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  3. Tudo certo

História 03 ( beyond the love - choni ) - Tudo certo


Escrita por: chxnidale

Capítulo 36 - Tudo certo


Fanfic / Fanfiction 03 ( beyond the love - choni ) - Tudo certo

 

Toni Topaz – Point Of View

Duas semanas das ligações perdidas de Veronica, sinceramente meu primeiro pensamento é que não era nada demais e continuo com essa expectativa. E bem, todos conhecem a minha mulher e o seu jeito protetor, pessimista e paranoico de ser. Cheryl não sossegou até ligar para os Lodge – pais da sua melhor amiga, e a única informação que conseguimos é que a médica mudou de base e que poderia ser mais difícil ainda a comunicação.

Para quem estava pensando em morte, vários tiros e bombas, minha esposa ficou tranquila com a notícia, mas esperando uma nova ligação todos os dias. “Será que ela liga hoje?” é uma das perguntas frequentes que ouço e sempre dou meu máximo para acalmar o coração inquieto de Cheryl, assegurando que Veronica está bem e logo mandará sinal de vida. Sou muito positiva e otimista, mas confesso que por vezes me via com medo de estar iludindo a ruiva de algo que poderia não acontecer. 

Nós continuamos com nossa rotina, minha esposa indo trabalhar na escola e eu me dividindo entre academia e entrevistar treinadores. Hoje seria o terceiro e mais uma vez não me agradei de seus métodos, começava a desconfiar que das dez opções que Marina me deu não iria gostar de nenhuma.

Cheguei em casa após o expediente na Team Topaz, estava um pouco cansada então fui direto ao banho, Cheryl não havia voltado da escola, a ruiva sempre chega mais tarde por ultimamente ser quem fecha o local. Após relaxar com a água quente me deitei no sofá junto de Lion, esperando as horas passarem para minha mulher chegar logo, sem a  presença de Debora – que está de folga por ter uma consulta médica, a casa permanecia silenciosa o suficiente para me assustar com o som da campainha.

Lion latiu em ansiedade, levantei preguiçosamente do sofá sabendo que visitas surpresas nunca são uma boa. Com o labrador ao meu lado caminhei até a porta, a campainha soou mais uma vez e minha mão chegou na maçaneta a girando.

— Hey, será que tem um quarto sobrando nessa casa?

A voz de Veronica veio como se anjos estivessem cantando porque... Porra! Graças a Deus essa mulher está viva e parada na nossa porta, vestida com uma farda, o lado esquerdo do corpo aparentemente imobilizado e malas ao seu redor. 

— Puta que pariu! 

Um sorriso apareceu em meus lábios antes de chocar meu corpo contra o seu em um abraço. Veronica gemeu, mas não me importei, precisava ter certeza que a melhor amiga da minha esposa estava de volta.

— Caralho! É você mesma. 

A segurei pelos ombros encarando-a. 

— É, Topaz, eu voltei. 

— Meu Deus, a Cheryl vai ficar tão feliz... 

Um alívio tomava conta de meu coração, ver a ruiva cheia de esperanças e por minha causa era torturante, saber que Veronica realmente está bem é como descansar depois de uma luta exaustiva.

— E cadê a sua esposa? Vocês estão bem, certo?

A médica perguntou assim que lhe dei espaço para adentrar a casa, ajudei com as malas colocando para dentro e soltei um suspiro ao pensar que ainda faltava algum tempo para Cheryl chegar. 

— Maravilhosamente bem e ela está na escola.

— Lion! – ela sorriu ao ver o cachorro que prontamente pulou em seu corpo. — Garoto, você cresceu, ein. 

— E esse braço? 

Indiquei com a cabeça para seu lado esquerdo.

— Longa história. – suspirou ao me encarar. — Sabe, já tive que contar aos meus pais e agora você e Cheryl, se importa de esperarmos ela chegar? 

— Na verdade, pensei de fazermos uma surpresa no trabalho. – sorri ao imaginar a felicidade da minha mulher. — Ela vai pirar.

— Gostei, Topaz. 

Retribuiu o sorriso. 

×××

 

Lembro com detalhes da última vez que pisei na escola de música e todo o transtorno que passei após aquela visita surpresa. Me sentia em um déjà vu aparecendo de repente para agradar a minha mulher, mas dessa vez esperava que o final fosse diferente. 

— Pra onde fica a sala dela mesmo? 

Veronica indagou confusa, o problema é que havia estacionado em meio a entrada, os flashbacks daquela noite chuvosa e de todas suas feridas – já curadas, deixadas em meio peito invadindo minha mente.

Por favor, não coloque a Maeve no meu caminho.

Implorei ao universo, deuses, santos, todos os tipos de fé.

— É por aqui. 

Continuei nosso caminho, nós pedimos um carro até a escola e conversamos durante o trajeto, Veronica não me contou sobre seus ferimentos, mas como vivia lá na guerra e me surpreendi com o quão forte se tornou. Não chegamos ao assunto Betty e me sentia aliviada já que esperava que Cheryl a informasse das novidades.

Combinamos de que eu entrasse primeiro na sala, apenas para que a ruiva não tenha um ataque cardíaco ao ver a melhor amiga. Diferente de todas as outras vezes, adentrei sem ao menos bater e vi os castanhos chegarem aos meus com fúria, suavizando ao me perceber.

— Toni! 

O sorriso enorme que apareceu em seu rosto fazia meu coração disparar, nós duas sabíamos o quão é importante estar naquele local e principalmente nessa sala novamente, disse pra ela que no momento certo iria voltar a visita-la e parece que o dia chegou. Havia superado definitivamente, deixei o passado para trás. 

— Oi, Cherry. 

