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  3. Loucura momentânea

História 03 ( beyond the love - choni ) - Loucura momentânea


Escrita por: chxnidale

Capítulo 17 - Loucura momentânea


Fanfic / Fanfiction 03 ( beyond the love - choni ) - Loucura momentânea

Cheryl B. Topaz – Point Of View

Por vezes não controlamos nossas emoções e sentimentos, é o que está acontecendo comigo no momento. Toni é a pessoa que mais amo no mundo, é um fato e não há subseções, mas a partir da discussão que demonstrou desconfiar de mim, acusou-me de estar a traindo criei um certo bloqueio. Todo dias tento lhe dar abertura, aceitar suas investidas para voltarmos ao normal, mas simplesmente não consigo porque sempre que olho em seus castanhos vejo desconfiança como se não soubesse nem mesmo do meu amor e acredite, é tão duro para mim quanto para ela.

Nós conversamos pouco, inacreditavelmente toda vez que chego em casa, a lutadora já está me esperando. Temos momentos juntas, mas quase não falamos e nossos assunto se resumem em trabalho. De manhã tomamos café na companhia uma da outra e da Debora, a empregada consegue deixar o clima um pouco mais leve então, acredito que seja o melhor momento de nossas dias nessa semana inteira que permanecemos nesse clima.

— Tenho que ir mais cedo hoje...

Toni levantou anunciando sua partida.

— Nos vemos mais tarde?

Ela se aproximou, ainda terminava meu café.

— Na verdade... Combinei de ir na Sabrina. – falei vendo sua expressão murchar. — Ela anda pegajosa com a gravidez.

— Tudo bem.

Era nítido em seu tom a insatisfação.

Inclinou-se em minha direção, colocando os lábios sobre os meus para nosso último contato de despedida. Desde a briga, não tivemos um beijo de verdade, mas talvez a culpa fosse minha porque como agora Toni tentava prolongar o beijo, porém fiz questão de nos afastar ouvindo um suspiro da lutadora.

— Bom trabalho.

— Bom treino.

Desejei, a olhando por um último segundo antes de voltar a atenção ao café.

Bebi um gole grande do líquido preto, o sentindo me aquecer por dentro, quando a porta bateu indicando a saída da minha esposa, um olhar pesou em mim de modo que não havia como não encarar de volta. Eu estava sentada em uma ponta da mesa, Debora em outra, terminando sua refeição, mas com certeza querendo me dizer algo.

— Pode falar. – incentivei. — Estou vendo que quase não se segura.

— Você está a torturando.

Observou, apoiando a xícara na mesa.

— Ontem sua esposa desabafou comigo e aconselhei para que continuasse tentando, ela iria fazer um jantar para vocês hoje a noite. – arqueei as sobrancelhas surpresa. — Você está fugindo da Toni então, se não está pronta para perdoa-la, pelo menos avise que quer espaço e não fique a empurrando para longe.

O tom de Debora era quase em repreensão, por um momento achei que estivesse irritada comigo por magoar Toni, não a julgo, também fico uma fera comigo mesma quando não consigo lhe retribuir os carinhos recebidos.

— Eu quero perdoar, mas ela me acusou, Debora. – suspirei ao falar. — Como se nunca confiasse em mim, como se uma mensagem de duplo sentido pode ser muito maior do que todas minhas declarações de fidelidade.

— Entendo seu lado e o dela, apenas seja sincera, ok? Imagina o quanto deve ser difícil ser rejeitada pela própria esposa.

Relaxei os ombros, balançando a cabeça.

— Deve ser horrível. – mordi os lábios. — Tentarei falar com ela hoje.

— Isso, será muito bom para as duas.

Aconselhou-me, assenti.

×××

 

Cheguei da casa da minha amiga e já era noite, Sabrina tem estado mais carente de amizade agora em período da gravidez, convidando-me para sua casa quase todos os dias sendo que nos vemos na escola.

Hoje, a mesma resolveu ter uma conversa séria comigo, aconselhou-me a voltar a ter contato com Maeve – essa que ignorava desde o dia da festa de Gracie, dizendo que a mesma não tem culpa por minha briga com Toni e concordo, mas era errado ter uma certa desconfiança de que essa garota teve um pouquinho de culpa? Pois eu tinha.

— Oi.

