louca? Nós não podemos!

—Ninguém disse que nós precisamos esperar aqui. Eu tenho certeza de que posso levar minha namorada para sair. Sabe, o hospital não é um bom lugar para se ter um encontro.

—Um encontro? Você realmente quer ter a porra de um encontro enquanto sua filha está em uma...

—Ai meu deus, exatamente, você é tão inteligente.

—Lex, para. — Eu a puxei pela mão, e então ela parou e me olhou — Eu não quero sair. Eu quero esperar aqui e... Me afogar em minhas próprias lágrimas. Eu preciso disso.

—Eu entendo... — Ela abaixou a cabeça, balançando positivamente, como se concordasse. Mas logo depois exibiu um sorriso travesso e me pegou no colo tão facilmente quanto se pegava uma criança — Por isso nós vamos sair. 

—Deus, pare. Pare com isso. Eu vou te matar, Lexa Woods. Eu sei andar. 

—É, eu também.

Chegamos ao lado de fora. Ela continuou me levando nos ombros e eu continuei dando tapas em seus braços e ombros na tentativa de fazê-la me soltar. Mas ela só me soltou no banco do meu carro, sorrindo como uma criança travessa.

—Dá pra parar de ser imprevisível, por favor? — Eu disse quando ela entrou do outro lado.

—Eu não sou imprevisível! Vou te dizer meus planos: fazer sexo no carro.

—L-E-X-A.

—Desculpe, babe. Você me conhece. Eu sou imprevisível. 

Eu ri. Ela riu também. E então nossos olhos se encontraram. Eu ainda estava sorrindo olhando para aquelas belas esmeraldas que faziam o tempo parar. Ela se aproximou devagar e eu segurei seu rosto, beijei seu nariz e logo depois, seus lábios. O beijo não tinha desejo. Nós só queríamos estar juntas. Sentir uma a outra. Quando acabou, ela sorriu e beijou meu nariz. Dissemos "eu te amo" ao mesmo tempo, e então ela voltou para o lugar, e ligou o carro.

Lexa dirigiu devagar, deslizando pela estrada molhada pela chuva, enquanto ouvíamos James Taylor. Eu estava sorrindo com a cabeça encostada no vidro, ouvindo sua grave e doce voz se juntar á música, sentindo meu coração se aquecer lentamente com amor. Ali, eu quase pude acreditar que tudo estava bem.

—Primeira parada! Eu vou te alimentar — Disse quando parou o carro. Estávamos em frente a um restaurante simples, apenas para um bom almoço com alguém importante. Era realmente bonito. 

—Me alimentar?

—É, sabe o que significa? — Ela riu e veio abrir a porta para mim. Puxei sua mão e assim que saí do carro, a abracei. Algumas lágrimas escaparam sem que eu soubesse o motivo. Eu só me sentia tão assustada e tranquila ao mesmo tempo e eu queria tanto agradecê-la por tudo que estava fazendo. Mas uma das vantagens do amor é o fato de que, ás vezes, você simplesmente não precisa usar palavras. Ela me puxou mais para perto e beijou minha testa.

—Eu sei como você se sente — Sussurrou — Ás vezes eu só quero deitar e chorar até que tudo fique bem. Mas sabe, uma coisa que eu aprendi com Annabeth, foi que o destino não pode ser controlado. Sabe o que ela me disse um dia? Ela disse... Vai acontecer. Não importa o quanto à gente pire ou chore, se algo precisar acontecer, vai acontecer. Estou tentando guardar isso em minha mente. Tentando guardá-la em minha mente. E bem aqui, na minha mente, ela está me dizendo que eu preciso cuidar do que eu tenho bem aqui em minha frente. Você, Clarke.

Nós nos olhamos nos olhos. Ela era tão diferente do que era antes. Tão mais madura. E quem a havia transformado tinha apenas cinco anos. Que história.

—Podemos comer? — Perguntou. Droga. Eu nem pude responder enquanto estive perdida em pensamentos. Só beijei seus lábios e fiz que sim com a cabeça. Nós entramos no restaurante, e comemos juntas, conversando sobre tudo e sobre nada, das coisas importantes até coisas bobas. Rimos juntas, roubamos beijos quando não conseguíamos ficar longe. Nós parecíamos um casal eternamente jovem e isso era o que Anna havia feito. Trazido nosso amor de volta com todo o ânimo do primeiro. Nós éramos intensas como fogo. 

