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História ( OMEGAVERSE - AU ) Descuido Meu. - TordTom - O certificado.


Escrita por: jclwmbo

Capítulo 9 - O certificado.


Os sons da cidade eram a trilha sonora do filme daquele dia.

 

O céu estava mais limpo que o comum; apenas pequenas fumaças e formatos brancos, rastejavam por sua superfície.

O clima levemente quente era pacífico e reconfortante.

Os carros transitavam pelas longas e estreitas ruas, enquanto pessoas corriam com papeladas e malas em suas mãos, apressadas no tempo.

Um dia comum, pela previsão do tempo.

Porém, um dia mais comum que os outros, sem distorções, sem surpresas.

Pela sala da casa, o leve ronco do homem se fazia presente.

Após uma noite estranha (no qual nem o próprio rapaz se lembrava de como fora) ele estava afundando nos assentos vermelhos do sofá, praticamente atirado.

 

A camisa preta com a palavra 'Drink' em branco e o shorts largo camuflado, ambos levemente apertados e emprestados de um colega, totalmente bagunçados.

Provavelmente tivera 'madrugado', vista as olheiras incomuns estampadas em seu rosto.

Não era lá de seu costumeiro, mas lá tinha suas exceções.

Descansava pesadamente, seu peito e boca que puxavam o ar eram os únicos que se moviam em seu corpo.

Nada podia acordar o jovem homem; visto que (considerando seus horários) o rapaz nunca dormiria até tarde.

E isso, justo hoje.

O ruivo bufou, passando uma de suas mãos entre os fios dourados de seus cabelos.

Ele levara 2 horas para se arrumar, e ver o norueguês ali, atirado, sem se preocupar, de certo modo, o irritava.

Matt - Acorda, cabeça de ovo! - deu um tapa liso no peito do mais velho, que instantaneamente acordou.

Tord - Quê? - piscou diversas vezes os olhos, com uma mão apoiada a cabeça.

Seu cabelo estava totalmente emaranhado, e a lentidão do sono atrapalhava a pensar e formular de forma correta.

Matt - O que fez nessa madrugada? - bateu o pé.

Tord - Que? Matt... Por que você tá vestido assim? - se sentou no sofá.

O ruivo se auto avaliou, passando a mão por sua jaqueta bege e regata branca por debaixo, junto com um shorts largo com plantas e folhas estampadas.

Matt - Gostou? - sorriu orgulhoso do próprio visual - Sabe, eu pelo menos me preparei hoje.

Realmente, Matthew parecia um modelo.

Tord - Hoje?

Matt - É! - sorriu com todos os dentes - Espera.. Você não sabe que dia é hoje?

Tord - Cacete, você me acorda agora esperando que eu saiba que dia é hoje? - riu debochadamente - Eu nem lembro o que eu comi ontem.

Matt - Larga de ser babaca! Bem, vou te dar uma dica. - levantou o dedo indicador - É aniversário do... - falou lentamente, levantando as sombrancelhas.

O norueguês estreitou os olhos, como se buscasse algo no fundo da mente.

Aniversário...?

Que dia é hoje?

Tord - Do... - coçou o topo da cabeça - Uhm, Tiradentes!

Matt - Que? Não, seu idiota!

Tord riu alto, se deitando novamente ao sofá.

Tord - Calma, calma. Eu esqueci que ele tirou seus dentes...

Matt - Cala a boca! - riu - Eles são meus sim, eu só fiz clareamento. - cruzou os braços, de nariz empinado, forçando uma cena dramática.

Tord - Ora, desculpe príncipe... Mas então, que dia seria hoje, majestade? - finalmente se levantou, esticando os braços com um longo bocejo.

Matt - Que outro dia seria? Hoje é o meu aniversário!

Tord - Oh - disse de certa forma, surpreso.

Matt - O quê?

Tord - Ahm, desculpa, eu realmente não lembrava que era hoje... - passou a mão esquerda em seu braço direito.

Sabe, Tord e Matt costumavam ser bons e velhos amigos.

Quase sempre juntos quando possível, rindo e guardando memórias.

Além do mais, Matt era uma das poucas pessoas que suportavam e respiravam a fumaça quente do charuto de Tord. Isso sempre foi algo crucial para Tord, já que antigamente, seu vício era mais frequente.

Falando assim, é sim um tanto vergonhoso não lembrar a data de aniversário de Matt.

Matt - Tá tudo bem - abraçou de lado o colega - o que importa é que hoje vamos comemorar, como nos velhos tempos! - sorriu.

Tord - E os outros? - cambaleou para o lado pelo ato repentino do mais novo, mas conseguindo se apoiar ao abraço.

Matt - Edd levou Tom pra um centro psiquiátrico. - olhou para uma das paredes da sala, sentindo-se distante - Ele me deu bastante dinheiro, e podemos comprar um bolo e comer alguma outra porcaria, como um fast-food! - mesmo que Tord fosse consideravelmente grande e um tanto forte, o balançou alegremente.

Tord - Eu achei que você tava de dieta, haha - riu.

Matt - Ora, todos nós temos um dia do lixo. - sorriu docemente ('Dias do lixo' são um dia que pessoas que frequentam dietas têm para dar uma 'extravasada'. Comer coisas gordurosas ou e/açucaradas, que não costumam fazer bem a saúde.) - Você quer extravasar também? Tô te achando muito magrinho.

Tord - Vai se fuder! - gargalhou - Mas, bem, até que não faria mal um dia de comilança.

Matt - Olha, eu sei que falei "muuuito dinheiro", mas não é tudo isso que você pensa... - ficou em silêncio.

O norueguês o fitava com os olhos acizentados, como se esperasse algo a mais, de modo confuso.

Matt - Tô te zuando, besta! - riu, se soltando do meio abraço e dando um empurrão no amigo - Tem dinheiro até pra enfiar no rabo, vai se arrumar e se prepara, hoje vamos a pé! - esfregou as costas de uma de suas mãos contra a testa.

O colega sorriu corajosamente, se apressando entre os passos, indo até o jardim atrás da casa.

Lá, conseguia ver o varal com suas roupas presas em grampeadores de madeira.

Estavam completamente secas, e graças aos raios do sol, provavelmente quentes, também.

Obviamente, elas já estavam ali secas há dias. O fato é que ele havia esquecido de usá-las.

O moletom vermelho, e a jeans preta. Tanta nostalgia.

