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História - Your eyes dont lie - - Prólogo


Escrita por: KahJauregui

Notas do Autor


To aqui com outra fic
É,eu não paro kk
Espero que gostem,comentem o que acharam

Capítulo 1 - - Prólogo



O sol da tarde quase não conseguia atravessar a espessa névoa de poluição que pairava como um estranho halo sobre Miami,O táxi em que Camila estava ia abrindo caminho naquela confusão de veículos. O motorista "costurava" por entre os carros, tocando a buzina, xingando e dirigindo tão velozmente que Camila a todo o momento se encolhia, prevendo uma colisão de que escapavam sempre por um triz. Um outro motorista, enfurecido, fez um gesto malcriado por ter levado uma "fechada".
Camila encolheu-se ainda mais no cantinho do banco e fingiu não ter visto. Sabia que nunca conseguiria dirigir com tal agressividade e pensava também que sua prima Lucy enfrentaria bem essa situação.
Ao pensar em Lucy, Camila não pôde reprimir um suspiro de desânimo e cansaço. Camila ficara de voltar para casa antes do meio-dia. Sua temperamental priminha ficaria furiosa com ela. Não importava que ela tivesse ficado ajudando tia Cheri, a mãe de Lucy, na preparação do bazar beneficente que ela costumava organizar todo ano, como também não importava que a tia tivesse oferecido seus préstimos como datilografa aos organizadores do bazar, sem ao menos consultá-la. A tia simplesmente insinuara a Camila, de um modo ferino, que já estava na hora dela retribuir com o que aprendera no curso de secretária.
Uma onda de ressentimento invadiu Camila. Os pais dela haviam morrido num desastre de automóvel quando ela estava com apenas sete anos. Como a mãe não tinha nenhum parente, Paul, o irmão do pai, foi quem ficou com Camila.  Ela gostava muito do tio Paul. que achava bem parecido com seu pai. Poderia ter sido uma boa solução ir morar com ele, a esposa Cheri e Lucy, a filha única do casal, que era apenas nove meses mais moça do que Camila. Poderia ter sido se não fosse o fato do tio estar totalmente absorvido em seu trabalho e a tia Cheri preocupar-se única e exclusivamente com sua filha única, a quem vivia cobrindo de mimos.
Apesar de ter só sete anos, Camila era uma menina sensível e inteligente e logo percebeu que o mundo dos tios girava em torno de Lucy. Lembrou-se das festas do tempo de criança, das ocasiões em que a tia gostava de exibir a filha e contar as proezas para as amigas, orgulhando-se toda ao ouvir os elogios. Quase sempre tia Cheri se esquecia de falar de Camila e, quando o fazia, usava a expressão "nossa pequena órfã". Não que isso fosse uma ofensa, mas como ela já estava carente e insegura por ter perdido o afeto dos pais, a lembrança constante de seu status era como mexer numa ferida, magoava-a mais ainda. Assim, Camila acabou se resignando a ficar sempre em segundo plano, apagada e tímida, enquanto a prima, segura e cheia de vivacidade, era o centro de todas as atenções.
Embora tivesse freqüentado as mesmas escolas que Lucy, tivesse um quarto tão bonito quanto o dela, e aparentemente fosse tratada como um membro da família, Camila não via a hora de terminar o ginásio para entrar num curso de secretária. Matriculou-se, mesmo contra a vontade dos tios, usando o que lhe restava do dinheiro que seu pai lhe deixara. Pretendia ter uma profissão, um meio de ganhar a vida, para não precisar depender da caridade dos tios.
Durante  alguns poucos meses tudo correu bem e ela ganhou algum dinheiro, mas logo Lucy terminou os estudos e resolveu fazer uma viagem ao Hawaii. Ela já era adulta e não tinha cabimento que os pais a acompanhassem. Mas, como eles estavam preocupados por ela querer viajar sozinha, impuseram a condição de que Camila fosse com ela. Camila esboçou um tímido protesto, relutante em deixar o posto de datilografa na grande firma em que arranjara emprego. Sabia que seria difícil arranjar outro emprego tão bom quanto aquele, mas o olhar que a tia lhe lançou dizia claramente que Camila lhes devia aquela retribuição. Afinal, eles a tinham criado... e Camila acabou se rendendo, curvando-se ao jugo da gratidão forçada.
Depois da viagem ao Hawaii, surgiu outra e no fim Lucy acabou exigindo que os pais lhe dessem um apartamento para morar sozinha. Os pais cederam, mas exigiram que Camila fosse morar com ela. Qualquer tentativa de Camila se rebelar contra a decisão era logo desencorajada pelo mesmo olhar de reprovação da tia, lembrando-a de que devia gratidão eterna, além do comentário "você é que é feliz de não precisar pagar aluguel para morar", que provocava em Camila um sorriso amargo. Ela era a dama de companhia da prima, sujeita aos caprichos dela e da tia. Estava com vinte e um anos e não tinha vida própria, nem amigos.
— Chegamos, dona— disse o motorista do táxi por sobre o ombro.