Dei o melhor sorriso que consegui para Toni assim que adentrei o quarto, seu olhar que estava em Lion o acariciando em cima da cama veio ao meu, um pouco surpreso por ser a primeira a falar, ultimamente o início da conversa sempre começa por ela.

— Oi.

Seus lábios pressionaram, curvados em um sorriso quase mínimo. Caminhei para a cama, deixando minha bolsa pelo caminho e sentando ao seu lado, Lion estava deitado em nosso meio.

— Quero conversar.

Falei, não havia outra maneira de iniciar.

— Fala

Deu de ombros, o olhar não estava no meu.

— Ainda estou magoada... Muito. – confessei, Toni me encarou. — E infelizmente sinto como se você estivesse me pressionando para ficarmos bem logo, só que não consigo por enquanto.

— Eu não quis...

— Eu sei, Toni. – a interrompi. — Só preciso de espaço e tempo, sabe? É difícil para mim.

Assentiu, desviando nossos olhares novamente.

— Me desculpe por...

— Você não tem que se desculpar, Cheryl. — me encarou, a mão nunca saia de nosso cachorro. — A culpa é toda minha, te darei o tempo e espaço que precisar, sem problemas.

Suspirei, odiava ver sua expressão abatida e nisso a culpa também era minha. Me aproximei um pouco mais dela, o suficiente para ficarmos lado a lado, Lion percebeu minha dica e nos deixou a sós na cama. Aos poucos, deitei minha cabeça em seu ombro e peguei em sua mão, entrelaçando nossos dedos.

Era o máximo que conseguia por agora.

×××

 

O silêncio na casa parecia mais frequente, desde que conversei com Toni sobre querer espaço – a três dias, a mesma se calou e diminuiu suas iniciativas como: tentar beijos, me tocar e iniciar conversas. Estava começando a sentir sua falta e que tudo estava indo de mal a pior, eu não queria isso para meu casamento, para nós. Eu a amo e quero perdoa-la, quero estar com minha esposa.

Quando Sabrina me convidou para ir ao shopping em um sábado ver roupas e utensílios para bebês, chamei Toni para ir junto, tamanha foi sua surpresa ao perceber meu desejo de estarmos juntas. O único problema é que minha amiga não falou nada em ter convidado Maeve, nós já havíamos voltado a conversar novamente e a ser o trio que a grávida tanto gosta, mas estar junto da minha esposa? Sabe, eu tinha medo de alguma cabeça rolar.

— Toni!

Nicholas – graças a Deus, estava junto e logo abraçou minha mulher com força, a mesma fez uma careta e fingiu odiar o contato como todas as outras vezes.

— Sabrina, por que não me disse...

Sussurrei para a loira.

— Não sabia que iria trazer a Toni, sinto muito.

Se desculpou dando de ombros.

— Já que está com suas amigas, nós vamos a uma loja de vídeo game.

Nicholas falou parado ao lado da lutadora que evitava de olhar para Maeve até agora calada. Olhei rapidamente para Toni, não querendo sair de perto da mesma.

— Acho que vou junto...

— Não. – Toni me interrompeu. — Vá com suas amigas, nós iremos dar uma volta por ai.

O seus castanhos estavam a todo momento fixo nos meus, sabia que a mesma queria demonstrar confiança e no fundo, isso me deixou meu coração um pouco mais tranquilo.

— É isso, estamos indo, tchau.

Nicholas deu as costas, puxando Toni junto de si, a mesma nem olhou para trás, continuando o caminho que meu amigo indicava. Soltei um suspiro, ficar com as outras duas seria quase uma tortura.

— Vamos, temos muitas lojas para olhar...

Sabrina puxou-me pelo braço nos arrastando para a loja de bebê mais próxima. Me sinto animada com a gravidez da minha amiga, de verdade, está me fazendo ter desejos que nunca pensei antes, mas sinceramente atura-la é impossível.

Nós fomos a incontáveis lojas, talvez todas do shopping, Maeve era mais paciente ao fazer brincadeiras com as dúvidas de Sabrina ou simplesmente ignorar suas demoras para escolher. O meu mau humor era perceptível após duas horas perambulando de um lado para o outro e com a Spellman tagarelando em meu ouvido. Fora as sacolas que tínhamos que carregar, sentia falta de Nicholas nesses momentos.

