1. Spirit Fanfics >
  2. 23 noites de PRAZER >
  3. A quinta noite

História 23 noites de PRAZER - A quinta noite


Escrita por: Ana_Reinhart_S

Notas do Autor


BOA LEITURA 💙

Capítulo 6 - A quinta noite


“Sexo só é sujo quando é bem feito.”
                                                         -Woody Allen


Sabe quando você acorda se sentindo gostosa? Nunca aconteceu com você?

Você acorda com vontade de vestir sua melhor roupa e andar na rua fazendo as pessoas olharem para você.

Foi assim que eu acordei naquela segunda-feira.Coloquei um vestido bandage escuro que ia até o meio da coxa e uma sandália alta. Era uma roupa sóbria e muito sensual, que ainda estava com a etiqueta.

Puxei meus seios para cima, ajustando a roupa e valorizando o decote.Isso tinha acontecido comigo poucas vezes. Eu sempre saía me sentindo uma das mulheres mais lindas do mundo, mas era só colocar o pé na rua e a humanidade me lembrava de que eu estava errada. E aí eu voltava para a minha timidez padrão e o dia continuava sem muitas novidades.

Naquela segunda-feira, no entanto, algo estava diferente. Algo tinha acontecido. Era possível que eu tivesse ficado mais bonita da noite para o dia?

Andei pela rua e notei que, dessa vez, eu estava realmente atraindo olhares.

Foi uma injeção de ânimo na minha autoestima. Acho que a pobrezinha estava precisando disso já fazia algum tempo.No entanto, vergonha ainda estava lá. E a cada assovio ou “bom dia”sugestivo que eu escutava na rua, minha timidez pedia para voltar. Eu insistia edizia “Agora não. Só mais um pouquinho”.

Queria aproveitar ao máximo aquela nova sensação. Estava sendo o ponto alto da minha semana. Ou melhor, do meu mês.

– Nossa, Betty… Que bicho te mordeu? – era interessante ouvir Chuck falar algo que não fosse “com licença”.

Ainda mais quando seu tom de voz sugeria que ele estaria disposto a levar alguns tapas na cara, se isso significasse que ele poderia esfregar seu pintinho minúsculo contra qualquer parte do meu corpo.Ofereci um sorriso amarelo e o ignorei.

Já mencionei que estava me sentindo muito gostosa?

Passei a manhã sentindo olhares na minha direção. Minhas bochechas começaram a ameaçar ficar vermelhas de vergonha, mas Amadeo ainda estava lá comigo. Repetindo palavras reconfortantes, fazendo com que eu me sentisse segura.

Breet estava se aproximando. Ele tinha os cabelos metodicamente penteados para trás e a barba perfeitamente feita.

Usava uma camisa de seda colada de mangas compridas delineando aquele corpo escultural.

Senti vontade de observá-lo e sorrir como uma boba. Mas ele estava vindo em minha direção, então virei para a frente e tentei fingir que estava mais ocupada do que estava.

– Betty, como está o texto de orelha do… – ele hesitou, talvez estivesse me observando da cabeça aos pés. Ah! Por favor, esteja me observando da cabeça aos pés. – Ah! Bom dia – seu tom mudou levemente e eu presumi que ele estava,de fato, impressionado com o visual que eu tinha escolhido para o dia.

– Bom dia, Breet – meu sorriso foi provavelmente mais largo e amigável do que o de qualquer mulher com uma autoestima razoável.

Mas quando o assunto era Breet, eu sempre me sentia derreter como uma frágil colher de manteiga em uma frigideira.

– Você está muito bonita hoje. Tem algum encontro quando sair daqui?

A pergunta me pegou desprevenida. Ele sempre era sociável, mas nunca tínhamos conversado sobre minha vida pessoal. Ou sobre a dele.

No entanto,havia algo divertido em seu tom e eu imaginei que ele estivesse brincando.

– Talvez – brinquei de volta.

– Bem, não se esqueça de me apresentar o sortudo. Tenho que aprová-lo antes,hein? – sorriu.

Ainda bem que eu estava sentada, porque ele puxou uma de minhas bochechas e minhas pernas desistiram da vida.

Ele começou a dizer exatamente quais textos de orelha precisava e eu fui eternamente grata a minha excepcional habilidade multitasking, porque parte do meu cérebro insistia em não fazer nada que não fosse observar aquela boca lindase movendo.