Por um instante, se sentiu feliz por ter esquecido, já que poderia usar agora, nessa ocasião, como nos velhos tempos.

E mais engraçado ainda, era que essas eram as únicas roupas que eram de fato suas, ali. Isso agregava mais valor sentimental a ocasião.

Agarrou as roupas, correndo para dentro da casa.

Matt estava no sofá, mexendo em seu celular.

Passou por ele e correu até as escadarias, indo até o quarto que costumava ser seu.

Adentrou o cômodo, trancando a porta.

Quando olhou para trás, tomou um leve susto.

"Deus do céu." era a única coisa que passava por sua mente.

A cama de Tom estava virada num LIXÃO, isso mesmo, um completo lixão.

O lençol fora de ordem, o cobertor fino jogado ao chão, 2 travesseiros um jogado em cada canto e... Espera, aquilo era salgadinho? E olha lá, um desodorante branco.

Roupas atiradas ao chão; não só meias, camisetas ou calças, mas algumas peças íntimas também.

Tord suspirou e começou a desviar de cada uma das roupas, na "ponta do pé" descalço, a procura de um espaço mais livre no chão do quarto, onde não precisasse pisotear nada.

Porém, era um labirinto.

Onde pisava, não achava saída.

Voltava, girava, ia com o outro pé, e nada.

Uma ora, bateu a cabeça no guarda-roupa.

"Presta atenção!"

Ora outra, quase derrubou a Susan (que era a única que estava em seu devido lugar, mesmo sendo apenas uma guitarra, por mais engraçado que seja.)

Bem, óbvio, o quarto nem era tão grande, mas Tord lá tinha suas distorções visuais.

Deus, ele não era contra a bagunça nem nada, o mesmo formava suas tralhas aqui e ali, mas aquele quarto, não, aquilo ia além do adjetivo 'bagunça'.

Tentou mais algumas vezes, mas viu que realmente não tinha jeito.

E ele não queria perder muito tempo.

Quer saber?

Chutou tudo o que via pela frente, podendo pisar sem preocupações no chão levemente morno.

Por que não fez isso antes?

Qual é.

Soltou mais uma vez um suspiro, aliviado.

Já era hora, estava fardo de ter que ficar andando sobre os dedões dos pés.

Retirou 'sua' camisa preta rapidamente, em seguida pegou o desodorante branco que estava sobre a cama revirada, aspirando o produto em ambas axilas.

 

— . ° �� · · · �� ° �� ° · · · �� × ��. —

 

- Lars, eu não sei se quero ir. - cochichou ao ouvido do mais velho.

Lars - Você nem eu temos opção. Olha, eles vão ficar aqui essa semana. Vamos tratá-los bem e respeitosamente, tá? Eu e você não vamos poder ficar muito juntos, eles tem que pensar que você já é crescido aqui - apontou o dedo indicador e do meio contra a testa - e sabe se virar. Talvez eles até te perguntem sobre coisas da hierarquia, então, eu vou te ensinar algumas coisas, tá bem? - pegou os ombros do pequeno, dando um sorriso encorajado.

Thomas - Lars... - abaixou a cabeça - Eu... Não vou poder mais dormir com você?

O mais velho sentiu o rosto esquentar.

Tom era muito inocente.

Isso tornava as coisas mais difíceis, vendo que agora ele teria de se comportar como um alfa.

Lars - ... Não. Não por esses dias. Aqui tem vários quartos para hóspedes, você vai ficar com um deles. Finja que sempre foi seu, tá?

Thomas - Eu não quero dormir sem você. - repentinamente, abraçou o adolescente, afundando de forma carinhosa o rosto no peito dele.

Lars se assustara no início, mas em troca, envolveu seus braços no menor, aconchegando o quente abraço.

Apoiou a cabeça nas costas de Thomas, fazendo carinho com as mãos por ali.

Lars - Tom - falou baixo em seu ouvido - você... Tem certeza que é um ômega? - tremeu a voz.

A resposta demorou a vir.

Thomas - Sim. - suspirou.

Aquele abraço seria o último contato deles ali, naquela semana.

Estavam aproveitando o máximo o calor um do outro.

Era reconfortante, fazia o medo fugir para bem longe.

Thomas - Eu te amo, Lars. - com suas pequenas mãos, torceu o suéter do amigo, como se quisesse que o abraço nunca acabasse.

Lars - Eu também te amo. - abraçou mais forte - Tá tudo bem, vamos passar por isso juntos. - relaxou os ombros - Quando eu tinha medo do escuro, minha mãe cantava uma música, que sempre me fazia perder o medo.

Thomas - ... E qual era a música? - perguntou curioso, sem soltar o abraço.

Lars - Huhum - riu - era assim:

Sei, que está com medo

Do escuro e seus percevejos

Mas eu estou aqui... Pra te confortar.

Medo do muuundo, afora

Dos ursos... E das cobras

Mas eu, estou aqui, pra cuidar de você.

 

Toda vez que você ve-er

Um homem mau, na Teve-e

Lembre-se de mim

Bem assim

E de meu calor...

 

Está tudo bem, pequenino

Não chore, tão fininho

Estou aqui para acalmar a sua dor...

Nunca saberá-a

Como se cuida-ar

Se em mim não pensar

Não dormirá... - balançava no abraço calmamente, ao ritmo da canção.

 

Se em mim não pensar...

Não dormirá. - fez uma pausa, em seguida, tomando ar.

 

 

Olhe para mim

Imagine, bem assim

Nós dois, ninguém sozinho

Apenas nós, no escurinho.

Não chore, sem motivo

Eu sou o seu amigo

Não existirá o sombrio

Com seus olhos a brilhar...

 

Se em mim não pensar...

Se em mim não pensar...

Se em mim não pensaaar... - diminuiu gradativamente a voz, quase sussurrando.

Não, dormi... Rá.

 

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Matt - O clássico? - olhou o amigo de cima a baixo, se referindo ao bom e velho moletom vermelho.

Tord - Claro. - sorriu forte - Então, por onde começamos?

Matt - Eu estava pensando em fazer um piquenique no parque principal aqui da cidade - pressionou o dedo indicador contra o queixo - seria ótimo, não?

Tord - É meio longe, não acha que seria melhor aqui, no nosso quintal?

