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  3. Maeve Wiley

História 03 ( beyond the love - choni ) - Maeve Wiley


Escrita por: chxnidale

Capítulo 6 - Maeve Wiley


Fanfic / Fanfiction 03 ( beyond the love - choni ) - Maeve Wiley

 

Toni Topaz – Point Of View

Cinco meses de casadas, são 21 semanas, 150 dias e 3.600 horas, não sei para vocês, mas para mim, parecia um momento propício para as coisas começarem a dar errado. 

Quer dizer, nós conseguimos passar pelo divorcio de nossas amigas sem resultar em nosso próprio divorcio, lidamos com uma mudança e um cachorro morando conosco, acho que estamos preparadas para qualquer coisa, não estamos?

Segunda-feira.

Minha rotina era a mesma. Acordar, dar um beijo em Cheryl, acariciar Lion e sair para correr. No início o cachorro não conseguia me acompanhar, mas agora havia pegado o ritmo e ai de mim se deixasse ele na cama com minha esposa. Amava ver o sol nascer em Seattle, a cidade iluminando aos poucos, o movimento de pessoas aumentando e quando percebe, as horas passaram em um piscar de olhos. 

Corro de volta para nossa casa, dependendo do horário tenho três opções: Cheryl ainda está dormindo, já foi para escola ou está tomando café. Hoje, ela estava no maior papo com Debora enquanto se deliciava com os waffles que a mais velha tem o dom para fazer. Soltei a guia do Lion e o mesmo correu para as tigelas com ração e água. 

— Bom dia, garotas.

Sorri para as duas, estalando um beijo na bochecha de Debora e me aproximando de Cheryl selando nossos lábios, um selinho que foi afastado por mim, mas a ruiva segurou-me pelos ombros mantendo nossos rostos perto.

— Está suada. 

Reclamou, franzindo o nariz.

— Você é tão dondoca. 

— Irei te perdoar só porque estamos fazendo cinco meses e é uma semana especial. – me deu mais um selinho e me largou. — Debora, sabia que essa é a semana da Toni

— Cheryl...

Murmurei, sentando ao seu lado.

— É aniversário dela no sábado. 

A ruiva sorriu, bebendo o último gole do café. 

— Sério? Quantos anos? 

Debora parecia curiosa.

— Preciso falar? 

— Vinte e oito. – Cheryl respondeu por mim, levantando. — Está ficando velha, Topaz.

Zombou, pegando sua bolsa e aproximando o corpo do meu.

— A escola hoje está uma loucura, tenho que ir.

Beijou minha bochecha.

— Bom trabalho! 

Desejei, mas nem sei se ouviu, saiu em passos apresados. Suspirei, servindo-me um copo de suco natural. Não é ruim fazer aniversário, mas estar longe da minha família ao comemorar essa data é. Provavelmente é o momento em que mais sinto saudade dos meus pais, em datas comemorativas.

— Toni, seu celular está tocando.

Debora chamou minha atenção, olhei para o aparelho em cima da mesa brilhando o nome da minha assessora, fazia algum tempo que Marina não me ligava, mas era um bom sinal já que estava precisando da sua ajuda.

— Alô?!

— Topaz, nós precisamos conversar.

— Concordo. Eu não acho um treinador de jeito nenhum, são todos péssimos e quero abrir uma academia aqui em Seattle, será que...

Desabafei tudo de uma vez, quase não respirava para falar.

— Ei, calma. – me interrompeu. — Estou ligando pra avisar que estou indo te visitar, precisamos falar sobre muitas coisas e posso te ajudar no que necessita pessoalmente, o que acha? 

— Marina, isso é incrível! Você vem hoje? 

— Amanhã. Posso ficar na sua casa?

— Claro, já estou te esperando...

Sorri ao falar sentindo que talvez não fosse o momento das coisas darem errado e sim, darem mais certo ainda. Marina parecia animada como eu, nós ainda conversamos por alguns minutos, contei meus planos para que já viesse preparada e a mesma contou os seus querendo minha volta a mídia o mais rápido possível. Concordei, não aguento mais ficar parada e estar ativa novamente vai ser incrível.

×××

 

Terça-feira. 