Sorri ao sentir o seu corpo no meu, os braços entrelaçando em meu pescoço e os lábios vindo de encontro aos meus em um beijo tão receptivo que me fazia suspirar.

— Amor... 

Murmurei contra sua boca. 

— Você veio no dia certo, Tee. – girou nossos corpos e me prensou contra sua mesa. — Estou precisando tanto relaxar e finalmente poderemos transar em minha sala! 

A sua última frase era em comemoração antes de me lançar-me um sorriso e grudar nossos lábios novamente, as mãos em minha cintura me encurralando contra a mesa enquanto deslizava a língua para dentro de minha boca.

— Você não mudou nadinha, Bombshell.

Quando a voz da Veronica soou pela sala, Cheryl rapidamente se afastou para me encarar, estacionou por alguns segundos como se tivesse tentando raciocinar o que estava acontecendo.

— Surpresa?

Meu tom quase não saiu junto de um sorriso nervoso.

A ruiva se afastou definitivamente e girou o corpo em direção a porta de entrada onde sua melhor amiga estava encostada no batente. Foi engraçado ver a maneira que minha esposa não sabia como reagir.

— Amor, é a Veronica.

Parei ao seu lado ao falar.

— Eu vi.

Murmurou, os olhos fixos na morena.

— Qual foi, Toni? Deixou minha melhor amiga louca? 

Veronica riu ao se aproximar. 

— Só... Achei que você nunca mais voltaria, Ronnie. 

O tom da ruiva soou tão melancólico que nenhuma das três conseguiu evitar a emoção, minha vontade foi de abraça-la, mas Veronica fez isso por mim e demoradamente. Assisti as melhores amigas se reencontrando e chorando de saudade uma no ombro da outra.

— Por que demorou tanto? 

Cheryl tentava inutilmente enxugar as lágrimas.

— Na verdade, só voltei porque quase morri.

Pressionou os lábios a falar. 

Minha esposa ergueu o olhar.

Oh, palavras erradas, Lodge.

— Você o que? – seu tom mudou drasticamente para irritado. — Pensei que seu braço só estivesse quebrado.

— Está, mas eu também... – puxou o ar. — Que tal conversarmos na sua casa? Quando estiver sentada e com calmantes por perto.

Acabei rindo. 

— Pegou uma doença? 

— Não, Cheryl. – negou com a cabeça, um sorriso no canto dos lábios. — Senti falta dessa sua alta proteção.

— Nunca mais irá sentir porque não permitirei que volte para a guerra.

Cheryl usou seu tom firme, afastando-se apenas para ir atrás da mesa e pegar suas coisas, Veronica me olhou e apenas levantei as mãos em sinal de inocência, não me meteria em briga de melhores amigas. 

— Agora, vamos. – a ruiva passou ao meu lado jogando a chave do carro. — Tee, você dirige.

— É melhor, sobrevivi a guerra e morrer em um acidente de carro seria no mínimo vergonhoso.

Veronica debochou fazendo Cheryl revirar os olhos. 

Sai da sala primeiro, a médica ao meu lado e a ruiva ficou um pouco para trás para trancar a porta. Estava andando na recepção, o desejo ainda presente em minha mente para não encontrar Maeve, mas vocês sabem... O destino.

Ah, o destino as vezes é um filha da puta.

— Tchau, ruiva. – a ouvi soar de longe. — Até amanhã. 

Tem coisas que você simplesmente não consegue explicar, como no momento que senti aquele “ruiva” como um gatilho ou provocação sendo que nem sabia se Maeve havia me visto. Parei meus passos e meus punhos se fecharam em raiva, o sentimento que tenho por essa garota não é algo que me orgulhe porque a odeio... Odeio com todas minhas forças.

A minha mão entrou em contato com o peito de Veronica lhe alcançando a chave do carro, nem esperei que pegasse virando meu corpo de volta para o hall de entrada e perseguindo a loira pelo corredor. Cheryl me chamou, mas ignorei completamente. 

— Maeve. 

Rosnei o nome, o seu olhar veio ao meu. 

Antes que a deixasse raciocinar, minhas mãos seguraram sua jaqueta de couro a pressionando contra a parede e fazendo os papeis que estavam em suas mãos caírem. A encarei de frente sentindo minha respiração ofegar em raiva, ela não demonstrava espanto.

— Nunca mais chama minha mulher assim. 

Ameacei a empurrando ainda mais contra o concreto, Maeve engasgou por alguns segundos com a minha pressão em seu pescoço e quando a soltei, uma lufada de ar saiu por sua boca enquanto dava tapas na roupa. 

— Eu nem sabia que estava aqui. – balançou a barra da jaqueta. — Mas tanto faz porque não tenho medo de você.

Ela riu em deboche sendo a idiota que sempre foi. Juro que já estava até mesmo de costas para ir embora, mas ouvir piadinha e deixar barato quando se trata de Maeve, não é comigo. A minha cabeça balançou em negação enquanto abria um sorriso sem vontade e não precisei de muito. 

Girei meu corpo novamente para ficar de frente para ela e puxei meu braço esquerdo para trás, desferindo um soco em seu rosto com rapidez e facilidade. Maeve deitou a cabeça para o lado, alisando a maçã do rosto que estava começando a ficar avermelhada. Sinceramente não dei o meu melhor porque não queria desmaia-la.

O que me surpreendeu é que a loira não deixou barato, atingindo-me bem nos lábios, um de seus anéis entrou em contato com minha boca e mais uma vez me vi em um déjà vu, como em minha briga com Josie a mais de dez anos atrás. Cuspi no chão vendo o sangue colorir o piso.

— Até que você tem uma mão leve pra lutadora. 

