Zayn se espreguiçou e buscou um corpo extremamente quentinho e confortável ao seu lado, mas encontrou apenas edredons já frios. Ele abriu os olhos e olhou ao redor, Liam não estava ali, o quarto estava todo escuro, Zayn nem sabia que horas eram, se era dia ou ainda noite.
Mas sendo como fosse, ele levantou, lento é claro, Zayn não era o tipo de pessoa que gostava de acordar e levantar rapidamente, era no mínimo meia hora enrolando.
- Liam? – passou as mãos no rosto e ajeitou o cabelo. Saiu do quarto e viu que o corredor estava vazio, caminhou por ele, desceu as escadas e ficou um pouco mais preocupado – Liam? – sem respostas.
Ele passou pela sala e viu o notebook de Liam ali, o que significava que ele estava escrevendo. Zayn foi para a cozinha e viu que estava vazia, tinha uma xícara na pia e ele parecia ter mexido nos armários.
Zayn arregalou os olhos. Liam tinha saído. Liam tinha saído com tudo aquilo que tinha acontecido, ele saberia, iam o cercar, iam fazer perguntas e mais perguntas e a vida perfeita de Zayn junto a Liam acabaria.
- Por Ganesha – e saiu correndo para o quarto novamente. Lá procurou o celular, quase pôs o quarto a baixo e quando finalmente achou o aparelho entre os edredons, não tardou a apertar no nome de Liam.
Chamou três vezes e Liam desligou. Zayn sentou e respirou fundo, estava com medo, prestes a sair daquele apartamento e ir atrás de Liam. Ligou novamente e dessa vez caiu na caixa postal, ele nem teve capacidade de deixar recado.
Já estava em pé, andando de um lado para o outro no quarto, as mãos nos cabelos e a respiração desregulada em uma angustia que ele não sabia explicar. Estava prestes a chorar, pedir ajuda pra quem quer que fosse quando escutou a campainha. Sem pensar uma vez ele saiu correndo até a porta já esperando algo com que já estava acostumado: notícia ruim.
Abriu a porta e quase morreu de alivio, do outro lado estava Liam, não sorria, certo, mas estava ali. Estava com um sobretudo pesado, óculos escuros e sacolas em uma mão e flores, pelúcias de corações, e uma bandeira GLBT no ombro. Zayn sem se importar muito com tudo aquilo, ele pulou e abraçou o irmão. A respiração desregulou ainda mais e ele sentiu os olhos marejarem quando enfiou o rosto na curva do pescoço dele.
- Oh meu Deus, Lih – Liam além de não estar entendendo nada não conseguia abraçar Zayn que quase chorava colado ao seu corpo sem motivo aparente.
Foram quase cinco minutos ali até Zayn se afastar um pouco e o olhar. Liam ficou sem saber o que pensar quando viu que Zayn parecia bem mais que desesperado.
- Você foi aonde? – Liam entrou em seu apartamento e Zayn fechou a porta.
- Fui compra alguma coisa pra comermos, não tinha nada aqui.
- Por que não me avisou?
- Você estava dormindo.
- Poderia ter me acordado, eu ia lá – já estavam na cozinha, Liam colocando as sacolas com as compras no balcão e Zayn o olhando como se fosse errado sair de casa.
- Quer me manter em cárcere, Zayn?
- N-não, ma...
- Olha, eu só fui na esquina e comprei algumas coisas, só. E Ah, aqui que o porteiro me entregou – ele entregou todas as pelúcias e a bandeira em Zayn – Ele disse que isso começou a chegar desde ontem, isso significa alguma coisa? É por isso que você não queria que eu saísse? Ou é por que tinha uma dúzia de paparazzi aí na porta me perguntando se eu estou bem, e se estamos juntos? – Liam sentou em um banquinho alto da bancada e foi sua vez de olhar feio para Zayn.
- E-eles estavam aí? – Zayn colocou tudo no balcão.
- Estavam! – Liam não estava com raiva, ele só estava magoado com Zayn por ele não ter dito o que estava acontecendo, e por mais que ele tivesse fazendo a mesma coisa com Zayn escondendo a doença, ele não queria que Zayn segurasse montanhas sozinho. – E eu soube por eles que alguém que estava no avião aquele dia vazou a notícia que eu estou doente e que nos viram nos beijando – Malik sentiu como se o ar tivesse virado pedra dentro dos pulmões; Liam sabia.
- Eu ia te contar – Zayn iria sair de perto de Liam, mas não conseguiu já que foi puxado pelo irmão, fora parar entre as pernas dele e sendo abraçado pela cintura.
- Quando? – ele que já não estava muito nervoso, abraçou Liam e encostou à bochecha no ombro do irmão – Eu sei que você não iria contar, que estava com medo de eu ficar magoado e me afastar, mas você não podia.
- E-eu sei, Lih, ma...
- Tudo bem, eu não estou com raiva, mas não esconda mais nada de mim, okay?
- Okay – Liam segurou o rosto de Zayn e o afastou apenas o suficiente para poder beijá-lo.
Esse beijo durou minutos, não por motivos chulos, e sim porque ambos precisavam se acalmar, e aquilo ajudava, muito, e, além disso, era bom, tanto para Liam quanto para Zayn.
- Você não está com raiva?
- Não, amor, não estou – Liam beijou a testa de Zayn e cheirou os cabelos revoltos – Niall ligou e disse que está vindo, ele vai passar o dia aqui, por que não chama o Louis também?
- Você não vai implicar com ele?
- Não, assim como eu tenho certeza de que você não vai implicar com o Niall – Zayn concordou e suspirou.
- Tá bom – ficaram mais alguns segundos abraçados até Zayn se afastar pegar as pelúcias e a bandeira e seguir para a sala.
Liam encostou os cotovelos no balcão, as mãos foram para o rosto e um soluço que estava preso em sua garganta saiu. Não era um soluço de choro como costumavam ser, era mais um soluço de agonia, dor e medo. A respiração desregulou e a cabeça doeu. Payne sentiu algo quente descer por suas narinas e quando viu, o sangue já manchava o mármore do balcão. Nem teve forças para tentar parar com aquilo, só deixou vir, uma, duas, três, quatro... dez, uma média mancha de sangue. Agora ele chorava, tanto quanto ficava mais fraco a cada gota vermelha que saía de seu nariz.
- Liam? – ele imediatamente levou as mãos ao nariz, não queria que ele o visse daquele jeito – Oh meu Deus – Niall, que Liam não sabia quando tinha chegado, correu até si, parecia desesperado, e quando ele afastou as mãos que estavam em se nariz e colocou uma das suas, Liam sentiu que ele tremia – M-meu Deus, L-Liam...
- Tá tudo bem.
- Não – ele olhou em volta talvez em busca de algum lenço ou papel toalha, e quando achou, esticou a mão e pegou um rolo de papel toalha, tirou uma boa quantidade e deu a Liam, tirou outra e limpou o sangue sobre o balcão e não esperou nada para jogar no lixo perto da pia, voltou até Liam e ainda chorando o ajudou tremendo mais do que inicialmente – Vamos pra um hospital.