Matt - Eu quero ter um aniversário diferente, - tirou o dedo do queixo - com paisagens diferentes, entende? Seria muito interessante, você já viu como é o pôr-do-sol visto de lá? É de cair o queixo! - se animou - Vamos, caminhar não custa nada, e eu tô levando minha bolsa com um pano longo pra gente sentar e comer encima da grama. - pegou a bolsa marrom feita de couro que estava jogada ao sofá, logo prendendo sua alça ao ombro. A bolsa ficou encostada sob a altura de sua cintura.

Tord - Nossa, você planejou tudo mesmo! - riu - Bem, vamos indo?

Matt - Escovou os dentes?

Tord - Sim. - abriu a boca, apontando para os dentes, que estavam bem limpos, aliás.

O ruivo se aproximou, os analisando.

Matt - Aí sim! Podemos ir então. - segurou a alça fixada em seu ombro com a mão, indo até a porta para sair de casa.

Tord foi atrás dele, ambos saindo da residência.

Matt trancou a porta rapidamente, cantarolando.

Caminharam pelo jardim da frente, com Matthew tomando a liderança.

O clima quente fez com que o norueguês puxasse as mangás de seu moletom até seus cotovelos, enquanto encarava o céu com os olhos semicerrados.

Seus passos foram desacelerando, até ele parar completamente poucos metros a frente da casa.

O sol iluminava toda a plenitude entre as nuvens, fazendo os olhos doerem ao olhar para o alto.

Suas cores azuis vibrantes eram tão forte, tão azuis, que era difícil enxergar direito sem sentir algum tipo de dor.

Era fantástico, mesmo sendo "um céu comum".

Tord rapidamente colocou uma de suas mãos por cima da visão, piscando algumas vezes, pela dor.

Não tinha visto um clima e céu assim há anos. Era tão nostálgico e vívido.

A ardência se alastrando junto com o suor em sua pele, enquanto conseguia ouvir a própria respiração.

O coração palpitava sobre o peito, e mesmo com a visão afetada, não parava de encarar aquele céu.

Ele estava ali, de verdade.

De volta pra casa. De onde nunca deveria ter partido.

Matt - Tá calor, né? - parou de caminhar, rindo ao ver o estado do colega.

Tord - Ah se tá, tô me arrependendo... - pressionou as mãos aos próprios quadris, abaixando o rosto.

Matt - Vamos, ainda temos muito pela frente. Primeiro, vamos comprar o bolo. - sorriu, olhando vagamente para a rua.

O rapaz com chifres formados em seus cabelos acenou positivamente com a cabeça, tentando esquecer o ar quente do dia.

Os amigos começaram a andar entre as calçadas extensas e movimentadas, de certo modo, apressados.

O granito do solo fervia, após longas horas de encontro com o sol.

Os carros corriam e derrapavam pelas ruas. Buzinas, motos acelerando, conversas alheias que navegavam pelo vento, tudo ao mesmo tempo.

Não era ensurdecedor, na verdade, eram sons bem familiares, que qualquer um que morasse em uma cidade grande, já estava acostumado.

A Noruega não era assim. Claro, movimentada, sempre de pé, mas não do jeito que era ali.

A sensação do comum, de estar em mais um dia qualquer, por ruas quaisquer, indo a qualquer lugar, era reconfortante, de certo modo.

Além do mais, era você ali. Vivendo e passando mais um dia na Terra, na sua rotina, em um dia qualquer.

Um dia comum e quente.

Em épocas como essas, padarias e confeitarias faziam festa; quase sempre lotadas e sem estoque. Festas sem sentido para planejar, balões para encher, aperitivos de fim de semana para devorar, uma loucura!

Incrível, entre Janeiro até Março, as pessoas correm mais. É o início do ano, e vez ou outra, precisamos comer alguma porcaria.

Para iniciar o ano bem, apenas há uma promessa: tentar comer bem até o Ano Novo.

Engordamos agora, tudo bem, mas quem sabe lá pra final de Junho, eu não faça uma dieta, heh?

Como não lotar padarias? Impossível.

Tord babava só de pensar no que comer.

Ele não andou comendo direito nos últimos dias por causa dos assuntos do hospital, e estava faminto por algo diferente além de miojo e ovo frito.

O aniversário de Matt trouxe uma surpresa muito boa.

Aliás, que bolo Matt poderia comprar? Sua boca salivava só de pensar.

Bolo de caramelo salgado?

Bolo de cenoura?

Amendoim por cima?

Morango com chantilly?

Chocolate?

Brigadeiro?

Ou uma torta de limão?

Uma de maçã, não faria mal...

Imaginava o cheiro das gostosuras derretendo sobre o ar.

Nem prestava atenção aonde pisava, só queria pensar nas deliciosas possibilidades.

Olhou rapidamente para o amigo com os desejos na cabeça, até perceber que o colega na verdade parecia bem pensativo.

Matt queria ter certeza de que teria no mínimo mais de 5 opções de bolo para se escolher na padaria onde queria ir, mas hoje, as chances disso acontecer não eram tão altas.

Isso martelava em sua cabeça, sentindo uma leve derrota.

Tord - Matt?

Matt - Uhm?

Tord - Você tá quieto, tá tudo bem?

Matt - Ah, sim. É que, olha o movimento. Não sei se vai ter chance de eu pegar algum bolo que eu queira, sabe?

Tord - Ey, calma. Há tantas padarias e confeitarias por aí, certeza que vai achar o que quer! - abraçou de lado o mais novo.

Matt - Eu só quero ir em uma, ela é a melhor! E o bolo que eu amo de lá, é de outro universo. - fazia gestos com as mãos - O bolo é macio e fofo, com uma crosta por fora crocante e com açúcar fino. O recheio é incrível, leve e gelado, derrete na boca...

Tord ouvia atentamente, imaginando o bolo da melhor forma possível.

Passava a língua entre os lábios, literalmente babando.

Matt, continuou:

Matt - A cobertura por fora é doce mas na medida perfeita, fina e quente, como se fosse uma bomba, só que por fora... Tudo é muito bom e maravilhoso, a cada mordida, é como se fosse uma nova experiência, você não se cansa de comer...! - sorriu, animado - É o melhor bolo de todos!

Tord encarou o amigo por um instante, de forma completamente séria.

Matt - ... Eh? Você não gostou?

Tord - Aonde é esse lugar? - de repente, surgiu um sorriso entre seus lábios. Seus olhos brilhavam (literalmente!) enquanto segurava uma das mãos do ruivo - Aonde é esse paraíso encontrado na Terra?