Breet se afastou e algo interessante aconteceu. Não foi Amadeo quem inundou minha mente com comentários irritados sobre minha atitude boneca desmiolada diante do homem dos meus sonhos. Não foi nem sua imagem nem sua voz.

Eu olhei de volta para a tela do meu computador, para os meus papéis e as horas e horas de trabalho que teria no dia, e a primeira coisa que surgiu em minha mente foi Jug. Lembrei de seu sorriso divertido atrás de mim, na fila do sex shop.

“Você é muito contraditória, não é?”

Suas palavras e seu sorriso tomaram conta de todos os meus pensamentos.

Ele teria rido por horas se tivesse me visto desajeitada na frente de Breet.

Eu era um enigma para ele e adorava essa ideia. Adorava a ideia de que havia uma pessoa no mundo a quem eu podia surpreender. Tinha sido divertido.

Levantei e fui beber um copo de água. Precisava botar minha cabeça de volta no lugar.

Tinha muito trabalho a fazer e ainda era apenas segunda-feira. A semana estava só começando, e eu não podia me perder em devaneios sobre um ou outro homem.

***

Era estranho ouvir meus colegas de trabalho conversando sobre o fim de semana.

Parte de mim queria ser convidada para participar dos programas,queria se sentir incluída. Mas outra parte de mim tinha certeza de que ia detestar sair com eles.

Não apreciava a companhia de nenhum deles em particular – fora Breet, é claro – e era óbvio para mim que, depois de alguns poucos minutos em um bar com aquela gente, eu já estaria louca para voltar para casa.

Mas, ainda assim, teria sido interessante ser convidada. Gostaria de ter a opção de não ir.

A palavra “opção” ficou rodando pelo ar ao meu redor enquanto eu recolhia meus pertences e encerrava mais um dia de trabalho. Tinha sido um dia impressionantemente produtivo.

Nada melhor que uma pilha de trabalho para te fazer esquecer qualquer outra coisa.

O elevador-lesma demorou suas duas horas habituais para chegar, e a palavra“opção” não me abandonava.

Era isso que Amadeo tinha dito, não era? Era interessante ter opções. Estava começando a entender o que ele tinha dito.Fiz o caminho de volta para casa no piloto automático.

Estava duelando com aideia de seguir ou não o plano de Amadeo. Senti um sorriso bobo tomar conta de meus lábios: eu estava começando a tratar Amadeo como uma pessoa real e não como um fruto da minha imaginação.

Fato era que meu corpo já estava exausto do jeito como eu estava organizando as coisas nos últimos vinte e poucos anos da minha vida.

Ele queria mais, e tinha colocado Amadeo nos meus sonhos para me explicar isso.Apertei o botão do “oito” e observei meu reflexo no espelho do elevador.

Eu estava toda arrumada. A maquiagem precisava de uns retoques, mas nada que cinco minutos na frente do espelho não resolvessem.

Era um desperdício ir para casa sem aproveitar esse visual e essa sensação, não era?Verdade seja dita, todos os conselhos de Amadeo até agora tinham me rendido bons resultados.

Fora a discussão com meu vizinho, mas aquilo podia ser remediado.

Sorri mais uma vez. Confiança é um remédio milagroso. Da Betty que tinha fechado as cortinas, morta de vergonha, para a Betty que acreditava que até a discussão com um semidesconhecido podia ser remediada, era um longo caminho.

E ela tinha percorrido essa distância em apenas dois dias.Parabéns, Betty!

Coloquei a chave de casa na fechadura, mas algo no meu corpo não quis destrancar a porta. Algo dentro de mim não queria ir para casa.

É, eu tinha que trabalhar no dia seguinte. Mas eu tinha uma vida toda de noites responsáveis e bem dormidas. Além do que, eu era, muito provavelmente, a profissional mais competente de todo o meu setor.

Eu podia fazer uma irresponsabilidade uma única vez, não podia?

Eu me lembrava do sonho. Lembrava da mulher nua e do seu toque. Tinha sido interessante. “Opções”, era o que Amadeo tinha dito. Eu queria ter opções.

Demorei três segundos, parada em frente à porta, para resolver o que eu queria.Eu queria ir para um bar gay e queria ver se mulheres eram uma opção.