- Não, não vamos.
- Liam olha isso – ele afastou o papel do nariz de Liam e o mostrou que estava manchado com uma boa quantidade de sangue – Não me peça pra ver isso.
- Niall? – os dois olharam para sala e viram Zayn os olhando com um ar de susto, e quando seu olhar foi até o papel vermelho, o ar de assustado fora mediatamente para desespero. Antes mesmo que Liam pudesse dizer que estava tudo bem, Zayn já estava ao seu lado chorando tanto quanto Niall que não sabia o que dizer.
- Zayn, est...
- L-Lih, n-não me deixa...
E fora o que bastou para Niall desabar, levando junto Zayn a um choro ainda mais intenso e Liam a um desespero fora do normal. Chorava feito criança, uma criança que acabara de perder seu primeiro bichinho de estimação, um choro inconsolável e inevitável. Horan se afastou e Zayn assumiu o controle mesmo estando prestes a perder os sentidos.
Niall foi pra sala, mal chegou ao sofá com a força que tinha e o restante dela fora tirado de si quando desabou no sofá e desatinou a soluçar. O loiro mal sabia o que pensar, se na agonia de ver o amigo morrendo, se por estar mentindo a Zayn, por estar querendo ajudar Liam contra sua vontade ou simplesmente deixar que ele fizesse o que queria fazer.
Zayn ao contrario de Niall, pensava em uma única coisa; ver Liam bem.
Fora talvez meia hora até Liam convencer Zayn que estava tudo bem, que ele só tinha batido o nariz no balcão já que tinha cochilado com o rosto nas mãos e quando percebeu estava com o nariz sangrando. Zayn acreditou é claro, e quase matou Liam com um abraço longo e apertado. Liam tinha recuperado as forças e tomou as rédeas de tudo.
Quando chegaram na sala, Niall estava sentado, o rosto inchado e os olhos vermelhos, Liam sorriu e sentou-se ao seu lado assim como Zayn. Ficaram calados, olhando para o nada até Liam resolver acabar com aquele silêncio que estava o deixando maluco.
- Eu estava pensando, que tal irmos pra Irlanda? – tanto Zayn quanto Niall o olharam.
- Como?
- É, acho que estou precisando sair daqui – Horan encostou o rosto no ombro do amigo e respirou fundo – Além do que, Horan, você precisa de férias.
- Não sei s...
- É uma ótima ideia – Malik se pôs na conversa já sabendo que o loiro daria pra trás.
- Sim – Niall concordou sabendo que lutar contra seria impossível.
- Mas é coisa pra mais adiante, agora eu preciso resolver algumas coisas, terminar o livro. Mas assim que isso acontecer, eu vou querer conhecer sua cidade, sentir o cheiro de campo, ir a algumas catedrais e sentir o vento geladinho como você diz que é lá – Horan segurou o choro e concordou.
- Não sei se você vai gostar de escutar um monte de vaca mugir – Zayn sorriu grande e fez o mesmo que Niall, porém encostando o rosto no outro ombro de Liam – Um monte de ovelhas passando nas ruas enquanto você quer passar com o carro e um bando de louco indo assistir um jogo de hurling.
- Deve ser divertido – Zayn sussurrou.
- Não pra quem cresceu lá.
- Legal ou não, nós vamos.
- Claro Liam.
Uma onda de silêncio se instalou ali novamente e foi quebrada por alguém tocando a campainha.
- Eu atendo – Zayn levantou e fora em passos lentos até a porta.
- Como entrou? – Liam sussurrou fazendo um leve cafuné em Niall.
- A porta estava aberta – ele pigarreou – O que disse a ele?
- Inventei algo, não se preocupe – Payne deu um beijo na testa do amigo e ambos escutaram a voz de Zayn e a de Louis.
- Bom dia seus lerdos – Louis apareceu na sala abraçando a Zayn pelos ombros enquanto Zayn o abraçava pela cintura – Nossa parece que morreu alguém – Niall bufou e levantou do sofá indo pra cozinha deixando os três na sala – O que foi?
- Nada, Lou – Zayn largou do amigo e voltou a sentar no sofá, bem, se sofá significasse literalmente sobre Liam, é claro. Louis só olhou aquilo e sorriu, sentou ao lado dos dois e deu duas batidinhas no ombro de Liam.
- Eu juro que se você foder com a vida do Zayn, eu mesmo te mato – Zayn sorriu e se encolheu ainda mais no colo de Liam, seu rosto na curva do pescoço dele e seus lábios tocando ali minimamente. Liam também sorriu com o que Louis disse, seus dedos insistiam em puxar um fiozinho que estava repuxado na calça de Zayn.
- É bem mais difícil outra coisa acontecer do que eu magoar Zayn.
- Porra, eu preciso tomar um remédio pra diabetes – e foi rumo à cozinha deixando só Liam e Zayn no sofá.
- Ele é doido.
- Não liga, Lih, você sabe como ele é.
- Eu sei, eu infelizmente sei – Zayn olhou para Liam e o beijou. Era apenas um casto colar de lábios que provava a si mesmo que Liam estava ali. Querendo ou não, os rumores da tal doença de Liam mexeram consigo e mesmo ele sabendo que era mentira, que era tudo uma invenção, mexeu consigo.
- Sabe, que tal a gente ir pra França antes de ir pra Irlanda? – Malik sussurrou com os lábios a poucos centímetros dos de Liam.
- França?
- Sim, faz tempo que fomos lá, e eu quero ir lá agora, com você, nós dois juntos – Liam entendeu o que aquilo significava e bem, ele até que gostou da ideia.
- Claro, vamos sim – Liam selou seus lábios aos de Zayn novamente e o abraçou com um pouco mais de força.
- Vamos ver o que aqueles dois estão fazendo – Malik sorriu pequeno ao irmão e levantou, estendeu as mãos a ele que aceitou de bom grado, ele não estava tonto nem fraco, mas tocar em Zayn a qualquer instante era bom. Foram para a cozinha e lá viram uma cena inusitada.
- O que é isso? – Liam disse segurando a risada.
- Bem, eu vi o pobre irlandês aqui e resolvi ajudar, era isso ou comer panquecas queimadas – Niall negou e continuou a cortar alguma coisa na pia.
- Se for pra ficar se vangloriando, pode parar, eu dou conta.
- Vá à merda Niall, me deixa ajudar – Louis retrucou.
Em instantes Liam ajudava Niall na pia a cortar presunto e queijo em cubinhos e Zayn ajudava Louis com as panquecas na frigideira.
- Louis, é impressão minha ou você está feliz? – Zayn sussurrou – É por essa tal de namorada?