Matt - Uh? - riu - Tord, você- OH! Meu Deus! - se auto interrompeu - Vamos logo, você não pode partir desse mundo sem ter provado esse bolo! - puxou o pulso do mais velho, correndo entre as pessoas das calçadas.

Tord era literalmente arrastado, visto que não conseguia acompanhar a pressa do rapaz.

As pessoas que eram esbarradas grunhiam ou até mesmo xingavam ambos os amigos, mas isso não os impedia de correr.

Em pouco tempo, o ruivo avistou a bela padaria.

Ela era uma padaria de esquina, um tanto pequena e com cores marrom pastel e branco.

"Couche Sur Crème" era a placa alta e branca do estabelecimento.

Matt um dia havia pesquisado sua tradução, e era algo como "camada de creme".

Parou na frente do local, vendo que até que estava bem movimentado; algo que de certa forma o preocupou, não ia negar. As pessoas andavam e se analisavam a vitrine do balcão, repleta de cupcakes, brownies, biscoitos e bolachas amanteigados, mini bolos, rocamboles, tortas e muitos outros mais.

Tinha bastante gente sim, mas ainda havia esperança, e lá não parecia estar tão lotado.

Tord lutava para recuperar seu fôlego, enquanto gotas quentes de suor derretiam em seu rosto.

Matt - É aqui, vamos! - puxou novamente o amigo, adentrando a loja.

 

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Thomas - Tchau, Lars. - olhou para trás uma última vez, se despedindo do amigo.

Lars - Vai ficar tudo bem. É só por uma semana, tá?

O pequenino balançou a cabeça em confirmação, direcionando sua atenção para a porta de saída do quarto.

Estava tudo bem. Ele tinha que aprender a dormir sozinho.

Girou a maçaneta com certo receio, saindo dali.

Com apenas meias em seus pés, caminhou pelos corredores longos da casa, procurando pelo quarto no qual iria dormir.

O chão gelado dava pequenos choques térmicos em seus pézinhos, e seu corpo inteiro tremia pelo frio. Apenas queria se deitar e se enrolar em um cobertor quentinho e grosso, podendo dormir.

Avistou uma porta com o número "03" pintado em ouro.

"É ali!"

Correu até o quarto em questão, abrindo a porta.

Era até que espaçoso, e também, escuro.

Engoliu seco, adentrando o cômodo.

Apalpou o canto da parede, encontrando o interruptor.

As luzes se acenderam rapidamente, flashes fortes e amarelados, que iluminaram e apresentaram todo o quarto.

O pequeno se espantou, vendo que tudo era branco.

Havia uma beliche em uma parede, que era branca.

Um tapete, branco.

Uma cama de solteiro em outra parede, branca.

2 armários, que eram brancos, e que estavam encostados nas paredes e em frente de cada cama.

2 criados-mudos, um para a cama sozinha e outro para a beliche, brancos.

E claro, na parede do meio a frente das camas e armários, uma janela média.

Era tudo bem neutro, pra que qualquer um pudesse aproveitar melhor a sua estadia, sem se preocupar com cores indesejáveis.

Mas para ele, era tão chato.

Sem vida, sem sal.

Crianças têm uma forma diferente de ver o mundo. Elas gostam de algo que lhes suguem a atenção, que traga algo diferente a sua mente.

Tom nunca teve isso, algo que lhe prendesse a atenção. Mas de alguma forma, continuava a ter a fome da criatividade. De procurar algo para prender seus pensamentos.

E aquele quarto, não tinha isso.

O de Lars tinha, esse, não.

Thomas suspirou, desligando a luz e indo até a beliche.

Tinha medo de ficar na de solteiro sem ninguém por perto, e pelo menos, se ele ficasse na beliche de cima, se algo viesse do chão, não conseguiria pegá-lo (assim pensava).

Então, escalou a escada que levava para a cama de cima.

Era bem próxima do teto, então, tinha que ter cuidado para não bater a cabeça.

Se deitou no macio e quente colchão. Ah, finalmente.

Se embrulhou nos cobertores, afundando a cabeça ao travesseiro branco.

Encarou o teto já escuro, mergulhando em seus pensamentos.

Estava com medo de dormir sem Lars.

Medo de não ouvir sua respiração quente. Medo de não abraçar seu braço.

De quase acordar pelas trocas de posições do mais velho.

De ouvir ele tossir de vez ou outra.

De dar boa noite e dividir o longo cobertor vermelho com ele.

Tom sentia que Lars era seu irmão mais velho, e o amou desde sempre.

Era seu único e melhor amigo.

Agora, iria dormir sem ele.

Sem o seu protetor, o seu irmão.

Varreu os pensamentos de sua cabeça, tentando os esquecer.

Puxou delicadamente as bordas do cobertor, trazendo o extenso tecido perto de seu rosto, tremendo. Ainda estava um pouco frio, e ao mesmo tempo, medonho ali.

Olhou ao redor, vendo o grande vazio escuro.

A única luz que restava vinha da janela ao final do quarto. Era o reflexo azul escuro do céu.

Nas bordas da janela, era possível ver neve acumulada, o que dividia certos raios de luz que se distribuíam pelo quarto.

O pequenino ficou em posição fetal, encarando o cenário dali.

Era incomum, e o trazia memórias estranhas e tristes.

Principalmente de seus pais.

E aquela cena, partia seu coração ao meio.

A angústia e medo consumiram sua mente juvenil, formando uma nuvem densa que formigava o desespero.

Seus lindos olhos escuros derramavam gotinhas de lágrimas geladas, junto ao seu nariz avermelhado, que fungava sem parar.

Fechou os olhos, cantando baixinho para si mesmo.

Thomas - Sei... Que está com medo... - choramingava - Do escuro e seus, seus percevejos... Mas eu tô aqui... Pra te confortaaar... - a voz afinava cada vez mais, enquanto seu corpo se encolhia na cama quente - Medo do mundo afora... Dos ursos... E das cobras... - sua voz retornou, escandalosa e derretida - Mas eu estou aqui... Pra cuidar de você. - afundou o rosto no travesseiro, molhando o rosto com as próprias lágrimas.

Não conseguia se lembrar bem do resto da música.

Apenas de Lars o abraçando e tocando a melodia com sua voz. Isso não o acalmava, apenas desesperava.

Até que sentiu algo estranho.