Você vê? O problema é ela e seus deboches porque não havia como deixar uma dessas, nunca permitiria Maeve me provocando dessa maneira. 

Ergui o corpo, dessa vez usando de meu braço direito e lhe acertando bem no nariz. O sangue não demorou a escorrer por sua pele pálida caindo na boca e manchando sua camisa. Ela tossiu algumas vezes, tentando se recuperar do meu golpe.

Não satisfeita, Maeve se levantou um pouco tonta, posicionei os braços para me defender, mas não foi preciso. A mulher de farda e com apenas um braço funcionando parou bem em nosso meio.

— O que vocês são? Crianças? Que porra! 

Talvez nunca tenha visto Veronica falar tão firme. 

— Vai. – empurrou-me com uma mão só. — Se afasta, você não quer ir presa, certo? 

Concordei, dando dois passos para trás. 

— E você, é melhor ir. 

Olhou para a loira que tocava em seu nariz sangrando, não me importava onde minha esposa estava, se permanecíamos em seu local trabalho ou daria alguma merda. Aquela garota conseguia me tirar do sério e não me afastaria por completo até que ela o fizesse.

— Espera. – Maeve falou quando Veronica foi dar as costas. — Conheço você. – estreitei o olhar com a interação. — A amiga da guerra... Você é ainda mais bonita pessoalmente. 

— E eu já não gosto de você por ter brigado com a mulher da minha melhor amiga então, por favor. 

Indicou para que a mais nova caminhasse para longe. 

— Quem sabe fazemos uma vídeo chamada somente nós duas  

Mesmo toda fodida, Maeve ainda sorriu para Lodge que não tirava o olhar firme dela. Me concentrei nas palavras, na maneira que falou com Veronica e quando tudo juntou em minha mente não foi nada bom. 

— Vamos, Toni. 

A médica pediu.

— Cheryl te mostrou ela em uma vídeo chamada? 

O meu tom quase não saiu e só de ver a expressão de Veronica já tinha minha resposta. Tenho plena certeza que superei todo nosso episódio com a Maeve, os momentos que brigamos, o quase beijo, a separação... Tudo, mas coisas novas que não sabia? Era difícil descobrir que minha esposa deixou essa pirralha invadir um momento seu tão íntimo.

— Toni, já faz meses.

Veronica tentou me confortar.

— É, diga pra Cheryl que é melhor ela dirigir.

Passei as mãos em meu rosto enxugando as lágrimas que queriam cair, quando iniciei os passos para saída e a vi me olhando, desviei o contato, abaixando minha cabeça e passando pela ruiva. 

Entendia ela não se meter porque poderia ser bem pior se visse aquela garota a olhando ou ao menos dando um indício de desejo, atração... Qualquer coisa que Maeve fizesse a Cheryl na minha frente seria para me dar ainda mais raiva. 

Parei no veículo esperando as outras duas que demoraram a vir, o meu lábio latejava, mas não me importava, só precisava chegar em casa e ficar sozinha com meus próprios pensamentos.

 

Cheryl B. Topaz – Point Of View

Os acontecimentos um atrás do outro me deixava quase tonta, me vi parada em meio a entrada da escola enquanto o furacão Toni passou sem me olhar e sabia que Maeve deve ter dito algo pra tira-la tão do sério.

Acordei do meu transe, o meu olhar acompanhou minha esposa até que tivesse sumido de meu campo de visão e só de pensar que a loira conseguiu lhe magoar depois de conseguirmos ter nossa estabilidade novamente, o meu sangue fervia de raiva. Não deixaria ninguém mais estragar nossa felicidade, não quero mais prazos ou ficar com medo que algo de errado, começarei a evitar que essas fatalidades voltem a acontecer. 

— Cheryl. 

Veronica tentou me parar quando iniciei meus passos até Maeve que ainda tentava se recuperar dos socos que minha mulher lhe deu, ela com certeza deve ter merecido.

— Você está demitida. 

Meu tom completamente sério a fez levantar o olhar.

— Foi a sua mulher que...

— Não importa. – a cortei. — Você está demitida, Wiley.

Decretei rosnando seu sobrenome. 

Girei os calcanhares antes de receber resposta, indo em direção a saída enquanto respirava fundo. Pelo menos o horário tarde fazia com que não houvesse movimento grande de pessoas naquela área, isso não seria nada bom para a escola.

— Cheryl. 

Veronica me chamou.

Continuei andando.

— Preciso falar com a Toni.

— Não, espera. – segurou meu braço, parei encarando minha melhor amiga. — A Maeve disse já me conhecer...

— O que? 

Franzi a testa.

— Em uma das nossas vídeos chamadas.

— Não. – lamentei. — Não, não, não...

— Calma. – Veronica alisou meus braços. — Só deixa a Toni respirar, quando chegarmos vocês conversam. 

— A gente nunca consegue ter pelo menos um mês de paz, nunca, Ronnie. 

Balancei a cabeça em negação. 

— Vai ficar tudo bem. 

Confiei nas palavras de Veronica, mas assim que adentrei o carro e os castanhos de Toni não vieram em nenhum momento aos meus, pensei que poderíamos estar novamente por um fio. 

Pode ser exagero, mas não suporto mais a possibilidade de perder minha mulher, já passei por isso uma vez e só de a imaginar cogitando uma separação é como se meu mundo desabasse. Odeio ver Toni sofrendo ainda mais quando é por minha causa.

×××

 

A chegada com Veronica em nossa casa não estava sendo das melhores, assim que adentramos, Toni subiu para o segundo andar sem falar absolutamente nada. Minha melhor amiga me olhou e soltei um grande suspiro temendo o que poderia estar passando pela cabeça da lutadora.

— Vai atrás dela. – Veronica tocou em meu ombro. — Irei tomar um banho, qual quarto posso ficar?