- No mínimo ele deve ter terminado com ela e está comemorando por estar de volta à vida de vadio que ele levava – Liam retrucou e Niall que estava sabendo da tal namorada só naquele instante ficou pasmo. Louis ao contrario de todos, não se abalou pelo simples fato de estar feliz demais para ligar para o que eles diziam.
- Se eu dissesse que estou assim pela Chloe eu estaria mentindo.
- Eu disse, ele tá feliz porque tá pegando um monte de mulheres desprevenidas na Colour.
- Oras Liam, eu não sou tão mes...
- Sim, Louis, você é mesquinho a esse ponto – Niall disse sem muita emoção, e nem tinha como depois do que aconteceu a menos de uma hora.
- Então nos conte o motivo desse sorrisinho idiota – Zayn deixou Louis sozinho no fogão e sentou na bancada, não gostava de fogão, e fogão mais Louis mais Louis feliz era quase um presságio de coisas estranhas e Zayn não era amante de coisas estranhas.
- Bem, é complicado e por isso, é um assunto só de nos dois.
- Quer me expulsar da minha própria casa? Olha, você está mais folgado do que eu imaginei – Liam disse em meio ao riso e Niall, o pobre loiro, achou aquilo irreal, não por Liam sorrindo verdadeiramente ser lindo, e ele não via problema naquilo, mas sim por Liam estar rindo mesmo depois do que aconteceu há pouco tempo.
- Não Liam, eu só quero conversar com meu amigo, em particular, apenas com ele e não com o irmão ou sei lá o que vocês são agora, sabe, eu ainda tenho esse direito.
- Nunca disse que não teria.
- Liam e seu egocentrismo exagerado.
- Eu egocêntrico, Louis? Olha quem fala, um marmanjo que quer chamar a atenção do melhor amigo.
- Ei, podem parar. Niall vem pras panquecas, Liam cuida disso aí – e antes que Niall pudesse mandar Zayn pros infernos, Liam retrucasse e Louis voasse no pescoço de Payne e o desse um tapas, Zayn já o puxava pelos pulsos para a sala e rumava as escadas – Quando é que você vai para de ser assim com ele?
- Olha Zayn, beleza, vocês estão juntos agora, finalmente e que os anjos digam amém, mas não venha querer me deixar de lado pra ficar de mimimi com ele, você pode ser sei lá o que dele, mas ainda é meu amigo – Louis dizia enquanto ainda era puxado escada a cima por um Zayn respirando fundo de raiva. Não custou para entrarem em um quarto e Zayn sentar na cama.
- Pronto, agora fala – Zayn ficou o olhando e Louis se sentiu repentinamente envergonhado e com medo.
- Não agora, outra h...
- Louis, fala logo – Tomlinson sentou ao lado do amigo e respirou fundo. Talvez Zayn entendesse, principalmente agora que ele estava tendo um relacionamento com Liam, outro cara.
- E-eu conheci uma pessoa...
- Chloe, sei.
- Não é a Chloe, apesar de ela ser legal, bonita e eu gostar dela – Zayn o olhou estranho – Eu sei que não é nada demais, eu nem sei por que eu estou tentando achar uma resposta pra isso sendo que eu sei que é só instinto, só porque eu não gostava de viver preso e sei pelo que ele passa, ao menos agora.
- Sabe, eu posso ser meio spiritual, mas não leio mentes ou vejo seu passado e futuro.
- Não me pressiona.
- Não estou.
- Tá – Louis fechou os olhos e respirou fundo. O que porra era aquilo? – Eu estava saindo da boate há algumas semanas atrás e ele trombou em mim, eu quase quebrei ele na porrada, mas era meio impossível – Zayn já tinha os olhos arregalados de susto – Ele estava perdido, e apesar de ser um idiota falando um monte de coisas sem necessidade, ele parecia assustado e eufórico ao mesmo tempo, contou um pouco da vida dele e quando eu percebi, estava o convidando pra ir pra minha casa, eu achei que fosse por pena por ele viver preso, mas eu vi que não era só pena, eu queria o ver bem – os ombros de Louis caíram assim como ele pareceu murchar diante de Zayn – Ele ficou lá enquanto eu estava dormindo, jogando vídeo game, eu sei que ele poderia ter me matado, assaltado minha casa, roubado minha comida, mas eu sabia que ele não seria capaz de matar uma mosca. Quando ele foi embora, eu fiquei feliz, sabe, parecia que eu tinha tirado ele de dentro de uma gaiola como eu queria que tivessem feito comigo, mas me senti sozinho, vazio. Depois de alguns dias eu chamei a Chloe pra sair e começamos a namorar, só que eu não parava de pensar como ele estava, vez ou outra ele vinha na minha cabeça, mas isso foi ficando pior e quando eu vi eu estava pesquisando sobre a família dele no google, no google Zayn – Malik piscou os olhos atônito – Chloe achou uma pulseira no meu apartamento e quando eu vi que era dele, e quase morri, era o que faltava pra eu realmente ir atrás de saber como ele estava sem parecer um doido varrido que estava obcecado por um garoto de dezesseis anos – Zayn arregalou ainda mais os olhos e começou a tossir, ele estava ficando doido e estava vendo Louis ali na sua frente, dizendo aquilo com uma cara de confuso, não era possível aquilo ser real – Eu sei, olha, eu sei, pode ter certeza que ninguém está mais chocado que eu. Mas fique calmo, não é nada do que você está pensando que seja.
- N-não?
- Não – Louis tentou se convencer de que não era o que Zayn estava pensando – Desde a pulseira, tudo ficou pior, eu trabalhava pensando em como ele estava, estava com Chloe pensando no que ele poderia estar fazendo e... E no que a avó dele poderia estar fazendo com ele – Louis viu Zayn ficar pálido, sabia pelo que o amigo tinha passado com os avôs, sabia principalmente que Zayn não sentia pelo que ele passou, e sim pelo que viu Liam passar – É, eu te conto tudo depois, mas agora o assunto é o seguinte, eu o encontrei, fui a casa dele, me passei por um professor de música e entrei, eu não sei bem o que eu senti, ou o que era pra eu sentir em vê-lo, ou escutar a voz dele, mas foi tão intenso que eu quase pedi pra morrer, quando eu o abracei foi como tirar toda a agonia que eu sentia assim que eu o vi entrar no táxi e ir embora. Eu estou confuso, Chloe parece não ser mais interessante, eu sei que isso por ele não é só preocupação, talvez seja algo fraternal demais para eu sentir por ele.
- V-v...
- Eu sei que parece estranho, que não tem lógica isso, e eu sei que você está pensando que eu posso estar, sei lá, sentindo atração por ele, mas Zayn, eu não sou gay, eu nunca senti atração por cara algum, eu gosto de mulher.
- M...
- Eu quis falar com você porque você talvez me entenda. Você talvez sentisse a mesma coisa pelo Liam quando menor.
- Eu sempre amei o Liam, mas eu sempre amei como homem – Louis grunhiu e se jogou de costas na cama.