Uma sensação estranha.

Parecia que um monstro estava ao seu lado, o observando arduamente.

Ele não tinha coragem para abrir os olhos.

E se o monstro estivesse lá? O que iria fazer?

Era melhor fingir que ninguém estava ali, e que logo logo iria dormir.

Porém, a música voltou a se estender em seus ouvidos.

Thomas - Toda vez que você ve-er... Um homem mau, na Tevê... Lembra de mim... Bem assim... E do meu calor... - tossiu, chorando cada vez mais.

Ele queria sair dali, mas seu corpo simplesmente não conseguia sair do lugar. Apenas se contorcer.

Sentia a criatura respirar encima de si, um ar quente e pesado, acompanhado de puro terror e angústia.

Ele nem queria saber o que aquela coiss faria com si. Sentia tanto medo e adrenalina, que seu coração batia a mil por hora.

"Vai embora. Vai embora." implorou aos pensamentos.

O pequeno começou a arranhar suas mãozinhas, tentando focar em outra coisa. E, por incrível que pareça, estava funcionando.

Doía um pouco, mas ele conseguia se acalmar. Sabia que não era legal fazer isso, mas estava o acalmando.

A água que escorria de suas glândulas lacrimais uma hora se tiveram fim. Apenas puxava o ar pelo nariz que escorria, enquanto sentia o corpo descansar.

A respiração voltara ao normal, e sua mente parecia mais vazia.

Finalmente, um pouco de "paz".

Será que o monstro ainda estava ali?

Será?

Thomas aguardou em silêncio por um instante, tentando ouvir algo a mais do que a respiração do bicho.

Não queria nem saber o que era, apenas o que estava fazendo.

Tinha certeza que era um monstro, mesmo sem prova alguma.

Era um monstro maligno e ridículo. Bem ridículo.

Tom xingava a criatura mentalmente, sabendo que quaisquer motivos fossem para a coisa estar ali, concerteza TODOS eram ruins.

Quando de repente, o ser começou a chorar.

Ouviu seus grunhidos tristes e magoados, que eram fininhos e em sequência; parecia que a criatura sofria. Parecia uma criança.

Era infantil e de dar pena, muita pena.

Tom ficou confuso.

Será que o bichinho estava se sentindo sozinho, afinal?

E estava ali vendo Tom por medo de ficar solitário...?

Thomas então finalmente abriu os olhos, vendo o monstro.

Não era nada parecido com qualquer outra coisa que já tivera visto antes.

O monstro parecia assustador, mas se visto por outro lado, parecia indefeso e incapaz de ficar sem ninguém por perto.

Tom se arrependeu completamente.

Tinha falado tão mal e julgado tanto a criatura sem mesmo nem ter olhado para ela antes.

Sentiu o coração apertar, e logo estendeu a mão para tentar chamar a atenção do monstro.

O ser escondia os olhos entre as mãos, enquanto soltava pequenos gemidos tristes.

Thomas - O que foi? - sussurrou, sem receber respostas - Ey, calma. Tá tudo bem... Você tá com medo?

O monstro olhou para o menor, balançando positivamente sua cabeça.

Thomas - Você tem medo de ficar sozinho né? - o monstro novamente assentiu - Calma, eu tô aqui. Com você. - sorriu tristemente.

A criatura voltou a chorar, enquanto Tom pensava no que fazer.

Espera.

Será que a música pode acalmar um monstro triste?

Não custa nada tentar.

Puxou ar, se aproximando pouco do ser, que estava ao lado da beliche.

Thomas - Está tudo bem, pequenino... Não choreee tão fininho... Eu, estou aqui para acalmar a sua dor... Nunca saberá-a... Como se cuida-ar... Se em mim não pensar, não dormirá...

O monstro ficou em silêncio, apenas observando a criança. Thomas sorriu, continuando.

Thomas - Olhe para mim... Imagine, bem assim... Nós dois, ninguém sozinho, apenas nós, no escurinho... - assoviou - Não chore, sem motivo... Eu sou o seu amigo - aproximou sua mão - Não existirá o sombrio... Com seus olhos a brilhar... - dançou os dedos nas frentes dos olhos do ser lentamente - Se em mim não pensar... Se em mim não pensar... Se em mim não pensaaar... Você não... Não, dormirá... - se sentou na beira da cama, observando a criatura.

Ambos se olhavam, sem mais nada a fazer.

Porém logo, o silêncio se quebrou.

O monstro voltou a chorar, dessa vez, mais alto.

Thomas - Ey, o que foi? Calma, tá tudo bem, eu tô aqui. Não chora, não chora...

Porém a criatura apenas piorou. Chorou mais e mais, esfregando os olhos com as mãos medonhas.

Thomas - Para, por favor! - sussurrou, tentando se aproximar, porém, o monstro apenas se afastou um tanto dali.

Choro atrás de choro.

Thomas - Se você não parar, eu não vou saber como te ajudar...

Nada.

Apenas mais choro.

Por que ele pensou que seria diferente?

O bicho continuou a chorar mais e mais, um choro agudo e chato.

Thomas - Dá pra por favor parar de chorar?? - bufou, se irritando - Eu quero dormir...

Mais lágrimas e grunhidos. Nada além.

Águas em forma de tristeza e dor pontiaguda.

Thomas - Para de chorar!! - falou agora em tonalidade normal, voltando a deitar na cama.

Ele apenas queria dormir, e não sabia como com aquele bicho ali.

O choro parecia se tornar pior a cada instante. Era uma sinfonia do inferno.

Seus ouvidos zumbiam, se tornando em uma dor gelatinosa em seu crânio.

Era horrível, péssimo!

Thomas virou o corpo, ficando de cara para a parede.

Achou que ignorando o carinha, o mesmo iria embora e chorar em outro canto.

Mas isso não aconteceu.

Continuou os choros e gemidos, incessantes.

Thomas puxou as bordas do travesseiro debaixo de sua cabeça com as duas mãos, cobrindo inteiramente ambas orelhas.

"Monstrengo chato, ridículo! Vai embora, aberração!!!" seu subconsciente gritava. Sua pena e dó agora eram ódio e desgosto pelo bebê chorão dali, que uma hora se jogou ao chão, molhando suas mãos e braços com lágrimas potentes.

Quanto mais o garoto se irritava, mais o bicho chorava.

"Para, para seu ridículo! Ninguém quer ouvir você aqui! Vá embora!" rangia os dentes, incansavelmente.