Camila voltou ao presente num sobressalto e percebeu que o táxi estava parado diante do luxuoso edifício onde ficava o apartamento delas. Olhou de relance para o taxímetro e remexeu na bolsa, procurando o dinheiro. Pagou o motorista e, percebendo pela expressão dele que não estava satisfeito com a gorjeta, acrescentou  mais uma nota. Ele esperou impaciente que Camila achasse o trinco, abrisse a porta e descesse murmurando um tímido "muito obrigada", que ficou sem resposta.
No saguão de entrada, ricamente decorado com vasos de folhagens, o porteiro cumprimentou Camila com simpatia.
— Boa tarde, Srta.Cabello.
— Boa tarde, Sr. Farber. Tudo bem hoje?— respondeu ela no mesmo tom amigável.
— Tudo bem, sim senhora.
— Estou atrasadíssima— disse ela, fazendo uma careta travessa.— Minha prima esperava que eu voltasse antes do meio-dia e já são quase três horas!
— Parece que sua prima não está. Ela saiu mais ou menos uma hora depois da senhora hoje de manhã e tenho quase certeza de que ainda não voltou.
Isso significava que então nada tinha sido feito depois que Camila saíra. E agora, como estava chegando antes da prima, tudo cairia sobre seus ombros. Deu um suspiro de resignação e encaminhou-se para o elevador.
Ao abrir a porta do apartamento, Camila repeliu um sentimento de autopiedade ao constatar que estava com dor nas costas  por ter ficado escrevendo a máquina por quase seis horas consecutivas. Afinal, seu futuro não era tão desesperador. Havia um certo alento. Lucy estava para casar dali a quatro meses e isso queria dizer que ela, Camila, estaria livre de todas as obrigações, livre para viver sua vida como bem entendesse. Entretanto, Camila sabia que os próximos meses seriam atarefadíssimos.
A sala estava cheia de roupas espalhadas pelo sofá, poltronas, mesas e cadeiras. Esse era o método extravagante de Lucy escolher um traje para sair. Também não deixara nenhum bilhete dizendo aonde fora nem quando voltaria, isso era típico dela. A prima suspirou, olhando aquela bagunça toda, e começou a pensar no noivado da prima e como as coisas tinham acontecido.
Tudo tinha começado há uns dois meses, quando Lucy compareceu a mais uma das elegantes recepções de Hollywood, acalentando secretamente uma esperança infantil de ser "descoberta" e tomar-se uma atriz famosa. Camila jamais ia a essas festas. Aquele clima artificial de superficialidades e alegria forçada deixava-a revoltada e ela não se sentia bem nesses ambientes, por isso não ia. Naquela noite Lucy chegou mais cedo que de costume e Camila ainda estava acordada. A prima irrompeu apartamento adentro toda eufórica, um brilho  calculista nos olhos castanhos.
— Acabei de conhecer a mulher com quem vou me casar!— anunciou ela teatralmente.
Camila espantou-se, pois estava acostumada com a indiferença da prima em relação as mais ardentes admiradoras, e não levou a coisa a sério.
— Não ria, eu não estou brincando— disse Lucy, com um sorriso malicioso.— Uma mulher dessas só se encontra um na vida e eu quero que ela seja minha!
— É que não posso acreditar que você tenha se apaixonado por uma mulher que acabou de encontrar e ainda nem conhece direito.
— Ah, eu não me apaixonei, é claro, mas sem dúvida ela tem tudo para que isso aconteça— disse Lucy, largando o casaco no encosto do sofá antes de aninhar-se entre as almofadas.
— O que você está dizendo não tem o menor sentido.
— Não tem, é?— retrucou a prima, presunçosa.— Espere só para ver.
Lucy recusou-se a entrar em maiores detalhes, preferindo deixar o assunto envolto em mistério. Na manhã seguinte entregaram no apartamento uma dúzia de rosas vermelhas com um cartão sem assinatura, convidando-a para jantar. Na hora marcada para o encontro surpreendentemente Lucy já estava pronta e, quando tocaram a campainha, ela foi logo atender e saiu, evitando apresentar a Camila a misteriosa admiradora. Depois daquela noite, todos os dias chegavam flores, sempre rosas vermelhas, acompanhadas de cartões com a mesma letra firme e decidida. Mas os cartões nunca eram assinados e nem traziam ardentes declarações de amor. As mensagens eram claras e concisas, agradecendo a companhia de Lucy e combinando um próximo encontro.
As duas já estavam saindo juntas há umas duas semanas quando Camila conheceu por acaso a mulher que se tornara o centro do universo da prima.
Tinha acabado de lavar a cabeça e enrolara os cabelos numa toalha enquanto passava um creme de limpeza no rosto. Nesse momento a campainha tocou e ela, pensando que Lucy havia esquecido a chave, foi resmungando abrir a porta.
Quando se deparou com uma mulher alta e imponente parada no umbral, ficou boquiaberta e sem ação. Ela era elegante e bem vestida
Os cabelos eram negros e emolduravam um rosto moreno e palido de traços aristocráticos e arrogantes. Os olhos eram verde-Musgo escuro e o desenho da boca insinuava uma certa impiedade.
Ela ficou constrangida e tentou ajeitar o roupão vermelho que usava.



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