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História 200 Bilhões de Galáxias - Capítulo Único


Escrita por: Cerridwen3

Notas do Autor


Boa noite,

Esperei um certo tempo para ter certeza se iria postar, espero que gostem!

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction 200 Bilhões de Galáxias - Capítulo Único

[...] Não leio nada há semanas, não vejo mais propósito em tal atividade. Ler, estudar, adquirir conhecimento e, finalmente, morrer. Todo o conhecimento enterrado conosco. Argumentarão que conhecimento não morre quando repassado, mas não é o suficiente para energizar-me. Aliás, repassar conhecimento para quê? Criar mais atormentados, "abortos trêmulos", fracos, indecisos? A ignorância é a energia que me falta. Quem somos nós para decretar a morte prematura de outros seres através do conhecimento? O conhecimento nos mata e nos enterra antes da própria morte chegar. [...]  

— Autor Desconhecido. 

... 

 

Eu não sei. Essa é a única palavra a qual a minha mente pronuncia veemente. Houve tempos em que, para mim, as coisas faziam mais sentido, a simples ideia de que, conforme eu crescesse, iria ter um trabalho, na escola as coisas seriam como sempre, sem dúvidas e questionamentos, como disse Nietzsche , eu teria uma verdade absoluta para morrer. Era horrivelmente confortante dormir sob essa verdade absoluta, sem paranoias e totalmente imperturbável, mas a todo tempo eu estava ciente (e insciente também) , de que algo não estava certo. 

Essas verdades, desde que fomos colocados nas mãos de nossos pais e respiramos a primeira vez esse ar pútrido foram injetadas sem piedade, nos tornando alienados e destinados a seguir um determinado padrão, 'comandado' por nossos pais (á princípio). Não condeno nos nossos primeiros anos de vida, termos a nossa vida guiada totalmente por nossos entes, não concordo com a dominação da mente. 

 Uma lavagem cerebral é feita, e todos os nossos quereres e pensamentos que deveriam vir do nosso interior, passa a ser um reflexo das ideias de quem nos 'comanda', a partir daí, nossa individualidade começa a esvair. Com ameaças e/ou afirmações rotineiras do que é o certo e o errado, nossa mente começa a trabalhar sem mérito próprio, apenas seguindo o roteiro que lhe foi imposto. E aí está o grande problema. Por que deveríamos seguir tal coisa? Por quê não deveríamos segui-la? Por quê, nossa vida é dessa maneira? E mais fundo, o que é a vida? É física? ''Espiritual''? Mental, talvez? Um delírio? Por quê não seria? Essas questões me levam a primeira frase desse texto: Eu não sei. Não tenho todo o conhecimento do mundo, e mesmo se tivesse, quem tem a astúcia e loucura de afirmar algo? Essas questões martelam em minha mente, e ainda não consigo ter algo em que acreditar. Por que toda essa vontade de verdade? Porque eu nunca iria querer ser como a maioria das pessoas.  

Não quero ser aceitadora de tudo, não quero me contentar com pouco, não quero ter as minhas ideias guiadas por outros, não quero ser um asno influenciável. Mas acabo sendo. Não pelos outros, mas por mim mesma. Minhas vontades me traem, não tenho palavra comigo mesma, e a minha maior droga, são os sentimentos. Outra questão que me deixa a pensar, o que é o sentimento? Por que essas coisas me deixam alienada como todos?! Eu me sinto um lixo. Não tenho controle em nada que diz respeito á isso. Sou um verme rastejando por amor, como diz uma citação que gosto de usar, de um autor desconhecido. Eu tento negar que preciso disso, como um fiel cristão em plena morte, se agarra a bíblia. Depois de tantas experiências ruins e de ver a podridão das pessoas em geral, eu morri. A garota sonhadora não está mais presente.  

Quem sou eu? Quem eu fui? Nem ao mesmo eu sei responder. Não sinto apego em nada especial, comida, bebida, pessoas, lugares, objetos. Me sinto vazia, como sempre desejei. Porém é até melhor assim. Meu 'coração' parece não existir e, só o sinto pelas malditas bombeadas de sangue que ele me dá. 

 Não esperava estar nesse estado, á essa idade (sou uma decepção á meus familiares, isso já não me importa mais, mas também sou, uma decepção á mim mesma). Como disse, é horrivelmente bom. Horrível pelo fato de não sentir empolgação em coisas básicas, em ver o quão ingênua e sonhadora eu era, em ver o quão horrivelmente o mundo me partiu em pedaços e eu não consigo ter um rumo. E bom, pela tristeza esmagadora que me deixava sem ar, ter sumido. Todavia o abismo sem fim, o vazio inestimável que habita em mim está a mesma altura. Bom por não me influenciar tão facilmente por palavras proferidas a mim, bom por não confiar mais cegamente em alguém. Tenho medo da minha própria sombra, meu eu é o meu maior inimigo.  