— Diz pelo amor de Deus que essa é a última.

Pedi ao adentramos mais uma loja.

Sabrina revirou os olhos.

Caminhamos por entre as roupas de bebês, Maeve ficava mais no celular a partir de agora e eu, estava entediada de estar naquele local, precisava de ar e distração, ver cores mais vivas que rosa e azul bebê.

— Podemos ir?

Perguntei, Sabrina nem iria comprar mais já havia gastado dinheiro o suficiente.

— Cheryl, você está sendo uma péssima madrinha.

Acusou-me.

— Ah, quem sabe a Barbara seja melhor, uhn? Bem, lá de Nova Iorque deve conseguir ser bem atenciosa com você.

Ironizei, largando as malditas sacolas no chão.

— Maeve. – Sabrina chamou a atenção da garota no celular. — Acredita que Cheryl anda em um humor insuportável? Diga que estou gravida e preciso de positividade ao meu redor.

Maeve riu enquanto Sabrina ia para outro setor. Bufei, cruzando os braços e batendo o pé no chão, nunca conseguiria estar envolvida com uma mulher grávida. Tomara que Nicholas não a abandone porque minha intenção é fazê-lo agora mesmo.

— Ei, eu sei do que precisa pra curar o mau humor.

Olhei para a mais nova, a mesma guardava o celular enquanto tinha um sorriso no canto dos lábios. Deu um passo para frente, ficando a apenas mais um de ter o corpo perto do meu.

— Você precisa de uma boa foda que te deixe de pernas bambas.

Piscou ao falar, mordendo os lábios.

O seu tom era carregado de malícia, o olhar compenetrado no meu como uma provocação e que infelizmente estava funcionando. Não me lembro a última vez que transei, mas sei que já faz algum tempo porque acabei de vacilar com apenas uma frase da Maeve. O pior, ela retirou um pirulito do bolso, descascando e lambendo antes de enfia-lo completamente na boca para então, dar mais um passo na minha direção.

Recuei, soltando o ar e esbarrando em alguns cabides, arrancando olhares das pessoas ao redor. Segurei a barra em que bati, voltando a encarar Maeve que ria do meu desconserto.

— Te desestabilizei, ruiva?

Arqueou as sobrancelhas, retirando o pirulito da boca e colocando novamente. Fechei os olhos por alguns segundos, tendo certeza do que faria a seguir, era uma loucura e sem pensar, mas precisava.

— Tem razão. – puxei o ar ao falar. — Estou precisando de uma boa foda.

Concordei, Maeve me encarou surpresa.

— Sabe de algum lugar privado por aqui?

— É claro que sei.

Sorriu largo, chupando o pirulito e o estalando ao final.

 

Toni Topaz – Point Of View

Queria demonstrar toda minha confiança em Cheryl, deixar claro o quanto errei em acusa-la da outra vez e tento fazer isso todos os dias. Fica um pouco difícil quando não recebo nenhuma abertura em troca, nós estamos em uma fase ruim e sinceramente não culpo ninguém além de mim mesma, causei tudo isso que estamos passando hoje, iniciei esse clima quando lá atrás insinuei que estava tendo um caso.

Não tinha a menor ideia que algumas palavras ditas sem pensar poderiam ser motivo desse estrago, de toda a tensão que estamos passando.

— Como estão as coisas com Cheryl?

Nicholas me despertou dos pensamentos.

Olhei para meu amigo, estávamos sentados em um dos bancos do terceiro andar, tomando sorvete enquanto esperávamos algum sinal de Sabrina ou Cheryl, não a encontramos mais desde que nos separamos e já fazia algum tempo.

— Ruins.

Suspirei ao falar.

— Ela continua magoada e não a culpo, sabe? – coloquei mais uma colherada de sorvete na boca. — Me pediu um tempo e espaço.

— Como você está?

— Tentando não surtar?! – meu tom era sugestivo, Nicholas riu. — É sério, desfoquei até dos treinos e sei lá... Se as coisas não estão bem entre nós parece que tudo também fica uma merda.

— Cheryl é sua fonte de energia, não é? – assenti. — Sei como é...

— Mas agora você terá uma bateria reserva.

Balancei as sobrancelhas dando uma última colherada no sorvete.