Estava perdendo o resto de sua paciência.

Aquilo só podia ser um demônio, pois não parava de infernizar seu sono.

Tom não estava mais sozinho afinal; agora tinha um companheiro chorão, que grunhia por suas costas. Isso era um saco!

"Bicho chato, insuportável!!!"

E cada vez mais o bichano se debruçava em lágrimas.

O menino simplesmente desistiu dos pensamentos, e apenas tentou ir dormir.

Apos longos e irritantes minutos, o monstro finalmente calou a matraca.

"Amém." suspirou mentalmente, sentindo os olhos pesarem. Finalmente iria dormir.

Seu corpo se sentia cansado de alguma forma, mas isso nem o importava mais.

Só queria mergulhar na terra infinita do sono mais profundo.

Poder desligar a consciência por míseras 8 horas, o que seria um pouco difícil, já que perdeu bom tempo de sua noite ali, com a droga do monstro.

Ouviu uma voz fina e atordoada ecoar pelo quarto ligeiramente.

- Papai... Está doendo muito. - a voz choramingou uma última vez, correndo para fora dali.

Seus passos pesados tremiam o chão mesmo fora do cômodo; o que por sorte, não se estendeu por muito tempo.

 

— . ° �� · · · �� ° �� ° · · · �� × ��. —

 

- Merda, assim essa porra vai derreter e melar toda. - segurava o alimento 'congelado' na bandeja larga de plástico, enquanto caminhava com receio de derrubar alguma coisa.

- Se segurar assim, vai melar mesmo! - riu suavemente, com diversas sacolas brancas sendo carregadas entre as mãos.

Os amigos andavam pelo caminho longo e fino de pedregulhos entre o alto jardim da praça. Após um dia de compras e filas extensas, esse concerteza era o momento mais esperado de todos.

A simplicidade e vida pacata dali eram reconfortantes, era limpo, e uma tela de experiências novas a se pintar.

Tord tinha poucas e vagas lembranças dali, o que fazia ser extraordinário e calmo poder ver com mais tempo e clareza a área natural.

Tord - Matt - chamou o amigo enquanto admirava as árvores verdes plantadas ao campo - você vem aqui recentemente?

A pergunta era um tanto... Inesperada. O ruivo pensou alguns instantes antes de dar sua resposta exata.

Matt - Eu venho aqui quando preciso esfriar a cabeça - divertiu seus olhos no céu, que aos poucos ficava alaranjado indicando o fim da tarde - principalmente por causa do trabalho. Eu queria passar a tarde do meu aniversário aqui, já que é um parque tão simples mas tão recheado de histórias e relatos. Todas as vezes que vim aqui para uma caminhada, ou para até mesmo ver velhos amigos. - olhou diretamente para Tord, que o ouvia fielmente - Sabe, as vezes é bom ter simplicidade. Eu queria que muitos aproveitassem esse parque como eu e mais algumas pessoas que passeiam aqui aproveitam, mas isso concerteza se tornaria um caos, e o parque ia deixar de ser um lugar bom. - terminou sereno, sem pressa alguma.

Tord realmente admirava o jeito que Matt se levava as coisas, afinal; era bom ter sua companhia por perto, visto que Matt realmente era alguém calmo e de olhos curiosos, sempre prontos para se alimentar da mais pura paisagem.

Se sentia calmo e confortável ali. Parecia que os problemas estavam tão longe, tão esquecidos. A fumaça dos carros não chegavam ali no parque, o que de certo modo, era um clima diferente.

Não havia muitos animais além de pombas e insetos, mas era um verdadeiro pedaço da natureza.

Matt - Aqui. - parou de andar, saindo do caminho de pedras e colocando as sacolas brancas de mercado ao chão - Vamos sentar aqui, dá pra ver certinho o pôr do sol. - abriu sua bolsa de couro, retirando um longo pano azul bebê, o colocando sobre a grama verde. Em seguida, se sentou sob o tecido, chamando a atenção do outro com um aceno de mão.

O amigo veio e se sentou ao seu lado, colocando o bolo próximo das sacolas.

Tord - Ainda mal consigo acreditar que tinha justo o bolo que estávamos procurando. - riu aliviado, observando o céu.

Matt - É o meu aniversário, é claro que as coisas tinham que dar certo! - levantou levemente um dos ombros, rindo.

Tord estava tranquilo, até lembrar de uma coisa.

Que não tinha nenhum presente para Matt.

Tord - Merda, eu nem tenho presente. - coçou a nuca, irritado.

Matt - Tord, quem liga? - sorriu - Só vamos comer e conversar. Como nos velhos tempos. - pegou algumas sacolas, retirando diversas comidas dali.

Sanduíches, biscoitos recheados, salgadinhos, sucos em caixinha, garrafas de água, torradas, mel, barrinhas de cereais, morangos, diversas coisas.

Era um banquete bem simples, porém extenso.

Matt sorriu tristemente ao tirar tudo das sacolas, suspirando.

Tord - O que foi? Tá tudo bem?

Matt - Não. É que eu queria que os outros estivessem aqui.

Tord - Mas você não disse que eles não iriam demorar muito?

Matt - Sim, é que eu não sei se vai sobrar algo pra eles... - fez beiço - Além do mais, olha o monstro faminto que eu tenho aqui do meu lado...

Tord deu um soco ao braço do ruivo, que gargalhou em seguida.

Tord - Vai se foder, Matthew. - riu, arrumando uma posição razoável para se sentar sobre o pano.

Matt - Não sei se tô acostumado, faz tempo que não levo socos no braço. - sorriu, pegando uma embalagem de cookies e abrindo-a.

Tord - Eu vivo dando socos no seu braço. - estranhou.

Matt - É, mas você tem estado longe esses anos, né ô, idiota? - riu em deboche - Mas sabe, é estranho. Até o Edd ficou estranho depois que você saiu.

Tord - Por quê? - pegou a metade de um sanduíche com salada, queijo e presunto, dando uma pequena mordida em uma de suas pontas.

Matt - Eu não sei. Eu me senti meio excluído do círculo VodkCola. - pegou um cookie, dando diversas mordidas no alimento.

Tord - VodkCola? - deu uma mordida maior - Que isso?

Matt - Eu chamei assim a dupla de Edd e Tom. - apoiou o rosto na mão, buscando outro biscoito - Mais ou menos 5 meses depois que você saiu, eles pareciam bem unidos.