- Puta que pariu – ele passou as mãos no rosto e fixou os olhos no teto – E o pior é que eu estou louco pra vê-lo novamente, estou prestes a sair daqui correndo e ir pra lá – a voz de Louis vacilou, os olhos umedeceram e ele estava à beira de um choro que ele não sabia ser de desespero por estar confuso quanto a Harry, se por desespero de ver Harry ou por medo de estar assumindo algo por Harry sem nem saber.
- Lou?
- Humm.
- Você já ponderou estar mentindo pra você mesmo?
- Já, e eu já vi que estou mentindo, vi que a porra toda tá desmoronando na minha cabeça e eu estou fingindo estar tudo bem, que eu me sinto bem com Chloe mesmo querendo distância – Louis fungou – E-eu não sei o que fazer, Z, eu não sei o que fazer.
- O primeiro a se fazer é tirar um tempo só pra você, sem Chloe e sem o...
- Harry.
- Isso, sem o Harry, fica aqui hoje. Formaremos uma coalisão de quatro caras confusos sobre o mundo e ansiosos por algo que comem panquecas e tomam refrigerante sem açúcar – Louis sorriu e enxugou a única lágrima que pulou para fora de seu olho.
- Diga isso por você, eu vou curtir minha primeira foça me entupindo de açúcar, álcool e cigarro – Zayn também deitou na cama e ficou olhando para o teto como Louis.
- Você é quem sabe.
Ficaram em silêncio, Zayn pensando na situação de Louis e Louis pensando em Harry. Porém Tomlinson deixou seu individualismo de lado e resolveu se inteirar mais sobre a vida do amigo.
- Então, como estão as coisas com vocês dois?
- Bem.
- E a his...
- Esquece isso, ele não está doente, ninguém vai descobrir sobre nós até ele e eu resolvermos dizer, estamos bem, como nunca antes estivemos. Talvez ele esteja um pouco magro e recluso por estar terminando de escrever o livro, ele fica assim todas às vezes. – Louis sentiu a voz do amigo mudar de tons algumas vezes, o que significava que ele estava com medo, mas deixou passar.
- Fico feliz por vocês, vocês merecem finalmente curtir um ao outro do jeito que sempre quiseram – Louis virou de lado e abraçou Zayn que respirava descompassado – Ninguém nesse mundo merece ser mais feliz que vocês dois.
- O-obrigado, Lou.
Os dois ficaram abraçados até o celular de Louis começar a tocar, era Chloe, e quando ele viu, apenas desligou o celular e o entregou a Zayn. Depois daquilo os dois desceram e foram para a cozinha aonde Niall parecia um fantasma de tão branco que estava, Liam parecia um homem gosma e ambos riam igual a duas crianças. Não custou para a guerra de farinha e massa de panquecas voar em direção a Zayn e Louis que quando notaram, já estavam também revidando. A cozinha se transformou em uma área de confronto, farinha e massa respingada para todo canto e Zayn e Liam sendo os alvos principais já que estavam abraçados no meio daquele fogo cruzado aonde Louis gritava que iria acabar com Niall e Niall acabar com Louis. Tudo parou quando Liam beijou Zayn, os gritos se transformaram em respirações desreguladas e logo depois um “eu preciso tirar foto disso” vindo de Louis e Niall ao mesmo tempo.
A bagunça acabou logo depois, eles comeram as panquecas todos sujos como estavam e depois que comeram tudo foram tomar banho, Liam e Zayn em um quarto só e Louis no quarto de hospedes 1 e Niall no seu quarto, sim, Niall tinha um quarto ali.
Niall e Louis ganharam seus presentes, apesar de não entenderem para que serviria uma almofada de trevo de quatro folhar e uma camisa com um porquinho.
Passaram a tarde ali, conversando sobre tudo, despreocupados com tudo, curtindo aquilo como se fosse normal fazerem aquilo, sem brigas, sem caras feias, sem indiretas, apenas com sorrisos e comida, muita comida.
.
Uma semana depois.
Zayn respirou fundo e quando soltou o ar, uma fumaça branca apareceu bem em frente ao seu rosto. Londres estava cada dia mais fria e Zayn já via que aquele inverno seria rígido. Mas saber que o inverno seria rígido nem o preocupava tanto assim, afinal, Liam estaria lá, estariam dividindo uma cama quentinha depois de tomarem uma caneca imensa de chocolate quente.
Era sábado, o dia da exposição. Ele estava esperando Liam em frente ao prédio onde seu agora irmão/”namorado”, morava, e não era por opção já que por ele, ele tinha se trocado ali, mas como seu apartamento ficava mais perto da galeria e ele não tinha levados todas as suas roupas para a casa de Liam, ele teve que se arrumar no seu próprio apartamento, que de apartamento só tinha o quarto já sem seus amuletos na mesinha de cabeceira, os armários quase vazios com exceção das roupas mais “chiques”, alguns dos quadros que ele tinha ali também não estavam mais, assim como todos os seus produtos de perfumaria e beleza que não eram poucos, também não estavam ali. Mas aquilo não era triste, suas coisas pareciam ficar melhores ao lado das coisas de Liam.
Zayn nem passaria ali, mas Liam o ligou e disse que não queria dirigir, o que deixou a horrível alternativa de tirar seu lindo bebê da garagem e rezar para que nenhum maluco batesse em seu Jaguar, seu lindo Jaguar, o único bem material a qual Zayn era apegado até o último fio de cabelo.
Nem seu sobretudo grosso feito um edredom era capaz de impedir que o frio tocasse sua pele, e parecia que Liam não estava nem a caminho, já estavam quase atrasados, Zayn já estava quase atravessando a rua e indo para o prédio atrás de Liam. Ele catou o celular no bolço do sobretudo e começou a digitar uma mensagem para Liam o perguntando aonde ele estava, mas quando iria enviar, uma mão entrou bem na frente do visor do aparelho e ele imediatamente olhou e viu Liam sorrindo.
Ele perdeu o ar, mais do que já estava pelo frio. Liam estava ali em sua frente, sorridente, a barba por fazer durante a semana inteira, os cabelos maiores do que Liam costumava usar em um topete castanho-aloirado, os lábios bem rosados e as bochechas já ganhando cor pelo frio, Zayn nas condições que estava só teve capacidade de reparar naquilo, apenas.
- Oi amor – o sorriso de Liam cresceu ainda mais, e Zayn ficou sem saber o que fazer, o que pensar e perdeu completamente a capacidade de pensar em algo que não fosse beijar Liam naquele momento – Seu celular vai cair – Liam dessa vez sussurrou aproximando seu rosto do de Zayn que só teve ação de colocar o celular no bolso e abraçar Liam pelo pescoço e esperar por algo – Eu não sei o que é mais milagroso: você ter tirado seu amado carro da garagem ou ter conseguido me tirar de casa.
- Acho que a segunda opção foi a mais difícil – Zayn iria beijar Liam, mas esse virou o rosto e suspirou dando um longo beijo em sua bochecha, Zayn não entendeu nada.