Sequências de ''bens'' e ''males'' me cercam depois de tudo, e agora, percebo que a diferença do meu estado depressivo anterior, é o mesmo (ou até pior) do que agora. Talvez não sinta tanto, por ter acostumado com essas amarras, talvez por eu ter me aconchegado nesse pequeno imenso buraco, e não tenho mais vontade de sair. Por simplesmente  não ter o porque disso, não quero ver o brilhar enganoso do sol dos tolos, prefiro me manter aqui, nas minhas questões sem solução, na minha insânia, que me passa liberdade.  

Ah, como somos egoístas. Estamos sempre imersos em nossos mares de delírios e falsidades, sempre perdidos em nós mesmos, e em nossa majestosa aniquilação. O pequeno pensar, a minúscula dúvida, se torna num turbilhão gigantesco de sentimentos incontroláveis. Como domar isso? Como domar a si mesmo quando nada mais faz sentido? Como viver sem ser domado pelos sentimentos? Como viver sem sentir? Viver para mim, é sentir. Tudo gira em torno disso, o paladar, a audição, todos os sentidos primórdios vem do sentir, então como eu, sendo mais uma mera existência sem valor material e/ou sentimental, posso querer viver sem sentir, ou querer domar essa luxúria incontestável pelos sentires? Não consigo e quem diz que consegue é enganador de si próprio!  

Todos querem o poder material pois é a única coisa na qual podem dominar, porque a si mesmo nunca vi dominarem, e estamos muito, mas muito longe disso. De onde nascem essas inconformidades e dúvidas? Por que me perturbam tanto? Por quê queremos ser notados e ser especiais a quem temos apreço? Porque o ser humano é egoísta, quer dar vazão á sua força e poder falso, quer mostrar as ''virtudes'' que tem, que conseguiu ''sozinho e por mérito próprio'', quer alimentar o próprio ego, quer ter a sensação de poder, quando no fim não pode nada. 

 Á quantas guerras e mortes essa vontade de ser especial nos levou? Inúmeras e inacreditáveis guerras, tanto externas quanto internas. Quantos de nós, não sofrem mais do que em qualquer guerra civil que já nos foi mostrada? Quantos de nós morrem(literalmente) a cada dia mais e mais por conta das dúvidas, do niilismo e solidão? Incontáveis pessoas e elas nem ao mesmo sabem... (as vezes).  

Por que então não a morte? Já que a morte seria o nosso longo descanso, o descanso da mente, a paz. Será que suportaríamos tal ideia? Sou tão covarde a ponto de não aceitar tal coisa. Estou acostumada com a minha rotina robótica e não apostaria nessa tal paz. A verdade é que gosto dessa loucura, gosto dessas dúvidas e dessa solidão avassaladora. Sou uma masoquista egoísta.  

Tudo que quero é ficar bêbada, tragar meus cigarros para que tirem a minha lucidez e sanidade. O mundo com a bebida parece brilhar, viver é pintado com a cor de esperança, ouvir música ou me relacionar com as pessoas se torna prazeroso. Sinto-me em outro mundo, onde posso me lançar e tentar ser a adolescente que sou.  

A minha latinha de cerveja da mais barata, brilha, a água que escorre por sua superfície, escorre do mesmo jeito que os meus últimos pingos de esperança, que se tornam mais e mais escassos a cada dia vivenciado. O barulho do abrir do lacre é como a sinfonia mais bela e chorosa, e o gosto da cerveja... É como o mais longo e delicioso orgasmo que já tivera. Aprecio. Com isso, é hora de arrancar a embalagem do cigarro do mesmo modo que fui arrancada de minha infância.  

Pego meu isqueiro e o acendo. As chamas dançam em frente aos meus olhos, e fico maravilhada com tal ato. Elas dançam, tendo vários formatos, redondos, pontudos, finos e gritantes. O arder de sua chama, toca meu rosto e me lembro que estou viva. O cigarro entra em contato com essas dançarinas e ele é aceso. Todo seu arder é passado para o cigarro, e o queimar dele, queima como meu peito, com a tristeza contida. Dou a primeira tragada e sinto cada vez mais a morte em mim, física, mental e sentimental.   

Lanço a fumaça contida em meus pulmões ao alto. Vejo o seu dispersar pelo céu imenso. É noite, e o céu está digno de todos os maiores elogios. Várias estrelas, algumas nuvens encolhidas e a rainha máxima, a Lua, nos mostra o seu espetáculo. Sempre vemos a vida apenas do lado que nos queremos. Mas devemos perceber a sua magnificência, apesar de tudo. A natureza imensamente bela, em seus pequenos detalhes, ainda me fascinam de um modo que não sei explicar. Um pequeno sorriso habita minha face, agora percebi, estou chorando. Aqui, a pequena Carol, está contemplando a sua tolice e insignificância diante dessas mais de 200 bilhões de galáxias.


Notas Finais


Obrigado pela leitura.
Críticas e elogios serão bem vindos!


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