— Verdade. Quem diria que vou ser pai de uma menininha? – ele sorriu ao falar contagiando-me com sua felicidade. — Gracie vai ser tratada como princesa, não vejo a hora de conhecer minha filha.

— Você com certeza vai ser um bobão por ela.

Sorri ao falar, colando a mão em seu ombro.

— Não vejo a hora de protege-la dos rapazes.

Deu socos no ar, gargalhei negando. Era mais fácil Sabrina defende-la do que Nicholas que não bate nem em uma mosca, se bem que por uma filha...

Após mais alguns minutos de conversa decidimos procurar nossas parceiras, caminhávamos tranquilos pelos corredores, os sorvetes já haviam acabado e inesperadamente, encontramos Cheryl vindo sem as outras duas.

— Cadê minha namorada?

Nicholas franziu a testa assim que parou a nossa frente.

— Não tenho ideia, eu não aguento mais aquela mulher. – resmungou. — Toni, vem.

Me chamou, pegando em minha mão e entrelaçando nossos dedos.

— Cheryl, e a Sabrina?

— Procure!

Foi tudo que minha esposa disse enquanto me arrastava para algum lugar no qual não fazia ideia. Cheryl estava apressada, os passos rápidos e ultrapassando as pessoas, aposto que chamávamos a atenção. Chegamos em um corredor onde não havia lojas e posteriormente adentramos uma porta, a ruiva era tão rápida em seus movimentos que não consegui ler o que havia nela.

Me dei de conta quando começamos a subir alguns degraus, era uma saída de emergência e só realmente entendi o que estava acontecendo quando Cheryl empurrou-me contra a parede, colocando os lábios sobre os meus e enfiando a língua para dentro sem ao menos pedir permissão.

A mesma parecia faminta, sugando minha boca com força enquanto agarrava meu rosto obrigando-me a seguir seus movimentos. Mal conseguia raciocinar, estava no automático por tanto tempo ficar sem beija-la, era como tomar água no deserto.

— O que você comeu?

Encarou-me, lambendo os lábios.

— Sorvete.

Dei de ombros.

— Está gelada, isso é ótimo.

Sorriu, avançando em minha direção novamente, dessa vez segurei em seus braços, olhando nos castanhos dilatados e claramente loucos por sexo, mas parecia tão errado.

— Cherry, tem certeza? A três dias você estava me pedindo tempo e espaço.

Franzi a testa, não queria avançar algum passo e acabar com tudo de vez. Cheryl revirou os olhos, tirando minhas mãos que prendiam seus braços e colocando sobre seus quadris.

— Pode calar a porra da boca e me foder?

Pediu com aquele tom sexy e completamente sedutor que me ganha de qualquer maneira. Soltei um suspiro abalada por suas palavras e o jeito que estava implorando para que a tocasse. Com certeza não conseguiria lhe negar.

Subi uma mão para sua nuca, agarrando seus fios e trazendo seus lábios de encontro aos meus. A outra arrastei para sua bunda, apertando com vontade e a sentindo arfar em minha boca, foi a oportunidade perfeita para adentrar minha língua e iniciar movimentos junto da sua, apressando o beijo. O clima esquentou em poucos segundos, a ruiva retribuía a todas minhas atitudes com intensidade e como sentia falta disso, de nós.

Caminhei com o corpo da ruiva apenas alguns passos para chegar no corrimão, separei nosso beijo com uma mordida em seu inferior encarando os castanhos cheios de desejo. Agarrei sua cintura, girando seu corpo e a posicionando de frente para o corrimão. Estávamos a apenas alguns degraus da porta de entrada, Cheryl tinha a visão perfeita da onde estava apoiada.

Nossos corpos colaram, afastei suas mechas ruivas para o lado e beijei seu pescoço o sentindo arrepiar contra meus lábios. Deslizei minha mão pela frontal de seu corpo, tocando o seio por cima da sua roupa e o apertando fazendo a minha esposa gemer jogando a cabeça para trás dando-me mais acesso para explora-la. Sua bunda estava de encontro a minha intimidade, pressionando-a enquanto se empinava para mim, eu com certeza estava indo a loucura apenas com aquele mínimo conato.

— Fique de olho na porta, amor.