Hoje as coisas mudaram, acordei junto de Cheryl, não corri e nem vi o nascer do sol em Settle, mas ver o sorriso da minha esposa ao meu lado logo ao acordar era muito melhor, sentia que meu dia provavelmente será incrível.

Estava animada, iria levar a ruiva no trabalho e depois buscar Marina no aeroporto, infelizmente Cheryl está com problemas na escola, ontem nem tivemos muito tempo juntas, parece que dois professores pediram demissão e precisa encontrar substitutos pra já.

— Amor, você lembra quando falei que a Marina vai ficar lá em casa, não é?

Perguntei assim que estacionei em frente a escola.

— Vai? 

Me olhou por um breve momento enquanto recolhia algumas de suas coisas que estavam espalhadas pelo carro. Assenti, sabendo que a mesma quase não prestou atenção em mim ontem, como agora.

— Ah, verdade, desculpa, Tee... – me encarou. — Preciso ir, a Sabrina me leva em casa, ok? 

— Posso buscar você. 

Sugeri.

— Não, tudo bem. – se inclinou beijando meus lábios. — Use e abuse de meu veículo, não quero te atrapalhar e nem sei que horas vamos conseguir sair daqui hoje. Aliás, já te falei do mau humor da Sabrina? 

— Não. 

Ri com seu jeito de reclamar da amiga.

— Ela está insuportável! – resmungou, juntando nossas bocas uma última vez. — Tchau, amor. Amo você.

— Eu também te amo. 

Falei enquanto a mesma saia do carro, caminhando com rapidez em direção a entrada da escola. Péssima hora para as coisas ficarem difíceis em seu negócio já que na minha profissão tudo parecia começar a dar certo novamente. 

Acomodei Marina em nosso segundo melhor quarto da casa, a mesma elogiou minha esposa por escolher uma casa tão linda. Nós passamos o dia todo falando de seus planos, minha assessora me quer indo a eventos novamente para divulgar e prestigiar os patrocinadores. Contei sobre a academia que quero abrir, os locais que já pesquisei para instala-la e vi seus olhos brilharem, ela disse ser um ótimo momento que assim poderia ganhar ainda mais patrocinadores.

Quando Cheryl chegou era noite, comíamos uma pizza já que liberei Debora para sair mais cedo. A minha esposa parecia exausta, cumprimentou Marina, se desculpou por não ser uma boa anfitriã, me deu um beijo, pegou um pedaço de pizza e foi para o segundo andar tomar um banho. Fiquei tanto tempo fazendo planos com minha assessora que ao chegar em nossa cama, Cheryl e Lion já dormiam ocupando boa parte do colchão. 

×××

 

Quarta-feira. 

Consegui sair para correr, Marina parece dormir mais do que Cheryl, aliás a vi bem rapidamente antes de sair para a escola porque iria de carona com Sabrina. Isso era algo que tinha que resolver: Não depender mais do carro da minha esposa.

Sai com minha assessora para conhecer os principais locais para abrir a academia, visitamos cinco, em lugares específicos que dariam movimento de pessoas e estratégico para ter clientes. Gostamos de um e só precisávamos contatar nosso contabilista e administrador para fazer o negócio. O meu sorriso não saía do rosto, até mesmo Debora ficou feliz por minha conquista.

— Só falta você me conseguir um treinador. 

Falei para Marina, devorando um bolo que Debora fez. 

— Por que não espera um pouco? Eu quero você em Los Angeles semana que vem. 

— Toda semana?

Assentiu.

— Olha, você pode ir segunda, terça de manhã já teremos algumas fotos para fazer...

— Você pensou em tudo.

— Claro, estava com saudade de fazer meu trabalho e agora me empolguei.

Sorriu ao falar, comendo um grande pedaço do bolo.

— Ainda terei que avisar a Cheryl, acho que ela está com alguns problemas na escola. – suspirei ao falar. — Vou tentar conversar hoje.

— É, melhor não adiar nada. 

Marina aconselhou, concordei ensaiando como explicar para a ruiva que não poderei estar por perto em um dos seus momentos difíceis na escola. É estranho, eu sei que ela vai entender e dizer que está tudo bem, mas me sinto tão mal em ter que me afastar em situações como essas, quero estar por perto e abraça-la, assegurar que vai dar tudo certo. 