Tord - Unidos? - falou de boca cheia.

Matt - É. Eu me senti um pouco de lado, eles pareciam tão harmoniosos juntos.

Tord se inclinava na direção de Matt, curioso.

Tord - Por quê?

Matt - Sei lá. Edd falava bastante com Tom, o que não era algo muito normal. Ele normalmente dividia isso, mas daí, começou a fazer mais coisas com o Tom. - abocanhou o doce - Eles até saíram de casa algumas vezes, e olha que não era pra ir em bares.

Tord percebia aos poucos que Matt se entristecia por relatar as situações. O ruivo realmente parecia estar distante de Edd e Tom, o que o intrigou, de certa forma. Aliás, quando todos estavam juntos, Edd era mais colado em Matt, e isso sempre fora algo normal.

Matt - Phew, as vezes eu entendia o que estava acontecendo. - riu forçado.

Tord - Como assim? - focou um pouco mais no alimento entre suas mãos, o mordendo vagorosamente.

Matt - Tom às vezes não queria sair do quarto pra nada. Teve dias que dormiu 19 horas. E Edd tentou animar as coisas, e eu entendi completamente. O jeito que o Edd olha pro Tom é diferente. - terminou o cookie - E o Tom olha pra ele de um jeito diferente também.

Tord suspirou, vendo que o assunto de certo modo era desconfortável. Passou o olho ao ombro do mais novo, terminando a metade do sanduíche.

Matt - Mas é, depois que você saiu, eles começaram a- Ey? - se auto interrompeu - Espera, são eles? - esboçou-se animado.

O norueguês ficou confuso, vendo que lá na frente duas figuras familiares vinham.

Eram eles! Eles estavam com algumas sacolas coloridas nas mãos, o que Tord supôs ser presentes. E também com suas roupas comuns, moletons e calças escuras.

O ruivo se levantou do chão, acenando para que os colegas "chegassem mais".

Logo os mesmos se aproximaram do piquenique. Agora sim o aniversário estava completo, bom, pelo menos para Matt.

Edd - Heya, como vão nesse dia lindo? - sorriu dócil, colocando as sacolas ao chão, ato que Tom copiou posteriormente.

Matt - Bem! E que bom ver vocês bem agora, a gente já tava começando a comer. - riu, fazendo uma espécie de "toquinho" com o rapaz de moletom verde, que logo se sentou ao pano com o outro.

Edward parecia calmo e animado, algo que jamais se faria presente na face de Tom naquele momento. Uma carranca cansada, era tudo isso que restava em seu rosto. Ele parecia estar mais quieto que o comum, e de certa forma, Tord já teria deduzido que o rapaz levara um dia repleto de sermões e chacoalhões. Isso puxou um sorriso em seus lábios sem querer, imaginando o quão chato teria sido passar algumas longas horas com o amante de Coca-Colas.

Mas estava tudo... Estranhamente controlado? Resolvido? Pacato demais?

Era um clima horrível. O norueguês sentia os próprios olhos tremerem, provocando a ansiedade.

Ninguém vai falar nada?

Apenas trocas de olhares estranhos?

Edd - Uhm, que tal abrir os presentes agora, Matt? - pegou as sacolas com um sorriso confiante, as entregando para o amigo.

Matt - Ey, sem pressa. Eu abro em casa, tá tudo bem. Vamos aproveitar o momento. - soltou um sorriso nervoso, sendo apertado pelo clima.

Edd abriu a boca para responder, mas, desistiu. Colocou os objetos ao seu lado novamente, se arrumando melhor numa posição de "pernas de índio." Logo, colocou suas mãos no espaço livre entre suas coxas, suspirando.

Edd - Ah, bem! Como foi o dia?

Tord - Bem. - respondeu sem emoção, puxando uma caixa média de cigarros de canela e um isqueiro preto do bolso do moletom vermelho.

Em seguida, pegou um cigarro cuidadosamente, colocando-o em sua boca, com cuidando para não passar seus dentes nele.

Pegou o isqueiro, ateando chamas na ponta do objeto fino entre os lábios, logo soltando-o na grama.

Sua mente agora desacelerava, enquanto sugava forte o vício mergulhado no ácido da canela.

Após poucos instantes, retirava o cigarro da boca, tragando as fumaças quentes ao ar.

Nem queria mais comer, apenas fumar.

Ah, não fumava a uns bons dias. Mesmo que não fosse um bom e velho charuto, já era alguma coisa.

Edward tossiu rouco, cobrindo o nariz com uma de suas mãos.

Tord - Tá tudo bem? - levou o objeto aceso entre seus dedos indicador e do meio para o lado, preocupado com o amigo.

Edd - Ah, tá, tá. Eu não tô acostumado, só isso. - riu para desviar a preocupação.

Matt dava goles ao canudinho roxo de seu suco de uva, enquanto encarava os colegas que acabaram de chegar.

Matt - Não vão comer nada?

Edd - Oh, eu deixo pra outra hora. E o Tom não pode comer nada de errado, por ora.

O mencionado encolheu os ombros, olhando para o lado.

Matt - Tem sanduíche natural, não é pesado nem nada. - pegou a metade que Tord deixara, oferecendo.

Tom - Não, obrigado. - falou fraco, recuando.

Edd - Come, você não comeu nada desde o almoço.

Thomas engoliu seco, claramente irritado.

Pegou o alimento, o levando até a boca.

Separou os lábios, tentando levar o alimento para dentro de si.

Edward o olhava minuciosamente, esperando por seu próximo passo.

O rapaz dos olhos escuros abocanhou o sanduíche, sem esboçar reação nenhuma.

Ele não sentia o sabor. Era um saco.

Matthew se sentia aflito e gostaria de saber o porquê do clima estar assim, saber oque havia acontecido no centro psiquiátrico.

Mas óbvio, isso seria implorar por estresse e desentendimentos.

E era seu aniversário, afinal de contas. Queria ter um pouco de paz.

O norueguês continuava a produzir a fumaça cinza que escapava de sua boca ressecada, jogado ao chão.

A paisagem do parque perdeu a mágica.

O lindo e alaranjado pôr-do-sol agora apenas parecia chato. Comum. Vago.

Era só mais um lugar comum, e até mesmo... Entediante.

Tord se sentou ao pano, esfumaceando por cima dos alimentos.