É. Era isso que eu queria.O problema é que eu não fazia a menor ideia de qual bar era gay e onde ele ficava.

Então um pensamento delicioso me ocorreu: Jug.Ele trabalha com isso, não é? E disse que não ficava envergonhado com esses assuntos. Podia matar dois coelhos desse jeito.

Deixar a discussão para trás,provocá-lo e impressioná-lo com minha contradição só para me divertir, além de deixar bem claro que não estava ofendida.

Talvez assim, da próxima vez que eu chamasse Kevin– e, acredite, eu planejava chamar Kevin novamente –, Jug sesentiria à vontade para observar, se quisesse. Sim, aquilo seria muito bom.

Duas coisas são igualmente verdadeiras: se eu entrasse em casa para procurar um bar gay na internet, era possível que eu perdesse a coragem e não fosse a lugar algum. Se eu queria ir, eu devia ir agora.

Mas, ao mesmo tempo, a ideia deir até a casa de Jug e perguntar para ele era mais gostosa do que a ideia de ir para o bar gay.

Tinha percebido que, mesmo que desistisse da ideia de experimentar mulheres, ainda assim eu iria até a casa de Jug tirar minha dúvida.

Girei nos calcanhares e voltei para o elevador. As portas se abriram e Nathan e seu filho saíram.

– Boa noite, Betty! Você está muito elegante – Nathan me cumprimentou.

– Obrigada! – sorri, já me enfiando no elevador.

– Já conheceu meu Sweet Pea?

– Já, sim – acenei para ele e o observei sorrir para mim enquanto as portas se fechavam.

Assim que vi a entrada do prédio de Jug, percebi que não sabia qual era o seu apartamento.

Será que eu deveria voltar para casa para contar andares e janelas?

A caixa de correio, sua maluca.Valeu, Amadeo.

Mas isso acabou nem sendo necessário. Na entrada do prédio, havia uma listade campainhas.

Ele também morava no oitavo andar. Apertei botão e ouvi o apito arranhado do interfone.Não deu nem tempo de pensar que ele poderia não estar em casa.

– Pois não? – disse a voz masculina do outro lado.

– Senhor Jughead?

– Sim?

– Aqui é Betty. Sua… ahn… vizinha. Será que poderíamos conversar um instante? Se o senhor não estiver ocupado – acrescentei.

– Ah… claro, claro – um barulho típico de portas automáticas destravando confirmou que a porta estava aberta.

Precisei me controlar para não correr.Mais um elevador, mais um espelho. E eu percebi que não tinha retocado a maquiagem. Abri a bolsa e comecei a fazer o melhor que pude com os itens que tinha à disposição, rezando para que o elevador subisse bem devagar. Mas aporcaria parecia estar munida de jatos e em poucos segundos um apito avisou que as portas estavam abertas.

Endireitei-me e andei até a porta de Jug.Dei duas batidas leves e esperei segurando a respiração.

– Boa noite – ele abriu a porta e a dúvida estava estampada em seu rosto.

Convidou-me para entrar com um gesto. Eu aceitei e entrei.Era uma visão interessante: o apartamento que eu estava acostumada a ver além da minha janela. Agora eu via o que ele podia ver todos os dias.

Realmente,havia poucas partes da minha casa que ele não tinha visão. Todo o resto era um livro aberto para ele.

– Em que posso ajudá-la, senhorita Betty?

Virei-me para ele resoluta. Ele já tinha rido do meu constrangimento uma vez,eu não ia deixar que ele fizesse isso de novo.

– O senhor mencionou que trabalha com assuntos… – por Deus! Qual é a palavra?

– Obscenos? – ele sugeriu, e o sorriso divertido estava de volta. Sustentei seu olhar.

– Na falta de uma palavra melhor.

– Sim, senhorita. Trabalho – confirmou. – A senhorita veio até aqui porque gostaria de uma sugestão de algum filme pornô específico? Eu tenho uma vasta coleção – ele tentava manter a seriedade, mas era óbvio que estava falhando. –Se a senhorita quiser se juntar a mim, posso fazer pipoca. Ou mousse de chocolate.

Dei um tapa brincalhão em seu braço e sorri. Não tinha ficado ofendida. Nós tínhamos um histórico de sexo e passeio em lojas de sex shop, não tínhamos?

Estava começando a me sentir estranhamente à vontade com esse desconhecido e seus assuntos impróprios para menores.