— Toc-Toc.

Imitei o som de batidas ao tocar na porta da sala de música, diferente da casa de Cheryl, essa é mais espaçosa e havia um cantinho somente para minha esposa conseguir trabalhar.

— Precisa de alguma coisa? 

Não me olhou, seu colo estava cheio de papéis e os dedos digitavam freneticamente no teclado do seu computador. Só se separavam do aparelho para ajeitar o óculos de grau em seu rosto.

— Da atenção da minha mulher?!

Sugeri, arqueando as sobrancelhas. 

Cheryl parou todos seus movimentos, trazendo os castanhos até os meus e soltando um suspiro longo, seus ombros relaxaram, os papéis foram parar em cima da escrivaninha e o corpo levantou. 

— Vem. 

Tocou na cadeira, indicando para que sentasse. Obedeci, observando a ruiva se aproximar sentando em meu colo de frente para mim, meus braços automaticamente rodearam sua cintura a mantendo colada no meu corpo.

— Senti falta disso.

Murmurei, o nariz deslizando por seu pescoço e sentindo seu cheiro. 

— Me desculpa, eu estou com tanta coisa para fazer...

— Você pode me dar alguns minutinhos? Só para conversarmos.

Pedi, beijando seu pescoço e sentindo sua pele quente contra meus lábios. Seria mentira dizer que não estou incomodada com suas tantas ocupações, mas não poderia ser egoísta de lhe pedir para largar tudo.

— Claro.

Quase não a ouvi, o tom fraco por meus toques em sua pele. Sorri, levantando o rosto para encara-la e lhe dando um selinho. 

— Consegui um lugar para abrir minha academia.

— Sério? 

Sorriu, assenti.

— Que bom, amor. 

— E... Marina quer me levar para Los Angeles semana que vem.

Seu sorriso sumiu como era de esperado.

— Quando? 

— Segunda, mas é apenas para fazer algumas publicidades, comparecer em eventos, você poderia ir, porém como está ocupada.

— Tee, se eu pudesse iria, juro, mas...

— Ei, eu entendo.

Dei de ombros.

— Certeza? 

— Certeza. 

Abri um sorriso, beijando seus lábios.

— Pelo menos, teremos o final de semana do seu aniversário para ficarmos juntas, espero já ter resolvido um pouco dos meus problemas. 

Suspirou ao falar, o olhar longe.

— Acho que meus minutinhos já esgotaram, não é? 

Fiz um beiço.

— Amor, eu sinto muito, mas se era só isso que tínhamos para conversar...

Encolheu os ombros, sorri sem mostrar os dentes, assentindo. Cheryl nem esperou mais alguma resposta minha, apenas levantou do meu colo para pegar os tantos papéis que a esperavam. Suspirei, erguendo o corpo de sua cadeira e caminhando para sair, mas antes, parei na porta a vendo voltar a digitar.

— Vai demorar muito?

— Não sei. – ela me olhou, um sorriso culpado no rosto. — Pode dormir, não precisa me esperar.

— Tudo bem.

Balancei a cabeça em concordância, observando seu olhar focar na tela novamente. 

Eu sei, é seu trabalho e não devia culpa-la, era a primeira vez que a via tão envolvida na escola. Mas poderia me sentir um pouco carente, certo? Chateada? É que... Cheryl sempre amou contato comigo e não vê-la pedir por isso é quase inacreditável, por mais que tivesse tanto trabalho iria querer uns momentos comigo. É, era melhor dormir, antes que surtasse com tantas paranoias criadas.

 

Cheryl B. Topaz – Point Of View

Quinta-feira.

Sabe, quando essa semana iniciou, pensei: Vai ser tudo incrível, é a semana de aniversário da minha esposa, conseguirei lhe fazer surpresas diárias, ficar por perto e agrada-la até sábado. O quanto inocente eu fui? 

Dois dos meus melhores professores pediram demissão, eles eram um casal e acabaram indo embora de Seattle. Eu estava em meio a um caos, porque além de concertar todos problemas da escola, Sabrina está vivendo para discutir por bobagens, a festa surpresa que planejava fazer para Toni nem sei se irá acontecer, porque mal consegui focar nisso.

