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História 25 Dias De Escrita - Arco-íris


Escrita por: Sweetrange

Notas do Autor


"Dia 5 - Você sai de casa sem guarda-chuva, é pego de surpresa pela chuva e entra em um bar qualquer"

Capítulo 5 - Arco-íris


Fanfic / Fanfiction 25 Dias De Escrita - Arco-íris

- Maravilha – murmurei entredentes, bufando logo em seguida. Estiquei a mão só para ter certeza daquilo que já sabia: estava começando a chover.

Claro, eu lia a previsão do tempo, e sabia que iria chover. Mesmo assim, isso não me aborrecia menos. Tinha que ser justo naquele momento? Digo, depois de perder um anel no bueiro da rua, meu salto quebrar e ter acabado de sair de uma entrevista horrível de emprego, ainda por cima teria que tomar uma baita chuva? Porque é claro que não seria uma chuvinha à toa. Com a minha sorte, era capaz de virarem um balde inteiro em cima da minha cabeça de uma vez só. O detalhe que mais me incomodava era: eu sabia que ia chover. E mesmo assim, estava tentando contar com a sorte de não chover enquanto eu não chegar em casa, e por isso estava sem um guarda-chuva.

Completamente sem nada para me proteger da chuva que estava começando, decidi enfim entrar em um bar qualquer ali por perto. Era a melhor opção, já que com meu salto quebrado, eu não conseguiria andar tão longe. E, pelo jeito, entrei ali na hora certa, porque no momento em que pisei dentro do bar, um trovão ecoou pelo céu, enquanto a chuva começava a cair mais forte. Suspirei um pouco e me dirigi ao balcão, pronta para pedir alguma coisa. Eu não ia ingerir álcool, é claro. Não confiava em mim mesma para tanto, em especial de manhã, por isso acabei por pedir apenas um suco de maracujá. Quem sabe? Talvez isso realmente acalmasse meus nervos.

Beberiquei o suco enquanto observava a chuva, que não dava nem sinal de que iria parar. Depois de algum tempo, dei uma boa olhada no bar. O chão era de madeira escura, o que dava um toque bonito ao lugar. Estantes com garrafas de todas as cores e tamanhos decoravam a parte de trás do balcão, onde uma moça sorridente servia a todos. Bem, é claro que ela estava sorridente. Pelo menos ela tinha um emprego.

As paredes do local também tinham uma tonalidade escura, um vermelho bonito que dava ao lugar um toque sofisticado. Eu não tinha prestado muita atenção ao local quando entrei, mas olhando uma placa que tinha ali percebi que estava em um bar que era bem conhecido por ter muitos clientes bem apessoados ali. De fato, era diferente de outros bares, onde tinham senhores bêbados por todo o local, gritando ou assistindo ao jogo de futebol. Ali era um lugar um pouco mais requintado. Logo, também era mais caro, por isso lembrei a mim mesma para me limitar ao suco que já havia pedido. Afinal, sem emprego significava sem dinheiro para gastar naquele tipo de lugar.

Depois de analisar tudo, meu olhar se deteve em uma senhora. Ela estava sentada em uma mesa no outro lado do bar. Ela bebia alguma coisa que eu não conseguia identificar. Licor, talvez? Eu realmente não sabia. A senhora tinha cabelos brancos, coisa que ela claramente não fazia questão nenhuma de esconder, ao contrário da maioria das mulheres que eu já havia conhecido. Mesmo que eu estivesse em meus vinte e poucos anos, já havia ouvido diversos conselhos de como disfarçar fios de cabelo branco conforme a idade ia avançando.

A senhora era bonita, elegante até. Enquanto eu a observava, ela bebericava vez ou outra sua bebida, enquanto lia um livro. Após alguns minutos, ela baixou o livro e repousou seu olhar em mim, o que me deixou um pouco tensa. De fato, não era muito educado de minha parte ficar encarando as pessoas, então baixei o olhar, mas voltei a olhar em sua direção após um minuto ou dois. Quando a olhei, a senhora ainda me encarava, com uma expressão intrigante. Ela então fez um sinal para que eu me aproximasse.