– O senhor é simplesmente incapaz de me respeitar, não é?

Ele riu.

– Perdão. Por favor, prefiro que me chame de Jug. Acho que temos intimidade o suficiente para pelo menos nos tratarmos pelo primeiro nome, não, senhorita Betty?

– Nesse caso, insisto que me chame só de Betty.

Ele concordou com um aceno da cabeça.

– Muito bem, Betty. Você vai me dizer o que veio fazer aqui ou vou ter que tentar adivinhar? Nada contra tentar adivinhar – ele acrescentou rapidamente. –Acho que seria divertido.

– Na verdade, vim fazer uma pergunta. Pedir sua… ajuda – concluí amigavelmente.

– Bem, estou ao seu dispor. Do que precisa?

– Estava cogitando visitar um bar gay. Mas não conheço nenhum, então imaginei que o senhor… que você – corrigi – pudesse me ajudar.Ele me observou intrigado.

– Um bar gay?

– Não estou dizendo que o senhor seja gay. Mas imaginei… – ele estava rindo.

– Se eu fosse gay, não teria nenhum problema com isso, Betty. E sendo hétero, também não tenho problemas se alguém achar que sou gay.

Jug era, provavelmente, o homem mais bem resolvido da face da Terra.

– Um bar gay… – ele continuou. – Muito bem. Masculino, feminino, ou misto?

– Ahm… – esse novo mundo que eu estava começando a conhecer era muito cheio de escolhas, e eu raramente sabia a resposta certa. Se é que havia uma.– Misto – dei de ombros.

Acho que me sentiria mais à vontade assim.

– Certo. Vou pegar meu casaco.

Ele vai comigo?

– Não. Não! Não quero incomodá-lo, só preciso de um endereço.

– Betty – ele sorriu. Tinha um belo sorriso. – Primeiro, não vou deixar uma dama nova em assuntos obscenos – repetiu a palavra como uma brincadeira – ir sozinha a um bar gay pela primeira vez. E, segundo – seu sorriso se alargou e eu sorri com ele –, eu não posso perder essa cena.

– Então, o senhor acha que bar gay é uma coisa obscena? – quis constrangê-lo.

– De forma alguma. Mas algo me diz que o que a senhorita planeja fazer lá será.

Será que era impossível colocá-lo contra a parede?

– Jug – segurei seu braço enquanto ele vestia o casaco. Ele parou diante domeu toque. – Isso não é um encontro – falei pausadamente.

Não queria que houvesse qualquer mal-entendido.

– Senhorita Betty. Não costumo levar mulheres para bares gays em encontros.

***

Era exatamente o que eu esperava: um bar normal, cheio de gente.

Deixamos nossos casacos na entrada e ficamos de pé, lado a lado, próximos a uma pequena mesa elevada.

– Certo! – ele bateu palmas. – O que você queria fazer em um bar gay?

Ah, diabos! Eu já tinha dito quase tudo a ele, não tinha?

– Queria experimentar como é ficar com uma mulher.

– Ah droga! – ele apoiou o queixo no punho.

– O que foi?

– Logo depois que eu prometi não olhar mais pro seu apartamento – elebrincou, exagerando na decepção. – Você bem que podia ter experimentado isso semana passada, hein?

Eu ri alto e me apoiei em seu ombro. Ele sorriu para mim, calorosamente.

– Se você ficar muito perto, eu posso acabar resolvendo beijá-la e seu plano de experimentar uma mulher iria por água a baixo.

– E o que o faz pensar que eu o beijaria de volta e desistiria do meu plano? –perguntei.

– Não disse que me beijaria de volta. Mas as mulheres por aqui não dariam mais em cima de você. Achariam que você não é lésbica…

– E se eu te desse um tapa e gritasse “Não fico com homens”?

Ele respirou fundo e pensou por um ou dois segundos.

– Bem, nesse caso, acho que é melhor eu beijá-la, então – sorriu finalmente. –Pelo bem do seu plano.

Eu ri mais uma vez. Fazia tempo que não me divertia tanto. Pelo menos, não estando vestida.

– Certo, senhor desenhista de hentais! Como eu faço pra conseguir uma mulher?

Ele sorriu. Era claro que também estava se divertindo. Muito.

– Infelizmente, o primeiro passo seria se afastar de mim. Ou isso ou eu poderia ajudá-la.