—Pronta para a segunda parada? — Ela perguntou assim que eu terminei de comer. Arqueei uma sobrancelha.

—E qual seria a segunda parada?

—Meu trabalho — Ela riu quando eu fiz uma careta como se dissesse "sério?" — Desculpa. Eu realmente preciso passar lá. Niylah deu uma olhada nas coisas mas ela tem um trabalho e não pôde ficar por muito tempo, então eu tenho que aparecer lá. Você se importa de ir lá comigo?

—Bem, é meu trabalho também, não é? — Sorri de canto. Lexa sorriu e se levantou.  Nós pagamos a conta e fomos até o carro. 

A Editora não era muito longe dali. Ela dirigiu mais rápido dessa vez, enquanto eu chutava seus joelhos na tentativa de fazê-la ir devagar. 

—Você vai bater a porra do carro, criança — Berrei, entre uma gargalhada. 

—E você vai quebrar a porra do meu joelho! — Ela empurrou meus pés, com os olhos fixos na estrada. Foi em vão. Continuei chutando seus joelhos, que estalavam quando batiam um no outro. E então ela desacelerou. E eu parei de chutar, satisfeita, apenas deixando meus pés em cima das suas pernas — Você parece uma criança, que droga — Ela bateu no volante quando paramos em um semáforo, com a maior cara de birra do mundo. Sorri. 

—Amor...

—Estou muito brava, Clarke. Não se direcione a mim assim a menos que tenha permissão — O tom autoritário em sua voz foi destruído pelo pequeno bico em seus lábios. Ela parecia tanto com Annabeth quando fazia aquilo. 

—Amor... 

—Que foi?

Inclinei-me e selei seus lábios demoradamente. Ela não ligou no começo e não demonstrou reação, mas quando fiz menção de separar, Lexa me puxou pelo queixo para que eu continuasse ali. Mas uma buzina atrás de nós nos fez pular em nossos lugares. Lexa acelerou, xingando, e eu gargalhei. 

xxx

A editora ficava no último andar de um edifício comercial. Subimos até lá juntas. Lexa me apresentou para algumas pessoas, sempre como "Minha mulher", e todos me cumprimentavam com receio. Ela parecia ser um tanto temida naquele lugar. Sua mão segurava minha cintura de forma possessiva, evitando qualquer olhar. 

—Srta. Porter? — Lexa chamou, uma bela mulher negra que passava por nós se virou e sorriu, gentilmente. 

—Boa tarde, Srta. Woods. Como vai?

—Bem. E você? 

—Estou bem — Ela me analisou respeitosamente, e logo depois abaixou a cabeça para alguns papéis em suas mãos. 

—Oh, perdoe-me. Não apresentei vocês. Srta. Washington, essa é Clarke Griffin, minha mulher. E Clarke, essa é Indra Porter. Ela cuida das coisas quando eu não estou. E cuida bem — Cumprimentei a mulher, que estava um pouco envergonhada, mas tinha uma postura profissional incrível. E então elas começaram a falar de negócios, andando entre as mesas dos funcionários que revisavam textos. E então chegamos à sala de Lexa. 

Ela abriu a porta para que eu entrasse primeiro, enquanto vinha atrás ainda conversando. Era uma bela sala. Atrás da grande mesa, uma cadeira alta de couro, e atrás da cadeira, uma única e enorme janela. Tremi dos pés a cabeça ao pensar que Lexa poderia afastar essa cadeira para trás e quebrar a janela, e então cair do décimo segundo andar. Tentei não pensar nisso. Em cima da mesa, alguns papéis desorganizados, anotações soltas sobre coisas que deveria fazer, e um porta retrato sem foto, apenas um post-it bem no meio que dizia "Ohana". Sorri de canto lendo aquilo.

—Não vai dar um ataque com minha desorganização? — Lexa falou baixinho em meu ouvido. Virei-me para ela. Estávamos sozinhas na sala novamente. 

—Não...

—A secretaria do hospital ligou enquanto eu estava falando com Indra. Disse que a cirurgia estava prevista para acabar de madrugada. É um procedimento complicado... Você sabe. Ainda são quatro da tarde. Você se importa de passar em casa?