— Quem disse que pode ficar aqui? – cruzei os braços, fingindo uma indignação e a morena revirou os olhos. — Fica na segunda suíte, ok? E só sai daqui quando puder mexer esse braço! 

Cutuquei seu lado esquerdo e ela gemeu.

— Quanta delicadeza. 

— Frouxa. 

A acusei.

— Eu? Você que está cheia de medo de falar com a Toni. 

— Veronica, aconteceu muita coisa quando esteve fora, não faz ideia do que passamos. 

— Ok, Bombshell, mas é a sua mulher e deve lutar por ela. 

Soltei o ar assentindo.

— É, eu sei... – pressionei os lábios. — Vou pegar gelo pra ajuda-la com o machucado.

— Isso ai! – Veronica comemorou. — Pegue a Topaz de jeito. 

Nós rimos, minha melhor amiga subiu as escadas junto de uma das suas malas e me vi indo para a cozinha. Peguei alguns gelos e enrolei em um pano, não é como se já não estivesse acostumada com minha esposa cheia de ferimentos, mas bem, esse não é somente físico.

Os passos para o segundo andar foram lentos, havia receio e medo da minha parte para a reação de Toni quando tentasse iniciar uma conversa. Tínhamos eliminado por completo o assunto “Maeve” e agora me arrependo imensamente de não ter a demitido antes. Empurrei a porta do quarto – que estava encostada, bem devagarinho levantando o olhar para a morena sentada em nossa cama, concentrada em seu aparelho celular. 

Dois toques na porta foi o suficiente para Toni me encarar, seus ombros caíram e continuei o meu caminho, observei o celular chegar até o nosso bidê. 

— Gelo? 

Ofereci sentando na beira da cama. 

— Não precisa, estou bem.

Seu olhar desviou do meu ao virar a cabeça para o lado, dando-me a visão perfeita de seu lábio cortado e inchado na ponta esquerda. Meu coração doeu como em todas outras vezes que a vi machucada mesmo que pela sua profissão.

— Toni... 

— Vocês ainda são próximas? 

Cortou-me com rapidez, os castanhos chegaram ao meus.

— Não. – respondi com sinceridade. — Somos somente colegas de trabalho, desde... – forcei a garganta ao lembrar daquele dia. — Desde o ocorrido não deixei que se aproximasse, nem amigavelmente e muito menos...

— Eu entendi, Cheryl.

Me parou, mais uma vez, quebrando nosso contato visual. Consegui perceber em suas reações que estava magoada e me sentia inútil por não ter nada a meu alcance para mudar isso agora, não tinha como reverter o passado, retirar o que já foi feito.

— Então vou descer. – anunciei levantando da cama, Toni me encarou. — Você deve querer ficar sozinha e entendo, se precisar...

— Não. – sua mão agarrou meu pulso. — Fica aqui comigo.

Pediu, deslizando seu polegar por minha pele. 

O pano com gelo que estava em minha mão foi parar no chão e no segundo seguinte me vi em meio as pernas da minha esposa lhe abraçando possessivamente pela cintura, aquele medo de perde-la se esvaziando aos poucos. 

— Amo tanto você, Tee.

Sussurrei, os seus braços me acolheram. 

— Eu sei, Cherry.

As mãos da morena chegaram ao meu rosto o erguendo, olhei em seus castanhos mais brilhantes que o normal.

— Nunca mais vou assistir alguém te levar de mim, sempre irei lutar por nós. 

Os lábios tocaram nos meus antes que pudesse lhe responder, conseguia sentir o ferimento, mas não me importava. Pressionei ainda mais nosso contato enquanto lhe acariciava a pele da cintura, Toni suspirou nos afastando apenas para pincelar seu nariz no meu. 

— Precisa dar atenção a sua amiga. 

Lembrou-me, abri os olhos para encara-la.

— Quero você comigo.

— Pensei em deixar vocês sozinhas para matarem a saudade.

Balançou os ombros.

— Amanhã vou me dar folga e terei o dia inteiro sozinha com minha melhor amiga, mas agora... Quero você junto. 

— Você... Você vai contar da Betty? 

O tom inseguro de Toni me fez recordar do relacionamento da loira com Jughead e da gravidez, não tenho ideia de como será a reação de Veronica, se isso irá a machucar ou não dará tanto importância. Soltei um suspiro longo, meus ombros caíram e afastei o corpo da morena.

— Quem deveria contar é você.

Conclui, minha esposa arregalou os olhos.

— O que? 

— São seus melhores amigos. 

Falei levantando da cama e dando as costas para ela.

— Cheryl, você só pode estar de brincadeira.

Girei os calcanhares, abrindo um sorriso.

— É claro que estou. – a morena soltou o ar ao ouvir minhas palavras. — Mas vou esperar ela perguntar, quem sabe me pergunte da Betty só semana que vem ou...

— Ou assim que descermos. 

Toni riu.

— Não está ajudando. 

Cruzei os braços.

— Ok. – levantou parando a minha frente. — É um assunto delicado, mas tenho certeza que saberá lidar. 

— Só não sei se a minha melhor amiga vai, mas... – suspirei, relaxando os braços ao lado do corpo. — No final ficará tudo bem, certo? 

— Certo. 

Colocou os lábios sobre os meus suavemente e compartilhamos de um pequeno sorriso.

Descemos juntas para encontrar Veronica, mas ao notar os cômodos vazios deduzi que ainda estivesse no banho. Claramente deve ser difícil e demorado se locomover e fazer atividades habituais com aquele braço quebrado. 

Toni me ajudou a preparar um lanche para nós três, sanduíches e suco parecia o suficiente. Colocamos tudo em uma bandeja e levamos para a sala deixando na mesinha do centro. 