– Já decidimos que isso não é um encontro, Jughead! – brinquei. – Você não vai me beijar – cinco palavras bem simples.

Algo arranhou desconfortavelmente dentro de mim.

– Calma, calma. Você não ouviu todo o meu plano. Eu posso ser seu “amigo”e te indicar para alguém. Aponte alguém que te interessa e eu vou até lá falar bem de você.

Era um bom plano. Foi bom trazê-lo.

– Tudo bem, e o que eu faço?

– Você fica ali perto do balcão e espera.

– Certo.

– Vamos lá, olhe ao redor. Quem te interessa?

– Ah, você escolhe! – dei de ombros. Ele riu.Fui até o balcão e esperei.

– Para a senhorita – o garçom me ofereceu uma bebida.

– Ah, não! Eu não pedi nada – e então minha ficha caiu.

– Foi aquela dama quem pediu para a senhorita – ele apontou uma mulher no salão e algo dentro de mim suspirou “missão cumprida”.

Era Amadeo. Ou melhor, o corpo que Amadeo tinha usado na noite anterior.

Comecei a me perguntar se não haveria algo de sobrenatural nos meus sonhos, mas o pensamento rapidamente se foi. Ela se aproximou.

– Como vai?

– Bem e você? – levantei o copo em um brinde de agradecimento e bebi.

Rápido. Se eu ficasse bêbada logo seria mais fácil.

– Melhor agora – ela sorriu e tocou meu braço. Eu devolvi o sorriso e respirei fundo. – Você parece nervosa.

– Sim – confessei.

Eu queria dizer algo mais, mas não sabia o quê.

– Nunca ficou com uma mulher antes? – ela perguntou estreitando os olhos,gentilmente.

– É tão óbvio assim? – encolhi os ombros.

– Um pouco – ela sorriu, delicada. – Qual o seu nome?

– Betty, e você?

– Cheryl. Diga-me, Betty – ela se aproximou e colocou meus cabelos para trás da orelha. – O que veio fazer aqui pela primeira vez?

Dei de ombros:

– Acho que quero experimentar novas opções.

– E eu acho que posso te ajudar com isso.

Expirei. Vai, Betty, pergunta de uma vez.

– Será que você quer sair daqui? – perguntei, como quem arranca um band-aid.

– Você é direta, Betty. Gostei disso. E pra onde nós vamos?

– Eu não moro muito longe daqui.

Ela terminou seu drinque e sorriu para mim.

– Eu só preciso dar tchau a um amigo – expliquei.

– Te encontro na porta?

Fiz que sim e voltei para a mesa.

Jug ainda estava terminando sua bebida e me observou com aqueles olhos sensuais e brincalhões.

– Não sei o que vim fazer aqui, você parece se virar muito bem sozinha!

– Obrigada pela ajuda! – sorri discretamente.

– Já está indo?

– Já.

– Eu pediria seu telefone, mas… estamos em um bar gay, você está saindo praficar com outra mulher… não sei… – sorriu. – Acho que vou esperar um momento mais apropriado.

– Ou você pode abrir a janela e gritar – sugeri. Ele riu alto. – Mas, sério:obrigada.

– É engraçado. As outras vezes que trouxe mulheres para um bar gay eu sempre esperei mais que um “obrigada”. Mas não dessa vez, claro. Dessa vez não foi um encontro.

– Eu achei que você não trazia mulheres para bares gays em encontros.

Ele piscou pra mim.

– Vou te dar algo mais que um “obrigada”, então – coloquei os cotovelos sobre a mesa para me aproximar dele e pedi que se aproximasse com um movimento do indicador. Ele se moveu para frente até que estivéssemos nariz contra nariz. Desviei o rosto para o lado, coloquei minha boca sobre sua orelha esussurrei:– Você pode assistir.

***

Cheryl passou os dedos por dentro do meu decote e brincou com meu seio.

Parte de mim se arrependeu da empreitada naquele segundo. A ida ao apartamento de Jug e todo o caminho até o bar foi muito mais excitante do que a mão dela no meu peito.

É, Amadeo, acho que eu sou definitivamente heterossexual. Nada de errado com isso.

Mas agora que eu já estava ali, no meu apartamento, no meu sofá… Eu ia fazer o quê? Mandá-la embora?Acariciei sua perna com suavidade e ela sorriu. Ficamos brincando com zíperes, laços e botões enquanto tirávamos as roupas uma da outra.