—Não, preciso de um banho — Sorri fraco. O assunto da cirurgia fazendo meu coração se contorcer de preocupação e saudades. Ela acariciou meu rosto e desceu o carinho por meus braços até que sua mão segurasse a minha. 

—Vai ficar tudo bem. Você vai ver. 

—Eu espero que você esteja certa, Lex. 

xxx

Quando saí do banho, encontrei minha namorada sentada na cama, olhando a janela, com os olhos quase fechados. Ela usava uma blusa de lã preta de mangas longas, calça branca e coturnos pretos. Estava simplesmente maravilhosa. Tentei me mover antes que babasse.

—Clarke? — Ela chamou baixo, ainda olhando para a janela — Quero te levar em um lugar.

—Mais um? — Ri, enquanto vestia a primeira calcinha que via na gaveta. Ela não riu. Aquilo parecia sério. O que ela estava tentando fazer indo para todos aqueles lugares? Turismo? — Hmm, agora?

—É. Não vai demorar. Só quero que você veja uma coisa — O tom rouco de sua voz fazia parecer que ela tinha chorado, ou estava transbordando em emoções. Eu não podia ver sua expressão, porque estava virada para o guarda-roupa, procurando alguma coisa.

—Como eu devo me vestir? Quer dizer, eu não sei... Isso parece importante.

—Ei — Sua voz soou mais perto. Ela passou os braços em volta de minha cintura e pegou um vestido pendurado no canto — Só eu e você vamos estar lá. E você deve ficar linda neste. 

Era um vestido azul bebê, que fora abandonado depois da primeira vez que eu usei, por algum motivo. A manga, que era toda feita de uma delicada renda azul, ia até os pulsos. A mesma renda fazia uma bela barra no vestido, que chegava até meus joelhos. Lexa o posicionou em frente ao meu corpo e beijou minha nuca. E então saiu do quarto. Eu ainda descobriria o motivo daquele mistério todo. 

xxx

Quando apareci na sala, ela sorriu. Seus olhos brilhando quando ela me olhou de cima a baixo. 

—Você é a mulher mais linda do mundo — Suspirou. Aquele tom apaixonado. Aquele tom encantado. Ela sempre soava carinhosa, mas naquele momento, estava me olhando como na primeira vez. O sentimento que preenchia meu coração era simplesmente incrível. O sentimento de ser amada e admirada. Mas, mais uma vez, não consegui responder. Ela pegou a resposta por meus olhos, e me puxou pela mão para sairmos de casa. 

Não demorou muito até que ela parasse o carro. Era uma estrada que parecia ter uma longa continuação, mas ela parou bem ali, na estrada entre os altos pinheiros enfileirados. E saiu do carro, antes que eu pudesse dizer ou perguntar algo. 

Lexa desapareceu entre os pinheiros, alguns galhos ainda carregados de neve. Não pensei duas vezes antes de sair do carro e ir atrás dela. 

O que essa mulher tinha na cabeça? Eu podia ver apenas um vulto de cabelos escuros enquanto corria entre os pinheiros bem enfileirados. Gritei seu nome, mas minha voz se perdeu em algum lugar entre aquele labirinto de árvores. Céus, eu nem sabia onde estava ou se estava á uma distância segura do carro caso ficasse sem ar e desmaiasse, eu só queria saber onde estava à louca da Lexa Woods, e eu não tinha nenhum sinal dela ou de porque havia se distanciado de mim. 

Pensei ter ouvido sua voz atrás de mim. Ou seria na frente? Girei em meus calcanhares. Nenhum sinal dela. Eu estaria ficando louca? Provável. E se eu estivesse sozinha ali, com minha mente confusa? 

Voltei a correr, fazendo o caminho de volta, dessa vez. Ou não. 

Ter olhado em volta apenas contribuiu para que eu mudasse a direção em que estava indo, ou que deveria ir. O lado ruim; eu provavelmente estava muito longe do carro agora para dirigir até o hospital e pedir novos pulmões, já que os meus estavam totalmente sem oxigênio. E o lado bom era que eu havia achado Lexa. 