Na mesma hora, olhei para os lados e apontei para mim mesma, confusa. O que ela poderia querer comigo? Talvez ela fosse me dar uma bronca, dizendo que eu não devia ficar encarando pessoas desconhecidas? Era uma possibilidade. De qualquer forma, engoli em seco e me aproximei, depois de acabar de beber meu suco e deixar o copo em cima do balcão, que rapidamente foi recolhido pela prestativa funcionária.

- Sente-se – A senhora convidou, apontando para a cadeira em sua frente. Sua voz era suave, uma voz convidativa. Na mesma hora imaginei que ela devia ser bem mais bonita quando jovem, talvez seduzisse rapazes com extrema facilidade, se juntasse sua boa aparência à sua voz aveludada.

Quando me sentei, eu não apresentava mais nenhuma expressão em específico. Enquanto isso, ela tornou a beber seu licor e ler seu livro, me deixando parada ali, sem fazer nada. Fiquei assim, esperando que ela conversasse comigo, mas nada aconteceu. Tossi um pouco, mas ela também não apresentou nenhuma reação. Inspirei fundo então e comecei:

- Com licença...

- Não sabe que é falta de educação interromper a leitura alheia?

- Desculpe.

- Tudo bem. Estou lendo apenas mais esse poema. Gosta de poesia, jovem?

- Leio às vezes – confirmei – Mas não é um costume meu.

- Que pena. As pessoas de fato estão esquecendo algumas coisas que deveriam ser mais importantes do que tecnologias e sofrimento.

- De fato, estão – concordei. Não sabia muito bem o que dizer naquele momento, para ser sincera.

- E qual dos dois você mais deveria esquecer? A tecnologia? Ou o sofrimento?

- Sem dúvidas, o sofrimento.

- Ah, mas até ele é uma coisa bela. Ele quem origina muitas poesias, sabia disso?

- Então, porque as pessoas deveriam esquecê-lo?

- Porque elas se preocupam demais com ele, e esquecem que ainda tem a felicidade ao lado delas. Entre um pouco de sofrimento, e um mar de felicidade, as pessoas não se contentam a menos que possam mergulhar no mar de felicidade, sem se preocupar com o sofrimento.

- Não deveria ser assim?

- Deveria? Não sei. O que seria a felicidade, se não houvesse sofrimento? Ela ainda existiria? – Ela deu uma pequena pausa antes de continuar - Você saberia definir o que é a felicidade?

Continuei olhando para ela, enquanto a senhora ainda olhava para o livro em suas mãos. Sem responder nada, esperei que ela fosse me dizer mais alguma coisa, e enfim ela baixou o livro novamente, olhando bem para o meu rosto, talvez pela primeira vez.

- Você não está feliz. Está?

- Não – admiti.

- Posso ver pela sua expressão. O que está acontecendo?

- Bem... Sabe aqueles dias em que tudo dá errado? Esse está com certeza sendo um dia desses.

- Por quê?

- Eu posso listar as coisas que me levam à essa conclusão – ri um pouco, sem diversão – Eu perdi meu anel favorito hoje, enquanto andava na rua. Tirei-o por um instante, até que ele rolou pela rua e caiu em um bueiro. Depois, meu salto quebrou. Tive que vir mancando até aqui, porque eu não poderia andar descalça pelas ruas, não é? E tudo isso depois de uma entrevista de emprego. Uma entrevista que sei que foi totalmente arruinada por mim mesma.

- Porque você tirou seu anel?

- Ele estava apertando um pouco meu dedo, então tirei-o por um instante apenas. Ele então escorregou entre meus dedos, e mesmo correndo, não consegui pega-lo de volta.

- Então, você se livrou de algo que te fazia mal, e está aborrecida com isso?

- Era meu anel favorito...