- Zayn, estamos na rua, pode ter alguém.
- Estamos abraçados, bem próximos pra dois irmãos em frente ao meu carro e seu apartamento, bem parecido com filmes românticos que o casal principal vai sair pela primeira vez, acho que está bem na cara que temos algo – Liam suspirou novamente e abraçou Zayn mais forte, aquele assunto foi o centro de tudo aquela semana: Zayn queria dizer pra todo mundo que eles estavam juntos. Liam agradeceu quando soube pelo porteiro que os paparazzi’s tinham sumido, talvez encontraram algum famoso querendo chamar atenção ou algo do tipo, mas que as fãs continuavam a deixar presentinhos fofos na portaria, o que o deixava mais tranquilo, mas mesmo assim ele tinha medo, não queria que soubessem sobre seu romance com Zayn, não naquele momento tão instável que ele estava passando.
- Mas não tem provas concretas e vamos ficar assim por enquanto, tudo bem? – Zayn afundou o rosto no sobretudo de Liam e concordou. Ele estava cheirando ao seu perfume o que o fez rir.
- Tudo bem – Malik afastou-se do irmão e o olhou dessa vez por inteiro, sorriu ao ver a camisa de Liam, era xadrez, uma mescla de vermelho, preto e branco. Liam pareceu perceber que Zayn olhava muito e na hora soube o porquê; no pescoço de Zayn, na gola do sobretudo preto tinha um cachecol xadrez, preto com pequenas listras que diferenciava de sua blusa apenas por serem amarelas e não brancas – Você me copiou?
- Não, você me copiou – Liam tentou puxar o cachecol de Zayn, mas ele se afastou gargalhando.
- Pode parar, vamos assim.
- Ah, Niall vai ficar enchendo o meu saco – Zayn apenas deu de ombros como se não se importasse com aquilo e deu a volta no carro já entrando e deixando um Liam chateado por aquilo na rua.
Payne entrou no veículo fechando a porta suavemente já que se batesse com força, Zayn o daria leves tapinhas. Malik sorriu ao irmão e antes de dar partida no carro se curvou para o lado esquerdo e deu um selinho em Liam que claro que correspondeu sem se importar com aquilo.
- Você está lindo.
- Obrigado, mas você será o centro das atenções eu estando bonito ou parecendo um mendigo – Zayn negou, mas não discutiria aquilo e assim deu partida no carro escutando o suave, porém potente barulho do motor – Ficou quanto tempo sem usar esse carro? – Zayn já dirigia o carro.
- Cinco meses – ele respondeu tranquilo como se fosse normal.
- Interessante – fez pouco caso e pegou o celular no bolço, desbloqueou e foi logo mandando uma mensagem para Niall.
“Você vai não é?”
Não demorou um minuto para o loiro responder:
“Não vou te deixar sozinho com ele e um monte de abutres lá, qualquer coisa, eu processo, peço indenizações e uma ordem judicial de distância mínima para todos os repórteres”.
Liam sorriu o que chamou a atenção de Zayn que o olhou desconfiado.
- O que foi?
- Niall dizendo que vai dar um de advogado se alguém perguntar alguma coisa sobre os rumores – Zayn deu de ombros e continuou a dirigir.
“Obrigado. Já estamos indo”.
“Não agradeça. E eu também já saí de casa, nos vemos lá”.
“Tudo bem, e, por favor, não vai ficar me zoando quando ver uma coisa”.
Ele bloqueou o aparelho e o colocou no bolso antes de Niall começasse a perguntar o que era.
Foram quinze minutos até o Jaguar de Zayn parar em frente à galeria. Eles saíram e Zayn deu a chave a um homem vestido igualmente aos seguranças na entrada da galeria.
- Cuidado – o homem apenas assentiu e Zayn esperou Liam chegar ao seu lado para começar a ir até a entrada que estava bem iluminada, decorada com peças em 3D que pareciam sair da parede, mas mesmo que aquilo enchesse os olhos, era bem simples. Eles passaram pela porta e Liam já se sentiu acuado, tinham muitas pessoas, mulheres bem vestidas acompanhadas por seus maridos ricos e elegantes, fotógrafos tirando foto de todos e dos quadros – Respira, você está pálido – Payne balançou a cabeça e sorriu a Zayn.
Eles cruzaram o salão, Zayn tentava se esquivar dos fotógrafos, das pessoas que vinham o cumprimentar e sorria para não parecer mal educado as pessoas que acenavam. Ele parou quando chegou a uma moça engraçadinha e loira, ela estava vestida em um vestido preto simples, mas elegante que a fazia ficar sexy no ponto de vista de Liam.
- Então, como estamos? – ela sorriu.
- Olá Liam, olá Zayn – ela deu uma olhada em uma prancheta e volto a olhar para os dois – Contando com o fato de isso está mais parecido a uma premiação do Oscar, estamos bem, os quadros ainda estão em exposição, e eu tenho certeza que assim que abrirmos as vendas, vai ter gente chupando dedo por não ter conseguido um – ela falava rápido, parecia animadíssima com aquilo.
- Acho exagerado – Zayn suspirou fundo e deu uma boa olhada em volta – Mas gostei da decoração e da música – ela sorriu e assentiu.
- Bem, ela é bem famosa, tem gente da Alemanha aqui apenas para vê-la e depois de quase um ano sem uma exposição com o nome de Alm Hendrikson, a coisa seria no mínimo caótica – Zayn maneou a cabeça, tinha que concordar.
- Não era você que queria ver o nome da sua galeria nos jornais e sei lá onde? Então, acho que você conseguiu – Liam disse meio deslocado o que fez Zayn e a moça a qual ele não sabia o nome rir.
- É, eu acho que conseguimos – Malik sorriu grande – Bem, Carol, cuide de tudo, eu só sou o dono da galeria, quando Alm chegar, por favor, me chame e ela dará umas palavrinhas e abra as vendas – ela concordou.
- Com licença – e se foi.
Liam e Zayn ficaram ali e não custou para um casal chegar ali e puxar papo, um que Liam não entendia nada já que envolvia “Alm pinta divinamente bem, é um traço rustico, mas uma pintura contemporânea”, ou “ele deve ter muita inspiração pra fazer isso”.
- Esse é seu irmão, não é? O escritor? – a mulher de meia idade perguntou e Liam voltou a prestar atenção ali.
- Sim – Zayn parecia deslocado, parecia tímido repentinamente.
- Muito prazer rapaz – ela entendeu a mão a Liam que apertou cordialmente.
- Todo meu.
- Minha mulher já leu seus livros e confesso, fiquei com ciúmes – o homem que aparentava ser mais velho que ela sorriu a Liam que também sorriu.
- Devo agradecer?