Hoje, nós conseguimos um professor de música. Harvey se formou aqui em Seattle, tem a nossa idade e parece ser experiente, fizemos um contrato de experiência por três meses, pedindo aos céus que dê tudo certo. 

— Cheryl!

Sabrina entrou bufando na minha sala.

— Fala. 

Pedi sem tirar o olhar do computador.

— Você esqueceu de me mandar as partituras das aulas de hoje. 

A encarei, seu olhar pegava fogo e os punhos estavam fechados. Desconfiava de que Sabrina estava tendo uma TPM muito forte esse mês, nunca a vi desse jeito e é a única explicação plausível.

— Sabrina, eu enviei pro seu e-mail.

— Me mostra!

Rosnou, parando ao meu lado.

Respirei fundo, movendo o mouse para chegar até meu e-mail, podia sentir a respiração forte da loira ao meu lado. Procurei o que enviei a ela, apontando para a tela ao encontrar.

— Não deve ter chegado. 

— Mas enviei de manhã, você que anda desatenta.

Eu desatenta? 

Cuspiu as palavras, me encolhi.

— Só porque foi você que achou o Harvey, não tem o direito de se achar uma dona melhor, ok? 

— Sabrina...

— E pegue um taxi pra casa, não vou te dar carona, manda a Toni gastar os milhões dela em um carro! Não sou sua motorista.

Falou tudo em um fôlego só, caminhando as pressas até a porta, saindo de minha sala e batendo a mesma com força. Levei as mãos ao rosto, passando as mesmas com força em minha pele, tentando de alguma forma relaxar.

Eu vou enlouquecer, é isso!

×××

 

Sexta-feira. 

— Bom dia. 

Toni beijou minha bochecha. 

— Bom dia, Tee. 

Desejei, observando a mesma caminhar e não sentar ao meu lado, franzi a testa enquanto Debora lhe servia de suco. Um dos fones continuava em seu ouvido, o corpo estava quase seminu e não tenho como explicar o quanto sinto sua falta. Eu iria falar isso, mas ela foi mais rápida.

— Não vou precisar do carro hoje. – o seu olhar não estava no meu para falar. — Nós não vamos sair. 

— Que bom, porque Sabrina nem me trouxe ontem. 

— O que houve? 

— Ficou brava por bobagem, já disse que ela está de mau humor? – a morena me encarou assentindo. — Pois continua.

Suspirei ao falar. 

— Você quer fazer um jantar amanhã? Almoço? 

— Não sei. – deu de ombros. — Nem sei se meus pais vão vir, estou sem ânimo pra festa. 

— Amor, é seu aniversário. 

Meu tom saiu melancólico. 

— É, a gente conversa sobre isso depois. – bebeu o último gole do suco, levantando o corpo. — Preciso de um banho, bom trabalho.

Beijou somente minha bochecha novamente, nem me dando tempo de segura-la para um outro contato. Relaxei os ombros, olhando para Debora que observava tudo. 

— Eu sou uma péssima esposa, não sou? 

— Claro que não, você só está ocupada. – deu de ombros. — Por que não fala para os pais dela pararem de fingir? Isso vai anima-la. Conseguiu um local? 

Debora sabia de todos meus planos, nossos amigos e seus pais também, mas não era para ser assim. A escola atrasou tudo, me deixou estressada e sem tempo, eu queria tanto que essa semana fosse incrível. Teríamos uma festa surpresa com a chegada do seus pais no sábado, todos nossos amigos reunidos e seria mágico. 

— Ainda não consegui o local. – mordi os lábios. — Irei falar com a Katy, não quero vê-la assim, tentarei chegar cedo hoje.

— Ótimo, não se culpe por seu trabalho estar te ocupando. 

— Vou tentar. 

Forcei um sorriso, focando em terminar meu café.

Naquela tarde havia muitas ligações a serem feitas, primeiro minha sogra, avisei que poderia falar para Toni que eles virão, mesmo arruinando essa surpresa, não iria estragar tanto meus planos. A próxima ligação era para locais de festas, pequenos espaços para podermos comemorar sem nos preocupar com bagunça ou comida. Queria ter visto isso antes porque agora, ninguém aceitava uma festa em cima da hora.