Tom - Ô, porra. - tossiu, tentando terminar o sanduíche apoiado entre os dedos.

O mais velho apenas ignorou, continuando a consumir o produto.

Matt - O que aconteceu? - bufou, finalmente chegando ao ponto.

Todos o encararam confusos.

Edd - Eh? - questionou, como se não soubesse do que o outro se referia.

Matt - Vocês tão agindo estranho. - cruzou os braços - Achei que poderíamos confiar uns aos outros sobre contar essas coisas.

Tord mordeu o cigarro, cerrando o cenho.

Edd - Só foi um dia corrido, Matt. - falou tranquilamente - Não tem nada haver com seu aniversário.

Matt - É essa a sua desculpa? - se entristeceu, porém, mantendo a postura.

Edd - Matt, não é desculpa nenhuma. - sorriu - Vamos só pensar na sua festa, tá bem?

O ruivo suspirou pesado, encarando o moreno.

Matt - Edd, você não confia mais em mim para contar nada, né. - coçou o nariz, resultado de sua irritação - Tá tudo bem, antes você até me contava sobre bichos estranhos que encontrava no nosso jardim, mas agora, é diferente.

Matthew se sentia triste com tudo o que dizia, mesmo sabendo que era a verdade.

Edd se separar dele o deixava inseguro e até mesmo paranóico. Se perguntava o que havia feito de errado para perder os momentos bons da amizade que tinha com o rapaz Edward.

Agora que Tord tinha voltado, pelo menos ele tinha alguém com quem conversar.

Mas, ainda sim, continuava a sentir a angústia. O vazio dentro de seu ser.

Edd - Matt, não é assim. - este agora trocava o mesmo olhar de seriedade para si - Você só, não entenderia.

Matt - Ah é, esqueci que por acaso eu sou burro.

Antes que Edd pudesse sequer responder, o colega se levantou.

O norueguês que se sentava ao seu lado também ficou de pé, estendendo a mão até seu ombro.

Tord - Matt? - sua voz rouca vinda do cigarro se levantou com preocupação.

O mais novo o olhou tristemente, pegando algumas sacolas do chão.

Matt - Podem ficar com o bolo, eu vou pra casa. - puxou a alça da bolsa, a ajeitando em seu ombro. Tord o barrou por um momento, com um olhar confuso - A pé. - o ruivo complementou, logo se retirando dali.

Tord - Espera! - pegou o isqueiro preto do chão, o guardando no bolso da calça, enquanto correu atrás do amigo.

Ambos estavam saindo do parque, voltando as estradas escuras e movimentadas da cidade.

O céu estava ficando levemente escuro, já trazendo o lembrete de que a noite iria cair.

Tord - O que foi? - jogou o cigarro ao chão, pisoteando o objeto rapidamente para acompanhar os passos de Matthew.

Matt - Você viu o que foi. - seus olhos marejaram. Ele tentou esconder isso com uma das mãos, falhando - Eu odeio o jeito que ele fala. Você viu a cara do Tom. - fungou com o nariz - Eu não sei o que se passa pela cabeça de Edd, mas o jeito que ele é apenas sereno... Ah. Tem algo que me incomoda nele há meses.

O mais velho tentava entender, passando pela mesma ansiedade do amigo.

Tord - Olha, vai ficar tudo bem. Quando a gente chegar em casa, você vai poder falar a sós com o Edd. - deu uma pausa - Eles vão voltar de carro, né?

Matt - Sim. - balançava aos poucos as sacolas enroladas entre os dedos.

Tord - Então vão chegar antes que nós. Tá tudo bem, vamos resolver isso. - deu tapinhas de leve no ombro do ruivo - Quem é o meu soldado corajoso? - falou como uma mãe falaria.

Isso tirou alguns risos do outro, que conseguia se sentir mais aliviado com sua presença.

As pessoas iam sumindo das ruas, restando apenas carros, motos e caminhões a vagarem pela imensa cidade.

O clima ameno começava a se mostrar presente, com um vento sereno e fraco que balançava as folhas das árvores.

Os pássaros voavam aos céus, se preparando para ir em seus ninhos e começar mais uma noite na região urbana.

Os postes de luz já começavam a acender, junto com placas de restaurantes e farmácias 24h.

O caminho para a casa não estava tão distante, e ambos até que caminhavam numa frequência boa.

O silêncio confortável permanecia; sem nenhum incômodo.

Eles realmente precisavam pensar sobre resolver as inseguranças do grupo, depois de tantos problemas em apenas algumas semanas.

Estava tudo bem. Relações tem seu tempo e problemas.

Só precisa de calma e bons diálogos.

 

Não é?

 

Ao longo do caminho, o céu escurecia cada vez mais.

Até finalmente, os amigos perceberem que estavam na rua onde moravam.

Animaram o passo, vendo que o carro clássico de Edd estava estacionado na frente da garagem (cujo a qual também estava aberta).

"É, eles voltaram."

Matt sentiu-se nervoso por alguns mínimos instantes, mas era hora de realmente ter uma conversa com todo mundo.

Tord não pensava o contrário. Sentia-se mal por ver o amigo triste e melancólico; coisa que nunca seria de seu habitual.

Ambos pararam na frente da casa, suspirando e tomando um minuto antes de qualquer coisa.

Matt - Eu vou levar as sacolas na garagem. Vai entrando, enquanto isso. - sorriu calmo, se dirigindo até lá.

Tord respirou fundo, indo até a porta principal.

Próxima dali, havia uma janela. Eles costumavam a puxar a cortina dali toda às vezes que a noite chegava, mas hoje, isso não ocorreu. Provavelmente se esqueceram, e isso facilitou um pouco para Tord.

Iria ver se ambos os rapazes estavam na sala de estar pra início de conversa, assim ele não precisaria procurar por eles.

Colocou o rosto na frente do vidro, apoiando as mãos ali, na esperança de ter uma melhor visão.

Quando focou bem seus olhos, encontrou as duas figuras em questão.

Tinha alguém por cima do sofá... Tentava identificar quem, pois o sujeito estava apenas de camisa branca; e... Parecia que o outro estava deitado?

Piscou diversas vezes, tentando entender melhor.

Até finalmente a ficha cair.

Não tinha ninguém deitado. Tom estava levemente jogado no canto do sofá, enquanto Edd estava... Curiosamente perto demais dele.

Curiosamente, perto demais.

 

Espera.



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