Sussurrei contra sua orelha, arrastando os lábios por seu pescoço e tocando suas pernas. A saia de Cheryl não era curta, mas estava longe de ser longa. Os meus dedos trilharam um caminho por suas coxas até chegar ao tecido vermelho, puxando-o para cima e me dando total visão da sua calcinha minúscula. Mordi os lábios com a linda paisagem, guiando meus dedos para sua intimidade e a tocando, gemi de satisfação ao sentir o tecido molhado, a ruiva afastou mais suas pernas e a partir daquele momento não havia mais como pensar em meus próximos atos.

Firmei os dedos no tecido da calcinha, a puxando com força e rasgando para retira-la de seu corpo. Antes que minha mulher reclamasse, coloquei uma mão sobre sua boca e a outra deslizei por entre seus seios, passando pela barriga e chegando ao seu sexo encharcado. Meus dedos escorregaram com facilidade por entre seus lábios inferiores, estimulando-a com movimentos circulares enquanto os gemidos eram abafados por minha mão.

Quando parei de toca-la, ouvi seu gemido manhoso em insatisfação, mas foi apenas para trazer minha mão por trás e penetra-la na sua entrada apertada. Iniciei movimentos de vai e vem, colocando minha boca sobre seu pescoço e distribuindo beijos junto de mordidas. Aos poucos ia aumentando a força e rapidez, o corpo de Cheryl tremia contra o meu, seus dentes maltratam a palma de minha mão e a senti relaxar em um orgasmo apoiando-se completamente no corrimão.

Continuei a arrastar meus lábios por seu pescoço em um carinho enquanto retirava meus dedos de dentro dela, puxei o tecido de sua saia para baixo e recolhi a calcinha rasgada no chão enfiando em meu bolso. Cheryl controlava a respiração, girando os calcanhares para me encarar, esperei por seu comentário após o ato, era meio de praxe que a ruiva sempre tivesse algo para falar, mas hoje foi diferente, ficou calada e de olhos fechados.

Toquei em seu rosto, uma expressão cansada enquanto apoiava as mãos no corrimão da escada. Mordi os lábios, passando o olhar por cada detalhe de sua face, admirando o quão linda é.

— É estranho te ver tão quieta.

Murmurei, relutante com suas reações.

Os castanhos se abriram para me encarar.

— Sei lá...

Encolheu os ombros.

— Senti saudade de você.

Confessei em meio a um momento de fragilidade, Cheryl pressionou os lábios, puxando o ar para falar, mas parou assim que ouvimos um barulho na porta de baixo seguido de vozes, eram seguranças.

— Vocês não podem estar aqui.

Um deles nos encarou.

— Nos confundimos. – falei tomando a frente enquanto segurava a mão da ruiva. — Mas já estamos indo.

Desci as escadas junto de Cheryl, os dois nos observaram durante todo o movimento e saímos em direção ao corredor. Firmei o toque nos dedos entrelaçados ao da minha esposa, sentia falta até de quando andávamos de mãos dadas.

— Pelo jeito, sempre sairemos ilesas.

Comentei rindo, Cheryl me olhou por alguns segundos e desviou encarando o chão.

— Parece que sim.

Seu tom era baixo enquanto balançava os ombros.

Balancei a cabeça em positivo percebendo que havíamos voltado ao espaço e tempo, exatamente por isso não queria que fizéssemos sexo porque provavelmente se arrependeria da loucura momentânea e regrediríamos ao zero novamente.

E sinceramente? Isso é uma merda!

Estava um pouco irritada, tento manter a calma a maioria das vezes e me concentrar para continuar sendo o melhor para Cheryl, mas tentei para-la, perguntei se tinha certeza e mesmo assim continuou. Ela queria, talvez até mais do que eu, porém é óbvio que após tudo iria voltar com seu silêncio e o bloqueio.

No carro como era de esperado, a tensão estava nítida. Resolvi dirigir, mais porque poderia fritar meu cérebro com tantos pensamentos do que realmente para agrada-la. Eu estava cansada dessa situação, estou tentando muda-la, mas não consigo sozinha.

— Vou falar enquanto estamos no carro. – quebrei o silêncio, concentrada em focar o olhar no trânsito. — Porque assim não pode fugir de mim ou do assunto.

— Tudo bem.

A ouvi murmurar ao meu lado.