- Não ligue para ele. Você é um dos escritores mais interessantes da atualidade, além de escrever bem, você nos deixa sufocados por mais – Liam novamente sorriu e olhou para Zayn que sorriu agora verdadeiramente para ele, parecia orgulhoso – Oh, olhe Bob, os Madson – ela acenou para uma mulher a poucos metros dali – Com licença rapazes – e os dois se foram.
- Eu o centro das atenções não é?
- Zayn, por favor – Payne pigarreou e começou a jogar o peso do corpo de uma perna para a outra como se tivesse nervoso, o que Zayn percebeu e pouco ligando para fotógrafos ali, abraçou Liam de lado e o fez parar no lugar.
- O que foi? – ele sussurrou olhando para o irmão.
- Eles perceberam alguma coisa, talvez ela tenha visto a n...
- Ela é podre de rica, deve passar o dia em um salão fazendo tudo que é possível ou em um shopping comprando tudo que ver, ela não sabe de nada – Liam o olhou e viu que ele não mentia – Você fica lindo preocupado – em resposta Payne abraçou Zayn pelos ombros e em segundos eles estava abraçados, Zayn com o rosto encostado no peitoral de Liam e Liam o abraçando pela cintura.
- E você fica lindo de qualquer jeito.
- Devo agradecer? – ele sorriu fraco.
- Não, posso dizer isso sem precisar escutar nada em troca – eles ficaram em silêncio, aquele cantinho parecia o esquecido e ninguém parecia olhar para lá já que estavam fissurados nos quadros, apenas aquele casal pareceu os notar ali e Liam não poderia gostar mais daquilo.
- Olá casal? – Zayn deu um sobressalto e Liam arregalou os olhos, mas aquele susto durou tudo já que era Niall.
- Oi Horan – Zayn soltou em desgosto e se afastou de Liam ficando ao seu lado, segurou a mão do irmão e discretamente as colocou em suas costas para ficar longe da visão de todo mundo.
- Oi – Liam sorriu ao amigo que o abraçou rapidamente.
- Então, resolveram vir combinando? – ele tentou segurar a gargalhada, mas ela acabou saindo e contagiou Liam que acabou fazendo Zayn também sorrir.
- Foi o acaso, sabe, quando tem que ser, é.
- Eu sei Zayn, estou brincando, o clima parecia pesado, aconteceu alguma coisa? Louis não vem?
- Não, eu achei que um casal que estava a pouco aqui sabia de algo, mas Zayn disse que não – Niall concordou – E Louis está na boate.
- Conseguimos passar despercebido pela maioria – Zayn trocou de assunto rapidamente.
- Que bom, eu tenho certeza que iriam cair em cima, mas eu acho que sua equipe disse algo aos fotógrafos não foi? – Zayn assentiu – É o máximo a se fazer, e dará certo, eles não iriam perder a oportunidade de cobrir esse evento por um furo sem fins verdadeiros, ao menos sem um real pronunciamento dos dois, mas mesmo assim, acho melhor vocês evitarem um pouco contato, eles não podem vir aqui, mas podem tirar fotos sem ninguém saber – Zayn e Liam concordaram, mas Malik não soltou a mão do irmão – A não ser que vocês queiram s...
- Não, não queremos – Liam cortou logo Niall que nem o olhou, mas sim para a cara feia de Zayn.
- Bem, isso é com vocês.
O restante da exposição foi tranquila, a pintora chegou e deu um curto discurso, agradeceu ao Zayn por ter a pedido aquilo e depois daquilo os quadros foram vendidos como água em dia de calor em um país tropical. E fora como Carol dissera, ficou gente chupando dedo por não ter conseguido comprar um quadro. Mas o auge da noite foi o exato momento em que Niall apareceu com um cara, o apresentou como um amigo e que ele estava ali por ter sido convidado. Liam ficou chocado, não só por Niall parecer bem à vontade com aquele homem, mas por aquele homem olhar feito um bobo para seu amigo. Zayn também ficou pasmo, Niall o quietinho estava acompanhado de um belo homem.
A exposição acabou perto das três da manhã, ao menos para Liam, Zayn, Niall e Will. Os quatro se despediram na porta da galeria. Niall e Will pegaram um táxi cada um e Zayn e Liam foram para casa no lindo carro de Zayn. Lá só tiveram forças para tomar um banho rápido, juntos é claro, cair na cama, dá um beijinho de boa noite e dormir.
Colour 67.
Eram duas da manhã, Louis estava já vendo o movimento da boate diminuir e agradecia por aquilo, estava exausto, não fisicamente, mas sim de ficar pensando, pensando e pensando sobre sua vida.
Seguiu o conselho de Zayn, ficou longe de Chloe por dias inteiros, e de Harry, bom, esse era fácil, já que não era só ir lá na casa dele e o ver, e ele nem ligou também. Depois de pensar muito, ele chegou a uma conclusão; terminaria com Chloe, não era justo com ela, principalmente com Louis naquele estado tão confuso e indeciso, e sobre Harry, ele apenas teve certeza que precisa ver o garoto o quanto antes.
Naquele momento seus amigos davam conta de atender os clientes e vendo aquilo, ele resolveu sair um pouco e tomar um ar. Passou pela porta que dava para os fundos do lugar e puxou do bolso um cigarro e um isqueiro. A primeira tragada o fez fechar os olhos e relaxar, prendeu o quanto pode a fumaça nos pulmões e a soltou com um longo suspiro.
Ele só queria esquecer um pouco tudo, estava até pensando em ir visitar sua mãe e irmãs, pedir outra folga de Daryl, afinal, nem ficou toda a semana longe dali, mal aguentou dois dias, mas naquele momento ele precisava. Continuou a fumar seu cigarro e tirou o celular do bolso, Chloe o mandara uma mensagem, estava perguntando se estava tudo bem e se ele precisava conversar, se ela tinha feito algo de errado. Ele não respondeu, apenas ignorou e viu rapidamente alguns sites falando da exposição na galeria de Zayn, viu também que alguns falavam da estranha relação do amigo e do irmão e que eles sim poderiam estar tendo algo. Uma foto de Liam e Zayn sorrindo para uma câmera era a foto da matéria, Louis pensou o quanto Liam deveria ter ficado desesperado quando pediram para tirar aquela foto. Ele colocou o celular no bolso e deu a última tragada em seu cigarro, o jogou no chão, pisou em cima e já se dirigia para a porta que o levaria para o bar, mas seu celular vibrou. Pensou em não atender por medo de ser Chloe, mas achou que estava sendo covarde e puxou o celular do bolso novamente, era um número residência, desconhecido.
- Alô? – Louis não escutou nada, apenas chiados – Alô?
- L-Lou? – a voz era sussurrada, parecia chorosa, mas mesmo assim linda, tanto que Louis teve que e segurar na parede ao escutar aquela voz.
- Harry? – Tomlinson escutou um fungar – Harry, você está chorando?