- Mesmo que fosse belo, o que tenho certeza que era, ele te machucava, certo?

- Sim...

- Então, não foi melhor se livrar dele de uma vez? Ou ele tinha algum significado emocional para você?

Não respondi à sua última pergunta, enquanto pensava no que ela estava me dizendo. De fato, eu só achava aquele anel bonito. Não havia sido presente de ninguém, muito menos tinha algum valor emocional. Era apenas algo que eu havia comprado em uma loja qualquer, para passar uma melhor impressão nas entrevistas de emprego.

- Ainda assim, meu salto quebrou. Não era algo que me machucava, mas tampouco precisava de um significado emocional, não é?

- Às vezes, é necessário enxergar as coisas de outro ângulo.

- E, mesmo que tudo não tivesse acontecido, eu continuo sem um emprego. Perdi a conta de quantos currículos entreguei, de quantas entrevistas eu fiz.

- Não se preocupe com isso, minha querida. Com certeza você achará o que procura, no tempo certo. Nem tudo é como nós queremos. Se fosse, qual seria a graça da vida? Não teríamos desafios, certo?

- Bem, pelo menos seria mais fácil – murmurei.

- O arco-íris não existiria sem a chuva – A senhora disse, olhando para o lado de fora. Eu realmente não sabia se ela fazia tudo aquilo de propósito, totalmente planejado, mas quando olhei, um arco-íris radiante estava decorando o céu, enquanto a chuva parecia diminuir um pouco – Não se preocupe. Tudo isso vai passar, uma hora.

- E se não passar?

- Vai passar – A senhora reafirmou, sorrindo de forma gentil – Se não passasse, eu não estaria aqui.

Depois de dizer isso, a senhora levantou, pegou seu livro e foi embora. Sem dizer mais nada, sem um gesto de despedida. Ela simplesmente levantou e saiu do bar, enquanto eu a observava.

Fiquei mais tempo do que gostaria de admitir naquele bar. Permaneci algum tempo ainda depois que ela se retirou, pensando nas coisas que ela havia me dito. Não que fosse resolver todos os problemas do mundo, ou pelo menos todos os problemas que eu tinha, mas aquelas palavras continuaram ainda martelando em minha mente pelo resto do dia.

Por isso, após a chuva praticamente ter acabado, paguei o suco que bebi, peguei um táxi e fui para casa, onde tomei um banho relaxante e quente, tirando o salto, a roupa formal e tudo o que eu não era. Naquele momento, me permiti fazer o que queria. Deitei em minha cama, encarando o teto, até que enfim adormeci.

No dia seguinte, tinha outra entrevista de emprego. A última que eu havia dito que faria naquele mês. Por isso, coloquei uma roupa formal, porém um pouco mais confortável que a roupa do dia anterior, e coloquei um sapato com um salto mais baixo: um que me permitisse andar sem cair, e sem que tivesse perigo que este quebrasse. Arrumei o cabelo e me dirigi para lá, me sentindo um pouco mais confiante.

No final da semana, recebi uma ligação. A empresa onde tinha feito a última entrevista estava realmente me chamando para trabalhar com eles. Eu não pude evitar dar alguns pulinhos de alegria na minha sala de estar, animada.

Quando me dirigi para a empresa, vi a chuva caindo antes de sair de casa, e não pude deixar de sorrir.

- O arco-íris não existiria sem a chuva, não é? – Sussurrei, de forma que só eu ouvisse, e enfim fui para a empresa. A empresa que me proporcionou felicidade e, acima de tudo, confiança em mim novamente. No caminho, só consegui pensar em como aquela senhora havia me ajudado nisso tudo. Não foi uma conversa tão longa assim, mas foi de extrema importância para mim. Foi o meu pequeno arco-íris em meio a uma tempestade.


Notas Finais


Espero que gostem :3
(sim, o texto é bem aleatório, e me desculpem se nada fizer sentido shauhsu eu só fui escrevendo o que deu na telha. Então, é)


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