— Preciso que seja sincera, Cheryl. – pedi parando em uma sinaleira, desviando o olhar pra ela. — Você vai deixar eu me redimir? Provar que confio e me arrependo de ter tido aquilo.

— Toni, claro que vou, eu só...

— Só faz as coisas sem pensar e se arrepende depois.

Completei, forçando um sorriso.

— Não é isso.

— Então, diga o que é.

Mudei a marcha, dando partida no carro assim que percebi o sinal verde. Cheryl ficou em silêncio fazendo meus dedos se curvarem com mais força sobre a direção, descontando a raiva que quase me possuía naquele momento por mais uma vez ser rejeitada.

— Estou fazendo tudo que posso. – confessei, sentindo um nó em minha garganta. — Não sei se percebeu, mas nem coloco mais os pés na escola, não te ofereço carona, estou te deixando completamente livre, Cheryl. – fechei os olhos por alguns segundos sentindo uma lágrima descer. — Me diz o que quer de mim, por favor.

Implorei, sem forças para encara-la.

Senti sua mão em minha coxa, mas não me importei, é puro instinto seu de me ver abatida e tentar fazer algo, porém não funciona quando sei que a vontade é outra.

— O seu silêncio diz muita coisa. – conclui, limpando as lágrimas que caíam. — Tome o tempo que precisar, Cheryl. Irei te dar total espaço, de verdade.

Encerrei nossa conversa, dessa vez quem não queria mais assunto era eu e ela sabia, sua mão voltou para o colo, um suspiro foi ouvido, mas não a encarei. Estava sendo doloroso, para mim e para ela. Eu só não entendia porque minha esposa me crucificava tanto, quando tudo que quero é o seu perdão.

Aquele maldito silêncio me torturava, assim que chegamos em casa tomamos banho separadamente. A última vez que vi a Cheryl estava sentada na cama lendo algum de seus livros e eu desci para distrair minha mente com jogos de vídeo game enquanto tinha Lion na minha companhia.

O tempo passou e percebi uma movimentação, a ruiva caminhou para a cozinha, depois voltou a sala e sentou no meu lado. Concentrada no jogo, senti sua mão deslizar para minha coxa parando ali e a cabeça deitar em meu ombro. Cheryl não precisava falar nada, entendia tudo apenas em suas atitudes. Desliguei o aparelho, deixando o controle de lado e lhe dando a atenção que queria.

— Também senti saudade... Muita.

Murmurou, deslizando o nariz por meu pescoço em um carinho.

— Sinto todos os dias.

Completou a frase, escorrendo a mão para minha nuca e iniciando uma massagem. É a coisa mais louca do mundo, mas ninguém tem os carinhos como os dela, poderia reconhecer com facilidade se é Cheryl ou não porque a mesma tem um dom maravilhoso para me acariciar.

— Cheryl, não precisa...

— Eu amo você, Tee. – sussurrou interrompendo-me. — Me desculpe, irei te ajudar a ficarmos bem.

Virei o rosto para encara-la, os castanhos pareciam sinceros e confiantes nas palavras. Assenti, sem coragem de falar algo e estragar tudo. Cheryl por sua vez colocou os lábios sobre os meus, movendo lentamente para aprofundar o beijo enquanto continuava com o carinho em minha nuca. Suspirei, a mesma impulsionou o corpo para junto do meu, abracei sua cintura e me senti em êxtase quando a ruiva ficou sobre meu colo. O beijo durou, foi lento e de me deixar sem fôlego ao final.

Minha esposa segurava o meu rosto entre suas mãos, o peito subindo e descendo com força enquanto me encarava. Aquilo era tudo que precisava dela, que me quisesse e nos desejasse novamente.

— Vem... – levantou, pegando minha mão e entrelaçando nossos dedos. — Vamos para a cama juntas.

— Vai me deixar te abraçar?

Arqueei as sobrancelhas, enquanto caminhávamos.

— Não. – parou a minha frente. — Porque eu que vou te abraçar.

Piscou, deixando um selinho em meus lábios.

Sabe, o que estava acontecendo agora não era nem metade do nosso convívio de antigamente, mas me senti feliz por estarmos as duas tentando. Talvez essa tenha sido a melhor noite desde a briga porque tive Cheryl me acariciando, desejando boa noite e dizendo que me ama. E para mim, isso era um enorme avanço.



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