“Devagar”,eu repetia para mim mesma, “Brinque com a roupa como o Kevin disse”.

Imaginei Amadeo sorrindo ao me ver dando instruções sexuais ao meu próprio corpo. Sim, eu tinha aprendido muito em poucos dias e, com certeza, ia fazer uso de meus recém-adquiridos conhecimentos.

Mas nada daquilo estava exatamente me excitando. Era como ter uma amiga me ajudando a tirar o vestido no fim de uma festa. Estava completamente seca e constrangida.

E agora?Meu pensamento foi de Amadeo para Jughead. Se eu estivesse fazendo um show para ele, talvez fosse mais excitante, não?

Afinal, sexo com Kevin não teria tido metade da graça se meu querido vizinho não estivesse por perto.

Cheryl estava nua e escorregou do sofá para o tapete, e eu aproveitei para lançar um olhar curioso além das minhas janelas.

Tudo no apartamento dele ainda estava na mais completa escuridão.

Será que ele ainda estava no bar? E se ele fosse gay? O pensamento me atingiu tão subitamente quanto os dedos de Cheryl.

De repente, eu não estava mais seca.

Ela tinha o indicador enfiado em mim, massageando-me por dentro. Girava o dedo bem devagar, como se estivesse procurando meu ponto G, mas como se não estivesse com nem um pouco de pressa para encontrá-lo.

Seu dedão permaneceu do lado de fora, acariciando meu clitóris.

Abri as coxas e deixei que ela continuasse o que estava fazendo.Apoiei as costas contra o sofá e senti algo macio e molhado contra minhas coxas sensíveis. Ela segurava minhas pernas na altura da bunda, e estava com as unhas encravadas na minha carne. Mas eu não liguei para suas unhas. Nem um pouco.

Era sua língua que estava ganhando toda a minha atenção.

Começou com pequenas lambidas que eu mal conseguia entender; era apenas a sensação de algo macio, molhado e deliciosamente flexível contra minhas partes íntimas.

Então, ela começou a usar apenas a ponta da língua. Movimentos circulares atingiam os pequenos lábios e voltavam para o meu clitóris enrijecido, e depois faziam o caminho todo de novo.

O raio do círculo aumentou, e sua língua poderosa e experiente explorava cada vez mais.Seu indicador estava de volta. Entrando e saindo, entrando e saindo.

Com o polegar, ela dava beliscões no meu clitóris excessivamente sensível e eu gemi.

Não sei quando comecei a brincar com meus seios, mas lá estavam minhas mãos, agarrando meus mamilos.

Ela colocou um segundo dedo dentro de mim e, em seguida, um terceiro.

Seu polegar continuava a estimular o exterior de minha vagina e agora ela tinha os dentes em meu grelinho. Mordiscava delicadamente e eu urrei.

Era como meu vibrador: cada toque era preciso e perfeito. Como aquela mulher podia me conhecer tão bem?

Ela não precisa te conhecer, Amadeo veio de minha mente prestar esclarecimentos. Ela é uma mulher, Betty. Tem um corpo que se excita nosmesmos lugares que o seu. Ela conhece bem.

Um maldito vibrador humano. Era isso que Cheryl era.

Meus músculos pélvicos se contraíam como se fossem implodir e eu senti meu corpo inteiro tremer. Dois segundos e eu ia gozar como uma louca.

Minha companheira pareceu antecipar o momento e eu a senti sugando. Ela sugava com força e bebia toda a minha umidade, seu polegar nunca abandonava meu clitóris e o massageava seguindo oritmo da sua boca.

Gritei. Alto.

Ela se levantou e eu a vi limpando a boca com o braço.

– Minha vez – ela sorriu.Certo. Tudo bem, Betty.

Você consegue fazer isso. Consegue. Cheryl me empurrou para que eu deitasse de costas no sofá e ficou de quatro por cima de mim. Um 69 é uma posição bem simples. Uma pessoa por cima daoutra, cada uma com a cabeça na pélvis da outra. Ou melhor, cada uma com aboca no órgão sexual da outra.