— Quanto vocês querem? Eu pago o dobro!

Meu tom já estava alterado.

— Sinto muito, mas nosso espaço já foi reservado.

— Claro, muito obrigada. 

Não consegui evitar de ser irônica, tirando o telefone da minha orelha e batendo contra o gancho. Era o último local que havia em minha lista, agora não tinha outra escolha a não ser fazer em nossa casa. 

Levei as mãos aos cabelos, fechando os olhos por alguns segundos e contando até dez, respirando fundo e tentando acalmar meus nervosos. Odeio decepcionar as pessoas, principalmente as que são importantes para mim.

O toque do meu celular me fez bufar, pegando o aparelho em mãos e vendo o nome de Veronica brilhando na tela. Atendi, levando até a orelha. 

— Que foi? 

— Nossa, está de mau humor, Bombshell?

Ela riu, revirei nos olhos.

— Lodge, estou trabalhando.

— Tudo bem, tenho uma novidade... – fez uma pausa dramática. — Eles me chamaram! Irei participar do médico sem fronteiras.

— O que? 

Arregalei os olhos.

De relance vi minha porta abrir, Sabrina adentrava em passos rápidos e veio até a mesa. Veronica tagarelava no celular, a loira falava algo comigo e no fim, não estava prestando atenção em ninguém. Acabei concordando com tudo que Sabrina dizia, fazendo positivo em sua direção. Ela me lançou um sorriso enorme e saiu da sala.

— ... Ai pensei de amanhã na festa surpresa da Toni ser também a minha despedida!

Foi tudo que entendi das palavras da Lodge.

— Veronica, você vai quando? 

— Domingo. Eu te falei, está ficando surda? 

— Desculpa. – levei a mão a testa, testando minha própria temperatura ao sentir um suor escorrer no lado do rosto. — Olha, está tudo uma confusão, nem tenho lugar para fazer a festa da Toni e...

— Eu arrumo um!

Me interrompeu, o tom animado.

— Jura? 

— Juro, não se preocupe com nada. – suspirei de alívio. — Como ela está? Animada para...

Mais uma vez, me desliguei da conversa com Veronica quando a porta da minha sala foi aberta novamente, Sabrina adentrava, porém não estava sozinha. Havia outra loira junto da minha amiga, uma que só de ver as mechas rosas nas pontas do cabelo reconheci de primeira, arregalando os olhos surpresa.

— Aqui está ela. 

Sabrina sorriu, parando com a mais nova ao seu lado.

— Eai, ruiva. 

Sorriu, mastigando seu chiclete fazendo uma bolha que estourou ecoando em meus tímpanos, igualzinho como alguns anos atrás. Puxei o ar, tentando me concentrar em encerrar uma conversa para começar outra.

— Veronica, preciso desligar. Tchau!

Nem esperei resposta, encerrando a chamada e largando o celular em cima da mesa. Meu olhar não saia da loira a minha frente e eu não estou falando de Sabrina. 

— Maeve. – forcei um sorriso ao pronunciar seu nome. — O que faz aqui?

Encarei a mais nova, reparando em seu piercing no nariz e roupas despojadas, ela não havia mudado nada. Era como se ainda estivesse morando em Boston e a via quase todas as noites. 

— Cheryl! – Sabrina me repreendeu, desviei minha atenção pra ela. — Acabei de te falar que contatei a Maeve ontem, ela está disposta a trabalhar com nós aqui na escola. 

Abri minha boca, intercalando o olhar entre Sabrina e Maeve, sem saber o que falar, como reagir ou qualquer outra coisa do tipo. 

Como deixei essa garota vir parar na nossa escola?

— Cheryl, você concordou, fez positivo e tudo! 

Sabrina argumentou.

— Eu... – levantei. — Podemos conversar? 

Falei diretamente com minha amiga.

— Entendi, to caindo fora.

Maeve deu um sorriso, caminhando para a porta e saindo da minha sala. Suspirei, jogando o corpo na cadeira. Sabrina parecia desacreditada a minha frente, sentando em uma cadeira e apoiando as mãos na mesa.

— Cheryl? O que foi isso? Ela é perfeita!

— Sabrina...