- E-ela ch-chegou hoje, de-descobriu e disse que segunda va-vai me mandar pra um colégio interno – Louis sentiu a cabeça rodar, as pernas ficaram fracas e ele só não caiu porque ainda segurava-se a parede. Ele sentiu uma sensação estranha no peito, como se tivessem apertando seu coração com a mão, como se tivessem o sufocando – E-eu não que-quero ficar l-longe de vo-cê L-Lou.
Harry se encolheu ao lado do sofá da sala, estava tudo escuro, ele esperou todos dormirem, esperou seu rosto parar de doer e esperou se acalmar um pouco para ligar para Louis, estava desesperado, não sabia o que fazer, não conseguia pensar ficar trancado em um lugar sem ter a esperança de a qualquer momento Louis entrar pela porta como ele tinha estando em sua casa, não queria pensar ficar longe de Louis. E agora falando com seu Louis, ele se sentia ainda pior, sabia que Louis nada poderia fazer para ajuda-lo e talvez, aquela ligação fosse à última vez que escutaria a voz de Louis.
- Harry?
- L-Lou.
- Eu vou dar um jeito tudo bem? Eu vou te tirar daí, ela não vai te levar pra um colégio interno, você vai ficar aqui comigo – o pequeno Styles não entendeu muito bem, Louis daria um jeito? – Só me diga uma coisa?
- Co...
- Harry, por favor, me responde uma coisa.
- Humrum.
- Sua avó te deixaria em paz se você tivesse outro responsável? – um silêncio massacrante pairou no ar, Louis tremia de raiva, medo e desespero apenas em pensar em não ver Harry – Ela cuida de você apenas por não ter outra pessoa?
- Sim, ac-acho que por isso e-ela não gosta de mim.
- Então se você fugisse de casa e deixasse um bilhete dizendo que não queria mais contato com ela, que não queria mais o dinheiro dela, que tem um lugar pra ficar aonde não vai te faltar nada, ela te deixaria em paz? – Harry ficou assustado com a ideia, ele não tinha um lugar pra ir, iria dormir na rua?
- E-eu acho.
- Então, Harry, eu quero que você arrume suas roupas, escreve uma carta para sua avó e diga que você não quer mais vê-la, que vai ficar bem e peça que ela te deixe em paz.
- Mas, Lou, eu não tenho um lugar pra ficar – Louis sorriu em meio a um quase choro, não sabia como Harry conseguia ser tão ingênuo.
- Você vai morar comigo, Harry.
Louis não pensou um segundo antes de dizer aquilo, não era preciso pensar no que poderia dar errado, o importante era deixar Harry perto, e mais perto do que em sua casa era impossível. Ele estava pouco fodendo para tudo, o que iriam dizer, o que sua mãe iria falar, o que aquilo poderia afirmar sobre sua sexualidade, nem passou pela sua cabeça que Harry poderia negar. Já Harry, o pobre garoto só pensava em uma coisa: que iria se ver livre de sua avó, daquela vida de prisioneiro e que iria morar com Louis. Seu coração estava disparado, a dor física da surra que levou quando o seu professor de música chegou ali e sua avô perguntou o que era que tinha acontecido pra ele mandar um professor substituto e ele acabou dizendo que não mandou ninguém e bem, ela acabou ligando um ponto a outro e Harry sofreu a consequência, essa dor ele não sentia.
- Voc-cê tem...
- Eu tenho toda certeza do mundo. Arrume suas coisas, aja normalmente durante todo o dia, eu vou aí de madrugada, de táxi, esteja acordado.
- L-Lou, mas e...
- Eu vou cuidar de você Harry, você vai viver do jeito normal, como um adolescente merece viver – Louis suspirou falho – Meu apartamento não é nada comparado a isso aí, a vida que você vai ter não vai ser do estilo que você vive, não terá o luxo que tem, mas se você aceitar, eu juro que você vai ser feliz – Tomlinson pareceu acordar e colocou em uma suposição e não em uma afirmação.
- Eu não vou te atrapalhar?
- Não, você nunca vai me atrapalhar – Harry enxugou o rosto e fungou – Você aceita?
- Precisa perguntar?
- Não sei.
- Vou arrumar minhas coisas – Louis quase caiu no chão de incredulidade, felicidade e ansiedade.
- Oh, Deus – o sorriso apareceu em seus lábios, um sorriso enorme, estava feliz, Harry iria morar consigo – Você vai morar comigo – ele precisou dizer aquilo em voz alta, precisava, parecia irreal demais para ele só manter aquilo em sua mente – Harry?
- Lou – Louis sorriu ainda mais.
- Se você conseguir, sem que ninguém veja, me ligue pela tarde, se acontecer alguma coisa me ligue antes, eu preciso de certeza, tudo bem?
- Tudo bem.
- E-eu tenho que voltar a trabalhar agora.
- Desculpa, estou te atrap...
- Não, você é o motivo da minha felicidade, Harry – foi à vez de Styles sorrir feito bobo, tanto que ele acabou ficando envergonhado e escondeu o rosto na mão livre mesmo sabendo que ninguém o via.
- Não sei como te agradecer – dessa vez foi um sussurro bem baixo, tão baixo que Louis mal escutou.
- Não precisa, você já está me recompensando por isso, você já está.
Um silêncio desconfortável se instalou entre os dois, mas os sorrisos ainda estavam ali, os corações batendo forte também, os corpos eletrizados, os olhos marejados, o nó na garganta também.
- Você precisa trabalhar, Lou.
- É, eu preciso – Louis olhou para o chão e depois de um longo suspirou olhou para o céu escuro – Qual quer coisa me liga, okay?
- Ligo sim, mas vai dar certo, mesmo que ela descubra alguma coisa, eu vou.
- Jura? – Harry sorriu ainda mais.
- Juro. Agora vai.
- Okay. Dorme tudo bem?
- Sim, eu vou tentar.
- Até amanhã?
- Sim.
Outra vez um silêncio estranho, Louis escutou Harry suspirar e logo depois a ligação foi encerrada. Louis ainda ficou com o celular no ouvido por mais alguns segundos, o sorriso lhe rasgava o rosto. Ele guardou o celular no bolso e passou as duas mãos no rosto. Harry iria morar consigo.
- Meu Deus.
Ele abriu a porta e voltou para o balcão, ele não sabia como, mas a boate pareceu mais lotada do que quando ele saiu, o bar estava cheio e ele só pensava em Harry. Por ele, ele estava saindo naquele instante para ir buscar Harry, mas infelizmente tinha um empecilho: Chloe. Louis precisava terminar com ela, ele não suportaria mais um dia com ela, não suportaria beijá-la, não aguentaria vê-la, não como se tivesse ainda namorando com ela, talvez pudessem ser amigos. E Louis não estava terminando com Chloe por Harry, ele apenas terminaria com ela por não querer mais, queria estar sozinho, sozinho com Harry.
O restante da madrugada passou voando, quando Louis viu, a boate estava vazia, estava sendo limpa e ele estava passando pela porta para ir embora. Não pode evitar lembrar-se de como conheceu Harry, olhar para o exato lugar aonde caiu, o exato lugar que viu Harry pela primeira vez. Ele fez sinal para um táxi que parou, um milagre.