— E o treinador de hoje? 

Perguntei ao lembrar da busca por um profissional. 

— Péssimo. – bufou ao falar, jogando o corpo no sofá. — Só treinou homens e conseguia sentir o machismo de longe.

— Homens... 

Murmurei rolando os olhos ao sentar no seu lado.

— É, estou pensando que será melhor buscar uma treinadora. 

— Uma treinadora? 

Arqueei uma sobrancelha ao encara-la.

Toni sorriu.

— Se for contratar uma treinadora é melhor deixar bem avista sua mão esquerda e a aliança que tem meu nome gravado. 

O tom que saía por entre meus lábios não era nada amigável.

— Sinto cheiro de ciúmes. 

Veronica cantarolou ao chegar em meu campo de visão.

— Escutando a conversa alheia, Lodge? 

— Não, senhora Topaz. – me encarou. — Você que fala alto demais.

Franziu o nariz e Toni soltou uma risada. Revirei os olhos com a dupla que bateu um high five.

Minha melhor amiga agora vestia roupas confortáveis, mas ainda tinha o braço esquerdo perdurado e não demorou a atacar a bandeja com sanduíches. Posso dizer que Veronica Lodge retornou bem diferente, seu físico parece mais forte do que a última vez, o rosto com alguns arranhões quase curados demonstra mais maturidade. Não tenho certeza, mas acredito que essa experiência deve ter lhe proporcionado bons ensinamentos.

— E então... – chamei a atenção da morena que bebia o suco. — Vai me contar da quase morte? 

— Ah, claro. 

Deu de ombros.

— Na verdade tudo começou quando te liguei e você não atendeu.

O meu olhar encontrou o de Toni ao ouvir aquelas palavras.

— Viu?! Disse que tinha algo errado. 

— Mas não aconteceu nada naquele dia. – encarei Veronica novamente. — Só liguei para dizer que mudaria de base e consequentemente teria menos sinal, mas enfim... O local era muito mais perigoso e perto dos confrontos. 

— Não me diga que teve que se meter em meio a soldados...

— Cherry. – Toni me interrompeu tocando em meu braço. — Deixe ela falar. 

Suspirei assentindo.

— Obrigada, Toni. – Veronica pressionou os lábios em um sorriso. — Em um resumo muito curto, nós tivemos que ir para a cidade onde acontecia os ataques para ajudar alguns soldados e civis feridos. Bom, no inicio deu tudo certo e estávamos esperando o resgaste até nos atacarem, foi tudo tão rápido que só lembro de estar jogada no chão e com um escombro por cima do meu braço. – apontou para o lado esquerdo. — Um soltado me ajudou, mas quando estávamos saindo acabei tomando um tiro.

— Você o que?

Praticamente gritei, a mão de Toni chegou em minha coxa firmando pra que não levantasse. Queria ver se ela estivesse ouvindo essas palavras de Betty ou Jughead, aposto que surtaria tanto quanto eu.

— Apaguei quando tomei o tiro, foi justamente no ombro esquerdo.

Veronica levantou do sofá, a regata que usava facilitava para que visse suas costas, havia uma perfuração bem em meio a sua junta e praticamente cicatrizada.

— Eles me levaram para o hospital mais próximo, depois para um militar onde me recuperei e me dispensaram, então voltei para Seattle. 

Sentou no sofá novamente bebendo um gole de suco como se não tivesse acabado de contar que esteve prestes a morrer. Fiquei sem palavras, reações, mal sentia minha esposa acariciando meus braços tentando me acalmar.

— Mas quando você apagou...

Toni parecia curiosa.

— Oh, sim. O soldado que me ajudou conseguiu de forma impossível afastar os atiradores e nosso resgate chegou logo depois, pelo menos foi o que me contaram. – encostou-se contra o sofá. — Mas o que importa é que estou bem. 

— E que ganhou uma cicatriz foda.

Podia sentir o sorriso da lutadora ao falar e Veronica também sorriu.

— Lodge, você definitivamente não vai mais voltar pra guerra.

O meu tom firme fez minha melhor amiga rir.

— Você tem sorte, Bombshell, porque realmente não penso mais nisso. – sua confissão fez meu coração se acalmar. — É hora de sossegar e recuperar o que perdi.

Diabos, sabia exatamente do que ela estava falando.

— Sabia que a bebê da Sabrina nasceu? Gracie é minha afilhada e tão linda. 

Mudei totalmente de assunto.

— Tem fotos? 

— Tantas que nem imagina.

Sorri ao falar, trocando um rápido olhar com Toni antes de pegar meu celular. Adiaria o assunto “Betty” ao máximo, porque não sei se tenho estrutura para lidar com sua reação hoje.

×××

 

Após minha esposa anunciar que iria tomar um banho, fui para a cozinha junto de Veronica preparar nosso jantar. Felizmente minha melhor amiga não parecia querer falar sobre sua ex e agradecia internamente por isso. 

— Então... Toni, Maeve, você.

A morena iniciou o assunto ao parar de frente para o balcão.

— Está encerrado. – falei ao encarar Veronica. — Superamos, Ronnie. 

— A última vez que nos falamos ainda tinha a Barbara.

— Ugh. – revirei os olhos. — Aquela noite prefiro esquecer. 

Neguei com a cabeça me concentrando em cortar os temperos para preparar a comida. Estava feliz de Veronica estar de volta, mas me fazer relembrar esse passado quase me da nos nervos.

— Ah, preciso ligar para Sabrina. – peguei o primeiro guardanapo que vi pela frente, limpando minhas mãos. — Amanhã ficarei o dia inteiro com você e poderemos conversar sobre tudo. 

Suspirei ao falar.