— Olha, ela estudou na mesma faculdade que a gente, lembra? Maeve ia no nosso apartamento e você sabe o quanto é boa na música, tudo bem que o estilo dela é mais rock, mas entende de clássicos. 

— O problema não é esse.

Justifiquei, balançando a cabeça.

— Qual o problema? Que ela foi pra cama com você? Até eu fui.

Cruzou os braços ao falar, encostando as costas na cadeira. Mordi os lábios, seria uma conversa difícil. Quer dizer, Sabrina sabe que transei com sua colega de faculdade, mas não imagina que foi mais de uma vez. 

— Fala. 

— É que... – puxei o ar. — Com a Maeve não foi só uma vez.

Meu tom era calmo, tentando manter as coisas tranquilas entre a gente. Só havia um empecilho: Sabrina odeia segredos, ainda mais entre nós duas, sempre contei tudo e ela também. Tínhamos quase um pacto de sermos completamente honestas uma com a outra, mas nunca pensei que Maeve Wiley viria trabalhar com nós. 

— Você... – Sabrina trincou o maxilar. — Vocês ficaram mais de uma noite?!

— Sim, mas foi somente por dois meses e quando a gente veio pra Seattle, a ignorei por completo e nunca mais nos falamos. 

— Dois meses? Dois meses, Marjorie?

Levantou o corpo, encolhi o meu na cadeira assustada com a maneira que Sabrina estava furiosa e parecia que me comeria viva. 

— Transaram no nosso apartamento de Boston? 

— Nunca, juro. 

Beijei os dedos indicadores ao falar.

— Cheryl, não acredito que escondeu algo de mim, a gente prometeu sempre sermos sinceras. 

— Eu só... – suspirei. — A Maeve era boa de cama, a gente transou e foi maravilhoso, ela foi insistente para uma segunda noite, depois terceira... Assim acabou acontecendo, não te contei porque sabia que iria querer nos romantizar.

— Você nunca ficou com ninguém por mais de uma noite, é óbvio que iria querer romantizar!

Esbravejou.

— Nunca estive tão brava quanto agora. Nós vamos ficar uma semana sem nos falar, não quero contato com você.

Decretou.

— Sabrina? Nós temos uma escola pra gerenciar, ainda falta um professor...

— Não falta mais. Acabei de decidir, Maeve está contratada.

— Está de brincadeira, não é? 

Arqueei as sobrancelhas. 

— Você achou o Harvey, eu achei a Maeve, pronto! Algum problema? 

— Não. 

Bufei ao falar, negando. 

— Então, ela começa segunda. – forçou um sorriso, caminhando em direção a porta, mas parando para me encarar. — Aliás, por que você ficou receosa? 

— Que? 

— Você sentiu alguma coisa por ela antigamente? Espero que dessa vez seja sincera. 

Encarei minha amiga, estreitando o olhar em sua direção e suspirando em seguida. Não sentia nada, não mesmo, mas tínhamos uma química boa na cama, eu amava seu fôlego e o jeito rebelde. Querendo ou não, ela me lembrava a Toni da época do ensino médio.

— Se é uma pergunta sobre ser uma ameaça ao meu casamento. Não, ela não é!

— Ótimo, agora uma semana sem nos falar.

— Mas, Sabrina... – ela me olhou antes de sair. — Conto a Toni sobre a Maeve? 

A loira sempre foi uma das minhas conselheiras e sabe disso, talvez a melhor em todos esses anos. Sabrina abriu um sorrisinho, me encarando por alguns segundos.

— Quer saber? Se vira! 

Sua expressão ficou séria e bateu a porta da minha sala, sumindo do meu campo de visão. Ok, era só o que me faltava, uma duvida um dia antes do aniversário da minha esposa, uma bomba largada em minhas mãos e com a senha junto. Sentia que a qualquer momento poderia explodir, mas ao mesmo tempo desarma-la com facilidade. É claro que vou contar sobre Maeve, não é como se ela já não soubesse... Bom, só precisa saber que meu relacionamento mais longo além dela e Sabrina, agora trabalha comigo.


Notas Finais


Personagem nova e problemas novos?

Alguém lembra da garota que a Cheryl mencionou na praia pra Toni no último capitulo de Better Together? Ela está de volta e vão conhece-la muito bem... A Toni também.


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