Ela estendeu a mão para mim assim que nossos olhos se encontraram. Não estávamos mais entre os pinheiros. O lugar agora era um vasto campo coberto de grama. Atrás dela, alguns dentes de leão crescendo, a neve perdendo seu espaço. Fui até lá extasiada com a beleza do lugar. Deviam ser cinco e meia da tarde, ou seis horas, e o céu tinha seus belos tons de rosa e laranja espalhados. Aquela era minha visão favorita. 

Bem, aquela e a de Lexa.

Parei em sua frente e tentei mostrar um sorriso entre a respiração ofegante. Meu rosto provavelmente estava vermelho, assim como o dela. Seus olhos brilhavam em um tom claro tão intenso que a pupila era apenas um detalhe. Mas ela estava tão linda com seu cabelo bagunçado, alguns fios colados em sua bochecha. 

— Dança comigo — Ela falou baixo, ofegante. Pensei ter ouvido errado. Ela queria dançar quando eu estava tentando recuperar meu ar?

—Lex, eu não...

—Só quero que você se mova comigo — Ela acariciou minha cintura e me empurrou delicadamente para trás. Estávamos nos movendo juntas. Segurei em seus ombros, e ela apertou as mãos em minha cintura. Não quebramos o contato visual enquanto nos movíamos, ao som dos nossos corações batendo alto. Eu não conseguia tirar meus olhos dos dela, mesmo com o espetáculo que eram os dentes de leão voando quando nossos pés esbarravam neles, mesmo com a obra de arte mais bela já vista no céu, eu só conseguia olhar aqueles olhos que me cativaram desde o primeiro momento que eu os vi. E agora eu via apenas emoção neles. Emoção e amor. Eu estava tão concentrada nos seus olhos - meus olhos - que não percebi quando paramos de nos mover. Não percebi até ver uma lágrima descer por sua bochecha rosada. O tempo e meu coração pareceram ter parado por um segundo quando ela tirou os olhos dos meus. Um segundo. Em um segundo, ela estava de joelhos, segurando uma de minhas mãos, os olhos fixos nos meus de novo. E como eu a amei naquela hora — Casa comigo — Pediu enquanto as lágrimas desciam por sua bochecha, e o vento soprava seu cabelo, o fazendo grudar no rosto. Mas ela não ligava. Estava desconectada do mundo e conectada apenas comigo, assim como eu estava com ela. Éramos nós. Desde o início, éramos nós — Eu deveria ter um texto pronto, deveria ter alianças ou um buquê de flores. Mas eu não tenho, porque eu sou uma bagunça. Eu sou essa Lexa desorganizada e perdida, mas que está perdidamente apaixonada por você. Eu preciso de você, Clarke. Soube disso desde que você atendeu minha ligação naquela noite chuvosa. Desde que você cuidou de mim, desde que nós nos tornamos uma família. Preciso de você para o resto dos meus dias porque você já faz parte deles e de qualquer plano que eu possa fazer — Ela tinha os olhos bem abertos, a bochecha encostada em minha mão, molhando-a com lágrimas. Eu não dava à mínima — Case-se comigo, Clarke. Por favor, aceite. 

—Eu aceito — Sussurrei, entre lágrimas que não paravam de cair por um segundo sequer, meu coração quase pulando pela boca para que eu pudesse entregá-lo á ela — Eu aceito, eu aceito, Deus, eu aceito quantas vezes você quiser, Lex.

Ela tentou sorrir, mas tudo o que conseguiu fazer foi soluçar. Ajoelhei-me para ficar em sua altura, e ela me abraçou com força. Caímos juntas entre os dentes de leão, que voaram para longe como se abrissem espaço para nós. Para a felicidade que havia se instalado ali. Eu via toda essa felicidade bem ali em minha frente, naquelas belas esmeraldas, brilhando, cheias de amor.

Noiva. Ela era minha noiva. Naquele momento, o infinito não era um símbolo matemático ou um termo. O infinito era um sentimento. E só ali, naquele momento, o amor era o infinito. E eu acreditei como nunca havia acreditado, acreditei em destino, acreditei que nós estávamos destinadas a chegar até ali, e passar por tudo aquilo apenas para em um fim de tarde, sentirmos o infinito juntas. Contanto que estivéssemos juntas, nós seríamos infinitas.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...