O que faz essa posição ser extraordinariamente prazerosa é que, quanto mais você se excita, mais sua boca trabalha. Só fazer sexo oral pode ser um trabalho cansativo. Mas fazer sexo oral enquanto você está recebendo um… Bem… aí é um pouco diferente, não?Eu não sabia muito bem o que estava fazendo. Já tinha feito sexo oral emhomens. Poucas vezes, e foram extremamente desagradáveis. Mas… em uma mulher? Não, nunca. Nisso eu era virgem.

Foi mais fácil do que eu imaginei. Mais fácil porque Cheryl estava bem ali,fazendo em mim tudo que ela queria que eu fizesse nela.

Imitei cada um de seus movimentos. Onde eu a sentia pôr a língua, eu punha a minha. No mesmo local,com o mesmo movimento e a mesma intensidade. Eu imitava seus dedos, seu toque, seus sopros. Quando ela lambia, eu lambia. Quando ela sugava, eu sugava.

Gozei junto com ela, ou quase. Eu precisei alguns segundos a mais que ela. Mas lá estava eu. Mais uma vez. Jogada, suada e satisfeita.Estava começando a me acostumar.

***

Cheryl deixou seu telefone e disse que quando eu sentisse vontade de experimentar mulheres de novo eu deveria ligar para ela.

Recado anotado.

Olhei mais uma vez pelas janelas. Nada de Jug. Eu tinha dito que ele podia assistir,não tinha? Com todas as palavras. Então por quê…?

Enquanto estava com Cheryl, ocorreu-me que ele poderia ser gay. Ele sabia muito bem onde era o bar gay.

Mencionou já ter ido lá outra vezes.Não seja boba, Betty, ele gostou de ver você na cama com Kevin, não gostou?Sim, mas… E se fosse de Kevin que ele tivesse gostado? E não de mim?Quero dizer… ele fez uma piada sobre ser uma pena eu ter resolvido experimentar mulheres justo quando ele prometeu não me observar mais.

Mas podia ter sido só uma piada, não é? Que tipo de homem deixa escapar a chance de ver duas mulheres transarem?

Vesti meu pijama e me enfiei na cama. Estava exausta.

– Merda… e eu tenho que trabalhar amanhã… – resmunguei pro travesseiro.

***

Eu estava nua diante de mim. Tinha uma longa cicatriz vertical sobre o seio

esquerdo.

– Por que você não usa uma imagem só? – perguntei

– Porque eu não tenho uma imagem só – ouvi minha voz sarcástica me responder.

– Gostou de mulheres? – ele quis saber.

– Um pouco – respondi, oferecendo um sorriso de quem se recusa a admitir o erro.– Mas tem algo mais em sua mente – ele se aproximou, ainda usando meu corpo.

– Ele não é gay, Betty. Pode ficar tranquila.

– Não estou preocupada – hesitei.

– Está sim. Você gosta do vizinho gostoso e queria ele nu na sua cama. Tudo bem que não queira dizer isso claramente pra ele, mas vai mentir pra mim?

Mostrei a língua para a outra eu.

– Vamos deixar Jugh fora dessa conversa, está bem? Não quero ter que ficar com vergonha quando estou dentro da minha própria casa, então acho que vou cortar o contato por enquanto.

Ele riu como se não acreditasse no que eu estava dizendo.

Tudo bem. Nem eu mesma acreditava.

Amadeo respirou fundo e disse:

– Quero dizer, nunca fiquei com uma mulher antes.É o quê?

– Hã?

– “Quero dizer, nunca fiquei com uma mulher antes.” Repita.

Cocei a testa. Você já ouviu essa história até aqui. Diz para mim: adianta questionar Amadeo?

– “Quero dizer, nunca fiquei com uma mulher antes” – repeti calmamente.

– Mais uma vez. – ele pediu.

– Pra quê isso?

– Só repita!

Eu repeti e fiz uma careta para ele.

– Tudo bem. Por hoje é só. Acho que você precisa dormir.

– O quê? – eu segurei minha cópia pelos ombros. – E o que nós vamos fazer amanhã?

Ele sorriu.

– Você é uma máquina, por acaso? Precisa descansar, garota. Não, eu não tenho nada planejado pra você. Quer dizer… quase nada.

Ele riu de um jeito diferente, e algo dentro de mim teve certeza que ele tinha,sim, um plano.

Mas que, dessa vez, ele não ia me dizer qual era.


Notas Finais


Tururu...

1/3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...