Louis não iria para casa, iria direto a casa de Chloe, já tinha mandado uma mensagem para ela e ela respondeu quase na mesma hora.
.
Louis estava no elevador do prédio de Chloe, um prédio de luxo no centro, um apartamento que de acordo com ela, ganhara dos pais ricos que não moram em Londres, o que o fez pensar que ela morava sozinha. Sabia que ela morava na cobertura, e ali estava ele, em frente à única porta daquele andar, apertou a campainha e esperou um pouquinho até ela ser aberta por uma Chloe aparentemente sonolenta.
- Oi amor – ela sorriu e delicadamente pegou na mão de Louis o puxando para entrar em seu AP – Aconteceu alguma coisa? – Louis nem reparou no apartamento, só olhava para ela que parecia feliz em vê-lo.
- Sim, eu sei que não é hora, que eu te acordei de madrugada, que você talvez não esteja ligando os pontos, que esteja se culpando, que esteja pensando que fez algo errado, mas você não fez, eu fiz, e estou concertando isso agora, eu sinto muito se você acha que iria durar, que eu seria o cara perfeito pra você – ela o olhava assustada, mas não falou nada – Eu sinto muito, mas estou terminando com você.
- Você o quê? – ela o olhou assustada, pareceu realmente não entender.
- Eu sei que isso está estranho, é madrugada e eu venho aqui te dizer que não quero mais nada com você, mas o problema é comigo – ele juntou as duas mãos sobre o peito, estava gesticulando exageradamente o que deixa Chloe ainda mais confusa - Eu não consigo mais, você foi minha primeira namorada em anos, você é linda, divertida, boa de papo, seria a namorada perfeita pra qualquer um, mas não pra mim, eu estou confuso, eu não sei o que estou fazendo, eu estou agindo por impulso, e eu realmente sinto muito se te magoei por isso – ela balançou a cabeça e sorriu, ela simplesmente sorriu.
- Não precisa explicar, Louis, eu sei, eu estava tentando ignorar isso, sabe? Você foi o melhor namorado que eu tive, você é bonito, divertido, mas eu via que você estava meio deslocado, eu era quem deveria ter desistido – Louis respirou aliviado, o que não precisava naquele momento era de uma mulher linda chorando em sua frente o chamando de tudo que era nome e dizendo que iria se vingar – Fica tranquilo, eu não sou psicótica, eu entendo perfeitamente.
- Então isso quer dizer que podemos ser amigos?
- Claro, afinal, eu não iria deixar de frequentar uma das melhores boates de Londres por não querer encontrar um ex-namorado. Louis, espero que você fique bem.
- Eu vou – ele sorriu – Ah, vem cá O’Brien Michelle – ela fez careta e abraçou Louis que tinha os braços abertos – Obrigado por me entender e não me jogar pra fora daqui gritando.
- Eu não faria isso, não com você que me ajudou tanto, me ajudou a ver que eu não preciso ficar correndo atrás de alguém só por um lance, eu é que te agradeço.
- Você é linda, os caras que devem correr atrás de você.
- Louis você deveria ajudar mulheres com autoestima baixa? Já pensou em escrever livro de autoajuda?
- Conta outra, eu só sou um cara que viveu a vida inteira rodeado de mãe, irmãs e tias malucas, e nunca, nunca que eu vou escrever, eu conheço um escritor e ele é maluco, eu não quero ser igual a ele – ela se afastou e o olhou desconfiada para Louis.
- Você conhece um escritor?
- Sim, irmão do meu melhor amigo, Zayn, acho que já falei dele pra você.
- Zayn, Zayn Malik? Não você nunca disse, puta merda, você conhece Liam Payne? Meu Deus Louis, por que não me disse? – ela deu um tapa no ombro de Louis que a olhou assustado, ela era fã dos livros de Liam. Puta merda – MEU DEUS, VOCÊ CONHECE LIAM PAYNE E ZAYN MALIK, VOCÊ CONVIVE COM O CASAL MAIS FODA DO MUNDO SEU CRETINO – ela levou as mãos aos cabelos e começou a andar de um lado pro outro na frente de Louis – Te dou cinquenta libras pra você o fazer assinar meus livros – ele rolou os olhos.
- Faço isso de graça, leva lá em casa outro dia e te entrego autografado com dedicatória, e ainda uma foto exclusiva dos dois se beijando – Chloe arregalou os olhos, Louis percebeu o que falou e arregalou os olhos também.
- Como é? Eles são mesmo um casal? Zayn Malik e Liam Payne são mesmo um casal? – ela o olhava com o olhar de psicopata que Louis sempre via quando alguém ia à boate e o reconhecia como amigo de Zayn, que consequentemente era irmão de Liam, e ambos eram famosos.
- Olha, eu não deveria contar isso, mas porra, eles estão juntos, mas a pouco tempo, antes eram só irmãos mesmo, sempre se gostaram e ficavam com frescura, mas agora, eu tenho maior orgulho de dizer que meu amigo tem um relacionamento com o cara que ele ama. Mas, por favor, não diz pra ninguém, eu sei que é quase impossível, mas, por favor, eu preciso que você n...
- Eu não digo, juro, se eu disser, você pode me matar. Meu Deus, Ziam é real, porra, eu estou morta – Tomlinson segurou a gargalhada ao pensar que foi ali pra terminar com Chloe e agora estava conversando com ela sobre Zayn e Liam – Você sabe o quanto é sortudo, Louis? Você é muito sortudo seu puto – ela deu um tapinha na cabeça dele – Mas okay, eu levo lá, e oh, nem precisa da foto, só essa informação vale por vinte e cinco anos de amizade. Agora vai, eu quero dormir.
- Estou sendo expulso, que vinte e cinco anos mais curtos.
- Ah, vá à merda, você não precisa se abalar por isso, você é abençoado por ver Ziam se beijando, você deveria ser um semideus – ela foi até a porta e a abriu, Louis saiu do apartamento e a olhou.
- Não fala pra ninguém.
- Eu não vou, juro, eu não iria ariscar uma futura briga judicial, não iria prejudicar você, e muito menos correr o risco de Ziam acabar – Louis sorriu.
- Você é foda.
- Obrigado, de nada. Te vejo outro dia, vou levar meus livros.
- Claro, vou te esperar lá, sabe o horário que eu estou não é?
- Claro que sei – ele concordou.
- Então até.
- Até – ele seguiu para o elevador e antes de a porta se fechar, acenou a Chloe que ainda estava na porta.
Não foi como ele esperava, mas também não foi nada ruim.
Chloe era uma boa amiga, apenas isso.
Louis chegou a sua casa quase seis da manhã, chegou lá e teve forças apenas para tomar banho, comer alguma coisa e pensar em uma coisa antes de dormir: Harry iria morar consigo.
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