Pretendia contar sobre a Betty porque quanto mais demorar será pior. Alcancei meu celular discando o número da loira, assim que ouvi as chamadas lembrei do ocorrido hoje a tarde e que Sabrina precisava ser informada.

— Cheryl?! 

O tom da loira era surpreso.

— Sabrina, eu demiti a Maeve.

Confessei trocando um olhar com Veronica que estava bem a minha frente.

— O que? 

— Não tenho justificativas, Wiley ofendeu a minha mulher e simplesmente não consigo mais lidar com ela, nem mesmo com a sua demissão.

— Deus, Cheryl. Pode ir com calma? O que aconteceu? 

Respirei fundo, recordando da troca de socos.

— A Toni bateu na Maeve. – resumi. — E não irei trabalhar amanhã. 

— Tudo bem, isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, sua mulher e a Maeve são como gasolina e pólvora. 

— Não está brava? 

— Claro que não. – suspirei em alívio. — Amanhã apareço na escola e resolvo tudo, fique tranquila. 

— Obrigada, Sabrina. – um sorriso apareceu em meus lábios, Veronica levantou um polegar em minha direção. — Alias, a Lodge voltou. 

— Mentira?! Ela já sabe da Betty? 

Arregalei os olhos, a proximidade de Veronica e o tom da loira do outro lado me fazia desconfiar de que poderia ouvir, mas por sua expressão alheia retirei essa hipótese. 

— Não. – respondi de forma curta. — Agora preciso ir, boa noite.

— Me informe se acontecer algo, sou uma mãe sem agitações e cuidar da vidas dos outros é...

— Tchau, Sabrina.

Interrompi, encerrando a chamada.

— Dia livre amanhã? 

Veronica sorriu ao perguntar.

— Completamente. 

Sorri junto com minha amiga que comemorou. 

Assim que desviou o olhar, o meu sorriso sumiu porque não tenho ideia como iniciar a conversa sobre Betty, quais palavras usar ou como me portar. Deveria dizer que quero as duas juntas ou chamar sua ex de traidora? Sinceramente fico dividida entre os dois, mas espero de coração que Veronica saiba lidar com essa mudança que a espera.

×××

 

No outro dia tive uma manhã onde fui acordada por minha melhor amiga e Lion, Toni já não ocupava mais o seu lado da cama o que me rendeu um pequeno mal humor matinal além de ter despertado daquela maneira. Eram oito horas da manhã e quase matei Veronica por me fazer levantar tão cedo. 

O café da manhã com Debora me recuperou, a médica tagarelava sobre suas inúmeras aventuras na guerra enquanto a mais velha ouvia atentamente parecendo interessada em todas as vezes que Veronica salvou alguém. A morena estava se gabando é claro, mas não tinha forças ou raciocínio para responde-la, meu desejo era voltar para cama e que minha esposa estivesse junto, não trabalhando longe de mim.

O assunto “Betty” não veio pela manhã, graças a Deus, focamos mais em falar sobre minha vida e tudo que ocorreu durante o período que esteve fora, Veronica ficou surpresa com todas informações sobre minha vida de casada, as brigas, morarmos separadas, mas no final estava extremamente feliz de conseguirmos nos reestabelecer.

Toni veio almoçar com nós, Debora também nos fez companhia e naquele momento me senti extremamente tranquila. Não havia mais nenhuma preocupação, minha relação com a lutadora está incrível e Veronica está de volta viva. Para mim, bastava, não precisava de mais nada, porém... Parece que o universo odeia uma calmaria.

— Cheryl! 

Levantei o olhar ao ser chamada por minha esposa, estava sentada na sala com minha melhor amiga quando Toni apareceu na ponta das escadas. Franzi a testa.

— Vem cá. 

Insistiu. 

Olhei para Veronica que permanecia concentrada demais em um programa de televisão, caminhei até a lutadora que fez questão de subir mais alguns degraus. 

— Toni, o que foi? 

— Uhn... – coçou a nuca. — Acho que fiz algo que vai dar merda. 

Cruzei os braços.

— Fala logo, Antoniette.

— Ok. 

Respirou.

AviseiPraBettyQueAVeronicaEstáAqui

Suas palavras emboladas e rápidas demais pareciam em outra língua.

— Com calma e de uma maneira que possa entender.

— Olha, eu disse pra Betty que a Veronica voltou e está aqui. – abri a boca surpresa com sua confissão, mas a morena me interrompeu. — Lembra que eles não conseguiam ver o sexo do bebê porque estava sempre com a pernas fechadas e dificultando para descobrir? – assenti, estreitando o olhar. — B e Jug estavam em uma consulta, conseguiram saber o sexo e agora estão vindo pra cá! 

— Você só pode estar de brincadeira, Antoniette.

Rosnei. 

— Amor, queria muito que fosse, mas... 

— Ainda nem contei pra ela! 

Esbravejei. 

— Desculpa, desculpa, desculpa. – implorou em desespero. — Não pensei que a Betty viria e... 

— Tudo bem. – a interrompi, suspirando. — Só preciso contar a ela antes que sua amiga chegue.

— Seja rápida porque eles estavam por perto. 

Esfreguei as mãos no rosto com as informações e sentindo a adrenalina correr por minhas veias. Voltei para a sala em passos lentos, Veronica ainda parecia muito entretida na televisão para notar meu nervosismo ao me aproximar dela.

— Ronnie. 

Chamei sua atenção. 

O olhar da médica veio ao meu e depois a Toni que estava parada no meu lado, sentei no sofá com minha melhor amiga enquanto minha esposa mexia freneticamente uma mão na outra.

— Qual o problema? 

Ela percebeu nossa tensão.

