História 10 coisas que eu odeio em você - renmin - Jaemin

Finalmente estávamos no intervalo, e depois dali seria educação física. Não aguento mais o ensino médio. Não vejo a hora de largar tudo para trás e sair sem rumo, sem me preocupar com os estudos ou com parentes pegando no meu pé.
Não que eu odeie minha mãe, mas não temos relação alguma. No máximo meu avô sabe meu telefone e me liga quando tem algum problema em casa ou precisa de remédios.

Estou trabalhando com entregas e, algumas vezes, meu pai manda dinheiro, esse que eu só entrego para a minha responsável legal. Não consigo entender como isso pode ser chamado de vida. Isso não é coisa nenhuma! Não é nada e só me deixa aborrecido.

- Na Jaemin? – Escuto meu nome ser chamado e desperto de meus pensamentos, olhando na direção de quem havia me chamado.

- Lee Jeno? Se perdeu do seu bando? – Pergunto em um tom de ironia.

Bom, aquilo era muito incomum. Lee Jeno e eu não interagiamos, nunca. Eu não vou com a cara dele desde sempre. Ele é mimado e se acha o dono de todos no colégio - o que pode parecer verdade quando se vê de perto como todos aqui se rastejam por migalhas desse cara.

- Quero propor um acordo com você – Acenei para que continuasse. Não estava nada interessado nos assuntos que ele queria tratar, mas fiquei intrigado por ser comigo. Por que comigo? – Quero que saia com uma pessoa, Huang Renjun. Eu vou pagar.

Poucos momentos na minha vida eu achei graça de piadas ruins, e esse foi um desses momentos. Não pela oferta, mas ele estava atrás de mim, isso era fora do comum, com certeza. Tanto pelos boatos que têm sobre mim - muitos dizem ter medo de me encarar, eu curto isso -, a grande maioria sendo mentiras, quanto porque aquele garoto não precisava se arriscar por ninguém. Todos estavam ao seus pés - tudo bem, pelo jeito não eram todos.

E eu conhecia aquele nome. Huang Renjun fora o garoto que quase atropelou Osaki Shotaro, dizendo que ele havia rido da sua péssima - acrescentado por outros alunos - direção. Havia tido problemas com um outro garoto, que tentou agarrá-lo no vestiário, mas lhe acertou dois socos na cara e um chute precioso. Depois, o mesmo garoto tirou fotos de uma das garotas da turma de ginástica, Huang organizou um protesto em frente colégio, exigindo sua expulsão, e ele conseguiu. Isso só o que eu me lembro. O garoto é famoso, podemos assim dizer, pelo seu temperamento.

- Qual a brincadeira, Lee? – Ele negou com a cabeça, simples. Eu quis perguntar seus motivos, mas, de verdade, eu não ligo. Pouco me importa o que levou Lee Jeno querer pagar uma pessoa para sair com outra. Não era da minha conta e não faria a menor diferença na minha vida. – Quanto?

Esqueci de mencionar que eu também não me importava em ser pago para levar alguém ao cinema ou qualquer coisa assim. Meu único amigo era o Hendery e, fora ele, eu não ligava se iria irritar ou não um desses adolescentes chatos. Eu seria pago, precisava de uma grana a mais se quisesse me mandar até o final do ano. E Huang Renjun não é a pior pessoa do mundo, disso eu tenho certeza. Seria engraçado levá-lo para um encontro e derreter aquela camada grossa de auto proteção absurdamente agressiva e ameaçadora.

‐ 4,500 won.¹

- Deixa-me pensar... Vamos sair e ele vai querer comer, beber, talvez duas vezes, e eu também. Fora que preciso lucrar em cima disso. Então, eu diria que uns 17,700 won², não acha? – Arqueei as sobrancelhas e pisquei para tentar descontrair.

- Muito engraçado! – Bufou quando viu que falava sério sobre o meu preço e percebi que estava pensando no que propus – Tudo bem. – Ele sacou um bolo de notas e contou algumas, me entregando quase tudo enquanto se queixava. – Espero que seja tão bom quanto finge ser.

‐ Eu sou.

Sendo sincero, só me arrependo de não ter pedido mais grana a ele, já que parecia disposto a aceitar qualquer quantia que eu quisesse.

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Depois do intervalo, me encontrava nas arquibancadas, procurando um chinês muito enfezado no meio de uns 45 alunos. Aulas de educação física eram feitas com todas as turmas do mesmo ano e essa era a primeira vez que eu estava atrás de alguém.

Nunca havia observado Huang Renjun, então tirei alguns minutos exclusivamente para isso. Eu não sou um completo babaca, não posso simplesmente chamá-lo para sair do nada. Pensei em criar uma história, mas isso, sim, seria errado.
Mas achei graça de como um outro garoto o chamou de pequeno e ele chutou a bola tão forte que, se tivesse acertado, o garoto estaria na enfermaria. E de como ele saiu de fininho para que o professor não chamasse a sua atenção e foi logo beber um pouco de água. Pelo menos posso dizer que ele é bonito. Jogava o cabelo para trás e logo estava em seu rosto novamente, por conta do corte, provavelmente - sou um bom observador, licença. Ele estava com as bochechas rosadas e suado, até assim era adorável.

Tomei coragem quando o vi correndo de volta para o campo.

- Você fica lindo com o cabelo jogado assim. – Me aproximo de vagar e sorrio quando ele se vira e me encara, um pouco sem graça, pude notar.

- O suor, por estar correndo feito um hamster numa rodinha, ajuda bastante, devia tentar. Mas receio que terá de tirar a jaqueta de couro e deixar a pose de badboy no banco. ‐ Ela voltava a se virar e começar a andar.

‐ Então eu te busco na sexta. – Ele ri, fingindo ter achado graça e murmura algo. Eu sabia que seria difícil. – Estou falando sério, Renjun.

Ele se vira imediatamente e estreita os olhos, me encarando. Confesso que ele intimida bastante quando quer, o que só me deixou mais motivado para vê-lo retirar aquela carranca do rosto e perder a pose de durão.

- É claro que sim. Agora, diga-me, qual o meu nome todo? Aonde iríamos? Sabe o que gosto e não gosto? Por um acaso, sabe me dizer o que te trouxe até aqui, me chamando para sair? – Ele se virou novamente, e dessa vez eu não tive coragem de impedi-lo.

Se eu sabia o que me levará até você, Renjun? Você não gostaria de saber, com certeza.

Eu estava com sérios problemas. Como faria para conseguir sair com alguém tão intocável? Huang Renjun não me deixaria chegar perto nem para salvá-lo de um acidente. Com certeza, preferiria ser atropelado por um ônibus do que me ter por perto para ajudar.