— Tenho que te contar algo sobre a Betty, ela está vindo pra cá e...

— Está? – arregalou os olhos. — Tipo agora? Cheryl, por que não me avisou? 

Suspirei ao ver sua afobação.

— Veronica, a Betty teve um relacionamento. – soltei de primeira, ela me encarou. — E foi com alguém do nosso convívio.

— Do nosso convívio? O que? Mas...

— Jughead. 

A interrompi cansada de torturar não só a ela, mas a mim mesma. 

— Jughead? – o seu tom confuso e desacreditado soou. — Não é possível, logo ele? Que porra! 

Lhe dei alguns segundos, observando a morena desviar nossos olhares e encarar os próprios pés enquanto assimilava a notícia. Mordi o lábio, o tempo que queria lhe dar se tornou menor ainda quando o som da campainha se fez presente. Nós três nos entreolhamos, Toni se retirou para atender a porta e toquei no braço de Veronica.

— Ronnie, não é só isso. – puxei o ar. — A Betty, ela também está...

— Grávida. 

A palavra saiu lentamente por entre seus lábios enquanto o olhar não estava mais no meu, a loira parada bem a frente da minha esposa que tinha uma expressão culpada no rosto, eu sei que ela deve ter tentado parar a melhor amiga. 

Veronica levantou e antes mesmo que pudesse pensar, Betty se jogou contra seus braços enquanto chorava como uma menininha. A barriga de cinco meses lhe atrapalhava, mas não o suficiente para desgrudar da médica. 

— Eu senti tanto sua falta, tanto... 

Murmurava contra o pescoço da minha amiga que estava estática.

Observei Veronica as afastar lentamente, o olhar caindo para a barriga de Betty enquanto a analisava. Não tinha a menor ideia do que passava pela cabeça da Lodge, mas não parecia ser tão ruim. 

— Betty, você vai ter um bebê. 

Vi a mesma se emocionar ao falar, olhei para minha esposa e Jughead chegava em nosso campo de visão naquele momento. Bastou a atenção de Veronica sair da ex para dar dois passos para trás.

Oh, merda. 

Ela estava juntando as peças. 

— Você... Você e o Jughead?! 

Franziu a testa.

— Veronica, não significou nada... – a loira tentava enxugar as lágrimas em meio ao desespero. — Nós nos descuidamos, mas ainda amo você, eu juro. 

Veronica mordeu os lábios, soltando um riso sem menor vontade enquanto negava com a cabeça. Apenas com o braço direito funcionando, a vi segurar Betty e empurra-la para o lado. Percebi exatamente quando o olhar da minha melhor amiga pegou fogo e seus passos se apressaram na direção de Jughead. 

Isso vai ser incrível! 

— Ei, Veronica, não, espera... 

Toni tentou para-la ao ficar na frente da médica.

— Você engravidou a Betty? Ahn?! 

Apontou o indicador por cima do ombro da lutadora na direção de Jughead que levantava as mãos em sinal de rendição. Toni segurava minha melhor amiga pela cintura tentando afasta-la. 

— Você se aproveitou da minha mulher! 

Veronica rosnou. 

Não segurei o riso.

— Cheryl! – Toni me repreendeu. — Por que não me ajuda aqui? 

E sem perceber acabei ajudando a Veronica já que a atenção da minha esposa veio até mim, a médica conseguiu com facilidade empurrar Toni para o lado e chegar até Jughead.

— Ah, seu filho da puta! 

Pronto

Veronica apenas com um braço conseguiu dar um belo soco no rosto de Jughead que nem tentava se defender, ele cambaleou um pouco com o contato massageando a bochecha atingida. Betty se via desesperada, mas sem saber o que fazer, só que quando Veronica foi dar o próximo soco e Toni, repito: A minha Toni entrou na frente sendo atingida no lugar do amigo, levantei do sofá as pressas.

— Lodge! 

Gritei com ela. 

— Oh, merda... 

Lamentou, o nariz da minha esposa começou a sangrar.

— Eu vou matar você, Veronica. 

Ameacei, me enfiando em meio aquele trio e segurando o rosto de Toni entre as minhas mãos. Analisei seu rosto, não havia nada de errado além do corte ainda recente no lábio, provavelmente apenas o impacto do soco com o nariz da morena tenha causado o sangramento. Senti um empurrão em minhas costas e era Veronica tentando ir pra cima do Jughead novamente.

— Ah, mas o que... – virei de frente para a médica. — Chega, Veronica! 

Esbravejei contra ela.

— Pro sofá! Todo mundo. – gritei com eles, olhando para Toni em seguida. — Você não, meu amor. – sussurrei para a lutadora que estancava o sangue com a própria blusa, os outros dois se entreolharam. — Vão. Sentem. 

Ordenei. 

Veronica bufou como criança atrás de mim voltando para o seu lugar de antes, Jughead sentou no braço do sofá mais longe possível da minha amiga enquanto Betty ainda estava em choque parada em meio a sala.

— Você poderia ter impedido antes.

Toni murmurou.

— Você deveria parar de querer dar uma de heroína. 

A repreendi, ela sorriu. 

— Vou pegar gelo pra você. – beijei gentilmente seus lábios. — Todos quietos até minha volta! 

Falei com os rebeldes em minha sala. 

Eu estava dando uma de durona, mas no fundo, queria rir com toda a situação porque foi simplesmente hilário... Até acertarem a minha mulher, é claro, a partir dai a graça acabou. 

Mais uma vez havia gelo em meio a um pano, o levando para a minha pequena caçadora de brigas. Quando cheguei na sala, o silêncio parecia um enterro e agora Betty estava sentada ao lado de Toni. Alcancei o gelo para a mesma, ela colocou sobre o nariz gemendo com o contato. 

— Olha, nós podemos resolver isso como pessoas civilizadas. 

Falei chamando a atenção de todos ao ficar em meio a sala.

— Sim, Betty teve um rolo com Jughead e sim, o filho é dele. – olhei para Veronica que jogou sua cabeça para trás. — Mas vou ser sincera ao dizer que a Cooper ainda é completamente apaixonada por você, Ronnie. 

— Todos sabemos disso. – Jughead completou. — A gente nunca chegou a ter algo sério e em minha defesa, a última vez que transamos foi a quatro meses. 

— Ugh. – Veronica gemeu. — Só cala a boca, Jones. 

Pediu. 

— Será que posso falar? 

Betty se pronunciou levantando do seu lugar. 

— Claro. 

Dei de ombros, ocupando o espaço em que estava e olhando para minha mulher que fez um beicinho. Ela com certeza se aproveitaria desse soco para ser mimada. Peguei o gelo de sua mão, pressionando em seu nariz para não criar hematomas.

— Veronica, em minha defesa você saiu de Seattle sem ao menos olhar para atrás e até alguns meses atrás nem sabia que ainda pensava em mim. – Betty iniciou a falar, sua atenção completamente focada na ex que a olhava. — O meu coração sempre foi seu, é impossível acabar com o sentimento tão forte que compartilhamos e quando fiquei sabendo que estava de volta, nem pensei duas vezes, precisava te ver nem mesmo que me odiasse.

Ela respirou pausando um pouco.

— Sei que isso tudo não era nosso sonho, mas queria que você ao menos me desse uma chance de tentar te conquistar novamente e quem sabe, convencer a voltar pra mim... Agora, pra nós. 

Tocou a barriga ao falar. 

Não posso negar que a declaração foi linda, me lembrou de quando tive que reconquistar a confiança da minha mulher e de como ela foi incrível ao me aceitar de volta. 

— Você pode me ajudar com esse menino. – sorriu ao pronunciar o sexo de bebê. — E quem sabe sermos uma família?! 

Sugeriu encolhendo os ombros.

— É um menino? 

Veronica ficou ereta ao perguntar, Betty assentiu. 

— Porra, Betty...

— Eu ainda amo você, só preciso que me ame de volta, que me aceite e nos queira, por favor. – a loira pediu. — Juro que dessa vez seremos pra sempre. 

Continuou, a médica suspirou relaxando os ombros. 

O seu olhar foi a Jughead por alguns segundos retornando para ex que ansiava por uma reação ou resposta. Ela levantou e todos acompanharam seus movimentos. 

— Betty, você não sabe, mas... – segurou a mão da loira focando o olhar nos dedos agora entrelaçados. — Eu quase morri e a última coisa que pensei é que queria te ver. 

— O que? Veronica... 

— Não importa agora, nada mais que passou será relevante. – ela suspirou fundo. — Voltei focada a ter você para mim novamente e farei isso, independente de qualquer coisa. Se realmente ainda me quer...

Betty a interrompeu, segurando seu rosto entre as mãos enquanto beijava os lábios da minha melhor amiga. Veronica relaxou tocando na cintura da loira com uma única mão, lágrimas foram compartilhadas em meio aquele contato. 

— Deus, você vai ter um bebê... 

Um sorriso se apossou dos lábios da médica ao falar.

— É, acho que ele não irá se importar de ter duas mães e um pai.

Betty balançou os ombros, o seu olhar chegou a Jughead que observava a cena. Ele abriu um sorriso de canto, piscando por alguns segundos. 

— Tenho certeza que não. 

Jones concordou, a grávida sorriu ainda mais. 

— Viu, nós podemos fazer isso dar certo. 

— Corrigindo, nós vamos fazer isso dar certo. 

Veronica usou seu tom firme. 

As duas sorriram.

— Cherry. – Toni me chamou, a encarei. — Acho que alguém está emocionada... 

Tocou em meu rosto enxugando algumas lágrimas que caíam sem minha permissão, deixei um sorriso aparecer em meus lábios, retirei o gelo do seu nariz para encara-la melhor. 

— Estou feliz, bem... Completamente feliz. 

— Está tudo certo agora, não é?

Toni sorriu, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. 

— Sim e... – lambi os lábios. — Não me lembro de te agradecer. 

— Pelo que? 

Franziu a testa. 

— Me aceitar de volta, me dar uma nova chance e por simplesmente me amar, Tee. Você faz isso perfeitamente como ninguém, então... Obrigada por tudo. 

— Devia saber que é a única que também me ama perfeitamente... Como ninguém, Cherry. 

Nós sorrimos juntas antes de colar os lábios em um beijo tão doce que me fez suspirar. A emoção daquele momento deixava tudo mais intenso, o gosto salgado das lágrimas e o sorriso da minha esposa contra minha boca. 

Diabos, como eu amo essa mulher!

— Pessoal, ainda estou aqui, sabiam? 

Jughead chamou nossa atenção.

Toni riu sobre meus lábios antes de nos separar devagarinho.

— Acabamos de perceber, Jones. 

Minha esposa encostou o corpo no sofá enquanto riamos, voltei com o gelo para seu nariz e ela resmungou como uma criança, sua camisa ainda estava manchada, mas nada para se preocupar. Veronica e Betty pareciam em um bolha, um mundinho só delas e daquele bebê que viria, compartilhando informações do tempo que ficaram afastadas.

Em meio aquele pequeno agito de Toni e Jughead conversando, Veronica e Betty se reconhecendo, me senti completamente bem e tão feliz que poderia dizer que finalmente deu tudo certo. Mas... Talvez o destino ainda estivesse guardando algumas surpresas.


Notas Finais


Voltei e a Veronica também.


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